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Introdução ao Direito

Econômico
O surgimento do direito econômico

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Publicado por Marina Fróes há 6 anos

A primeira Constituição a tratar do


Direito Econômico foi a Constituição de
Weimar de 1919.

A primeira Guerra Mundial

A princípio a expansão dos países


europeus devido ao surgimento de
novas indústrias e ao intercâmbio
internacionais impulsionou a economia
europeia. Dito progresso entra em
declínio a partir do momento que as
potências europeias começam a
disputar os territórios disponíveis entre
si, sob o argumento de que as formas e
as leis do sistema de produção europeu
haviam sido previstas para toda a terra.

A Guerra surge como uma


consequência inevitável da
concorrência econômica entre as
potências industrializadas e atuantes no
mercado. Nesse contexto, o Estado
adota uma postura intervencionista e
direcionada para o custeamento da
Guerra. Surge, então, uma economia
regulada pelo Estado com a finalidade
exclusiva de custear a Guerra.

A República de Weimar

A Alemanha possuía como


característica uma produção industrial
voltada para a exportação. O
envolvimento da Alemanha na Primeira
Grande Guerra levou, com o passar dos
anos bélicos, à desagregação das
potências ligadas à Alemanha.

Dito enfraquecimento foi consequência


de fortes pressões internas, realizadas
por grupos contrários ao governo
alemão, que culminaram com a
realização de uma assembleia nacional
constituinte e posterior celebração do
armistício. Surge na Alemanha a
República de Weimar.

A Constituição da República de
Weimar

O fim da Primeira Guerra Mundial


coincide com o surgimento da Primeira
República Alemã. A Constituição de
Weimar trouxe como inovação uma
participação do Estado através de
políticas públicas e programas de
governo.

Dessa forma, o Estado deveria intervir


na livre iniciativa da competição nos
mercados e na redistribuição da renda
pela forma de tributos, com políticas de
investimentos e distribuição de bens.

A característica esclarecida nos


parágrafos anteriores é consequência da
situação degradante em que se
encontrava o país alemão no período
pós-guerra.

A Constituição econômica de
Weimar

A Constituição de Weimar foi a


primeira a atribuir sentido jurídico ao
tema econômico. O Estado ditaria as
regras e os princípios para que o
fenômeno econômico no mercado
encontrasse limites e garantias para
atender a sociedade e assegurar a
justiça social.

O artigo 151 da Constituição de Weimar


consagra como princípio o limite à
liberdade de mercado com a finalidade
de preservar um nível de existência em
atenção à dignidade da pessoa humana.
O ordenamento econômico tem como
finalidade garantir a todos uma
existência digna.

Somente com essa mentalidade foi


possível garantir os direitos capitalistas
de liberdade e, portanto, os direitos de
propriedade privada, de liberdade
contratual e de indústria.

Crise na república: fim de Weimar


e ascensão do Nazismo

No dia 28 de junho de 1919, é assinada


a Paz de Versalhes, ratificada pela
Assembleia Constituinte de Weimar em
9 de julho, pouco antes de aprovar a
Constituição. O Tratado de Versalhes
encerra de vez a Primeira Grande
Guerra Mundial e, como consequência
do tratado assinado e ratificado, a
Alemanha ficou obrigada a arcar com
indenizações desproporcionais e
insuportáveis.

Como visto, todas as inovações


propostas na Constituição de Weimar
não eram compatíveis com a situação
econômica da Alemanha e com as
consequências das crises econômicas do
mundo, no período pós-guerra. Tais
fatos impossibilitaram a realização dos
programas constitucionais alemães.

Nesse quadro surge o Partido Nacional-


Socialista Trabalhador Alemão,
liderado por Adolf Hitler.

A crise de Bolsa de Nova York e a


vitória do nacional-socialismo

Os Estados Unidos da América foi o


único país a beneficiar-se com a
Primeira Grande Guerra Mundial,
porque exportava para os países
europeus, para a Ásia e para a América
do Sul.

Após algum tempo importando dos


Estados Unidos da América, a Europa
acumulou um estoque gigantesco de
produtos e reduziu suas importações.

Surge um falso cenário de progresso e


aumentou a concorrência entre os
países industrializados. Os países
constituem-se em grupos econômicos
para garantir a hegemonia de produção
e exportação.

A bolsa de valores de Nova York


supervalorizou suas ações, e dita
supervalorização não foi acompanhada
de uma superprodução. Inúmeras ações
foram lançadas no mercado sem ter
compradores. Como consequência
ocorreu a grande depressão econômica,
que abalou o mundo.

A Alemanha sentiu os efeitos da


depressão econômica e sua situação que
já não era boa, piorou. O empresariado
alemão começa a criticar frontalmente a
Constituição de Weimar e defende a
ideia de não intervenção do Estado no
domínio econômico.

A Constituição de Weimar buscava a


unidade do povo alemão por meio da
República. Já o nazismo almejava a
supremacia do nacional-socialismo,
significando o Reich como Império.

O Estado-total após a Constituição


de Weimar

O resultado da quebra da Bolsa de


Valores de Nova York, na Alemanha, foi
a aproximação do empresariado alemão
dos nacionais-socialistas e a ascensão
do Nazismo. A burguesia descontente
depositou toda a sua esperança nos
nacionais-socialistas. Adolf Hitler é
nomeado chanceler alemão.

Dá-se início a uma surpreendente


reestruturação econômica e, em 1939 a
Alemanha ocupava o segundo lugar
como potência mundial. Essa política
de reestruturação foi implementada
num Estado totalitário, nacionalista e
racista.

O Direito Econômico

Tanto a Constituição de Weimar,


quanto as constituições que nela se
inspiraram, trataram de dar um sentido
jurídico para assuntos econômicos. A
Constituição de Weimar deixou um
legado de princípios de democracia e
participação e preocupação social.

Somente após a Segunda Guerra


Mundial consolida-se a atuação jurídica
do Estado na economia.

O estudo, a compreensão e a aplicação


do Direito Econômico é uma forma
inteligente de pensar o Direito à luz da
realidade econômica e de que maneira
as legislações penais, tributárias,
ambientais, civis, por exemplo, devem
ser estruturadas para atender a
sociedade e promover o
desenvolvimento social e econômico.

Conceito de direito econômico:


sujeito e objeto

Somente após a Segunda Guerra


Mundial ocorre a consolidação da
importância da atuação jurídica do
Estado na economia. O Estado não
podia permitir que a crença na ordem
natural da economia dirigisse os
fenômenos econômicos.

Surgem, então, normas com a


finalidade de conduzir, regrar e
disciplinar o fenômeno econômico. O
Estado procura por novas formas de
combate ao abuso do Poder Econômico,
bem como para controlar o Poder
Econômico.

O Direito Econômico é um instrumento


jurídico a dar segurança às práticas
econômicas, garantindo a atuação do
Estado e assegurando a ordem
econômica e social. Trata-se da direção
da política econômica pelo Estado.

O Direito Econômico tem como objeto o


tratamento jurídico da política
econômica, e por sujeito, o agente que
dela participe. É um conjunto de
normas de conteúdo econômico que
assegura a defesa e harmonia dos
interesses individuais e coletivos, de
acordo com a ideologia adotada na
ordem jurídica.

Para finalizar podemos acrescentar que,


o Direito Econômico é aplicado para
alcançar o bem-estar social e,
consequentemente, promover o
desenvolvimento social e econômico.

Ordem jurídico-político-
econômica

O Direito Econômico deve ser analisado


sobre três ordens simultaneamente:
ordem política, ordem econômica e
ordem jurídica.

Ordem política: reúne elementos que


definem os sistemas e os regimes
políticos.

Ordem econômica: constituída de


princípios econômicos segundo valores
da disciplina econômica que, em
harmonia, apresentam uma concepção
teórica do modelo econômico (sistema
econômico) ou a realidade do modelo
econômico (regime econômico).

Uma ordem econômica capitalista é


justificada pela possibilidade de
obtenção do lucro dentro de uma
economia de mercado, cujos institutos
básicos são a liberdade de iniciativa, a
livre concorrência e a propriedade
privada dos meios de produção.

Uma ordem econômica socialista opõe-


se ao lucro e à economia de mercado e
seus aspectos concorrenciais, de livre
iniciativa e propriedade privada. Está
centrada no planejamento da produção,
da distribuição e do consumo.

A ordem econômica só terá força


cogente quando respaldada pela ordem
jurídica, que lhe garantirá legalidade e
efetivação.

Política econômica

Ação política: aplicação à realidade


humana dos pensamentos tidos como
ideais, encontrados num mundo do
dever-ser.

Política: organização dos homens em


busca de objetivos viáveis.

Instituições: elementos estruturais para


a implementação de ações políticas.

Ideologias: ideias motoras


corporificadas em políticas econômicas
para a consecução de seu objetivo.

A Ciência Econômica surgiu com o


pensamento liberal clássico,
concebendo o fenômeno econômico
como sistema fechado de relações
espontâneas no mercado, não se
admitindo o Estado como direcionador
da atividade econômica.

Teorias do Direito Econômico

O Direito Econômico possui como


característica o tratamento de assuntos
político-econômicos.

O Direito Econômico tomado pelo seu


objeto centraliza-se nos fatos da
realidade econômica, disciplinando-os
juridicamente.

O Direito Econômico tomado pelo


sentido de suas normas pode ser
definido como o conjunto normativo
com finalidade de garantir a segurança
e a ordem. Tais normas definem os fins
a serem alcançados pela atividade
econômica e apresentam os meios para
se atingir os fins buscados pela política
econômica.

Tomar o Direito Econômico pela função


de dirigir a economia atribui ao Direito
Econômico a finalidade de orientar o
processo econômico a partir de
regulamentação da economia dirigida.

Já o Direito Econômico tomado pelo


Sistema Econômico implica o
tratamento da política econômica
definida na ideologia adotada.

O Direito Econômico tomado pelo


Poder Econômico, refere-se à
manifestação do poder econômico
público e privado.

O Direito Econômico tomado pelas


diversas espécies de economia
implicaria na divisão do Direito
Econômico em um Direito Econômico
Privado, ligado à microeconomia, e um
Direito Econômico Público relativo à
macroeconomia.

O sentido de economicidade significa o


conjunto de normas que vincula
entidades econômicas públicas e
privadas aos objetivos pretendidos pela
ordem econômica.

Direito econômico e direito da


economia: análise econômica do
direito (law and economics) e os
princípios da economicidade e
eficiência

Análise econômica do Direito: o Direito


é um conjunto de incentivos que leva os
agentes adotarem um comportamento
positivo ou negativo, a partir dos
preceitos jurídicos introduzidos por um
sistema de preços implícitos pelo
comportamento de cada indivíduo.

Teorema normativo de Coase: o direito


pode desempenhar um papel
fundamental para reduzir os custos de
transação e facilitar as negociações
entre os agentes privados.

Teorema normativo de Hobbes: ocorre


quando em razão dos elevados custos
de transação e da impossibilidade de
eliminá-los por meio do direito, as
partes não chegam a um acordo
privado.

A análise econômica do Direito, implica


na análise de atos e fatos de acordo com
as regras da Ciência Econômica,
resultando naquilo que é
“economicamente certo”. É a utilização
do Direito para a realização daquilo que
é “economicamente certo”.

Princípio da economicidade: é o
critério utilizado para condicionar as
escolhas que o mercado ou o Estado, ao
regular a atividade econômica, devem
fazer constantemente, de tal sorte que o
resultado final seja sempre mais
vantajoso que os custos sociais
envolvidos.

As ações econômicas não podem


tender, a nível social, somente à
obtenção da maior quantidade possível
de bens, mas à melhor qualidade de
vida. Essa é a definição do princípio da
eficiência.

Ótimo de Pareto: alocação de recursos


de modo que não se pode melhorar a
condição de um sujeito, sem piorar a de
outro (Vilfredo Pareto).

Critério de compensação: ainda que


um sujeito ganhe mais do que as perdas
do outro sujeito, existe mesmo que
abstratamente um excedente para
compensar (John Hirks/Nicholas
Kaldor).

O aumento da riqueza não pode ser


considerado um progresso social se não
vier acompanhado de outras
conquistas, como a promoção da
igualdade entre os cidadãos.

Enquanto a Ciência Econômica se


preocupa em como “aumentar a receita
do bolo” o Direito se preocupa em
“como repartir as fatias”.

Direito da Economia: conjunto de


normas que regulamentam a atividade
econômica.

Direito Econômico: não se ocupa


apenas da legislação de cunho
econômico; é uma disciplina que versa
sobre o campo político-econômico,
apresentando regras próprias,
princípios específicos e normas
distintas dos demais ramos do Direito.

Direito econômico: fronteira


entre público e privado
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