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O fim da Guerra Fria

e a nova ordem
mundial
O que explica a dissolução da União Soviética no início dos
anos 1990? Por que a nova ordem mundial pode ser
definida
como unipolar e multilateral?
As tensões no Leste
Europeu
e a queda do Muro de
queda, em 1989, Berlim
O Muro de Berlim foi um símbolo da divisão da Europa durante o período da Guerra Fria. Sua
marcou o início do processo histórico e geográfico que caracterizou o
desmantelamento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), a dissolução do bloco
socialista do Leste Europeu e o fim da Guerra Fria.
Manifestações por reformas democráticas na República Democrática Alemã (RDA), na Polônia,
na Hungria e na Tchecoslováquia demonstravam as fragilidades do mundo sustentado pela
União Soviética, ainda no começo da década de 1980.
Na fronteira da Hungria com a Áustria, o relaxamento da vigilância militar abriu brechas para a
redução das instalações e das cercas de arame que marcaram a chamada Cortina de Ferro. O
processo propiciou a fuga de alemães orientais para a parte ocidental, em busca de abrigo nas
embaixadas da República Federal da Alemanha (RFA).
A insatisfação crescia e pressionava o regime de apoio soviético em Berlim Oriental.
Em 1989, grandes protestos estudantis e de organizações da sociedade civil levaram os
dirigentes da República Democrática Alemã a diminuírem gradativamente as repressões e
culminaram com a renúncia do líder Erich Honecker, que governava a RDA desde 1976. No
mesmo ano, após uma manifestação com cerca de meio milhão de pessoas em repúdio aos
dirigentes políticos da RDA, um erro burocrático antecipou a queda do Muro de Berlim.
O fim da URSS e a reorganização
espacial
doFria,
Durante a Guerra Leste Europeu
o governo soviético empenhou grande parte de seu orçamento na
chamada corrida armamentista e espacial, em detrimento da dinamização da economia e da
indústria, que passou a não acompanhar o desenvolvimento técnico-científico que ocorria no
mundo capitalista, principalmente a partir da década de 1970.
O processo afetou economicamente a União Soviética, o que a colocou em uma situação de
contingência.
A política de constante burocratização do Estado e sua influência nos países do bloco
socialista, aliadas à centralização do poder com benefícios aos membros do partido central,
vinham gerando críticas ao governo soviético.
A distribuição de cargos em repartições públicas, por exemplo, insinuava indícios de
corrupção em favorecimento dos membros do partido e em detrimento de outras parcelas da
sociedade.
A ineficiência administrativa dos serviços públicos e a incapacidade da indústria –
especialmente as de bens de consumo – de atender as necessidades básicas da população
suscitaram tensões internas no país. A forte propaganda das sociedades capitalistas impactava
negativamente entre os habitantes da União Soviética, gerando aversão à economia
planificada. A divulgação generalizada da ideia de que o sistema capitalista significava o
acesso a bens de consumo “para todos”, por exemplo, levou muitas pessoas a defender o
direito às mesmas condições prometidas pelos países de economia de mercado.
Diante dessas pressões internas e externas, o presidente Mikhail Gorbachev, que
governou a União Soviética de 1985 a 1991, promoveu profundas transformações na
estrutura do Estado soviético, como a perestroika e a glasnost.
A perestroika visava à reestruturação econômica com a intenção de modernizar o
país e contou com gradativa participação no comércio internacional e a abertura do
mercado interno ao capitalismo e às empresas transnacionais.
Já a glasnost foi uma proposta de abertura política, uma gradual democratização do
país por meio de maior transparência no controle do regime e menos ações
coercitivas à população.
Essas transformações, em princípio, também assinalavam uma postura de menor
interferência nas questões mundiais e maior atenção às questões políticas e étnicas
dentro do território soviético e do bloco socialista europeu. Mas, apesar de todos os
esforços de reformas e reestruturação empenhados por Gorbachev, a União Soviética
não resistiu.
Em 1991, o processo culminou com a desestruturação do Estado soviético, o
desmembramento da União Soviética e o fim da bipolaridade mundial que marcou o
período da Guerra Fria. Desse processo, surgiram a extensa Federação Russa,
herdeira do projeto territorial soviético, e, em seu entorno, quatorze repúblicas
independentes.
Essa desagregação deu origem a grupos de países que se distinguiam regionalmente
por características físicas, políticas, formações étnico-religiosas etc., como os países
banhados pelo Mar Báltico, os países predominantemente islâmicos da Ásia Central,
os da Cordilheira do Cáucaso e outros com forte proximidade com a Europa Ocidental.
Essas características evidenciam o multiculturalismo e a diversidade geográfica e
política que constituíam o imenso território da União Soviética.
A interdependência das repúblicas soviéticas em relação à base de infraestrutura que
interligava todo o território soviético, como gasodutos, estradas e portos,
impossibilitou uma separação total e imediata dos novos países. Assim, visando o
fortalecimento do Leste Europeu frente ao bloco econômico que se formava na
Europa Ocidental, a maioria das repúblicas desmembradas da União Soviética
manteve a unidade sob um bloco, a Comunidade dos Estados Independentes (CEI).
A criação da CEI, em 1991, visava também assegurar os interesses econômicos em
comum e preservar um sistema de defesa dos países-membros. Entretanto, a
coordenação política e econômica ficou sob a liderança da Federação Russa,
evidenciando a continuidade de sua supremacia perante os demais países.
Os Países Bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia) optaram por integrar a União Europeia
em 2004. Em 2009, a Geórgia, que esteve envolvida em conflitos constantes com a
Rússia, retirou-se da CEI. Apesar dos focos de tensão periódicos entre os países-
membros e destes com os russos, a CEI se mantém até hoje.
O fim da Guerra Fria nos países da Cortina de Ferro
A saída dos países do bloco socialista abrangeu desde negociações pacíficas, como a transição
que se desenrolou na Tchecoslováquia em 1993, até processos violentos, como no exemplo da
Romênia. Observe a linha do tempo a seguir.
Dissolução do bloco socialista no Leste Europeu
1989 1991 1983

Polônia Praga (atual Romênia Estônia, Iugoslávia Tchecoslováqu


Replública Letônia ia
Theca) e Lituânia
Oposição formada pelo Protestos pacíficos Protestos populares As repúblicas O país deixou o Divisão do país
sindicato liderados pela democratização da antiga bloco soviético, em duas nações
Solidariedade venceu as por Václav Havel do União Soviética mas mergulhou independentes:
primeiras eleições livres originaram a país foram conquistaram suas em uma violenta República Tcheca
para o Revolução de Veludo. brutalmente independências guerra civil, que e Eslováquia.
Senado; seu líder, Lech Acordos reprimidos pela daria origem a
Walesa, determinaram que polícia seis repúblicas.
tornou-se presidente
ele assumisse em 1989. No mesmo
em 1990
a Presidência e ano, ocorreu a queda
e promoveu a
convocasse do
dissolução das
estruturas comunistas eleições para o regime socialista
no país Parlamento, que
ocorreram em 1992.
A questão iugoslava
A Iugoslávia era uma federação de Estados criada após a Segunda Guerra, sob regime socialista, mas não alinhada à URSS.
O país foi governado pelo marechal Josip Tito, de 1953 a 1980, sem grandes conflitos, apesar da heterogeneidade de
origens nacionais, linguísticas, religiosas e culturais.
Com a morte de Tito, a presidência da Iugoslávia passou a ser exercida de forma rotativa entre as repúblicas, o que a
manteve unificada e coesa até o início dos anos 1990.
Foi então que vieram à tona os conflitos étnico--nacionais e religiosos que estiveram abafados até aquele momento. Em
1991, após sair da Cortina de Ferro, o país começou a ser desfacelado por uma guerra civil.
Irromperam diversos conflitos, caracterizados inclusive por atrocidades como a chamada “limpeza étnica”, levada a cabo
por parte dos sérvios. Muitos muçulmanos da Bósnia-Herzegovina foram assassinados; milhares de pessoas perderam
membros da família e suas casas no conflito que terminou somente em 2001.
Como resultado da guerra, a Iugoslávia foi desmembrada em seis repúblicas independentes: Sérvia, Bósnia-Herzegovina,
Eslovênia, Croácia, Montenegro e Macedônia do Norte.
A situação de genocídio na região levou o general Ratko Mladic a julgamento; ele foi responsabilizado pelo massacre de
milhares de muçulmanos bósnios (Massacre de Srebrenica, em 1995) e de civis de Sarajevo (durante o cerco da cidade,
entre 1992 e 1996), enquanto comandava o exército sérvio durante a Guerra da Bósnia (1992-1995). A situação na região
ainda é conflituosa, pois a província do Kosovo luta pela sua independência da Sérvia. A Sérvia, entretanto, resiste
violentamente, e, diante desse impasse, Kosovo tem seu reconhecimento como Estado-nação limitado até hoje.
Observe a sequência de mapas a seguir.
A desestabilização e o desmembramento da União Soviética geraram conflitos
também na Rússia, sobretudo em consequência da continuidade do poder
centralizador russo na região. Ainda hoje, são constantes os focos de tensão
com a Chechênia, que tenta se separar da Federação Russa.
Vladimir Putin, que governou a Rússia de 2000 a 2008, retornou ao poder em
2012 e até 2020 ainda se mantinha na presidência, anexou a Península da
Crimeia ao território russo em 2014. O processo se deu em confronto direto
com a Ucrânia, que, após o desmembramento da URSS, se tornou um país
independente. Na época, havia forte movimentação política interna na Ucrânia,
com apoio de alguns países, para que ela ingressasse na União Europeia. A
estratégia política e militar de Putin foi considerada por organismos
internacionais como uma clara intenção da Rússia em demonstrar seu poder
geopolítico, em desafio às potências capitalistas ocidentais.
Nova ordem mundial: um cenário de incertezas
O mundo que emergiu do fim da Guerra Fria trouxe consigo uma forte conotação do triunfo
do capitalismo sobre o socialismo. Com a desagregação da União Soviética, a “velha ordem”
que dividia os países em Primeiro Mundo (capitalistas desenvolvidos), Segundo Mundo
(países socialistas) e Terceiro Mundo (países subdesenvolvidos) foi transformada. A
regionalização mundial passou a ser definida por critérios socioeconômicos: Países do Norte
(capitalistas desenvolvidos) e Países do Sul (subdesenvolvidos ou em desenvolvimento).
Esse contexto deu início à chamada nova ordem mundial, que foi gradualmente substituindo
a bipolaridade que caracterizou a Guerra Fria por um mundo tripolar, marcado pelas áreas de
influência dos Estados Unidos, da Europa Ocidental e do Japão. Entretanto, diante do
fenômeno da globalização da economia, a relação dos países se fortaleceu com a
consolidação dos blocos regionais. Essa foi uma estratégia adotada por grande parte dos
Estados para defender suas economias frente ao mercado internacional.
As organizações de integração em blocos regionais já existiam desde a década de 1950, e
tinham na cooperação econômica seu objetivo central, baixando ou liberando tarifas e
agilizando fluxos de bens e serviços entre seus membros. A Comunidade Econômica Europeia
(CEE), composta em 1957 por seis países, por exemplo, foi o embrião daquilo que, a partir de
1993, seria a União Europeia (UE). O processo de formação do bloco, entretanto, se
intensificou em fins da década de 1990, no caminho de uma proposta que apontava para um
mundo multipolar.
Atualmente, são várias as modalidades de integração regional ou de blocos econômicos: associação de livre-
comércio, união alfandegária e aduaneira, mercado comum etc.
Os princípios básicos desses blocos visam à defesa dos mercados internos e a expansão e maior participação no
mercado mundial. Essas organizações estabelecem relações entre os Estados nacionais e, em muitos casos, é
necessário que estes acatem as decisões de um órgão central supranacional, cedendo parte de sua soberania
nacional. Na prática, esse é um dos maiores entraves às organizações, pois, de modo geral, os Estados relutam em
renunciar a sua soberania.
Pode-se dizer que a União Europeia é o exemplo mais avançado de integração regional da atualidade. O bloco,
que em 2020 contava com 27 países, consolidou uma nova fronteira externa ao estabelecer a unificação
econômica e monetária e a livre circulação de pessoas, mercadorias e serviços (Espaço Schengen). No entanto,
entraves internos e algumas discordâncias entre os países-membros culminaram com a saída do Reino Unido da
UE em 2020, no processo que ficou conhecido como Brexit (abreviação para British exit, “saída britânica”).
O exemplo dos esforços para a formação da UE e, atualmente, para a efetivação da saída do Reino Unido do bloco
(Brexit) nos mostra o quanto a globalização criou dinâmicas em que os territórios e as redes foram se tornando
cada vez mais fluidos.
Apesar das possibilidades de um mundo tripolar ou multipolar, o que se percebeu na “nova ordem” estabelecida
após a Guerra Fria foi a preponderância dos Estados Unidos na definição de questões mundiais. O grande poder
econômico, político e militar desse país ficou ainda mais evidente por meio de suas decisões unilaterais na
geopolítica mundial, como veremos a seguir.
No campo econômico, esse cenário da supremacia estadunidense já vinha se caracterizando desde o início dos
anos 1990. Instituições financeiras como o FMI e o Banco Mundial, ambas com sede nos Estados Unidos,
ganharam maior expressividade em razão da implantação de políticas econômicas em escala mundial, como a
intensificação das privatizações, a exigência de austeridade fiscal etc., explícitas, sobretudo, em diretrizes voltadas
para o bloco dos Países do Sul.
A política externa estadunidense na nova ordem mundial
O cenário que emerge do mundo bipolar da Guerra Fria, portanto, demonstra uma nova ordem mundial unipolar e multilateral. Destaca-se,
nesse contexto, a supremacia hegemônica estadunidense com o apoio de países ideológica e economicamente próximos, como algumas
nações da União Europeia, o Japão e Israel. Em escala global, a geopolítica estadunidense promove o que foi denominado de “processo de
ocidentalização do mundo”. Com forte discurso baseado na suposta “defesa” de regimes democráticos e políticas liberais, os Estados Unidos e
seus aliados se opõem ao fundamentalismo do mundo islâmico.
Durante a Guerra Fria, entretanto, os Estados Unidos apoiaram alguns regimes ou grupos fundamentalistas islâmicos. Para conter a influência
da União Soviética no Oriente Médio, eles financiaram e desenvolveram uma campanha contra o presidente Nasser, um político pró-soviético
que governou o Egito de 1954 a 1970. Por outro lado, para negociar a entrada e a instalação de suas empresas petrolíferas no Oriente Médio,
os Estados Unidos mantiveram estreitas relações com os governos conservadores da Arábia Saudita apoiados por grupos fundamentalistas.
A globalização escancarou os interesses pelo controle do petróleo no Oriente Médio; a fusão de empresas petroleiras privadas anglo-
americanas provocou uma revolução na indústria privada do petróleo, a partir de 1998. Para garantir a defesa de seus interesses sobre o
controle da produção e da distribuição desse recurso e derrubar os entraves que poderiam ameaçar sua preeminência no Oriente Médio, os
Estados Unidos incitaram uma preocupação mundial contra o radicalismo islâmico, personificado na figura de Osama Bin Laden. Esse
declarado oponente ao modo de vida ocidental idealizava um “califado islâmico mundial” e era favorável à nacionalização das empresas de
petróleo. Em defesa de seu projeto, defendia o terrorismo como alternativa para pressionar.
Em 1988, Bin Laden se instalou no Sudão, com o apoio do governo local, onde fundou a organização terrorista Al-Qaeda. Sob forte pressão
internacional liderada pelos Estados Unidos, e com apoio dos países árabes, ele foi expulso do Sudão em 1995 e se refugiou no Afeganistão.
Bin Laden então se aliou ao Talibã, organização extremista que controlava o Afeganistão, e se juntou a outros grupos fundamentalistas
islâmicos, elegendo os Estados Unidos como o grande inimigo do mundo islâmico no Ocidente. Algumas ações terroristas no final da década
de 1990, embora nem sempre reconhecidas por Bin Laden, foram atribuídas ao grupo Al-Qaeda, como o ataque às embaixadas dos Estados
Unidos no Quênia e na Tanzânia, em 1998.
Os ataques terroristas às Torres Gêmeas do World Trade Center, um complexo comercial em Nova York, e ao Pentágono, sede do
Departamento de Defesa dos Estados Unidos, no dia 11 de setembro de 2001, entretanto, foram o gatilho para justificar a chamada “guerra
ao terror”, instaurada pelo governo de George W. Bush. Como retaliação, o governo de Bush, apoiado pela Inglaterra e outros aliados,
decidiu pela invasão do Afeganistão ainda no final de 2001.
Estados Unidos × China
Apesar da preponderância dos Estados Unidos no cenário mundial atual, o país encontra exemplos de resistência que se
refletem em constantes focos de tensão, como as ameaças de uso de armamentos nucleares pela Coreia do Norte e os impasses
com o Irã, intensificados após o ataque estadunidense em Bagdá em janeiro de 2020 – bombardeio que culminou na morte do
general Qassem Soleimani, uma liderança militar e política admirada no país e no Oriente Médio.
O governo de enfrentamento de Nicolás Maduro, da Venezuela, também tem gerado obstáculos à geopolítica estadunidense na
América Latina. A China, entretanto, tem sido a maior ameaça à sua hegemonia econômica, a disputa comercial com os Estados
Unidos demonstra uma alteração na correlação de forças no tabuleiro da geopolítica mundial contemporânea.
A China é o terceiro maior país do mundo em extensão territorial, com 9,6 milhões de km2 , atrás apenas da Federação Russa e
do Canadá, e é o país mais populoso do mundo, com cerca de 1,43 bilhão de habitantes, divididos em centenas de etnias, cada
uma com sua cultura e idioma, tais como manchus, chuans, huigures, mongóis, casaques, entre outros. A maioria dos chineses
pertence à etnia han, que coloniza territórios como o do Tibete, um dos focos de tensão do país, e a província de Xinjiang.
Para conter o crescimento populacional, o regime comunista estabeleceu, nos anos 1970, a política do filho único para a maioria
das famílias, excetuando-se as famílias rurais e alguns grupos étnicos. Porém, o envelhecimento da população e a taxa de
reposição populacional abaixo do necessário levaram à admissão de dois filhos por casal desde 2015. Com a modernização
econômica, verificou-se uma migração interna, com milhões de pessoas se deslocando pelo país, sobretudo do oeste rural para
as grandes cidades do leste. O país, antes predominantemente rural, atingiu 60% de população urbana em 2019. São dezenas de
cidades com mais de 10 milhões de pessoas. Hoje, as maiores aglomerações urbanas estão em Xangai, Beijing (Pequim), Tianjin
e Guangzhou (Cantão).
Em meados dos anos 1970, o governo de Deng Xiaoping lançou o programa das quatro modernizações (indústria, agricultura,
ciência e tecnologia e militar) e combinou a abertura econômica com forte controle político pelo Partido Comunista. Foram
criadas as Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), que são núcleos econômicos abertos a investimentos estrangeiros e situados em
grandes cidades.
Essas zonas receberam subsidiárias de empresas globais e de instituições financeiras de grande porte.
O país é também um ávido importador, comprando petróleo e derivados, minério de ferro,
ligas de cobre, soja, óleos vegetais, madeiras e outros. A produção industrial chinesa baseia-
se no uso intensivo de mão de obra barata, com evidentes sinais de superexploração do
trabalho nas diversas províncias do país, e no incentivo às exportações. Com isso, o país
assume a posição de “oficina do mundo”, abrigando indústrias têxteis, de calçados,
eletroeletrônicos, computadores, automóveis, brinquedos, equipamentos médicos e de uma
infinidade de outros bens.
Atualmente, o seu sucesso econômico é atribuído também ao acúmulo de grandes reservas
em moeda estrangeira. A moeda local é mantida desvalorizada, o que torna os produtos
chineses mais baratos no exterior. Esses fatores fizeram com que o país tivesse uma
extraordinária ascensão econômica nas últimas três décadas, rivalizando hoje com os Estados
Unidos. Em 2018, a China alcançou um PIB de US$ 13 trilhões, enquanto o PIB dos Estados
Unidos somou US$ 20 trilhões.
Nos setores tecnológico e militar, o grande desenvolvimento da China também tem sido uma
ameaça ao governo estadunidense, como o desenvolvimento da tecnologia espacial para se
chegar à Marte ou o lançamento de submarinos e navios de guerra com supergeradores que
alimentam armas como lasers e canhões eletromagnéticos. Recentemente, o governo chinês
tem reagido de forma equivalente às políticas dos Estados Unidos que envolvem o país. Em
julho de 2020, em uma explicação diplomática polêmica, o governo estadunidense fechou a
embaixada chinesa em Houston, no Texas. No mesmo mês, a China anunciou o fechamento
do consulado dos Estados Unidos na cidade de Chengdu, no sudoeste do país. Esse é apenas
um dos exemplos que demonstram as crescentes tensões diplomáticas entre esses países

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