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Dissolução da União Soviética

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Dissolução da União Soviética

O brasão de armas soviético e as letras "СССР" (em


cima) na fachada do Grande Palácio do Kremlin foram
substituídos por cinco águias russas de duas cabeças
(embaixo) após a dissolução da União Soviética; as
águias haviam sido removidas pelos bolcheviques após
a revolução.

Participantes Povo da União Soviética


Governo federal
Repúblicas da União Soviética
Repúblicas autônomas

Localização  União Soviética


Data 26 de dezembro de 1991

Resultado Dissolução da União Soviética em 15


repúblicas independentes e criação da
CEI

A dissolução da União Soviética ocorreu em 26 de dezembro de 1991, como resultado


da declaração nº. 142-Н do Soviete Supremo da União Soviética. A declaração
reconheceu a independência das antigas repúblicas soviéticas e criou a Comunidade de
Estados Independentes (CEI). No dia anterior, o presidente soviético Mikhail
Gorbachev, o oitavo e último líder da União Soviética, renunciou, declarou seu cargo
extinto e entregou seus poderes - incluindo o controle dos códigos do arsenal nuclear
soviético - para o presidente russo, Boris Iéltsin. Naquela noite às 19h32, a bandeira
soviética foi baixada do Kremlin de Moscou pela última vez e a substituída pela
bandeira russa pré-revolucionária.[1]

Anteriormente, de agosto a dezembro, todas as repúblicas individualmente, incluindo a


própria Rússia, se separaram da União. Na semana anterior da dissolução formal da
URSS, 15 repúblicas - todas, exceto os Estados bálticos e a Geórgia - assinaram o
Protocolo de Alma-Ata estabelecendo formalmente a CEI e declarando que a União
Soviética tinha deixado de existir.[2][3] As revoluções de 1989 e a dissolução da URSS
também assinalaram o fim da Guerra Fria.

Várias das ex-repúblicas soviéticas têm mantido laços estreitos com a Federação Russa,
o Estado sucessor da URSS, e formaram organizações multilaterais, como a
Comunidade Econômica Eurasiática, a União da Rússia e Bielorrússia, a União
Aduaneira da Eurásia e a União Econômica Eurasiática para reforçar a cooperação
econômica e militar. Algumas, no entanto, se distanciaram e se juntaram à Organização
do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e à União Europeia.

Índice
 1 Histórico
o 1.1 Antecedentes
o 1.2 Colapso
 2 Legado
o 2.1 Nostalgia
o 2.2 Ex-repúblicas soviéticas
 3 Ver também
 4 Referências
 5 Bibliografia
 6 Ligações externas
Histórico

Este artigo faz parte de uma série sobre a

Política da União Soviética

Liderança[Expandir]

Partido Comunista[Expandir]

Congresso
 Comitê Central
 História

Secretário-Geral
 Politburo
 Secretariado
 Orgburo

Legislatura[Expandir]

 Congresso dos Sovietes


(Comitê Executivo Central)

Soviete Supremo
 Soviete da União
 Soviete de Nacionalidades
 Presidium

Congresso dos Deputados do Povo



o Oradores
o Eleição legislativa de 1989
Governança[Expandir]
Constituição
 Nomes oficiais
 1924
 1936
 1977
Governo
 Ministérios
 Comitês Estaduais
 Gabinetes

Premier
 Primeiro Vice-Premier
 Vice-Premier
 Administrador de Assuntos

Judiciário[Expandir]

Ideologia[Expandir]

 Democracia Soviética
 Marxismo-Leninismo

o Leninismo
o Stalinismo
o Krushchevismo
 Desestalinização

Sociedade[Expandir]
Economia
 Agricultura
 Bens de consumo
 Plano Quinquenal
 Reforma Kosygin
 Nova Política Econômica
 Ciência e tecnologia
 Era da Estagnação
 Planejamento de balanço de materiais
 Transporte
 Comunismo de guerra

Cultura
 Demografia
 Educação
 Família
 Terminologia
 Religião
Repressão
 Censura
 Falsificações de fotografias
 Grande Expurgo
 Sistema Gulag
 Coletivização
 Direitos humanos
 Repressão ideológica
 Perestroika
o Glasnost
 Abuso político da psiquiatria
 Repressão política
 Transferências populacionais
 Propaganda
 Repressão da pesquisa científica
 Terror Vermelho

 v
 d
 e

Antecedentes

Ver artigos principais: Previsões de colapso da União Soviética, Era Gorbachev


(1985-1991), Revoluções de 1989 e Tentativa de golpe de Estado na União Soviética
em 1991
Alemães em pé em cima do Muro de Berlim, na Alemanha Oriental, em 1989, que
começaria a ser destruído no dia seguinte

Corrente humana na Lituânia durante a Cadeia Báltica, 23 de agosto de 1989.

Civis armados durante a Revolução Romena. A revolução foi a única derrubada violenta
de um Estado comunista no Pacto de Varsóvia.

A contração das economias ex-socialistas depois das Revoluções de 1989

Após a Segunda Guerra Mundial, o crescimento econômico soviético foi rápido o


suficiente para dar credibilidade às estimativas de Nikita Kruschev de que o padrão de
vida na União Soviética ultrapassaria o dos Estados Unidos antes de 1970, e o
capitalismo seria "enterrado"[4] antes do final do século corrente. No entanto, a política
de abertura econômica e política levada a cabo por Mikhail Gorbatchev, secretário-geral
do Partido Comunista no final dos anos 1980, desencadeou mobilizações pela
independência de povos minoritários no país. Sob pressão externa e atravessando uma
crise econômica, o governo central concordou com a reorganização do país numa União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas, conferindo maior poder às administrações locais.
Em agosto de 1991, um golpe de estado depôs Gorbachev por três dias; a linha-dura do
Partido Comunista tentou reassumir o controle da URSS e impedir o prosseguimento
das reformas. Liderada por Boris Ieltsin, a população revoltosa forçou a volta de
Gorbachev ao governo. Em resposta ao golpe, o Partido Comunista soviético foi banido
da Rússia pelo então presidente Ieltsin. Após sua restituição, Gorbachev não possuía
mais que um poder esvaziado, e o controle da União fora enfraquecido. Em 25 de
dezembro de 1991 Gorbachev renunciou à presidência da URSS e em 31 de dezembro
todas as funções administrativas do país cessaram de existir.

Na véspera da perestroika, no início de 1980, havia fortes indícios de que alguns


aspectos da economia não funcionavam bem:

1. O fornecimento de energia de base da União Soviética estava em graves


dificuldades na década de 1980;[5]
2. A produção siderúrgica e de petróleo estagnou no período 1980-1984;[6]
3. Instalações de geração e linhas de transmissão ficaram ultrapassadas e com falta
de manutenção, como evidenciado pelas frequentes avarias ou interrupções no
fornecimento de energia elétrica (para não mencionar o caso de Chernobil);
4. O setor agrícola de produção de grãos, adaptado às condições climáticas, não
registrou qualquer aumento na década anterior, apesar dos grandes
investimentos.[7] O que levou a União Soviética à busca de importações de
alimentos, muitas delas de repúblicas satélites, com preço subsidiado, e, assim, o
alimento encarecia-se;
5. Dois terços dos equipamentos de processamento agrícola utilizados na década de
1980 eram inúteis, pois boa parte do mesmo procedia das décadas de 1950 e
1960;[8]
6. Entre 20% e 50% das culturas de cereais, batata, beterraba e frutas estragava
antes de chegar aos distribuidores.[9] Mesmo quando o abastecimento era
necessário, os atrasos nas entregas causavam escassez temporária, gerando filas,
acúmulo de bens e racionamentos ocasionais;
7. Entre 1970 e 1987, a produção por unidade de insumo declinou a uma taxa
superior a 1% ao ano;[10]
8. Para resumir a situação nas vésperas da perestroika, todos, começando por
Gorbachev, concordavam que o crescimento econômico per capita era igual a
zero ou negativo. [11] Tal como explicado por Marvin Harris,[12] é apresentado um
quadro ainda mais sombrio da ineficiência da infraestrutura soviética depois de
1970, se subtraem os custos da poluição e destruição ambiental do produto
nacional (PIB). Estavam presentes todas as formas imagináveis de poluição e
esgotamento de recursos, incluindo as emissões descontroladas de dióxido de
enxofre, despejos de resíduos perigosos e nuclear de todos os tipos, intoxicação
por erosão do solo do lago Baikal (na opinião de Poiniting 1991, provavelmente
o pior desastre ecológico do século XX) e dos mares Negro, Báltico e Cáspio, e
a seca devastadora do mar de Aral; [13]
9. Como explica Feshbach, a expectativa de vida para os homens soviéticos foi
diminuindo na véspera da perestroika. [14]

Além de tudo o que precede,o Bloco do Leste foi muito aquém do mundo ocidental
capitalista em relação à implementação de inovações de alta tecnologia na produção não
militar.Particularmente as telecomunicações e processadores de informação
(computadores). Em 1990, ainda mais de 100 000 localidades na URSS não tinham
linha telefônica.[15] A economia civil sofreu de falta não apenas de computadores, mas
também de robôs industriais, máquinas eletrônicas copiadoras, scanners ópticos e
muitos outros instrumentos de processamento de informação que tinham sido impostos
à indústria japonesa e à ocidental 15 anos antes. Isto, naturalmente, afetou seriamente a
logística.

O mau estado das telecomunicações e tecnologias de processamento de informação não


foi acidental. O sistema soviético de estrutura de poder se destinava a intercâmbio
rápido de informação não sujeito a censura e/ou supervisão do partido. Sem dúvida, a
baixa prioridade dada à criação de uma rede de telefones moderna pode ser interpretada
mais como insegurança do Partido Comunista da União Soviética do que falta de
conhecimento e recursos técnicos. O mesmo pode ser dito da prática de fechar com
cadeado os computadores à disposição das empresas comerciais e estabelecer como um
"crime contra o Estado" a posse não autorizada de uma máquina de cópia. O aparato de
planejamento central não fez a transição de uma economia em crescimento com base na
fabricação de equipamentos pesados para uma economia baseada em altas tecnologias
de comunicação e microeletrônica. No Ocidente, essa transição teve lugar na década de
1970, mas a URSS optou por continuar a investir recursos na área de máquinas pesadas.

Outros grandes inconvenientes do sistema de planejamento soviético teriam sido:

1. Sua máquina burocrática enorme que, como mencionado anteriormente, não


tinha meios modernos de gestão (telecomunicações, computadores, eletrônicos);
2. O problema da alocação de recursos. Nos negócios, os gerentes foram sujeitos a
uma fiscalização pelos chefes de gabinete, a fim de assegurar que se
encaixassem em uma lista de regras e regulamentos, o que teve várias
consequências inesperadas. O montante da ajuda concedida às empresas na
forma de bônus de incentivo era determinado pelo número de empregados, o que
levou à contratação de um grande número de trabalhadores desnecessários.[16] As
cotas de produção foram definidas em termos quantitativos por si só, o que
resultou na produção de baixa qualidade. Estes valores puramente quantitativos
foram um convite para responder a estas cotas de forma enganosa: "Desde que
os salários, bônus e promoções dependiam de terem sido atingidos os objetivos
definidos pelo plano, o sistema de planejamento central induzia, ou melhor,
distorcia os resultados".[17] Além disso, as empresas muitas vezes incharam suas
necessidades de matérias-primas e exigências de investimento, na esperança de
ter o suficiente para satisfazer ou exceder as metas quantitativas definidas de
produção;
3. Os orçamentos brandos de que fala Catherine Verdery.[18] Eles foram um meio
de não garantir a sobrevivência das empresas mais aptas. Qualquer empresa
deficitária recebia recursos para superar os maus momentos. E a gestão sofria
com problemas de recursos e acumulação desnecessária, além do emprego e o
investimento praticamente desnecessário.

Todos esses fatores ajudaram a moldar uma economia única, que tem se caracterizou
pela escassez, longas filas, o acúmulo de trabalhos desnecessários, o personalismo, a
corrupção persistente, que chegou a "o empregado que escondeu algo sob o balcão para
guardar para seus amigos ou parentes, ou até mesmo para receber suborno".[19] E, como
mencionado, a estrutura de poder foi um obstáculo à inovação tecnológica, ou a favor da
concorrência. Havia poucas recompensas para diretores de empresas que aplicassem
processos de produção novos ou mais eficazes.[20][21]

Outra razão do colapso foi o gigantismo de organizações como a KGB, o exército, o


Partido Comunista e o complexo militar-industrial que utilizavam uma enorme
porcentagem dos recursos financeiros do país. Estas instituições estavam drenando as
finanças: nada era negado ao KGB, ao partido e aos militares. Enquanto isso, a
população vivia virtualmente uma existência comparada ao Terceiro mundo.[22]

Colapso

Ver artigos principais: Previsões do colapso da URSS, Ex-repúblicas soviéticas e


Comunidade de Estados Independentes

Tanques na Praça Vermelha durante o Golpe de Agosto de 1991

Golpe de agosto em Moscou, 1991.

O golpe de agosto de 1991 praticamente abriu as comportas para o movimento de


independência das repúblicas que compunham a União Soviética. As repúblicas do
Báltico já tinham tentado separar-se em 1990, mas foram severamente reprimidas. Com
o fracasso do golpe, o cenário mudou totalmente. As forças conservadoras estavam
derrotadas e quem mandava realmente era Bóris Ieltsin – e não mais Gorbatchev, cujo
poder estava completamente esvaziado.

Já no mês seguinte, setembro, as repúblicas da Letônia, Estônia e Lituânia, uma após a


outra, reafirmaram, agora em caráter definitivo, suas declarações de independência. A
própria Rússia foi um dos primeiros países a reconhecer a independência dessas
repúblicas. Estava aberto o processo para as outras, que em sua grande maioria também
se declararam independentes. Outra consequência importante do golpe foi a suspensão,
determinada por Ieltsin em toda a Rússia, das atividades do Partido Comunista, que
implicou até mesmo o confisco de seus bens. A KGB, o poderoso serviço secreto
soviético, teve sua cúpula dissolvida.
Gorbatchev admitiu a implosão da União Soviética, mas ainda tentou manter o vínculo
entre as repúblicas, propondo a assinatura do chamado Tratado da União. Mas suas
palavras não tiveram eco, e o processo de separação se tornou irreversível. Em 4 de
setembro de 1991, Gorbatchev, como presidente da União Soviética, Boris Iéltsin, na
qualidade de presidente da Rússia, e mais os líderes de outras nove repúblicas, em
sessão extraordinária do Congresso dos Deputados do Povo, apresentaram um plano de
transição para criar um novo Parlamento, um Conselho de Estado e uma Comissão
Econômica Inter-Republicana. Embora tentasse estabelecer os parâmetros para uma
nova união entre as diversas repúblicas, esse plano, na verdade, significava o
desmantelamento formal da estrutura tradicional do poder soviético. De qualquer forma,
a proposta acabou sendo aprovada.

Percebendo a importância de Gorbatchev para a estabilidade da nação, naquele


momento, Ieltsin prometeu o apoio da República russa ao novo plano. Enquanto isso, os
líderes ocidentais também davam sinais de uma clara preferência pela permanência de
Gorbatchev no poder, embora demorassem a assumir o compromisso de uma ajuda
econômica mais efetiva à União Soviética. O agravamento da situação econômica era
justamente o que tornava mais delicada a posição de Gorbatchev. Decididamente, o
povo soviético tinha perdido a paciência com os problemas econômicos, que se
manifestavam na vida diária de cada cidadão. A desorganização da economia era visível
nas prateleiras vazias dos supermercados e nas filas intermináveis para comprar os
produtos mais corriqueiros, como sabonete ou farinha de trigo.

Mudanças nas fronteiras nacionais soviéticas após o fim da Guerra Fria

Mapa animado que mostra Estados independentes e mudanças territoriais na União


Soviética em ordem cronológica

Aprovado o plano de mudanças, faltava ainda conseguir a assinatura do Tratado da


União com todas as repúblicas. Mas em 1º de dezembro de 1991 a situação se precipitou
com a consolidação da independência da Ucrânia, aprovada em plebiscito por 90% da
população. Uma semana depois, numa espécie de golpe branco contra Gorbatchev, os
presidentes das repúblicas da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia, reunidos na cidade de
Brest (Bielorrússia), criaram a Comunidade de Estados Independentes (CEI),
decretando o fim da União Soviética. Diante disso, James Baker, secretário de Estado
norte-americano, declarou: “O Tratado da União, sonhado pelo presidente Gorbatchev,
nunca esteve tão distante. A União Soviética não existe mais”. De fato, em 17 de
dezembro Gorbatchev foi comunicado de que a União Soviética desapareceria
oficialmente na passagem de Ano Novo. No dia 21 de dezembro, os líderes de 11 das 15
repúblicas soviéticas reuniram-se em Alma-Ata, então capital do Cazaquistão, para
referendar a decisão da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia e oficializar a criação da
Comunidade de Estados Independentes (CEI) e o fim da União Soviética.

O colapso do poder soviético foi um processo extremamente importante na história do


final do século XX. No entanto, existem discrepâncias na determinação da origem deste
desastre. Há diversas opiniões. Nesse sentido, diz-se que a discussão teórica sobre as
reais causas do colapso foi marcada por pretensões ideológicas de um ou outro lado, isto
é, tanto de analistas marxistas como liberais.[23] Vários analistas alegam que a União
Soviética na verdade não representa o verdadeiro "marxismo", mas um Estado
autoritário, baseado em um único partido liderado por uma oligarquia mais interessada
em permanecer no poder do que na transição para o sistema socioeconômico comunista
baseado no marxismo e, portanto, sua queda ocorre sem prejuízo destas ideias.[24] Outros
marxistas, ignorando os argumentos materiais, argumentam que a queda se deveu à
incompetência política dos indivíduos em particular, que nem mesmo a queda da URSS
representa um fracasso do marxismo reconhecido nas práticas políticas do Partido
Bolchevique e, em particular, na atuação de Lenin.[25]

Legado
Nostalgia

Ver artigo principal: Nostalgia pela União Soviética


Separatistas pró-russos em Donetsk, Ucrânia, comemoram o Dia da Vitória Soviética
sobre a Alemanha nazista, 9 de maio de 2018

Na Armênia, 12% dos entrevistados disseram que o colapso da URSS fez bem,
enquanto 66% disseram que fez mal. No Quirguistão, 16% dos entrevistados disseram
que o colapso da URSS fez bem, enquanto 61% disseram que fez mal.[26] Desde o
colapso da URSS, a pesquisa anual do Levada Center mostrou que mais de 50% da
população da Rússia lamentou seu colapso, com a única exceção sendo em 2012. Uma
pesquisa do Levada Center de 2018 mostrou que 66% dos russos lamentaram a queda da
União Soviética.[27] De acordo com uma pesquisa de 2014, 57% dos cidadãos da Rússia
lamentaram o colapso da União Soviética, enquanto 30% disseram que não
lamentavam. Os idosos tendem a ser mais nostálgicos do que os jovens russos. Cerca de
50% dos entrevistados na Ucrânia em uma pesquisa semelhante realizada em fevereiro
de 2005 afirmaram lamentar a desintegração soviética.[28] No entanto, uma pesquisa
semelhante realizada em 2016 mostrou apenas 35% dos ucranianos lamentando o
colapso da União Soviética e 50% não lamentando isso.[29]

O rompimento dos laços econômicos que se seguiu ao colapso da União Soviética levou
a uma grave crise econômica e à queda catastrófica dos padrões de vida nos Estados
pós-soviéticos e no antigo Bloco do Leste,[30] que foi ainda pior do que a Grande
Depressão.[31][32] A pobreza e a desigualdade econômica aumentaram entre 1988-1989 e
1993-1995, com o índice de Gini aumentando em uma média de 9 pontos para todos nos
antigos países socialistas europeus.[33] Mesmo antes da crise financeira na Rússia em
1998, o PIB russo era metade do que tinha sido no início dos anos 1990.[32]

Nas décadas que se seguiram ao fim da Guerra Fria, apenas cinco ou seis dos Estados
pós-comunistas estão no caminho de se juntar ao rico Ocidente capitalista, enquanto a
maioria está ficando para trás, alguns a tal ponto que levará mais de 50 anos para
alcançar onde estavam antes do fim do comunismo.[34][35] Em um estudo de 2001, o
economista Steven Rosefielde calculou que houve 3,4 milhões de mortes prematuras na
Rússia de 1990 a 1998, que ele atribui em parte à "terapia de choque" que veio com o
Consenso de Washington.[36]

No Debate da Cozinha de 1959, Nikita Khrushchev afirmou que os netos do então vice-
presidente estadunidense Richard Nixon viveriam sob o comunismo e Nixon afirmou
que os netos de Khrushchev viveriam em liberdade. Em uma entrevista de 1992, Nixon
comentou que na época do debate, ele tinha certeza de que a afirmação de Khrushchev
estava errada, mas Nixon não tinha certeza de que sua própria afirmação estava correta.
Nixon disse que os eventos provaram que ele estava realmente certo porque os netos de
Khrushchev agora viviam em liberdade, referindo-se ao então recente colapso da União
Soviética.[37] O filho de Khrushchev, Sergei Khrushchev, era um cidadão estadunidense
naturalizado.

Dissolução da União Soviética


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Dissolução da União Soviética


O brasão de armas soviético e as letras "СССР" (em
cima) na fachada do Grande Palácio do Kremlin foram
substituídos por cinco águias russas de duas cabeças
(embaixo) após a dissolução da União Soviética; as
águias haviam sido removidas pelos bolcheviques após
a revolução.

Participantes Povo da União Soviética


Governo federal
Repúblicas da União Soviética
Repúblicas autônomas

Localização  União Soviética

Data 26 de dezembro de 1991

Resultado Dissolução da União Soviética em 15


repúblicas independentes e criação da
CEI
A dissolução da União Soviética ocorreu em 26 de dezembro de 1991, como resultado
da declaração nº. 142-Н do Soviete Supremo da União Soviética. A declaração
reconheceu a independência das antigas repúblicas soviéticas e criou a Comunidade de
Estados Independentes (CEI). No dia anterior, o presidente soviético Mikhail
Gorbachev, o oitavo e último líder da União Soviética, renunciou, declarou seu cargo
extinto e entregou seus poderes - incluindo o controle dos códigos do arsenal nuclear
soviético - para o presidente russo, Boris Iéltsin. Naquela noite às 19h32, a bandeira
soviética foi baixada do Kremlin de Moscou pela última vez e a substituída pela
bandeira russa pré-revolucionária.[1]

Anteriormente, de agosto a dezembro, todas as repúblicas individualmente, incluindo a


própria Rússia, se separaram da União. Na semana anterior da dissolução formal da
URSS, 15 repúblicas - todas, exceto os Estados bálticos e a Geórgia - assinaram o
Protocolo de Alma-Ata estabelecendo formalmente a CEI e declarando que a União
Soviética tinha deixado de existir.[2][3] As revoluções de 1989 e a dissolução da URSS
também assinalaram o fim da Guerra Fria.

Várias das ex-repúblicas soviéticas têm mantido laços estreitos com a Federação Russa,
o Estado sucessor da URSS, e formaram organizações multilaterais, como a
Comunidade Econômica Eurasiática, a União da Rússia e Bielorrússia, a União
Aduaneira da Eurásia e a União Econômica Eurasiática para reforçar a cooperação
econômica e militar. Algumas, no entanto, se distanciaram e se juntaram à Organização
do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e à União Europeia.

Índice
 1 Histórico
o 1.1 Antecedentes
o 1.2 Colapso
 2 Legado
o 2.1 Nostalgia
o 2.2 Ex-repúblicas soviéticas
 3 Ver também
 4 Referências
 5 Bibliografia
 6 Ligações externas

Histórico

Este artigo faz parte de uma série sobre a

Política da União Soviética


 

Liderança[Expandir]

Partido Comunista[Expandir]

Congresso
 Comitê Central
 História

Secretário-Geral
 Politburo
 Secretariado
 Orgburo

Legislatura[Expandir]

 Congresso dos Sovietes


(Comitê Executivo Central)

Soviete Supremo
 Soviete da União
 Soviete de Nacionalidades
 Presidium

Congresso dos Deputados do Povo



o Oradores
o Eleição legislativa de 1989

Governança[Expandir]
Constituição
 Nomes oficiais
 1924
 1936
 1977
Governo
 Ministérios
 Comitês Estaduais
 Gabinetes

Premier
 Primeiro Vice-Premier
 Vice-Premier
 Administrador de Assuntos

Judiciário[Expandir]

Ideologia[Expandir]

 Democracia Soviética
 Marxismo-Leninismo

o Leninismo
o Stalinismo
o Krushchevismo
 Desestalinização

Sociedade[Expandir]
Economia
 Agricultura
 Bens de consumo
 Plano Quinquenal
 Reforma Kosygin
 Nova Política Econômica
 Ciência e tecnologia
 Era da Estagnação
 Planejamento de balanço de materiais
 Transporte
 Comunismo de guerra

Cultura
 Demografia
 Educação
 Família
 Terminologia
 Religião
Repressão
 Censura
 Falsificações de fotografias
 Grande Expurgo
 Sistema Gulag
 Coletivização
 Direitos humanos
 Repressão ideológica
 Perestroika
o Glasnost
 Abuso político da psiquiatria
 Repressão política
 Transferências populacionais
 Propaganda
 Repressão da pesquisa científica
 Terror Vermelho

 v
 d
 e

Antecedentes

Ver artigos principais: Previsões de colapso da União Soviética, Era Gorbachev


(1985-1991), Revoluções de 1989 e Tentativa de golpe de Estado na União Soviética
em 1991

Alemães em pé em cima do Muro de Berlim, na Alemanha Oriental, em 1989, que


começaria a ser destruído no dia seguinte
Corrente humana na Lituânia durante a Cadeia Báltica, 23 de agosto de 1989.

Civis armados durante a Revolução Romena. A revolução foi a única derrubada violenta
de um Estado comunista no Pacto de Varsóvia.

A contração das economias ex-socialistas depois das Revoluções de 1989

Após a Segunda Guerra Mundial, o crescimento econômico soviético foi rápido o


suficiente para dar credibilidade às estimativas de Nikita Kruschev de que o padrão de
vida na União Soviética ultrapassaria o dos Estados Unidos antes de 1970, e o
capitalismo seria "enterrado"[4] antes do final do século corrente. No entanto, a política
de abertura econômica e política levada a cabo por Mikhail Gorbatchev, secretário-geral
do Partido Comunista no final dos anos 1980, desencadeou mobilizações pela
independência de povos minoritários no país. Sob pressão externa e atravessando uma
crise econômica, o governo central concordou com a reorganização do país numa União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas, conferindo maior poder às administrações locais.

Em agosto de 1991, um golpe de estado depôs Gorbachev por três dias; a linha-dura do
Partido Comunista tentou reassumir o controle da URSS e impedir o prosseguimento
das reformas. Liderada por Boris Ieltsin, a população revoltosa forçou a volta de
Gorbachev ao governo. Em resposta ao golpe, o Partido Comunista soviético foi banido
da Rússia pelo então presidente Ieltsin. Após sua restituição, Gorbachev não possuía
mais que um poder esvaziado, e o controle da União fora enfraquecido. Em 25 de
dezembro de 1991 Gorbachev renunciou à presidência da URSS e em 31 de dezembro
todas as funções administrativas do país cessaram de existir.
Na véspera da perestroika, no início de 1980, havia fortes indícios de que alguns
aspectos da economia não funcionavam bem:

1. O fornecimento de energia de base da União Soviética estava em graves


dificuldades na década de 1980;[5]
2. A produção siderúrgica e de petróleo estagnou no período 1980-1984;[6]
3. Instalações de geração e linhas de transmissão ficaram ultrapassadas e com falta
de manutenção, como evidenciado pelas frequentes avarias ou interrupções no
fornecimento de energia elétrica (para não mencionar o caso de Chernobil);
4. O setor agrícola de produção de grãos, adaptado às condições climáticas, não
registrou qualquer aumento na década anterior, apesar dos grandes
investimentos.[7] O que levou a União Soviética à busca de importações de
alimentos, muitas delas de repúblicas satélites, com preço subsidiado, e, assim, o
alimento encarecia-se;
5. Dois terços dos equipamentos de processamento agrícola utilizados na década de
1980 eram inúteis, pois boa parte do mesmo procedia das décadas de 1950 e
1960;[8]
6. Entre 20% e 50% das culturas de cereais, batata, beterraba e frutas estragava
antes de chegar aos distribuidores.[9] Mesmo quando o abastecimento era
necessário, os atrasos nas entregas causavam escassez temporária, gerando filas,
acúmulo de bens e racionamentos ocasionais;
7. Entre 1970 e 1987, a produção por unidade de insumo declinou a uma taxa
superior a 1% ao ano;[10]
8. Para resumir a situação nas vésperas da perestroika, todos, começando por
Gorbachev, concordavam que o crescimento econômico per capita era igual a
zero ou negativo. [11] Tal como explicado por Marvin Harris,[12] é apresentado um
quadro ainda mais sombrio da ineficiência da infraestrutura soviética depois de
1970, se subtraem os custos da poluição e destruição ambiental do produto
nacional (PIB). Estavam presentes todas as formas imagináveis de poluição e
esgotamento de recursos, incluindo as emissões descontroladas de dióxido de
enxofre, despejos de resíduos perigosos e nuclear de todos os tipos, intoxicação
por erosão do solo do lago Baikal (na opinião de Poiniting 1991, provavelmente
o pior desastre ecológico do século XX) e dos mares Negro, Báltico e Cáspio, e
a seca devastadora do mar de Aral; [13]
9. Como explica Feshbach, a expectativa de vida para os homens soviéticos foi
diminuindo na véspera da perestroika. [14]

Além de tudo o que precede,o Bloco do Leste foi muito aquém do mundo ocidental
capitalista em relação à implementação de inovações de alta tecnologia na produção não
militar.Particularmente as telecomunicações e processadores de informação
(computadores). Em 1990, ainda mais de 100 000 localidades na URSS não tinham
linha telefônica.[15] A economia civil sofreu de falta não apenas de computadores, mas
também de robôs industriais, máquinas eletrônicas copiadoras, scanners ópticos e
muitos outros instrumentos de processamento de informação que tinham sido impostos
à indústria japonesa e à ocidental 15 anos antes. Isto, naturalmente, afetou seriamente a
logística.

O mau estado das telecomunicações e tecnologias de processamento de informação não


foi acidental. O sistema soviético de estrutura de poder se destinava a intercâmbio
rápido de informação não sujeito a censura e/ou supervisão do partido. Sem dúvida, a
baixa prioridade dada à criação de uma rede de telefones moderna pode ser interpretada
mais como insegurança do Partido Comunista da União Soviética do que falta de
conhecimento e recursos técnicos. O mesmo pode ser dito da prática de fechar com
cadeado os computadores à disposição das empresas comerciais e estabelecer como um
"crime contra o Estado" a posse não autorizada de uma máquina de cópia. O aparato de
planejamento central não fez a transição de uma economia em crescimento com base na
fabricação de equipamentos pesados para uma economia baseada em altas tecnologias
de comunicação e microeletrônica. No Ocidente, essa transição teve lugar na década de
1970, mas a URSS optou por continuar a investir recursos na área de máquinas pesadas.

Outros grandes inconvenientes do sistema de planejamento soviético teriam sido:

1. Sua máquina burocrática enorme que, como mencionado anteriormente, não


tinha meios modernos de gestão (telecomunicações, computadores, eletrônicos);
2. O problema da alocação de recursos. Nos negócios, os gerentes foram sujeitos a
uma fiscalização pelos chefes de gabinete, a fim de assegurar que se
encaixassem em uma lista de regras e regulamentos, o que teve várias
consequências inesperadas. O montante da ajuda concedida às empresas na
forma de bônus de incentivo era determinado pelo número de empregados, o que
levou à contratação de um grande número de trabalhadores desnecessários.[16] As
cotas de produção foram definidas em termos quantitativos por si só, o que
resultou na produção de baixa qualidade. Estes valores puramente quantitativos
foram um convite para responder a estas cotas de forma enganosa: "Desde que
os salários, bônus e promoções dependiam de terem sido atingidos os objetivos
definidos pelo plano, o sistema de planejamento central induzia, ou melhor,
distorcia os resultados".[17] Além disso, as empresas muitas vezes incharam suas
necessidades de matérias-primas e exigências de investimento, na esperança de
ter o suficiente para satisfazer ou exceder as metas quantitativas definidas de
produção;
3. Os orçamentos brandos de que fala Catherine Verdery.[18] Eles foram um meio
de não garantir a sobrevivência das empresas mais aptas. Qualquer empresa
deficitária recebia recursos para superar os maus momentos. E a gestão sofria
com problemas de recursos e acumulação desnecessária, além do emprego e o
investimento praticamente desnecessário.

Todos esses fatores ajudaram a moldar uma economia única, que tem se caracterizou
pela escassez, longas filas, o acúmulo de trabalhos desnecessários, o personalismo, a
corrupção persistente, que chegou a "o empregado que escondeu algo sob o balcão para
guardar para seus amigos ou parentes, ou até mesmo para receber suborno".[19] E, como
mencionado, a estrutura de poder foi um obstáculo à inovação tecnológica, ou a favor da
concorrência. Havia poucas recompensas para diretores de empresas que aplicassem
processos de produção novos ou mais eficazes.[20][21]

Outra razão do colapso foi o gigantismo de organizações como a KGB, o exército, o


Partido Comunista e o complexo militar-industrial que utilizavam uma enorme
porcentagem dos recursos financeiros do país. Estas instituições estavam drenando as
finanças: nada era negado ao KGB, ao partido e aos militares. Enquanto isso, a
população vivia virtualmente uma existência comparada ao Terceiro mundo.[22]

Colapso
Ver artigos principais: Previsões do colapso da URSS, Ex-repúblicas soviéticas e
Comunidade de Estados Independentes

Tanques na Praça Vermelha durante o Golpe de Agosto de 1991

Golpe de agosto em Moscou, 1991.

O golpe de agosto de 1991 praticamente abriu as comportas para o movimento de


independência das repúblicas que compunham a União Soviética. As repúblicas do
Báltico já tinham tentado separar-se em 1990, mas foram severamente reprimidas. Com
o fracasso do golpe, o cenário mudou totalmente. As forças conservadoras estavam
derrotadas e quem mandava realmente era Bóris Ieltsin – e não mais Gorbatchev, cujo
poder estava completamente esvaziado.

Já no mês seguinte, setembro, as repúblicas da Letônia, Estônia e Lituânia, uma após a


outra, reafirmaram, agora em caráter definitivo, suas declarações de independência. A
própria Rússia foi um dos primeiros países a reconhecer a independência dessas
repúblicas. Estava aberto o processo para as outras, que em sua grande maioria também
se declararam independentes. Outra consequência importante do golpe foi a suspensão,
determinada por Ieltsin em toda a Rússia, das atividades do Partido Comunista, que
implicou até mesmo o confisco de seus bens. A KGB, o poderoso serviço secreto
soviético, teve sua cúpula dissolvida.

Gorbatchev admitiu a implosão da União Soviética, mas ainda tentou manter o vínculo
entre as repúblicas, propondo a assinatura do chamado Tratado da União. Mas suas
palavras não tiveram eco, e o processo de separação se tornou irreversível. Em 4 de
setembro de 1991, Gorbatchev, como presidente da União Soviética, Boris Iéltsin, na
qualidade de presidente da Rússia, e mais os líderes de outras nove repúblicas, em
sessão extraordinária do Congresso dos Deputados do Povo, apresentaram um plano de
transição para criar um novo Parlamento, um Conselho de Estado e uma Comissão
Econômica Inter-Republicana. Embora tentasse estabelecer os parâmetros para uma
nova união entre as diversas repúblicas, esse plano, na verdade, significava o
desmantelamento formal da estrutura tradicional do poder soviético. De qualquer forma,
a proposta acabou sendo aprovada.
Percebendo a importância de Gorbatchev para a estabilidade da nação, naquele
momento, Ieltsin prometeu o apoio da República russa ao novo plano. Enquanto isso, os
líderes ocidentais também davam sinais de uma clara preferência pela permanência de
Gorbatchev no poder, embora demorassem a assumir o compromisso de uma ajuda
econômica mais efetiva à União Soviética. O agravamento da situação econômica era
justamente o que tornava mais delicada a posição de Gorbatchev. Decididamente, o
povo soviético tinha perdido a paciência com os problemas econômicos, que se
manifestavam na vida diária de cada cidadão. A desorganização da economia era visível
nas prateleiras vazias dos supermercados e nas filas intermináveis para comprar os
produtos mais corriqueiros, como sabonete ou farinha de trigo.

Mudanças nas fronteiras nacionais soviéticas após o fim da Guerra Fria

Mapa animado que mostra Estados independentes e mudanças territoriais na União


Soviética em ordem cronológica

Aprovado o plano de mudanças, faltava ainda conseguir a assinatura do Tratado da


União com todas as repúblicas. Mas em 1º de dezembro de 1991 a situação se precipitou
com a consolidação da independência da Ucrânia, aprovada em plebiscito por 90% da
população. Uma semana depois, numa espécie de golpe branco contra Gorbatchev, os
presidentes das repúblicas da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia, reunidos na cidade de
Brest (Bielorrússia), criaram a Comunidade de Estados Independentes (CEI),
decretando o fim da União Soviética. Diante disso, James Baker, secretário de Estado
norte-americano, declarou: “O Tratado da União, sonhado pelo presidente Gorbatchev,
nunca esteve tão distante. A União Soviética não existe mais”. De fato, em 17 de
dezembro Gorbatchev foi comunicado de que a União Soviética desapareceria
oficialmente na passagem de Ano Novo. No dia 21 de dezembro, os líderes de 11 das 15
repúblicas soviéticas reuniram-se em Alma-Ata, então capital do Cazaquistão, para
referendar a decisão da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia e oficializar a criação da
Comunidade de Estados Independentes (CEI) e o fim da União Soviética.

O colapso do poder soviético foi um processo extremamente importante na história do


final do século XX. No entanto, existem discrepâncias na determinação da origem deste
desastre. Há diversas opiniões. Nesse sentido, diz-se que a discussão teórica sobre as
reais causas do colapso foi marcada por pretensões ideológicas de um ou outro lado, isto
é, tanto de analistas marxistas como liberais.[23] Vários analistas alegam que a União
Soviética na verdade não representa o verdadeiro "marxismo", mas um Estado
autoritário, baseado em um único partido liderado por uma oligarquia mais interessada
em permanecer no poder do que na transição para o sistema socioeconômico comunista
baseado no marxismo e, portanto, sua queda ocorre sem prejuízo destas ideias.[24] Outros
marxistas, ignorando os argumentos materiais, argumentam que a queda se deveu à
incompetência política dos indivíduos em particular, que nem mesmo a queda da URSS
representa um fracasso do marxismo reconhecido nas práticas políticas do Partido
Bolchevique e, em particular, na atuação de Lenin.[25]

Legado
Nostalgia

Ver artigo principal: Nostalgia pela União Soviética


Separatistas pró-russos em Donetsk, Ucrânia, comemoram o Dia da Vitória Soviética
sobre a Alemanha nazista, 9 de maio de 2018

Na Armênia, 12% dos entrevistados disseram que o colapso da URSS fez bem,
enquanto 66% disseram que fez mal. No Quirguistão, 16% dos entrevistados disseram
que o colapso da URSS fez bem, enquanto 61% disseram que fez mal.[26] Desde o
colapso da URSS, a pesquisa anual do Levada Center mostrou que mais de 50% da
população da Rússia lamentou seu colapso, com a única exceção sendo em 2012. Uma
pesquisa do Levada Center de 2018 mostrou que 66% dos russos lamentaram a queda da
União Soviética.[27] De acordo com uma pesquisa de 2014, 57% dos cidadãos da Rússia
lamentaram o colapso da União Soviética, enquanto 30% disseram que não
lamentavam. Os idosos tendem a ser mais nostálgicos do que os jovens russos. Cerca de
50% dos entrevistados na Ucrânia em uma pesquisa semelhante realizada em fevereiro
de 2005 afirmaram lamentar a desintegração soviética.[28] No entanto, uma pesquisa
semelhante realizada em 2016 mostrou apenas 35% dos ucranianos lamentando o
colapso da União Soviética e 50% não lamentando isso.[29]

O rompimento dos laços econômicos que se seguiu ao colapso da União Soviética levou
a uma grave crise econômica e à queda catastrófica dos padrões de vida nos Estados
pós-soviéticos e no antigo Bloco do Leste,[30] que foi ainda pior do que a Grande
Depressão.[31][32] A pobreza e a desigualdade econômica aumentaram entre 1988-1989 e
1993-1995, com o índice de Gini aumentando em uma média de 9 pontos para todos nos
antigos países socialistas europeus.[33] Mesmo antes da crise financeira na Rússia em
1998, o PIB russo era metade do que tinha sido no início dos anos 1990.[32]

Nas décadas que se seguiram ao fim da GuDissolução da União Soviética

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Dissolução da União Soviética


O brasão de armas soviético e as letras "СССР" (em
cima) na fachada do Grande Palácio do Kremlin foram
substituídos por cinco águias russas de duas cabeças
(embaixo) após a dissolução da União Soviética; as
águias haviam sido removidas pelos bolcheviques após
a revolução.

Participantes Povo da União Soviética


Governo federal
Repúblicas da União Soviética
Repúblicas autônomas

Localização  União Soviética

Data 26 de dezembro de 1991

Resultado Dissolução da União Soviética em 15


repúblicas independentes e criação da
CEI
A dissolução da União Soviética ocorreu em 26 de dezembro de 1991, como resultado
da declaração nº. 142-Н do Soviete Supremo da União Soviética. A declaração
reconheceu a independência das antigas repúblicas soviéticas e criou a Comunidade de
Estados Independentes (CEI). No dia anterior, o presidente soviético Mikhail
Gorbachev, o oitavo e último líder da União Soviética, renunciou, declarou seu cargo
extinto e entregou seus poderes - incluindo o controle dos códigos do arsenal nuclear
soviético - para o presidente russo, Boris Iéltsin. Naquela noite às 19h32, a bandeira
soviética foi baixada do Kremlin de Moscou pela última vez e a substituída pela
bandeira russa pré-revolucionária.[1]

Anteriormente, de agosto a dezembro, todas as repúblicas individualmente, incluindo a


própria Rússia, se separaram da União. Na semana anterior da dissolução formal da
URSS, 15 repúblicas - todas, exceto os Estados bálticos e a Geórgia - assinaram o
Protocolo de Alma-Ata estabelecendo formalmente a CEI e declarando que a União
Soviética tinha deixado de existir.[2][3] As revoluções de 1989 e a dissolução da URSS
também assinalaram o fim da Guerra Fria.

Várias das ex-repúblicas soviéticas têm mantido laços estreitos com a Federação Russa,
o Estado sucessor da URSS, e formaram organizações multilaterais, como a
Comunidade Econômica Eurasiática, a União da Rússia e Bielorrússia, a União
Aduaneira da Eurásia e a União Econômica Eurasiática para reforçar a cooperação
econômica e militar. Algumas, no entanto, se distanciaram e se juntaram à Organização
do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e à União Europeia.

Índice
 1 Histórico
o 1.1 Antecedentes
o 1.2 Colapso
 2 Legado
o 2.1 Nostalgia
o 2.2 Ex-repúblicas soviéticas
 3 Ver também
 4 Referências
 5 Bibliografia
 6 Ligações externas

Histórico

Este artigo faz parte de uma série sobre a

Política da União Soviética


 

Liderança[Expandir]

Partido Comunista[Expandir]

Congresso
 Comitê Central
 História

Secretário-Geral
 Politburo
 Secretariado
 Orgburo

Legislatura[Expandir]

 Congresso dos Sovietes


(Comitê Executivo Central)

Soviete Supremo
 Soviete da União
 Soviete de Nacionalidades
 Presidium

Congresso dos Deputados do Povo



o Oradores
o Eleição legislativa de 1989

Governança[Expandir]
Constituição
 Nomes oficiais
 1924
 1936
 1977
Governo
 Ministérios
 Comitês Estaduais
 Gabinetes

Premier
 Primeiro Vice-Premier
 Vice-Premier
 Administrador de Assuntos

Judiciário[Expandir]

Ideologia[Expandir]

 Democracia Soviética
 Marxismo-Leninismo

o Leninismo
o Stalinismo
o Krushchevismo
 Desestalinização

Sociedade[Expandir]
Economia
 Agricultura
 Bens de consumo
 Plano Quinquenal
 Reforma Kosygin
 Nova Política Econômica
 Ciência e tecnologia
 Era da Estagnação
 Planejamento de balanço de materiais
 Transporte
 Comunismo de guerra

Cultura
 Demografia
 Educação
 Família
 Terminologia
 Religião
Repressão
 Censura
 Falsificações de fotografias
 Grande Expurgo
 Sistema Gulag
 Coletivização
 Direitos humanos
 Repressão ideológica
 Perestroika
o Glasnost
 Abuso político da psiquiatria
 Repressão política
 Transferências populacionais
 Propaganda
 Repressão da pesquisa científica
 Terror Vermelho

 v
 d
 e

Antecedentes

Ver artigos principais: Previsões de colapso da União Soviética, Era Gorbachev


(1985-1991), Revoluções de 1989 e Tentativa de golpe de Estado na União Soviética
em 1991

Alemães em pé em cima do Muro de Berlim, na Alemanha Oriental, em 1989, que


começaria a ser destruído no dia seguinte
Corrente humana na Lituânia durante a Cadeia Báltica, 23 de agosto de 1989.

Civis armados durante a Revolução Romena. A revolução foi a única derrubada violenta
de um Estado comunista no Pacto de Varsóvia.

A contração das economias ex-socialistas depois das Revoluções de 1989

Após a Segunda Guerra Mundial, o crescimento econômico soviético foi rápido o


suficiente para dar credibilidade às estimativas de Nikita Kruschev de que o padrão de
vida na União Soviética ultrapassaria o dos Estados Unidos antes de 1970, e o
capitalismo seria "enterrado"[4] antes do final do século corrente. No entanto, a política
de abertura econômica e política levada a cabo por Mikhail Gorbatchev, secretário-geral
do Partido Comunista no final dos anos 1980, desencadeou mobilizações pela
independência de povos minoritários no país. Sob pressão externa e atravessando uma
crise econômica, o governo central concordou com a reorganização do país numa União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas, conferindo maior poder às administrações locais.

Em agosto de 1991, um golpe de estado depôs Gorbachev por três dias; a linha-dura do
Partido Comunista tentou reassumir o controle da URSS e impedir o prosseguimento
das reformas. Liderada por Boris Ieltsin, a população revoltosa forçou a volta de
Gorbachev ao governo. Em resposta ao golpe, o Partido Comunista soviético foi banido
da Rússia pelo então presidente Ieltsin. Após sua restituição, Gorbachev não possuía
mais que um poder esvaziado, e o controle da União fora enfraquecido. Em 25 de
dezembro de 1991 Gorbachev renunciou à presidência da URSS e em 31 de dezembro
todas as funções administrativas do país cessaram de existir.
Na véspera da perestroika, no início de 1980, havia fortes indícios de que alguns
aspectos da economia não funcionavam bem:

1. O fornecimento de energia de base da União Soviética estava em graves


dificuldades na década de 1980;[5]
2. A produção siderúrgica e de petróleo estagnou no período 1980-1984;[6]
3. Instalações de geração e linhas de transmissão ficaram ultrapassadas e com falta
de manutenção, como evidenciado pelas frequentes avarias ou interrupções no
fornecimento de energia elétrica (para não mencionar o caso de Chernobil);
4. O setor agrícola de produção de grãos, adaptado às condições climáticas, não
registrou qualquer aumento na década anterior, apesar dos grandes
investimentos.[7] O que levou a União Soviética à busca de importações de
alimentos, muitas delas de repúblicas satélites, com preço subsidiado, e, assim, o
alimento encarecia-se;
5. Dois terços dos equipamentos de processamento agrícola utilizados na década de
1980 eram inúteis, pois boa parte do mesmo procedia das décadas de 1950 e
1960;[8]
6. Entre 20% e 50% das culturas de cereais, batata, beterraba e frutas estragava
antes de chegar aos distribuidores.[9] Mesmo quando o abastecimento era
necessário, os atrasos nas entregas causavam escassez temporária, gerando filas,
acúmulo de bens e racionamentos ocasionais;
7. Entre 1970 e 1987, a produção por unidade de insumo declinou a uma taxa
superior a 1% ao ano;[10]
8. Para resumir a situação nas vésperas da perestroika, todos, começando por
Gorbachev, concordavam que o crescimento econômico per capita era igual a
zero ou negativo. [11] Tal como explicado por Marvin Harris,[12] é apresentado um
quadro ainda mais sombrio da ineficiência da infraestrutura soviética depois de
1970, se subtraem os custos da poluição e destruição ambiental do produto
nacional (PIB). Estavam presentes todas as formas imagináveis de poluição e
esgotamento de recursos, incluindo as emissões descontroladas de dióxido de
enxofre, despejos de resíduos perigosos e nuclear de todos os tipos, intoxicação
por erosão do solo do lago Baikal (na opinião de Poiniting 1991, provavelmente
o pior desastre ecológico do século XX) e dos mares Negro, Báltico e Cáspio, e
a seca devastadora do mar de Aral; [13]
9. Como explica Feshbach, a expectativa de vida para os homens soviéticos foi
diminuindo na véspera da perestroika. [14]

Além de tudo o que precede,o Bloco do Leste foi muito aquém do mundo ocidental
capitalista em relação à implementação de inovações de alta tecnologia na produção não
militar.Particularmente as telecomunicações e processadores de informação
(computadores). Em 1990, ainda mais de 100 000 localidades na URSS não tinham
linha telefônica.[15] A economia civil sofreu de falta não apenas de computadores, mas
também de robôs industriais, máquinas eletrônicas copiadoras, scanners ópticos e
muitos outros instrumentos de processamento de informação que tinham sido impostos
à indústria japonesa e à ocidental 15 anos antes. Isto, naturalmente, afetou seriamente a
logística.

O mau estado das telecomunicações e tecnologias de processamento de informação não


foi acidental. O sistema soviético de estrutura de poder se destinava a intercâmbio
rápido de informação não sujeito a censura e/ou supervisão do partido. Sem dúvida, a
baixa prioridade dada à criação de uma rede de telefones moderna pode ser interpretada
mais como insegurança do Partido Comunista da União Soviética do que falta de
conhecimento e recursos técnicos. O mesmo pode ser dito da prática de fechar com
cadeado os computadores à disposição das empresas comerciais e estabelecer como um
"crime contra o Estado" a posse não autorizada de uma máquina de cópia. O aparato de
planejamento central não fez a transição de uma economia em crescimento com base na
fabricação de equipamentos pesados para uma economia baseada em altas tecnologias
de comunicação e microeletrônica. No Ocidente, essa transição teve lugar na década de
1970, mas a URSS optou por continuar a investir recursos na área de máquinas pesadas.

Outros grandes inconvenientes do sistema de planejamento soviético teriam sido:

1. Sua máquina burocrática enorme que, como mencionado anteriormente, não


tinha meios modernos de gestão (telecomunicações, computadores, eletrônicos);
2. O problema da alocação de recursos. Nos negócios, os gerentes foram sujeitos a
uma fiscalização pelos chefes de gabinete, a fim de assegurar que se
encaixassem em uma lista de regras e regulamentos, o que teve várias
consequências inesperadas. O montante da ajuda concedida às empresas na
forma de bônus de incentivo era determinado pelo número de empregados, o que
levou à contratação de um grande número de trabalhadores desnecessários.[16] As
cotas de produção foram definidas em termos quantitativos por si só, o que
resultou na produção de baixa qualidade. Estes valores puramente quantitativos
foram um convite para responder a estas cotas de forma enganosa: "Desde que
os salários, bônus e promoções dependiam de terem sido atingidos os objetivos
definidos pelo plano, o sistema de planejamento central induzia, ou melhor,
distorcia os resultados".[17] Além disso, as empresas muitas vezes incharam suas
necessidades de matérias-primas e exigências de investimento, na esperança de
ter o suficiente para satisfazer ou exceder as metas quantitativas definidas de
produção;
3. Os orçamentos brandos de que fala Catherine Verdery.[18] Eles foram um meio
de não garantir a sobrevivência das empresas mais aptas. Qualquer empresa
deficitária recebia recursos para superar os maus momentos. E a gestão sofria
com problemas de recursos e acumulação desnecessária, além do emprego e o
investimento praticamente desnecessário.

Todos esses fatores ajudaram a moldar uma economia única, que tem se caracterizou
pela escassez, longas filas, o acúmulo de trabalhos desnecessários, o personalismo, a
corrupção persistente, que chegou a "o empregado que escondeu algo sob o balcão para
guardar para seus amigos ou parentes, ou até mesmo para receber suborno".[19] E, como
mencionado, a estrutura de poder foi um obstáculo à inovação tecnológica, ou a favor da
concorrência. Havia poucas recompensas para diretores de empresas que aplicassem
processos de produção novos ou mais eficazes.[20][21]

Outra razão do colapso foi o gigantismo de organizações como a KGB, o exército, o


Partido Comunista e o complexo militar-industrial que utilizavam uma enorme
porcentagem dos recursos financeiros do país. Estas instituições estavam drenando as
finanças: nada era negado ao KGB, ao partido e aos militares. Enquanto isso, a
população vivia virtualmente uma existência comparada ao Terceiro mundo.[22]

Colapso
Ver artigos principais: Previsões do colapso da URSS, Ex-repúblicas soviéticas e
Comunidade de Estados Independentes

Tanques na Praça Vermelha durante o Golpe de Agosto de 1991

Golpe de agosto em Moscou, 1991.

O golpe de agosto de 1991 praticamente abriu as comportas para o movimento de


independência das repúblicas que compunham a União Soviética. As repúblicas do
Báltico já tinham tentado separar-se em 1990, mas foram severamente reprimidas. Com
o fracasso do golpe, o cenário mudou totalmente. As forças conservadoras estavam
derrotadas e quem mandava realmente era Bóris Ieltsin – e não mais Gorbatchev, cujo
poder estava completamente esvaziado.

Já no mês seguinte, setembro, as repúblicas da Letônia, Estônia e Lituânia, uma após a


outra, reafirmaram, agora em caráter definitivo, suas declarações de independência. A
própria Rússia foi um dos primeiros países a reconhecer a independência dessas
repúblicas. Estava aberto o processo para as outras, que em sua grande maioria também
se declararam independentes. Outra consequência importante do golpe foi a suspensão,
determinada por Ieltsin em toda a Rússia, das atividades do Partido Comunista, que
implicou até mesmo o confisco de seus bens. A KGB, o poderoso serviço secreto
soviético, teve sua cúpula dissolvida.

Gorbatchev admitiu a implosão da União Soviética, mas ainda tentou manter o vínculo
entre as repúblicas, propondo a assinatura do chamado Tratado da União. Mas suas
palavras não tiveram eco, e o processo de separação se tornou irreversível. Em 4 de
setembro de 1991, Gorbatchev, como presidente da União Soviética, Boris Iéltsin, na
qualidade de presidente da Rússia, e mais os líderes de outras nove repúblicas, em
sessão extraordinária do Congresso dos Deputados do Povo, apresentaram um plano de
transição para criar um novo Parlamento, um Conselho de Estado e uma Comissão
Econômica Inter-Republicana. Embora tentasse estabelecer os parâmetros para uma
nova união entre as diversas repúblicas, esse plano, na verdade, significava o
desmantelamento formal da estrutura tradicional do poder soviético. De qualquer forma,
a proposta acabou sendo aprovada.
Percebendo a importância de Gorbatchev para a estabilidade da nação, naquele
momento, Ieltsin prometeu o apoio da República russa ao novo plano. Enquanto isso, os
líderes ocidentais também davam sinais de uma clara preferência pela permanência de
Gorbatchev no poder, embora demorassem a assumir o compromisso de uma ajuda
econômica mais efetiva à União Soviética. O agravamento da situação econômica era
justamente o que tornava mais delicada a posição de Gorbatchev. Decididamente, o
povo soviético tinha perdido a paciência com os problemas econômicos, que se
manifestavam na vida diária de cada cidadão. A desorganização da economia era visível
nas prateleiras vazias dos supermercados e nas filas intermináveis para comprar os
produtos mais corriqueiros, como sabonete ou farinha de trigo.

Mudanças nas fronteiras nacionais soviéticas após o fim da Guerra Fria

Mapa animado que mostra Estados independentes e mudanças territoriais na União


Soviética em ordem cronológica

Aprovado o plano de mudanças, faltava ainda conseguir a assinatura do Tratado da


União com todas as repúblicas. Mas em 1º de dezembro de 1991 a situação se precipitou
com a consolidação da independência da Ucrânia, aprovada em plebiscito por 90% da
população. Uma semana depois, numa espécie de golpe branco contra Gorbatchev, os
presidentes das repúblicas da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia, reunidos na cidade de
Brest (Bielorrússia), criaram a Comunidade de Estados Independentes (CEI),
decretando o fim da União Soviética. Diante disso, James Baker, secretário de Estado
norte-americano, declarou: “O Tratado da União, sonhado pelo presidente Gorbatchev,
nunca esteve tão distante. A União Soviética não existe mais”. De fato, em 17 de
dezembro Gorbatchev foi comunicado de que a União Soviética desapareceria
oficialmente na passagem de Ano Novo. No dia 21 de dezembro, os líderes de 11 das 15
repúblicas soviéticas reuniram-se em Alma-Ata, então capital do Cazaquistão, para
referendar a decisão da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia e oficializar a criação da
Comunidade de Estados Independentes (CEI) e o fim da União Soviética.

O colapso do poder soviético foi um processo extremamente importante na história do


final do século XX. No entanto, existem discrepâncias na determinação da origem deste
desastre. Há diversas opiniões. Nesse sentido, diz-se que a discussão teórica sobre as
reais causas do colapso foi marcada por pretensões ideológicas de um ou outro lado, isto
é, tanto de analistas marxistas como liberais.[23] Vários analistas alegam que a União
Soviética na verdade não representa o verdadeiro "marxismo", mas um Estado
autoritário, baseado em um único partido liderado por uma oligarquia mais interessada
em permanecer no poder do que na transição para o sistema socioeconômico comunista
baseado no marxismo e, portanto, sua queda ocorre sem prejuízo destas ideias.[24] Outros
marxistas, ignorando os argumentos materiais, argumentam que a queda se deveu à
incompetência política dos indivíduos em particular, que nem mesmo a queda da URSS
representa um fracasso do marxismo reconhecido nas práticas políticas do Partido
Bolchevique e, em particular, na atuação de Lenin.[25]

Legado
Nostalgia

Ver artigo principal: Nostalgia pela União Soviética


Separatistas pró-russos em Donetsk, Ucrânia, comemoram o Dia da Vitória Soviética
sobre a Alemanha nazista, 9 de maio de 2018

Na Armênia, 12% dos entrevistados disseram que o colapso da URSS fez bem,
enquanto 66% disseram que fez mal. No Quirguistão, 16% dos entrevistados disseram
que o colapso da URSS fez bem, enquanto 61% disseram que fez mal.[26] Desde o
colapso da URSS, a pesquisa anual do Levada Center mostrou que mais de 50% da
população da Rússia lamentou seu colapso, com a única exceção sendo em 2012. Uma
pesquisa do Levada Center de 2018 mostrou que 66% dos russos lamentaram a queda da
União Soviética.[27] De acordo com uma pesquisa de 2014, 57% dos cidadãos da Rússia
lamentaram o colapso da União Soviética, enquanto 30% disseram que não
lamentavam. Os idosos tendem a ser mais nostálgicos do que os jovens russos. Cerca de
50% dos entrevistados na Ucrânia em uma pesquisa semelhante realizada em fevereiro
de 2005 afirmaram lamentar a desintegração soviética.[28] No entanto, uma pesquisa
semelhante realizada em 2016 mostrou apenas 35% dos ucranianos lamentando o
colapso da União Soviética e 50% não lamentando isso.[29]

O rompimento dos laços econômicos que se seguiu ao colapso da União Soviética levou
a uma grave crise econômica e à queda catastrófica dos padrões de vida nos Estados
pós-soviéticos e no antigo Bloco do Leste,[30] que foi ainda pior do que a Grande
Depressão.[31][32] A pobreza e a desigualdade econômica aumentaram entre 1988-1989 e
1993-1995, com o índice de Gini aumentando em uma média de 9 pontos para todos nos
antigos países socialistas europeus.[33] Mesmo antes da crise financeira na Rússia em
1998, o PIB russo era metade do que tinha sido no início dos anos 1990.[32]

Nas décadas que se seguiram ao fim da Guerra Fria, apenas cinco ou seis dos Estados
pós-comunistas estão no caminho de se juntar ao rico Ocidente capitalista, enquanto a
maioria está ficando para trás, alguns a tal ponto que levará mais de 50 anos para
alcançar onde estavam antes do fim do comunismo.[34][35] Em um estudo de 2001, o
economista Steven Rosefielde calculou que houve 3,4 milhões de mortes prematuras na
Rússia de 1990 a 1998, que ele atribui em parte à "terapia de choque" que veio com o
Consenso de Washington.[36]
No Debate da Cozinha de 1959, Nikita Khrushchev afirmou que os netos do então vice-
presidente estadunidense Richard Nixon viveriam sob o comunismo e Nixon afirmou
que os netos de Khrushchev viveriam em liberdade. Em uma entrevista de 1992, Nixon
comentou que na época do debate, ele tinha certeza de que a afirmação de Khrushchev
estava errada, mas Nixon não tinha certeza de que sua própria afirmação estava correta.
Nixon disse que os eventos provaram que ele estava realmente certo porque os netos de
Khrushchev agora viviam em liberdade, referindo-se ao então recente colapso da União
Soviética.[37] O filho de Khrushchev, Sergei Khrushchev, era um cidadão estadunidense
naturalizado.

erra Fria, apenas cinco ou seis dos Estados pós-comunistas estão no caminho de se
juntar ao rico Ocidente capitalista, enquanto a maioria está ficando para trás, alguns a tal
ponto que levará mais de 50 anos para alcançar onde estavam antes do fim do
comunismo.[34][35] Em um estudo de 2001, o economista Steven Rosefielde calculou que
houve 3,4 milhões de mortes prematuras na Rússia de 1990 a 1998, que ele atribui em
parte à "terapia de choque" que veio com o Consenso de Washington.[36]

No Debate da Cozinha de 1959, Nikita Khrushchev afirmou que os netos do então vice-
presidente estadunidense Richard Nixon viveriam sob o comunismo e Nixon afirmou
que os netos de Khrushchev viveriam em liberdade. Em uma entrevista de 1992, Nixon
comentou que na época do debate, ele tinha certeza de que a afirmação de Khrushchev
estava errada, mas Nixon não tinha certeza de que sua própria afirmação estava correta.
Nixon disse que os eventos provaram que ele estava realmente certo porque os netos de
Khrushchev agora viviam em liberdade, referindo-se ao então recente colapso da União
Soviética.[37] O filho de Khrushchev, Sergei Khrushchev, era um cidadão estadunidense
naturalizado.

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