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INTRODUÇÃO

O capitalismo é um sistema de produção liberal baseado no lucro. O que


diferencia o sistema capitalista dos outros é que neste sistema, o indivíduo vende a sua
força de trabelho e ganha remuneração.

Com o capitalismo, as pessoas esperavam menos das autoridades governantes,


em troca de maiores liberdades civis, incluindo liberdade individual, política e
econômica.

Mas o capitalismo evoluiu de maneira significativa durante os séculos seguintes


e especialmente durante a segunda metade do século 20.
 Não é fácil definir o que é modernidade, pois este fenómeno é impreciso no seu
começo, mutante no seu conteúdo e incerto nos seus desdobramentos. De modo geral
podemos dizer que a modernidade começa com o fim do período medieval, com as
grandes navegações e a globalização daí decorrente, o fortalecimento do Estado-nação,
além da superação da forma de organização social e do pensamento tradicional.

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1.1-CAPITALISMO
O capitalismo é um sistema económico que visa ao  lucro e à acumulação
da riqueza e está baseada na propriedade privada dos meios de produção. Os
meios de produção podem ser máquinas, terras, ou instalações industriais, por
exemplo, e eles têm a função de gerar renda por meio do trabalho.

Há duas classes sociais principais nesse sistema: os capitalistas  (ou


burgueses) e os proletários  (ou trabalhadores). Os capitalistas são os donos dos
meios de produção, eles empregam os trabalhadores e a eles pagam o  salários. Os
proletários, por sua vez, oferecem sua mão-de-obra para realizar determinado
trabalho em troca de uma remuneração. Podemos dizer que o capitalismo é o
oposto do socialismo, pois este defende a propriedade social dos meios de
produção – não a propriedade privada.

No capitalismo, a comercialização dos produtos é realizada em um


mercado livre, com pouca ou nenhuma interferência do  Estado. Nesse caso, as
empresas vendem seus produtos conforme as leis da oferta e da demanda. Ou
seja, conforme a quantidade de produtos que são produzidos e estão em estoque,
e também de acordo com a procura dos consumidores pelos serviços e bens de
consumo.

1.2-PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO CAPITALISMO

Para ficar ainda mais fácil de entender como funciona esse sistema, nesta
seção vamos explicar algumas das principais características do capitalismo:

 Propriedade privada dos meios de produção

Para o funcionamento do capitalismo, é necessário que o Estado garanta


a propriedade privada. Com a propriedade privada garantida, os capitalistas –
detentores de terras, maquinários ou qualquer outro meio de produção – são
livres para utilizá-la da forma como desejam, afinal, são os donos desses
recursos.

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 Busca pelo máximo lucro e pela acumulação de riquezas

O objectivo do capitalismo é a obtenção de lucros cada vez maiores e


esses lucros são decorrentes do trabalho dos proletários nos meios de produção –
fábricas, comércio, agricultura. Para a maximização do lucro é comum que os
donos dos meios de produção reduzam ao máximo os custos de suas actividades
e elevem os preços dos produtos ou serviço o quanto for possível .

 Economia de mercado (e a lei da oferta e da demanda)

Em uma economia de livre mercado, os bens e serviços são distribuídos de


acordo com a lei da oferta e demanda e há pouca interferência do Estado.
Segundo essa lei, para os produtores, ou seja, para aqueles que produzem e
vendem os bens, quanto mais alto o preço do produto, mas interesse ele tem em
vendê-lo e por consequência, maior a quantidade ofertada. Se o preço do produto
for muito baixo, os produtores vão ter pouco estímulo a permanecer no mercado,
pois terão baixos lucros.

Pelo lado da demanda, o comportamento é oposto, pois os consumidores


vão ter mais interesse em consumir um produto, quanto mais baixo for o seu
valor. É uma relação bem simples, pense com a gente: se você está com sede e
pretende comprar uma água, você provavelmente comprará apenas uma garrafa se
considerar seu valor alto, mas se ela estiver barata, você vai considerar comprar
uma quantidade maior.

Quando há uma intensa competição entre os capitalistas, aquele que


reduzir os preços, conseguirá vender mais. Nessa dinâmica,  os consumidores
buscam sempre os menores preços e os donos dos meios de produção buscam
sempre os maiores lucros.

2.1-A CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE


MODERNIZAÇÃO CAPITALISTA

Depois da era de ouro do capitalismo traduzido nos mais de vinte anos


consecutivos de crescimento alto e sustentado pelo regime de produção fordista-
keynesiana, as economias capitalistas centrais entraram em colapso atingindo pífios
resultados em termos de crescimento e combate ao desemprego. O aprofundamento

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dessa crise encontra-se em que o fundamento da produção material da riqueza passou a
ser extraído sobremaneira através da base da aplicação tecnológica da ciência,
principalmente após o período do avanço da microeletrônica iniciada pelos países
desenvolvidos, gerando um novo processo de modernização capitalista ainda em curso.
A revolução industrial começou a ser superada pela revolução científico-técnica
estabelecida no princípio da automação fazendo valer mais uma vez a concepção
marxiana de que as forças produtivas não cessam de destruir as antigas pela criação de
novas formas de a humanidade produzir sua existência material, já que o capital é
contradição em processo. Contudo, para a interpretação marxiana, a revolução
científico-técnica situa a globalização como uma força revolucionária, pois se confronta
fortemente com as relações de produção capitalista. As relações de produção capitalista
sempre se basearam na geração de mais-valia. O factor motriz do desenvolvimento do
capitalismo como sistema mundial foi sua capacidade de produzir de maneira ampliada
a mais-valia.

O processo de modernização capitalista expresso na revolução científico-técnica


inverte o sistema de geração de produtividades da revolução industrial e estabelece um
sistema onde a produtividade depende do aumento relativo do valor da força de trabalho
e não de sua redução. Cria-se, assim, uma grande dificuldade para o capitalismo
incorporar esta revolução científico-técnica, posto que se torna ameaçada a taxa de
mais-valia. A incorporação da força de trabalho qualificada passa a exigir então
condições muito particulares, como a sua super exploração, que empurra os seus preços
para abaixo do valor e a viabiliza. O capitalismo não consegue transformar
massivamente o trabalho físico e intensivo em trabalho qualificado, motivo pelo qual
uma das expressões dessa transição inconclusa ser o desemprego em larga escala que
nivela os preços da força de trabalho abaixo do valor. A tendência decrescente da taxa
de lucro.

A revolução científico-técnica impulsiona, de fato, um componente fundamental


que é a tendência decrescente das taxas de lucro. Marx afirmou que haveria um
momento em que a taxa de mais valia avançaria de tal forma que comprometeria a
massa de mais valia, derrubando de maneira irrevogável a taxa de lucro. Isso ocorreria
porque a automação eliminaria a grande massa de trabalhadores explorados no processo
produtivo, em razão dos vínculos das relações de produção capitalistas e de sua
civilização com a força de trabalho desqualificada. Este cenário seria o ponto extremo

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de uma tendência de substituição da força de trabalho pela maquinaria que se
desenvolve através de um longo processo que ainda está em curso. Marx deu grande
destaque à lei da tendência decrescente da taxa de lucro, qualificando-a, nos Grundrisse,
de a mais importante da economia política e dando a ela grande destaque em O Capital.
Segundo Marx, a lei da tendência decrescente da taxa de lucro tem uma posição central
no modo de produção capitalista por ser aquela que ao mesmo tempo fundamenta o
desenvolvimento da acumulação de capital e o seu desmoronamento. Os factores que
derrubam a taxa de lucro são os mesmos que podem impulsionar a expansão da massa
de lucro.

A conjugação entre o aumento da massa de lucro e a tendência à baixa da taxa


de lucro logo mostraria limites, caso não operassem contra-tendências ao descenso da
taxa de lucro que atuem independentemente da expansão do número de trabalhadores.
Embora o capital tenha por objectivo a acumulação de mais-valia, ele só a realiza
regulado por uma determinada taxa de lucro que torne essa acumulação proporcional ao
investimento. Do contrário, tende ao entesouramento, gerando a crise e o acirramento da
concorrência entre os capitais para destruir parte do capital acumulado. A partir dessas
considerações, Marx assinala que as relações capitalistas só são aplicáveis à produção
imaterial de forma muito restrita, mesmo quando ela produz mercadorias que se
separam do produtor. Sua existência se explica justamente pelo fato de o autor afirmar
que a subsunção do trabalhador ao capital é necessária para o estabelecimento do
trabalho produtivo. É necessário que os meios de produção se separem do trabalhador,
que surjam como propriedade do capital e como representação simbólica e imaterial de
seu poder colectivo para serem criadas as condições ambientais adequadas para o
trabalho valorizar o capital. Essas condições são criadas com o desenvolvimento da
revolução industrial. No entanto, a progressiva eliminação do trabalho
predominantemente físico coloca o capital diante de um impasse. Ele não pode
substituir massivamente esse tipo de trabalho pelo predominantemente subjectivo, pois
implicaria o movimento oposto que a industrialização fez ao elevar o valor da força de
trabalho e reduzir sua diferença para o valor do trabalho, uma vez que a plena
capacitação da força de trabalho que se define por sua subjectividade exige o amplo
acesso às forças produtivas geradas pela humanidade.

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2.2-AS QUATRO GRANDES FASES DA MODERNIDADE
CAPITALISTA

A modernidade é um processo em movimento, nem sempre para a frente, que


acontece em vários âmbitos: social, geográfico, económico, político, ideológico, cultural
e pedagógico. Como revolução económica, a modernidade marca a superação da
economia agrária e rural, para iniciar a construção de uma economia de intercâmbio
baseada na mercadoria, no dinheiro, na capitalização, no investimento, na produtividade
e na organização urbana-industrial.
Segundo Alan Touraine: “Modernidade, na sua forma mais ambiciosa, foi a
afirmação de que o homem é o que ele faz, e que, portanto, deve existir uma
correspondência cada vez mais estreita entre a produção, tornada mais eficaz pela
ciência, a tecnologia ou a administração, a organização da sociedade, regulada pela lei e
a vida pessoal, animada pelo interesse, mas também pela vontade de se libertar de todas
as opressões”. Ele continua: “Modernidade como relação, carregada de tensões, entre
Razão e Sujeito, racionalização e objectivação, espírito da Renascença e espírito da
reforma, ciência e liberdade”
Como revolução política, a modernidade gira em torno do estado moderno,
centralizado, controlado pelo poder soberano (absoluto ou democrático), organizado
segundo critérios racionais de eficiência e voltado para o progresso económico e social.
O sistema de controlo passa pelo fortalecimento de uma burocracia que busca o
consenso e o controle da sociedade via uma série de instituições. A modernidade
promove a formação de uma nova classe hegemónica, a burguesia, que nasce nas
cidades e promove o processo económico capitalista, assim como delineia, no geral,
uma concepção de mundo laica e racionalista.
O sistema capitalista coloca em primeiro lugar o cálculo económico eficiente e
tem como meta a geração de riqueza (bens e serviços) via exploração do trabalho, o
avanço tecnológico e energético e a dominação e a exploração da natureza. Para Marx, o
motor da modernidade é a luta de classes, levada ao extremo entre burguesia e
proletariado. Para Durkheim e Weber, o motor da modernidade é a divisão social do
trabalho, a racionalidade e o industrialismo. Para os clássicos da sociologia, as
Revoluções Industriais eram a chave do progresso e da modernização.

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CONCLUSÃO

Consoante as nossas pesquisas, concluímos que para a interpretação marxiana a


revolução técnico-científica situa a globalização como uma força revolucionária pois se
confronta fortemente com as relações de produção capitalista. O processo de
modernização capitalista expresso na revolução científico-técnica inverte o sistema de
geração de produtividades da revolução industrial e estabelece um sistema onde a
produtividade depende do aumento relativo do valor da força de trabalho e não de sua
redução. Cria-se, assim, uma grande dificuldade para o capitalismo incorporar esta
revolução técnico-científica, posto que torna ameaçada a taxa de mais-valia. A
incorporação da força de trabalho qualificada passa a exigir então condições muito
particulares, como a sua superexploração, que empurra os seus preços para abaixo do
valor e a viabiliza. O capitalismo não consegue transformar massivamente o trabalho
físico e intensivo em trabalho qualificado, motivo pelo qual uma das expressões dessa
transição inconclusa ser o desemprego em larga escala que nivela os preços da força de
trabalho abaixo do valor. A tendência decrescente da taxa de lucro tem seu fundamento
mais decisivo nas contradições entre relações de produção e forças produtivas que se
afirmam na impossibilidade do capital incorporar amplamente a revolução técnico-
científica. A globalização produz amplas mudanças na economia política do capital. Ela
é impulsionada pela construção de novos regimes de regulação da força de trabalho, que
conferem maior autonomia decisória e iniciativa aos trabalhadores, apropriando suas
capacidades intelectuais.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, JED. Quarta revolução industrial ou estagnação secular? Ecodebate,


RJ, 17/02/2016
ALVES, JED. A crise do capital no século XXI: choque ambiental e choque
marxista. Salvador, Revista Dialética Edição 7, vol 6, ano 5, junho de 2015 
Beck, Ulrich. Sociedade de Risco. Rumo a uma Outra Modernidade. São Paulo:
Editora 34, 2010.
Giddens, Anthony. As Consequências da Modernidade. São Paulo, Ed. Unesp,
1991
Touraine, Alan. Crítica da Modernidade. Petrópolis, Vozes, 1994
Klaus Schwab. The fourth industrial revolution, World Economic Forum,
Switzerland, 2016
Robert J. Gordon. The Rise and Fall of American Growth: The U.S. Standard of
Living since the Civil War (The Princeton Economic History of the Western World),
January 2016.

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