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GRAMÁTICA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO

* Texto I para as questões de 01 a 10.

A Grécia de hoje é a Alemanha de ontem

Uma economia em frangalhos, uma dívida impagável, uma população sem esperança. Palavras que poderiam
descrever Grécia, Espanha ou Portugal nos dias de hoje refletem a situação da Alemanha de 70 anos atrás, quando o
país ainda recolhia os cacos de sua segunda derrota em guerras mundiais.
Foi em 1953 que o cenário começou a mudar. Naquele ano, diversos países do mundo, capitaneados por Estados
Unidos, França e Reino Unido, ratificaram um acordo em Londres que reestruturava a dívida da então Alemanha
Ocidental. Devendo à época um total de 38,8 bilhões de marcos, no dia da ratificação do acordo, em 27 de fevereiro de
1953, esse montante foi reduzido para 17,5 bilhões de marcos – um abatimento de 62,6%. E os benefícios não pararam
por aí: ficou também combinado que a Alemanha Ocidental só pagaria sua dívida desde que tivesse dinheiro para isso,
com a possibilidade de suspensão do pagamento e novas negociações em caso de falta de recursos. Somadas a
outras cláusulas que asseguravam vantagens à economia local, e ao Plano Marshall, que entre 1948 e 1951 despejou
bilhões de dólares para a reconstrução dos países aliados, os germânicos puderam manter um ritmo de crescimento
elevado e melhorar as condições de vida da sua população, pagando completamente sua dívida em 1960, um tempo
recorde.
Tantas vantagens, obviamente, não surgiam de nenhum espírito natalino por parte das potências da época. A ideia
era evitar o surgimento de algo semelhante ao nazismo, que floresceu justamente no terreno fértil criado pelas pesadas
punições econômicas impostas à Alemanha após a derrota na Primeira Guerra. Era também uma forma de blindar o
país contra a ameaça comunista vinda do leste, da então poderosa União Soviética, que já irradiava influência em
metade da Europa.
É exatamente esse programa de “facilidades” que o líder oposicionista grego Alexis Tsipras, do Syriza, agora
reivindica para tentar estancar a crise econômica no continente hoje.
“O que é preciso acontecer para resolver a crise que assola os países endividados, como a Espanha, Itália, Portugal
e a própria Grécia, é o que foi feito com a Alemanha em 1953, quando mais da metade da sua dívida externa foi
perdoada. Precisamos de uma moratória juntamente com uma cláusula de crescimento”, disse Tsipras durante palestra
na sede nacional do PT em São Paulo, na terça-feira 18. O evento fez parte da agenda no Brasil de seu partido, o
Syriza (acrônimo para Coalização da Esquerda Radical), que também visitará a Argentina com a intenção de aumentar
o arco de alianças internacionais.
Espanha, Itália e Portugal também possuem dívidas virtualmente impagáveis, e seus governos, assim como o
grego, também vêm implementando cortes sociais draconianos para tentar gerar caixa para pagar os seus credores.
Para Tsipras, tais medidas só vão no sentido contrário do da solução.
“Temos que parar com a austeridade e com os cortes. Temos que subir o salário mínimo e ajudar as pessoas que
não podem neste momento sobreviver. Precisamos realizar uma política de investimento estatal para poder avançar na
economia. E também precisamos fazer mudanças estruturais em todo o país, sendo a mais importante a diminuição dos
impostos para os pobres e o aumento para os mais ricos”, disse o líder grego, respondendo a uma pergunta sobre o
que faria caso seu partido assumisse o governo.
No último dia 13, a troika – expressão de origem russa que designa o grupo composto pela Comissão Europeia,
Banco Central Europeu e FMI – liberou 34 bilhões de euros à Grécia, a primeira parte de um total de 130 bilhões a
serem liberados. Para receber essa quantia, o governo grego foi forçado a cortar 18 bilhões de euros de seu
orçamento, gerando mais protestos da população. O país se encaminha para o seu sexto ano seguido de recessão,
com uma taxa de desemprego na casa de 26% (a maior na Zona do Euro) e uma dívida estimada em 175% em relação
ao PIB – era de 127% em 2009.
Em junho, o partido de Tsipras quase venceu as eleições na Grécia ao registrar 27% do total dos votos, mas ficou
atrás do conservador Nova Democracia, que marcou 30%. Desde então, o novo governo chefiado pelo primeiro-ministro
Antonio Samaras tem adotado políticas sintonizadas com as exigências feitas pelo governo alemão de Angela Merkel,
que tem sido o principal financiador dos pacotes de empréstimos financeiros concedidos à Grécia. O governo Merkel é
o principal alvo das críticas de Tsipras. “O principal problema da Europa hoje é a Alemanha e sua política. Até agora o
único país que não deu um passo atrás foram eles, e isso acontece porque é a classe dominante alemã que ganha com
atual situação do euro e também com a crise.”
A única forma de mudar a situação atual parece ser a realização de novas eleições, mas, para Tsipras, são os
gregos que devem mudar os destinos do país. O político não acredita que as eleições alemãs de 2013 provoquem
qualquer grande mudança e aposta que a instabilidade na Grécia provocará um novo pleito em breve. “As eleições na
Alemanha não devem ter repercussão na Grécia. O que ocorre na Grécia é que pode ter repercussão nas eleições na
Alemanha”, diz. “Se nós ganharmos o governo, Merkel terá que pedir desculpa ao povo alemão por ter falhado no
programa de pacotes de empréstimos. E ela não vai querer aceitar essa falha”, disse.
(Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/internacional/a-grecia-de-hoje-e-a-alemanha-de-ontem/)

-2- GABARITO COMENTADO EAOF 2013 – Gramática e Interpretação de texto – Versão A


01) Em vista de suas características semânticas e textuais, é correto afirmar que o principal objetivo do texto I é
a) apresentar o ponto de vista de Alexis Tsipras acerca do pagamento da dívida externa de seu país.
b) instruir como salvar os países europeus, em especial a Grécia, que passam por intensa crise financeira.
c) narrar os eventos relacionados à visita do líder do partido Syriza, principal partido político de oposição na Grécia.
d) argumentar em favor da ideia de que os países europeus em crise hoje vivem situação idêntica à Alemanha pós
Segunda Grande Guerra.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA A)

O texto apresenta a perspectiva do líder político de oposição Alexis Tsipras em relação à situação financeira de seu
país, dando a ele voz, direta (através do uso do discurso direto, apresentado entre aspas) e indiretamente, sem haver,
contudo, um julgamento da parte do autor em relação ao que é colocado pelo político.
Fontes:
• O próprio texto.
• CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C.; CILEY, C. Interpretação de Textos: Construindo competências e habilidades em
leitura. São Paulo: Atual, 2012. (Tipos e gêneros textuais: p. 32 – 37).
• CEREJA, W.; MAGALHÃES, T. Texto & Interação: Uma proposta de produção textual a partir de gêneros e projetos.
São Paulo: Atual, 2009. (O relato: p.14 – 37).

02) Assinale a alternativa que, segundo o texto I, justifica a postura dos países vencedores da Segunda Guerra frente à
principal derrotada na guerra, Alemanha.
a) Facultar uma possível adesão dos alemães ao bloco socialista.
b) Coibir o aparecimento de alguma ideologia extremista de cunho nacionalista.
c) Aplacar a falta de esperança dos alemães em relação ao futuro de sua nação.
d) Demonstrar a complacência dos vencedores para com os perdedores da guerra.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA B)

É uma síntese do conteúdo do terceiro parágrafo do texto que aborda a questão e afirma: “Tantas vantagens,
obviamente, não surgiam de nenhum espírito natalino por parte das potências da época. A ideia era evitar o surgimento
de algo semelhante ao nazismo, que floresceu justamente no terreno fértil criado pelas pesadas punições econômicas
impostas à Alemanha após a derrota na 1ª Guerra. Era também uma forma de blindar o país contra a ameaça
comunista vinda do leste, da então poderosa União Soviética, que já irradiava influência em metade da Europa”.
Fonte: O próprio texto.

03) Das alternativas abaixo, qual não apresenta medida apontada como necessária, pelo líder oposicionista Alexis
Tsipras, para que os países europeus mais afetados pela crise financeira possam dela sair?
a) Esmorecer a severidade econômica.
b) Instituir impostos proporcionais aos rendimentos de cada cidadão.
c) Elevar o salário mínimo, auxiliando aqueles que se encontram em situação precária.
d) Realizar uma abertura econômica, estimulando investimentos de grandes multinacionais.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA D)

Analisando o conteúdo das alternativas A, B e C percebe-se que são paráfrases de pontos indicados pela fala de
Tsipras alocadas no 7º parágrafo. Porém, a afirmativa D indica justamente o oposto de um dos pontos apresentados na
mesma alínea, a saber: “Precisamos realizar uma política de investimento estatal para poder avançar na economia”.
Fonte: O próprio texto.

04) Sobre a situação econômica da Alemanha no pós Segunda Guerra, segundo o texto I, informe se é verdadeiro (V)
ou falso (F) o que se afirma. A seguir, indique a opção que apresenta a sequência correta.
( ) Obteve um grande abatimento naquilo que devia, tendo sido perdoada mais da metade de sua dívida.
( ) Foi-lhe concedida a possibilidade de renegociar, a qualquer momento, a dívida, caso houvesse interesse em
realizar investimentos de outras naturezas.
( ) Fora beneficiada diretamente pelo Plano Marshall, que financiou a reconstrução de todos os países atingidos
pela guerra.
( ) Conseguiu quitar totalmente seus débitos em tempo recorde: 9 anos.
a) V – F – F – F
b) F – V – V – F
c) V – F – V – V
d) F – V – F – V

-3- GABARITO COMENTADO EAOF 2013 – Gramática e Interpretação de texto – Versão A


JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA A)

A segunda, terceira e quarta afirmativas estão incorretas, respectivamente, pois: o interesse em realizar investimentos
de outras naturezas não era condição para renegociação da dívida; o Plano Marshall só financiou a reconstrução dos
países aliados; e o tempo levado para o pagamento da dívida foi de 7 anos.
Fonte: O próprio texto.

05) Releia o trecho a seguir.


“Espanha, Itália e Portugal também possuem dívidas virtualmente impagáveis, e seus governos, assim como o
grego, também vêm implementando cortes sociais draconianos para tentar gerar caixa para pagar os seus
credores.” (6°§)
Aponte a alternativa que apresenta palavra sinônima do termo destacado.
a) Sutis.
b) Brandos.
c) Ardilosos.
d) Inflexíveis.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA D)

De acordo com os Dicionários Aulete Digital e Aurélio da Língua Portuguesa, uma das acepções de “draconiano” é
“pessoa ou medida demasiado rigorosa, severa, inflexível”. “Ardiloso” não remete a esse sentido, uma vez que é
sinônimo de “astucioso; manhoso; sagaz”.
Fonte:
• O próprio texto.
• AULETE, F. J. C.; VALENTE, A. L. S. Aulete Digital – Dicionário comtemporâneo da Língua Portuguesa. Rio de
Janeiro: Lexicon. Disponível em: http://aulete.uol.com.br/. Acesso em: 2 jan. 2013.
• Dicionário Aurélio da Língua portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Século XXI. Editora Nova Fronteira.

06) No trecho,
“E os benefícios não pararam por aí: ficou também combinado que a Alemanha Ocidental só pagaria sua dívida
desde que tivesse dinheiro para isso,...” (2°§)
Qual é a relação entre o trecho destacado e a oração imediatamente anterior?
a) A causa da oração que lhe está anteposta.
b) A finalidade da oração que lhe está anteposta.
c) A condição para a oração que lhe está anteposta.
d) A consequência da oração que lhe está anteposta.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA C)

A condição para que a Alemanha Ocidental pagasse sua dívida era ter dinheiro para isso.
Fontes:
• O próprio texto.
• BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 38ª. Ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. (Orações condicionais: p. 458).

07) No fragmento,
“É exatamente esse programa de ‘facilidades’ que o líder oposicionista grego Alexis Tsipras, do Syriza, agora
reivindica para tentar estancar a crise econômica no continente hoje.” (4°§)
A expressão destacada tem a função de retomar
a) o conteúdo do terceiro parágrafo.
b) o conteúdo do primeiro parágrafo.
c) o conteúdo do segundo parágrafo.
d) todo o conteúdo exposto anteriormente.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA C)

O “programa de facilidades” em questão é o programa de reestruturação da dívida da então Alemanha Ocidental,


exposto no 2º parágrafo: abatimento de 62,6% da dívida, possibilidade de suspensão do pagamento e novas
negociações em caso de falta de recursos, vantagens à economia local e ajuda para a reconstrução, através do Plano
Marshall.
-4- GABARITO COMENTADO EAOF 2013 – Gramática e Interpretação de texto – Versão A
Fontes:
• O próprio texto.
• CASTILHO, A. T.; ELIAS, V. M. Pequena Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2012.
(Propriedades textuais do substantivo: p. 224 – 228).

08) A voz passiva é uma produtiva estratégia na Língua Portuguesa para apresentar um enunciado e ocultar o seu
agente. Assinale a alternativa que não apresenta um caso de uso da voz passiva no texto I.
a) “Para receber essa quantia, o governo grego foi forçado a cortar 18 bilhões de euros de seu orçamento, gerando
mais protestos da população.” (8° §)
b) “O que é preciso acontecer para resolver a crise que assola os países endividados, como a Espanha, Itália,
Portugal e a própria Grécia, é o que foi feito com a Alemanha em 1953,...” (5°§)
c) “Devendo à época um total de 38,8 bilhões de marcos, no dia da ratificação do acordo, em 27 de fevereiro de
1953, esse montante foi reduzido para 17,5 bilhões de marcos – um abatimento de 62,6%.” (2°§)
d) “Foi em 1953 que o cenário começou a mudar. Naquele ano, diversos países do mundo, capitaneados por
Estados Unidos, França e Reino Unido, ratificaram um acordo em Londres que reestruturava a dívida da então
Alemanha Ocidental.” (2°§)

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA D)

As alternativas A, B e C apresentam construções passivas (A – “o governo grego foi forçado a cortar 18 bilhões de
euros de seu orçamento”; B – “o que [o que é preciso acontecer para resolver a crise que assola os países endividados]
foi feito com a Alemanha em 1953”; C – “esse montante foi reduzido para 17,5 bilhões de marcos”). O trecho citado na
opção D, não possui construção passiva: o primeiro período que lhe compõe é, na verdade, uma construção clivada.
Fontes:
• O próprio texto.
• BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 38ª. Ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. (Voz passiva: p. 286 – 287).

09) As afirmativas a seguir contêm trechos do texto I com pequenas alterações. Confronte-as com o seu uso no texto e
assinale a alternativa cuja mudança realizada não acarreta alteração de sentido.
a) Para Tsipras, a única forma de mudar a situação atual parece ser a realização de novas eleições, mas são os
gregos que devem mudar os destinos do país. (10º§)
b) É exatamente esse programa de “facilidades” que o líder oposicionista grego Alexis Tsipras, do Syriza, reivindica
para tentar estancar agora a crise econômica no continente hoje. (4º§)
c) Diversos países do mundo, naquele ano, capitaneados por Estados Unidos, França e Reino Unido, ratificaram um
acordo em Londres que reestruturava a dívida da então Alemanha Ocidental. (2º§)
d) O novo governo chefiado pelo primeiro-ministro Antonio Samaras tem adotado políticas sintonizadas com as
exigências feitas pelo governo alemão de Angela Merkel, que tem sido, desde então, o principal financiador dos
pacotes de empréstimos financeiros concedidos à Grécia. (9º§)

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA C)

Os trechos das alternativas A, B e D sofreram alteração de sentido, visto que: no original, o advérbio de tempo “agora”
age sobre o verbo “reivindicar”, ao passo que em B a mesma palavra vincula-se ao verbo “estancar”. No trecho original,
“desde então” atua sobre todo o período, indicando o tempo em que o novo governo tem atendido às exigências do
governo alemão, enquanto, em D, a mesma locução remete a um tempo (que, se levado para o texto, não encontrará
referência, em que governo alemão tem sido o principal financiador dos pacotes de empréstimos financeiros concedidos
à Grécia. O deslocamento do constituinte “para Tsipras”, em A, para o início do período vincula-o ao posicionamento de
que “a única forma de mudar a situação atual parece ser a realização de novas eleições”, dando a entender que essa
posição fora dada por Tsipras, mas, no texto, isso é uma conclusão do próprio autor do texto, o que pode ser atribuído
ao político grego é de que “são os gregos que devem mudar os destinos do país”.
Fonte: O próprio texto.

10) Analise as afirmativas a seguir considerando as alterações realizadas nos trechos extraídos do texto I que não
apresentam problemas de regência.
I. Somadas a outras cláusulas que asseguravam vantagens a economias locais, e ao Plano Marshall... os
germânicos puderam manter um ritmo de crescimento elevado... (2°§)
II. Devendo na ocasião um total de 38,8 bilhões de marcos, no dia da ratificação do acordo, em 27 de fevereiro de
1953, esse montante foi reduzido a 17,5 bilhões de marcos um abatimento de 62,6%. (2°§)
III. A ideia era evitar o surgimento de algo semelhante ao nazismo, que floresceu justamente no terreno fértil criado
pelas pesadas punições econômicas impostas a países derrotados na Primeira Guerra. (3º§)

-5- GABARITO COMENTADO EAOF 2013 – Gramática e Interpretação de texto – Versão A


Estão corretas as afirmativas
a) I, II e III.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA C)

Analisando as afirmativas percebe- se que: a afirmação II está incorreta, pois o “à” que antecede 17,5 bilhões não
deveria estar marcado pelo acento grave, uma vez que não há o encontro da preposição “a” com o artigo definido
feminino “a” já que “17 bilhões de marcos”, caso fosse opção do autor utilizar um determinante, deveria receber o artigo
definido masculino plural “os”, formando “aos” e não “à”. Em I e III, os “a” que aparecem dizem respeito apenas à
preposição “a”, usos perfeitamente aceitáveis nos contextos apresentados.
Fontes:
• O próprio texto.
• CASTILHO, A. T.; ELIAS, V. M. Pequena Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2012. (Encontro da
preposição “a” com o artigo “a”: p. 298).

* Texto II para as questões de 11 a 18.

E se a Primeira Guerra não tivesse acontecido?

Nada de American way of life. A cachorrinha Laika não teria visto como a Terra é azul. E Berlim nunca teria sido
dividida por um muro. Tudo isso só aconteceu porque, em junho de 1914, na então província austro-húngara da Bósnia,
o arquiduque Francisco Ferdinando de Habsburgo foi assassinado. Se ele tivesse vivido para contar a história, a
Primeira Guerra provavelmente não teria acontecido. E a humanidade teria passado por tempos mais pacíficos. Nem a
Segunda Guerra teria razão para existir. Ela eclodiu por causa dos termos da derrota alemã ao fim da Primeira Guerra –
o país foi obrigado a reconhecer a culpa pelo conflito e ainda perdeu territórios. Mas os alemães não escapariam de
embates. Em protesto contra o estado burguês que não conseguiria acompanhar economicamente os rivais europeus,
eles provavelmente passariam por uma revolução socialista.
A Europa continuaria forte e se manteria um centro econômico e cultural. Esqueça a exportação em massa para o
mundo de hábitos tradicionalmente americanos. Sem a oportunidade de ganhar dinheiro vendendo produtos aos
europeus desabastecidos durante a guerra, os EUA não ascenderiam como líderes globais. Mas seguiriam como
ícones do capitalismo. E os líderes socialistas da Alemanha não os veriam com bons olhos. Seria
a Guerra Fria. Guerra Fria sem os russos? Isso. Eles continuariam sob domínio dos czares. E não teriam entrado na
competição que levou cosmonautas – e a Laika – ao espaço. Aliás, a Rússia de que falamos é bem maior do que a dos
mapas de hoje. Ela ainda incorporaria países como Ucrânia, Eslováquia e Lituânia. Esse pessoal só virou independente
por causa do desmembramento do Império Russo, que aconteceu após a Primeira Guerra.
(Disponível em: http://super.abril.com.br/historia/se-primeira-guerra-nao-tivesse-acontecido-614492.shtml – Adaptado)

11) O texto II retrata a disciplina nomeada História Contrafactual, que, segundo Mary Del Priore, consiste no “estudo de
resultados alternativos para determinados eventos da história”. De acordo com a historiadora, “pode-se, sim, fazer
tal história, construindo argumentos e dando respostas a partir das circunstâncias e conjunturas bem
fundamentadas, tendo-se um profundo conhecimento do período enfocado e baseando-se, como toda a história que
se preze, em documentos e erudição, o produto, quando o historiador se pergunta ‘E se...?’, é uma outra resposta.
Uma resposta alternativa.”
(Cowley, R. E se...?: como seria a história se os fatos fossem outros. Trad. Fábio Fernandes. Rio de Janeiro: Campus, 2003. p. 5.)

Assim, em vista de suas características textuais e semânticas, o texto II pode ser classificado como um
a) relato.
b) texto instrutivo.
c) texto expositivo.
d) texto argumentativo.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA C)

O texto vislumbra “a transmissão e construção de saberes”, segundo Cereja, elencando, com base em estudos, fatos
que poderiam ter se sucedido caso o arquiduque Francisco Ferdinando de Habsburgo não fosse assassinado. E isso
caracteriza textos do tipo expositivo.
Fontes:
• O próprio texto.
• CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C.; CILEY, C. Interpretação de Textos: Construindo competências e habilidades em
leitura. São Paulo: Atual, 2012. (Tipos e gêneros textuais: p. 32 – 37).

-6- GABARITO COMENTADO EAOF 2013 – Gramática e Interpretação de texto – Versão A


• CEREJA, W.; MAGALHÃES, T. Texto & Interação: Uma proposta de produção textual a partir de gêneros e projetos.
São Paulo: Atual, 2009. (O texto expositivo: p. 42 – 64).

12) Um texto é organizado formalmente em frases e parágrafos. A disposição semântica de um texto, no entanto, não
pode ser tão facilmente visualizada, apesar de as informações se agruparem em torno de eixos informacionais.
Tendo em vista o arranjo semântico, assinale a alternativa que contempla o modo como a informação está
organizada no texto II.
a) Causa e efeito.
b) Tópico e definição.
c) Analogia e comparação.
d) Tema e citação de exemplos.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA A)

Em termos semânticos, o texto se organiza em torno da apresentação de uma causa (hipotética) – o não assassinato
de Francisco Ferdinando – e desdobramentos (efeitos) possíveis de terem ocorrido, caso o evento causativo tivesse
ocorrido: não ocorrência das duas Grandes Guerras, tempos mais pacíficos para a humanidade, revolução socialista
alemã, centralidade econômica e cultural da Europa, ausência de exportação em massa.
Fontes:
• O próprio texto.
• GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever aprendendo a pensar. 27. ed. Rio de Janeiro:
FVG, 2010. (Relações lógico-semânticas: p. 230 – 245)

13) De acordo com o texto II, a única alternativa que não exibe consequência do assassinato do arquiduque de
Habsburgo, Francisco Ferdinando, é
a) acirramento da corrida espacial.
b) expansão da American way of life.
c) ascensão dos EUA como líderes globais.
d) manutenção da Europa como centro econômico e cultural.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA D)

A questão inverte a lógica do texto, embora verse sobre pressuposições construídas exclusivamente através daquilo
que é apresentado no texto. Se é dito que “fulano não fuma mais”, uma pressuposição lógica é que ele já fumou. Da
mesma forma, uma pressuposição lógica da afirmação de que “a Europa se manteria como centro econômico e cultural
caso o assassinato do arquiduque de Habsburgo” é “a Europa não se manteve como centro econômico e cultural do
mundo”, uma vez que Francisco Ferdinando foi morto.
Fontes:
• O próprio texto.
• CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C.; CILEY, C. Interpretação de Textos: Construindo competências e habilidades em
leitura. São Paulo: Atual, 2012. (A inferência, a dedução e a conclusão: p. 92 – 95)

14) Releia o trecho a seguir.


“A Europa continuaria forte e se manteria um centro econômico e cultural.” (2°§)
Assinale a alternativa que apresenta justificativa para o uso do tempo futuro do pretérito do modo indicativo.
a) Indicar certeza do que aconteceria caso o evento descrito se concretizasse.
b) Indicar temor quanto ao que aconteceria caso o evento descrito se concretizasse.
c) Indicar suspeita quanto ao que aconteceria caso o evento descrito se concretizasse.
d) Indicar equívoco em relação ao que aconteceria caso o evento descrito se concretizasse.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA C)

De acordo com Bechara, o futuro do pretérito do indicativo é empregado para indicar que “um fato se dará agora ou no
futuro, dependendo de certa condição”, “asseveração modesta em relação ao passado” e “incerteza”. No caso, o uso de
tal tempo vincula-se à terceira possibilidade apresentada por Bechara, uma vez que não há como asseverar com total
certeza sobre a questão já que Francisco Ferdinando foi assassinado. Assim, a locução “indicar suspeita” remete à
função de indicar incerteza desse tempo, visto que, segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, uma acepção
para “suspeita” é “incerteza”.
Fontes:
• O próprio texto.
• BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 38ª Ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. (Uso do futuro do pretérito do
indicativo: p. 280).
-7- GABARITO COMENTADO EAOF 2013 – Gramática e Interpretação de texto – Versão A
15) “Se”, em Língua Portuguesa, é uma forma polissêmica, isto é, possui múltiplos sentidos a ela associados.
Considerando tal característica, indique sua função no título do texto II – “E se a Primeira Guerra não tivesse
acontecido?”.
a) Conjunção causal.
b) Conjunção condicional.
c) Partícula apassivadora.
d) Índice de indeterminação do sujeito.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA B)

O “se” do título introduz a condição para que os eventos apresentados no texto ocorressem.
Fontes:
• O próprio texto.
• SACCONI, L. A. Nossa gramática completa Sacconi. 29ª Ed. ref. e aum. São Paulo: Nova Geração, 2008. (Emprego e
funções da palavra “se”: p. 579 – 581).

16) Acentuação gráfica é a utilização de sinais gráficos para modificar a acentuação natural (ou regular) de uma
palavra. Tendo isso em vista, indique a alternativa que contém palavra(s) que demande(m) acento gráfico.
a) Ideal, idealizar, idealismo.
b) Ucraniano, eslovaco, lituano.
c) Individual, individualista, individualizado.
d) Economia, economico, economicamente.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA D)

Das palavras presentes nas alternativas, apenas “econômico” demanda acentuação gráfica.
Fontes:
• AULETE, F. J. C.; VALENTE, A. L. S. Aulete Digital – Dicionário comtemporâneo da Língua Portuguesa. Rio de
Janeiro: Lexicon. Disponível em: Acesso em: 02 jan. 2013.
• Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Século XXI. Editora Nova Fronteira.

17) De acordo com Castilho e Elias (2012, p.194), substantivos são palavras que agrupam três características básicas:
morfologicamente, “dispõem de uma vogal temática e de morfemas de feminino e plural”; sintaticamente,
“funcionam como sujeito ou complemento das sentenças”; e, semanticamente, “designam os seres e as coisas”.
Ainda, segundo os autores, os substantivos são primordiais para a construção de um texto, em vista de sua
“propriedade básica de referenciar” (2012, p. 224). Considerando o papel dos substantivos em um texto, indique a
alternativa que apresenta a função da palavra “competição” no trecho a seguir, extraída do texto II:
“E não teriam entrado na competição que levou cosmonautas – e a Laika – ao espaço.” (2º§)
a) Inserir um referente externo.
b) Introduzir um novo referente.
c) Retomar um referente já apresentado.
d) Remeter a um referente que ainda será exposto.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA C)

“Competição” remete à Guerra Fria. Logo, competição retoma uma informação citada anteriormente no texto.
Fontes:
• O próprio texto.
• CASTILHO, A. T.; ELIAS, V. M. Pequena Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2012.
(Propriedades textuais do substantivo: p. 224 – 228, 401 – 417).

18) Releia o trecho e, em seguida, analise as afirmativas apresentadas.


“Tudo isso só aconteceu porque, em junho de 1914, na então província austro-húngara da Bósnia, o arquiduque
Francisco Ferdinando de Habsburgo foi assassinado.” (1°§)
I. A oração introduzida pela palavra “porque” é uma oração subordinada adverbial causal.
II. “Em junho de 1914” é locução adverbial de tempo e “na (...) província austro-húngara da Bósnia” é uma locução
adverbial de lugar.
III. “Então” atua como advérbio de tempo.
IV. “Tudo isso” é locução pronominal que introduz um novo referente.

-8- GABARITO COMENTADO EAOF 2013 – Gramática e Interpretação de texto – Versão A


Estão corretas apenas as afirmativas
a) I e II.
b) I, II e III.
c) I, III e IV.
d) II, III e IV.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA B)

A única afirmativa incorreta é a IV, visto que “isso” é um pronome anafórico por natureza. Assim, “Tudo isso” retoma
referente (“American way of life”, “visita da cachorrinha Laika ao espaço” e “divisão de Berlim por um muro”), logo não
introduz nada novo.
Fontes:
• O próprio texto.
• CASTILHO, A. T.; ELIAS, V. M. Pequena Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2012. (Pronomes
demonstrativos: p. 108 – 116/ Demonstrativos na organização do texto: p. 404).

* Texto III para as questões de 19 a 25.

Pedra fundamental

É uma solenidade simbólica que tem origem na tradição dos celtas e maçons. Nela, assinala-se a colocação do
primeiro bloco de pedra ou de alvenaria simbolizando o início de determinada edificação.
Geralmente, a pedra fundamental ocorre na inauguração de algum empreendimento de considerável importância. É
tido como tradição que a pedra fundamental, apresentando as características da obra e de seu autor, seja colocada no
canto nordeste da construção, sabia?
Em certos casos, acrescenta-se ao ritual uma espécie de cápsula do tempo, recipiente dentro do qual fica uma ata
com o nome dos presentes ao evento e alguns elementos iconográficos da época – moedas, um jornal do dia ou
objetos que representem a ocasião, por exemplo.
Um amigo meu, divertido, se recusa a participar do lançamento de livros – já pensou receber pela proa um
volumoso Houaiss? – e diz, assustado: imagine ser atingido pelo lançamento de pedras fundamentais, certamente
ainda mais pesadas?
(Márcio Cotrim. Disponível em: http://revistalingua.uol.com.br/textos/84/pedra-fundamental-271769-1.asp)

19) Acerca do texto III, é possível afirmar que


I. trata-se de um artigo do tipo expositivo.
II. utiliza recursos da linguagem informal, embora faça vasto uso de léxico erudito.
III. em termos semântico-textuais, o texto está organizado em um esquema do tipo: tese-desenvolvimento-
conclusão.
Está(ão) correta(s) a(s) alternativa(s)
a) I, II e III.
b) I, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA B)

As alternativas II e III estão incorretas, pois:


• a única palavra da qual é feito um uso erudito no texto é “proa”, logo, não há “vasto uso de léxico erudito”;
• o esquema tese-desenvolvimento-conclusão é um esquema de texto argumentativo. Como texto expositivo, que visa
explicar algo, o texto se organiza, em termos semântico-textuais, através do esquema tópico-subtópico¹-subtópico².
Fontes:
• O próprio texto.
• CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C.; CILEY, C. Interpretação de Textos: Construindo competências e habilidades em
leitura. São Paulo: Atual, 2012. (Tipos e gêneros textuais: p. 32 – 37).
• CEREJA, W.; MAGALHÃES, T. Texto & Interação: Uma proposta de produção textual a partir de gêneros e projetos.
São Paulo: Atual, 2009. (O texto expositivo: p. 42 – 64).

-9- GABARITO COMENTADO EAOF 2013 – Gramática e Interpretação de texto – Versão A


20) Das palavras apresentadas abaixo, a única que não poderia substituir a palavra destacada no excerto do texto III
“(...) já pensou receber pela proa um volumoso Houaiss?” é
a) cara.
b) face.
c) frente.
d) margem.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA D)

De acordo com o Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, “proa” é a “parte dianteira de uma embarcação”
e, por extensão de sentido, pode fazer referência à “parte dianteira de qualquer coisa”. Das alternativas apresentadas,
apenas “margem” não remete à “parte dianteira de qualquer coisa”.
Fontes:
• O próprio texto.
• HOUAISS, A. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. vol. 20. São Paulo: Objetiva. CD-ROM.

21) De acordo com o Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, uma “cápsula” é um “pequeno recipiente”.
No terceiro parágrafo do texto III, é afirmado que, em rituais de colocação de uma “pedra fundamental”, é comum a
indexação de uma “cápsula do tempo” ao bloco primário. Considerando que o tempo não é passível de ser
encarcerado, assinale a alternativa que apresenta uma ponderação pertinente acerca de tal atitude.
a) A incoerência da ação de capturar o tempo em uma cápsula seria minimizada com a colocação de um relógio.
b) Independente de o tempo não parar no exterior da cápsula, em seu interior é como se tudo continuasse como no
dia em que fora fechada, uma vez que fica lacrada.
c) Embora não tenha como prender o tempo em um recipiente fechado, é possível nele armazenar marcas e
marcos temporais, que representam determinado período de tempo.
d) Além de controversa, a inserção de uma “cápsula do tempo” na “pedra fundamental” tende a cair em desuso,
uma vez que jornais e revistas impressos, dentre outras coisas, em breve perecerão em função do avanço da
tecnologia digital.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA C)

“Moedas” são marcas de um tempo (tempo em que determinada moeda estava em vigência), enquanto “um jornal do
dia” é uma representação (pois os relata) dos marcos de determinado dia (dia em que o presidente tomou posse, e.g.).
Isso patenteia um tempo, uma vez que esse é abstrato e não pode ser armazenado.
Fonte: O próprio texto.

22) Indique a alternativa que apresenta, respectivamente, as funções sintáticas desempenhadas pela palavra “moedas”
e pelas expressões “um jornal do dia” e “objetos que representem a ocasião” no trecho do texto III a seguir.
“(...) e alguns elementos iconográficos da época – moedas, um jornal do dia ou objetos que representem a
ocasião, por exemplo.” (3°§)
a) Aposto, aposto e aposto.
b) Adjunto adnominal, aposto e aposto.
c) Aposto, adjunto adnominal e adjunto adnominal.
d) Adjunto adnominal, adjunto adnominal e adjunto adnominal.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA A)

Os três sintagmas em questão servem à função de explicar o termo fundamental “elementos iconográficos da época”,
logo, são apostos.
Fontes:
• O próprio texto.
• SACCONI, L. A. Nossa gramática completa 29ª Ed. ref. e aum. São Paulo: Nova Geração, 2008. (Aposto: p. 391 – 392).

- 10 - GABARITO COMENTADO EAOF 2013 – Gramática e Interpretação de texto – Versão A


23) No trecho final do texto III, o autor constrói um pequeno chiste para concluí-lo.
“Um amigo meu, divertido, se recusa a participar do lançamento de livros – já pensou receber pela proa um
volumoso Houaiss? – e diz, assustado: imagine ser atingido pelo lançamento de pedras fundamentais, certamente
ainda mais pesadas?” (4°§)
A alternativa que apresenta o motivo pelo qual se sustenta a piada é
a) o uso incomum da palavra “proa”.
b) a polissemia da palavra “lançamento”.
c) a misantropia do amigo (ou pseudoamigo) do autor.
d) a possibilidade de ocorrência de um evento trágico em situações sociais corriqueiras.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA B)

Apesar de o conteúdo das opções A, C e D contribuírem na construção do chiste, o que é definidor na construção da
“piada” é a atribuição de um sentido mais concreto para a palavra “lançamento”, quando se esperaria um uso que
remetesse à “colocação no mercado de um produto”. Como o que caracteriza uma piada é justamente a quebra de uma
expectativa, o que a sustenta é o duplo sentido (polissemia) da palavra “lançamento”.
Fontes:
• O próprio texto.
• HOUAISS, A. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. vol. 2. São Paulo: Objetiva. CD-ROM.

24) Assinale a alternativa que apresenta a classificação da oração destacada no período apresentado abaixo.
“É tido como tradição que a pedra fundamental, apresentando as características da obra e de seu autor, seja
colocada no canto nordeste da construção, sabia?” (2°§)
a) Oração coordenada assindética.
b) Oração subordinada adjetiva restritiva.
c) Oração subordinada adverbial causal reduzida de gerúndio.
d) Oração subordinada adjetiva explicativa reduzida de gerúndio.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA D)

A oração desenvolvida seria “que apresenta características da obra e de seu autor”. Assim, devido a tais características
sintáticas e semânticas, além do fato de se encontrar entre vírgulas, característica marcante de uma adjetiva
explicativa, a alternativa D é a correta.
Fontes:
• O próprio texto.
• SACCONI, L. A. Nossa gramática completa. 29ª. Ed. ref. e aum. São Paulo: Nova Geração, 2008. (Orações adjetivas:
p. 406 – 407/ Orações reduzidas: p. 417 – 419).

25) A coesão é um aspecto elementar da textualidade e diz respeito à articulação entre as diferentes partes de um
texto. De maneira geral, são elencados quatro tipos de estratégias para a obtenção da coesão – referencial, lexical,
por elipse e por substituição – que podem coexistir em um mesmo texto e variam de acordo com o repertório e
escolhas do redator. Independentemente de qualquer diferença, o uso de tais recursos tem como fim maior a
construção de um todo coeso. Elas são primordiais para tornar um conjunto de letras, palavras, frases e parágrafos
uma coisa só. Tendo em vista tal aspecto, releia os dois primeiros parágrafos do texto III, observando as
expressões destacadas para, em seguida, assinalar a alternativa em que a reelaboração do segundo parágrafo não
acarrete alteração de sentido, nem comprometa a coerência e a coesão textual.

Pedra fundamental

É uma solenidade simbólica que tem origem na tradição dos celtas e maçons. Nela, assinala-se a colocação do
primeiro bloco de pedra ou de alvenaria simbolizando o início de determinada edificação.
Geralmente, a pedra fundamental ocorre na inauguração de algum empreendimento de considerável
importância. É tido como tradição que a pedra fundamental, apresentando as características da obra e de seu
autor, seja colocada no canto nordeste da construção, sabia?
(...)

a) Geralmente, o rito ocorre na inauguração de algum empreendimento de considerável importância. É tido como
tradição que o cerimonial, apresentando as características da obra e de seu autor, se dê no canto nordeste da
construção, sabia?
b) Geralmente, o protocolo ocorre na inauguração de algum empreendimento de considerável importância. É tido
como tradição que o marco, apresentando as características da obra e de seu autor, seja alocada no canto
nordeste da construção, sabia?

- 11 - GABARITO COMENTADO EAOF 2013 – Gramática e Interpretação de texto – Versão A


c) Geralmente, o bloco primário ocorre na inauguração de algum empreendimento de considerável importância. É
tido como tradição que o protocolo, apresentando as características da obra e de seu autor, ocorra no canto
nordeste da construção, sabia?
d) Geralmente, a formalidade ocorre na inauguração de algum empreendimento de considerável importância. É
tido como tradição que a pedra angular, apresentando as características da obra e de seu autor, seja colocada
no canto nordeste da construção, sabia?

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA B)

No trecho em questão, os usos da expressão “pedra fundamental” são distintos. No primeiro caso, “a pedra
fundamental” remete à “solenidade de colocação da pedra fundamental”, enquanto o segundo uso diz respeito à pedra
propriamente dita. Assim, a construção de um texto coeso e coerente que optasse por não repetir a expressão – que já
havia sido usada no título e no primeiro parágrafo – deveria atentar para tal distinção para, no caso de optar por uma
estratégia lexical para retomada de um termo (caso da questão). Assim, a única alternativa que possui termos que
podem substituir a expressão “pedra fundamental”, observando a diferença mencionada, é B.
Fontes:
• Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Século XXI. Editora Nova Fronteira.
• O próprio texto.
• AULETE, F. J. C.; VALENTE, A. L. S. Aulete Digital – Dicionário comtemporâneo da Língua Portuguesa. Rio de
Janeiro: Lexicon. Disponível em: http://aulete.uol.com.br/. Acesso em: 02 jan. 2013.

* Texto IV para as questões de 26 a 30.

(Disponível em: http://clubedamafalda.blogspot.com.br/2006/03/tirinha-089.html#.UOs3XuSZmYR)

26) De acordo com Cereja, Magalhães e Cleto (2012), um texto é “o produto final de toda enunciação”. Considerando
essa posição, aponte a alternativa que melhor enquadra o texto IV quanto ao tipo de linguagem utilizada.
a) Mista.
b) Fática.
c) Expressiva.
d) Metalinguística.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA A)

O conteúdo das opções B, C e D remete a funções da linguagem e não a um tipo de linguagem propriamente dito. A
única opção que envolve a questão é a A, visto que trata do tipo de linguagem empregado do no texto, no caso
linguagem não verbal (imagens) e linguagem verbal (falas). Portanto, trata-se de texto de linguagem mista.
Fontes:
• O próprio texto.
• CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C.; CILEY, C. Interpretação de Textos: Construindo competências e habilidades em
leitura. 2ª Ed. São Paulo: Atual, 2012. (p. 12 – 31, para uma caracterização de textos com linguagem mista).

27) Qual das alternativas abaixo apresenta o componente mais relevante para a construção do humor na tira?
a) A perplexidade de Mafalda diante da reação de Manolito.
b) O anacronismo daquilo que as personagens acompanham: uma radionovela.
c) Manolito entender como ofensa pessoal uma colocação apresentada em uma obra de ficção.
d) O fato de duas crianças estarem concentradas em algo direcionado, prioritariamente, ao público adulto.

- 12 - GABARITO COMENTADO EAOF 2013 – Gramática e Interpretação de texto – Versão A


JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA C)

O humor é causado por uma quebra na expectativa que se tem em relação a uma situação específica. Usar roupa de
banho em um cinema causa humor, porque há uma quebra na expectativa daquilo que se espera para tal ambiente.
Dessa forma, a expectativa em torno de um espectador (no caso, radioexpectador) de representação ficcional é que
compreenda que aquilo que é dito e encenado no contexto da peça tem sua coerência restrita ao mundo fictício
construído. No entanto, Manolito, como protótipo do burguês pouco versado culturalmente, coloca-se como interlocutor
da personagem e assume a fala do terceiro quadro como uma ofensa pessoal, irritando-se profundamente (dada a sua
expressão).
Fonte: O próprio texto.

28) Assinale a alternativa que contém uma asserção verdadeira a respeito do uso dos pronomes pessoais oblíquos no
texto IV.
a) No último quadro, “me” é complemento do tipo objeto direto do verbo “insultar”.
b) No segundo quadro, apesar de oblíquo, “me” atua como sujeito da locução verbal “querer casar”.
c) No primeiro quadro, o pronome pessoal “nos” está em posição mesoclítica, entre o sujeito e o verbo que
complementa.
d) No último quadro, uma mudança para a posição de ênclise do pronome “me” acarretaria não observância à
norma culta da Língua Portuguesa.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA A)

Acerca dos pronomes pessoais oblíquos utilizados no texto IV, é correto afirmar que:
• o pronome “me” no último quadro, é complemento de “insultar”;
• “me”, no segundo quadro é objeto direto, não sujeito;
• “nos”, no primeiro quadro não está em posição mesoclítica, assim como tal posição não se caracteriza como “entre o
sujeito e o verbo que complementa”;
• colocar “me”, no último quadro, para depois da forma “insultam” não acarretaria problema nenhum.
Fontes:
• O próprio texto.
• BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 38ª Ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. (Pronomes pessoais: p. 164 –
166, 173 – 181).
• SACCONI, L. A. Nossa gramática completa 29ª Ed. ref. e aum. São Paulo: Nova Geração, 2008. (Pronomes pessoais:
p. 211 – 218).

29) Nos trechos “Não, Júlia, não pode ser.” e “Não, Fernando, não!”, emitidos no primeiro e terceiro quadros do texto IV
através do aparelho de radiofonia, os nomes próprios têm que função sintática nas orações que compõem?
a) Sujeito.
b) Aposto.
c) Vocativo.
d) Adjunto adnominal.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA C)

“Júlia” e “Fernando”, nas falas, são pessoas colocadas em evidência umas com as outras, mas que não mantêm
relação sintática com nenhum outro termo, por isso que estão isoladas por vírgulas, caracterizando o vocativo.
Fontes:
• O próprio texto.
• BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 38ª Ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. (Vocativo: p. 460 – 461).
• SACCONI, L. A. Nossa gramática completa. 29 Ed. ref. e aum. São Paulo: Nova Geração, 2008. (Vocativo: p. 392).

30) Releia o trecho.


“Só os canalhas pensariam uma coisa dessas!”
Aponte a alternativa que apresenta uma classificação para a palavra em destaque considerando o que dela é feito
no texto IV.
a) Adjetivo.
b) Advérbio.
c) Interjeição.
d) Substantivo.

- 13 - GABARITO COMENTADO EAOF 2013 – Gramática e Interpretação de texto – Versão A


JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA: (LETRA D)

No caso em questão, a palavra “canalhas” é usada para nomear uma categoria de pessoa, logo, tendo por base o uso
no texto, tal palavra só pode enquadrada como um substantivo.
Fontes:
• O próprio texto.
• BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 38ª Ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. (Substantivos: p. 112 – 142).

- 14 - GABARITO COMENTADO EAOF 2013 – Gramática e Interpretação de texto – Versão A

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