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486 Lei n. 13.140, artigo 16, caput (BRASIL, 2015c) e CPC - Lei n. 13.105, artigo
313, II e artigo 694, parágrafo único (BRASIL, 2015a).
487 Resolução CNMP n. 118 (CNMP, 2014).
4 . 7 . 7 . O p r o c e d im e n to p r o p o s to p a ra a m e d ia ç ã o
O procedimento dos processos de mediação pode variar nos
diferentes países, instituições e entidades públicas e privadas que a
aplicam. Isto se dá, em grande parte, porque a mediação, como já
visto no item 4.7.3, é processo informal e flexível.
A Lei n. 13.140/2015 prevê algumas normas gerais do procedi
mento da mediação extrajudicial, a esta também se aplicando o CPC,
que, como já examinado, tem aplicação subsidiária à mediação fora
do âmbito do Judiciário. Já a Resolução CNMP n. 118/2014 não
contém nòrmas específicas relativas ao procedimento do processo
de mediação.
Ao analisar as três normas acima referidas e a mediação praticada
nos diferentes lugares e nações, é possível traçar um procedimento
geralmente seguido que, com algumas variações sutis, inclusive na
denominação adotada, é o exposto a seguir.
4.7.7.1. Preparação
A preparação inclui, dentre outras coisas, o plano de trabalho
dos mediadores, a convocatória, o preparo emocional e o preparo
do ambiente, pois, como se sabe, o físico reforça o psicológico e “o
espaço fala”488.
Como aponta Juana Dioguardi, o espaço é ao mesmo tempo
recurso e ferramenta da mediação489, devendo, ser, assim, acolhe
dor e neutro, permitindo que todos se sintam confortáveis nele.
Sugere-se que a mediação ocorra num ambiente onde todos
possam se enxergar livremente, sem obstáculos, com o auxílio de
uma mesa, se possível circular, e que nela haja papéis e canetas ao
alcance de todos490.
Sobre a convocatória, vale lembrar que a mediação, levada a efeito
pelo Ministério Público brasileiro, é processo voluntário e que a ela
ninguém é obrigado a concorrer.
• Perguntas hipotéticas
Destinam-se a apresentar um cenário hipotético para a reflexão
dos participantes da mediação (“suponha que ele houvesse concor
dado com que você se mudasse para Londres com as meninas. Como
você faria, hoje, se elas ficassem doentes e você tivesse que trabalhar
naquele dia”?).
Perguntas desagregadoras542e a programação
neurolinguística (PNL)
As perguntas desagregadoras são aquelas voltadas a desagregar
alguns tipos de comportamento dos atores do conflito, ajudando-os
a “quebrar” determinado modelo ou padrão de comunicação.
542 CARAM; EILBAUM; RISOLÍA, 2013, pp. 333-334.
A PNL —foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade da
Califórnia, no século XX, no final dos anos 1960 e início dos 1970. Os
pesquisadores que a desenvolveram, Richard Bandler ejohn Grinder,
quiseram demonstrar como a linguagem (linguística) pode atingir a
mente (neuro) e produzir uma ação (programação).
A PNL baseou-se no estudo da atuação de alguns psicotera-
peutas como Virginia Satir, Fritz Peris e Milton H. Erickson. Com
base na atuação de Virginia Satir e Fritz Peris, a PNL desenvolveu
um primeiro modelo (chamado “metamodelo” - modelo acima dos
demais, como modelo de linguagem para esclarecer a linguagem
através da própria linguagem), para tentar desagregar alguns padrões
prevalentes de comunicação.
Os padrões prevalentes na comunicação humana, tais como
identificados na PNL, são a generalização, a omissão (deleção ou
supressão) e a distorção. Para superá-los, a PNL propôs um meta
modelo, com estratégias voltadas a tornar a comunicação humana
mais eficaz.
Assim, para vencer o padrão da generalização (identificável
através do uso de expressões como “sempre”, “nunca”, “jamais”,
“tudo”,“nada”,“todo”,“todos”,“ninguém”), o metamodelo propõe
a formulação de perguntas-desafio.
Para o padrão de omissão, deleção ou supressão (que pode ser
notado pelo uso de expressões como “isto é assim”, “ele é assim” e
ditos populares), o metamodelo propõe as perguntas aclaradoras.
Para o padrão da distorção (comum em expressões como “ele
não me respeita”), o metamodelo propõe as perguntas destinadas a
voltar o foco para o próprio sujeito.
Como apontado por Juana Dioguardi, ao aplicar as técnicas
de PNL, o mediador permitirá que os atores do conflito adquiram
a capacidade de especificar suas generalizações, preencher as partes
faltantes nas omissões e recobrar o foco nas distorções543.
Como exemplos de padrões prevalentes de linguagem e de
perguntas do metamodelo, desagregadoras dos padrões prevalentes,
podem ser citados os seguintes diálogos, em que “P” é o participante
da mediação e “M ” é o mediador:
P: "ele nunca paga a pensão em d ia ...";
P: "ele me discrimina";
M : "o que você quer dizer com discrimina?";