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Inicialmente esclareço que despacho no presente processo em face do oficio no. 233/2018-PRE/SEJU,
em razão da suscitação de suspeição do relator, Exmo. Des. Josué Antônio Fonseca de Sena e do
Exmo. Des. Francisco Eduardo Gonçalves Sertório Canto.
Destaco que o PMDB- DIRETÓRIO ESTADUAL promoveu AÇÃO ANULATÓRIA COM PEDIDO DE TUTELA
DE URGÊNCIA CAUTELAR, sob os seguintes argumentos:
4- Da inquisitoriedade do procedimento;
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Em seguida, o Juiz de Direito da 30ª Vara Civel, B, proferiu a seguinte decisão, concedendo a liminar
pleiteada:
“Deste modo, defiro o pedido de tutela de urgência requerido pela parte autora e determinando
a suspensão imediata o trâmite do processo de dissolução do Diretório Estadual do PMDB em
Pernambuco, enquanto perdurar a suspensão deferida no Agravo nº
0000325-63.2018.8.17.9000”
Diante da decisão que deferiu o pedido de tutela de urgência, o PMDB- DIRETÓRIO NACIONAL
apresentou pedido de reconsideração ao Juiz de Direito da 27ª Vara Cível, A, o qual revisitando a
matéria revogou a decisão que concedia a tutela, sendo esta a decisão agravada objeto do presente
recurso:
“Posto isto, face às disposições do Art. 146, § 3º, CPC, em sede de apreciação de medidas de
urgência, acolho, em parte, o pedido de reconsideração, revogando a r. decisão interlocutória,
ID. 28696748, que determinou a suspensão imediata do trâmite do processo de dissolução do
Diretório Estadual do MDB no Estado de Pernambuco, para indeferir o pedido de tutela de
urgência formulado pelo Diretório Estadual do MDB, na nova ação anulatória que propôs.”
O PMDB- DIRETÓRIO ESTADUAL, então, propôs o presente Agravo de Instrumento com Pedido de
Efeito Suspensivo, sob o argumento, em síntese:
ID 3687924
3-Dessa forma, só se pode concluir que NÃO HOUVE QUALQUER ALTERAÇÃO DOS
DISPOSITIVOS PARTIDÁRIOS, PERMANECENDO HÍGIDA A ÚLTIMA VERSÃO ESTATUTÁRIA, QUE
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Por sua vez, a parte agravada PMDB- DIRETÓRIO NACIONAL em sua defesa na contestação alega:
ID 2861076
4- Volta-se a dizer que a renumeração indevida dos incisos do art. 73, sem respaldo na ATA da
Convenção Nacional que suprimiu o inciso II desse dispositivo, não pode ser considerada como
fundamento hábil a ensejar a procedência desta ação, pois deturpa o real sentido do Estatuto
do PMDB.
Destaco por fim, que a apreciação do Pedido de Tutela Recursal se encontra em aberto, devendo ser
objeto de apreciação.
O presente agravo de instrumento deve ser admitido, vez que é tempestivo e encontra-se legalmente
formado.
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A atividade do Diretório Nacional, por meio de sua executiva, em ações que lhe são
estatutariamente delegadas, por se tratar de matéria interna corporis não pode ser impedida
de exercer suas atividades. Resolvida a questão de sua legitimidade formal, importa em
exercício regular de direito dar início ao trâmite, ainda que a decisão de mérito no
procedimento de dissolução possa ser revista, em sede de controle judicial de legalidade e
constitucionalidade, ante a prevalência do princípio da inafastabilidade da jurisdição, Art. 5º,
XXXV, da Constituição da República, mesmo em se tratando de ato interna corporis afeto à
autonomia de que trata o Art. 17, § 1º, da Constituição da República, porquanto o ato em
questão se vincula à sua motivação e esta deve seguir os ditames do ordenamento jurídico,
tanto no plano da legalidade e sobretudo, no plano da constitucionalidade.
Posto isto, face às disposições do Art. 146, § 3º, CPC, em sede de apreciação de medidas de
urgência, acolho, em parte, o pedido de reconsideração, revogando a r. decisão
interlocutória, ID. 28696748, que determinou a suspensão imediata do trâmite do processo
de dissolução do Diretório Estadual do MDB no Estado de Pernambuco, para indeferir o
pedido de tutela de urgência formulado pelo Diretório Estadual do MDB, na nova ação
anulatória que propôs.
Nesse ponto, constato que há fortes indícios de que a decisão agravada ultrapassou as determinações
constantes na decisão interlocutória, ID 3466514, a qual havia fixado expressamente a controvérsia
quanto a legitimidade do Diretório Nacional do PMDB, em face da legitimidade do Conselho Nacional
do PMDB.
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Trata-se de vicio formal relativo a competência para proceder procedimento de dissolução, o qual
está sendo objeto de julgamento nos autos do processo de Agravo no. 000325-63.2018.8.17.9000.
E ainda é relevante destacar que os argumentos de que as alterações posteriores supriram os erros
de redação e por isso poderiam justificar a atividade do Diretório Nacional com o objetivo de dissolver
o Diretório Estadual não se justificam diante da litigiosidade dos fatos, já estabelecida a controvérsia
no Agravo no. 000325-63.2018.8.17.9000, em decisão Proferida pelo Des. Francisco Eduardo
Gonçalves Sertório Canto.
ID 3466514
“Ou seja, o Diretório Nacional do PMDB, ora agravado, reconhece somente ter procedido
com a alteração do art. 73 do seu Estatuto após o ajuizamento, na origem, da presente
ação, pelo Diretório Estadual do PMDB.
Não desconheço ter o Diretório Nacional do PMDB anexado aos autos parecer do
Ministério Público Eleitoral no sentido de que “deve ser deferida a alteração do Estatuto, por
se tratar de simples e necessária retificação de seu art. 73, que restabelecerá as
competências originais dos órgãos diretivos estaduais e municipais do Partido” (id 3457151 -
p. 3).
Também verifico ter o juízo de piso, na decisão ora agravada, assentado que “não se trata
de retroagir alteração estatutária para atingir um caso concreto que já se encontrava em
tramitação, mas, sim, reconhecer a existência de erro material involuntário que não retratou
a intenção da Convenção Nacional do Partido ao promover a revogação de um inciso do art.
73” (id 3457161 – p. 27).
Contudo, pelo menos aparentemente, parece-me que tal interpretação vai de encontro
ao disposto no art. 5º, XXXVI, da CF/1988 (a lei não prejudicará o direito adquirido, o
ato jurídico perfeito e a coisa julgada), bem como ao disposto no art. 6º da Lei de
Introdução às normas do Direito Brasileiro (A Lei em vigor terá efeito imediato e geral,
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada).
Não se trata de simples erro em que tivesse ocorrido uma troca de letras. A
modificação feita posteriormente alterou a anterior, alterando seu conteúdo.
A nova redação do art. 73, deslocou para o inciso IV, a previsão estabelecida no
inciso III, que passou a coincidir com a previsão do inciso XI do art. 76.
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Por sua vez, o art. 76, XI, mesmo Estatuto, dispunha competir à Comissão
Executiva Nacional, exercer as competências do Conselho Nacional referidas nos
incisos I, IV e VII, sem prejuízo de ulterior liberação deste.
Por ter ocorrido alteração na disposição legal, não pode ser reconhecida tal
alteração como simples erro material, pois houve uma alteração de competência.
Dessa forma, a alteração feita passa a valer somente a partir de sua publicação,
não podendo retroagir, exatamente, por tê-la modificado.
Acertada foi a primeira decisão que obedecendo a determinação superior entendeu que o trâmite do
Processo de Dissolução do Diretório Estadual do PMDB Pernambuco está suspenso até o julgamento
do agravo no. 000325-63.2018.8.17.9000.
A existência de uma nova decisão em sentido contrário, em outro processo, tratando da mesma
matéria envolvendo as mesmas partes fere o princípio da segurança jurídica e gera uma instabilidade
processual.
No âmbito processual a ideia da segurança jurídica encontra assento na coisa julgada material e
formal, visando a estabilidade processual, ressalvando as hipóteses legais de revisão dos julgados.
Diante dos fatos que se apresentam e dos princípios do devido processo legal e da segurança jurídica
que regem o Processo Civil, tomando em análise o pedido de suspensividade, entendo que o mesmo
deve ser acolhido por considerar evidenciada a probabilidade do direito invocado pelo agravante,
assim como o perigo de dano irreparável e de difícil reparação, ocasionado por decisão precipitada do
juízo de primeiro grau que admitiu a viabilidade formal da instauração de procedimento pelo Diretório
Nacional quando a 1ª Câmara Cível do TJPE já detinha a jurisdição para apreciar a matéria.
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Intime-se o agravado, por meio de seu advogado, para, querendo, apresentar contrarrazões ao
Agravo de Instrumento, no prazo de 15 (quinze) dias úteis, juntando a documentação que entender
necessária ao julgamento do recurso, nos termos do art. 1.019, II, c/c art. 219, do Novo Código de
Processo Civil.
Oficie-se o Juízo da causa para conhecimento e cumprimento do que foi aqui decidido, e em
homenagem ao princípio da celeridade processual, a cópia da presente decisão servirá como ofício e
terá força de mandado.
Relator
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