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Legislação e

Documentação Aplicada
ao Curso de Necropsia
PROFESSOR ESP. PEDRO TELLES
Lei 9434/97
•Esta lei trata sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo
humano para fins de transplante e tratamento.

•A referida lei não trata de sangue, esperma e óvulos. Estes tem lei
própria que os regem.
Lei 9434/97
•Requisitos:
◦ A remoção deve ser realizada em estabelecimento de saúde, público ou
privado;
◦ Deve ser realizado por equipe especializada em remoção e transplante;
◦ Necessidade de prévia autorização do SUS;
◦ Deve ser realizado, no doador, todos os testes de triagem para diagnóstico
de infecção e infestação exigidos pelo Ministério da Saúde;
Da retirada “post mortem”
•Para a retirada “post mortem” deverá ser precedida de diagnóstico
de morte encefálica.
• O diagnóstico deve ser feito por dois médicos não participantes das equipes
de remoção e transplante, mediante critérios clínicos e tecnológicos
definidos por resolução do CFM.
•Resolução 1480/97
• Esta resolução trata sobre a morte encefálica;
• A morte encefálica se dará pela parada total e irreversível das funções
encefálicas;
• Exames clínicos e complementares durante intervalos de tempo variáveis, de acordo com a faixa etária;
• Os dados clínicos coletados deverão ser registrados no “termo de declaração de morte encefálica”;
Morte encefálica
•A morte encefálica deverá ser consequência de processo irreversível e
de causa reconhecida.
•Parâmetros clínicos:
• Coma aperceptivo com ausência de atividade motora supra espinal;
• Apnéia.

•Intervalos entre as avaliações clínicas:


a) de 7 dias a 2 meses incompletos - 48 horas
b) de 2 meses a 1 ano incompleto - 24 horas
c) de 1 ano a 2 anos incompletos - 12 horas
d) acima de 2 anos - 6 horas
Morte encefálica
•O que os exames devem demonstrar?
• ausência de atividade elétrica cerebral ou
• ausência de atividade metabólica cerebral ou
• ausência de perfusão sangüínea cerebral.

•Como realizar esses exames:


• acima de 2 anos – um dos exames citados no Art. 6º, alíneas "a", "b" e "c";
• de 1 a 2 anos incompletos: um dos exames citados no Art. 6º, alíneas "a", "b" e "c". Quando optar-
se por eletroencefalograma, serão necessários 2 exames com intervalo de 12 horas entre um e
outro;
• de 2 meses a 1 ano incompleto: 2 eletroencefalogramas com intervalo de 24 horas entre um e
outro;
• de 7 dias a 2 meses incompletos: 2 eletroencefalogramas com intervalo de 48 horas entre um e
outro.
Morte encefálica
•Após a constatação da morte encefálica, o Diretor-Clínico da instituição
hospitalar deverá comunicar o fato aos responsáveis legais do paciente e à
Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos;
Da retirada “post mortem”
•As instituições que realizam transplantes devem enviar anualmente ao SUS um relatório
contendo os nomes de todos os pacientes receptores;

•É permitido à família, caso assim deseje, que um médico de confiança da mesma acompanhe
os procedimentos de constatação de morte encefálica;

•Para que se realize a retirada de órgãos, tecidos ou partes do corpo, é necessária autorização
do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecendo a linha sucessória, até o segundo grau,
firmada em documento com a presença de duas testemunhas presentes à verificação da
morte.
Da retirada “post mortem”
•Em se tratando de incapazes juridicamente, a retirada poderá ser realizada com
autorização expressa por ambos os pais ou por seus responsáveis legais;
•Não é permitido a remoção em pessoas não identificadas;
•Para mortes sem assistência médica ou por causa duvidosa, a remoção só poderá ser
realizada após a autorização do médico responsável e com posterior realização da
necrópsia;
•A remoção deverá ser descrito no laudo ou relatório médico e o cadáver recomposto
para ser entregue aos seus familiares;
Da retirada em vivo
•Qualquer pessoa juridicamente capaz pode dispor da retirada de órgãos, tecidos ou
partes do corpo, desde que feita de maneira gratuita e que seja para cônjuges ou
parentes até o quarto grau;
•Para realizar a doação para pessoa que não tenha relação consanguínea é necessária
autorização judicial, com exceção a doação de medula óssea;
•Requisitos:
• Órgãos duplos;
• Parte de órgãos, tecidos ou partes desde que não cause a morte ou risco a integridade do doador;
• A doação não pode representar grave comprometimento de suas aptidões vitais e saúde mental;
• Não cause mutilação ou deformação inaceitável;
• Necessidade terapêutica indispensável ao receptor.
Da retirada em vivo
•A doação deverá ser autorizada preferencialmente por escrito e diante de
testemunhas;
•A autorização poderá ser revogada a qualquer tempo antes da sua conclusão
pelo doador ou por seus responsáveis legais;
•Pessoas juridicamente incapazes, só poderão realizar a doação de medula óssea
e desde que com autorização de ambos os pais ou responsáveis legais e
autorização judicial e não ofereça nenhum risco a sua saúde;
•A gestante só poderá realizar a doação de medula óssea e desde que não
ofereça nenhum risco a sua saúde ou a saúde do feto;
•O autotransplante depende apenas da autorização do próprio indivíduo, ou em
caso de incapazes juridicamente, dos responsáveis legais.
Do receptor
•O transplante ou enxerto só se dará com autorização expressa do receptor, ou
caso seja juridicamente incapaz ou não possa autorizar expressamente por
qualquer motivo, é necessário a autorização de ambos os pais ou responsáveis
legais;
•O receptor deverá ser informado de todos os riscos que o procedimento
envolve;
•O receptor deverá estar inscrito em lista de espera;
•A inscrição em lista única de espera não confere ao pretenso receptor ou à sua
família direito subjetivo a indenização, se o transplante não se realizar em
decorrência de alteração no estado de órgãos, tecidos e partes, que lhe seriam
destinados, provocada por acidente ou incidente em seu transporte.
Da publicidade
Art. 11. É proibida a veiculação, através de qualquer meio de comunicação social de
anúncio que configure:
a) publicidade de estabelecimentos autorizados a realizar transplantes e enxertos,
relativa a estas atividades;
b) apelo público no sentido da doação de tecido, órgão ou parte do corpo humano para
pessoa determinada identificada ou não, ressalvado o disposto no parágrafo único;
c) apelo público para a arrecadação de fundos para o financiamento de transplante ou
enxerto em beneficio de particulares.
Parágrafo único. Os órgãos de gestão nacional, regional e local do Sistema único de
Saúde realizarão periodicamente, através dos meios adequados de comunicação social,
campanhas de esclarecimento público dos benefícios esperados a partir da vigência
desta Lei e de estímulo à doação de órgãos.
Da comunicação
Art. 13. É obrigatório, para todos os estabelecimentos de saúde
notificar, às centrais de notificação, captação e distribuição de órgãos
da unidade federada onde ocorrer, o diagnóstico de morte encefálica
feito em pacientes por eles atendidos.
Parágrafo único. Após a notificação prevista no caput deste artigo, os
estabelecimentos de saúde não autorizados a retirar tecidos, órgãos
ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento
deverão permitir a imediata remoção do paciente ou franquear suas
instalações e fornecer o apoio operacional necessário às equipes
médico-cirúrgicas de remoção e transplante, hipótese em que serão
ressarcidos na forma da lei.
Das sansões penais
Art. 14. Remover tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoa ou cadáver, em desacordo com as
disposições desta Lei:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, de 100 a 360 dias-multa.
§ 1º Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe:
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa, de 100 a 150 dias-multa.
§ 2º Se o crime é praticado em pessoa viva, e resulta para o ofendido:
I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de três a dez anos, e multa, de 100 a 200 dias-multa
Das sansões penais
§ 3º Se o crime é praticado em pessoa viva e resulta para o ofendido:
I - Incapacidade para o trabalho;
II - Enfermidade incurável ;
III - perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos, e multa, de 150 a 300 dias-multa.
§ 4º Se o crime é praticado em pessoa viva e resulta morte:
Pena - reclusão, de oito a vinte anos, e multa de 200 a 360 dias-multa.
Das sansões penais
Art. 15. Comprar ou vender tecidos, órgãos ou partes do corpo
humano:
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa, de 200 a 360 dias-
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem promove,
intermedeia, facilita ou aufere qualquer vantagem com a transação.
Das sansões penais
Art. 16. Realizar transplante ou enxerto utilizando tecidos, órgãos ou
partes do corpo humano de que se tem ciência terem sido obtidos
em desacordo com os dispositivos desta Lei:
Pena - reclusão, de um a seis anos, e multa, de 150 a 300 dias-multa.
Art. 17. Recolher, transportar, guardar ou distribuir partes do corpo
humano de que se tem ciência terem sido obtidos em desacordo
com os dispositivos desta Lei:
Pena - reclusão, de seis meses a dois anos, e multa, de 100 a 250
dias-multa.
Das sansões penais
Art. 18. Realizar transplante ou enxerto em desacordo com o disposto no art. 10 desta Lei e seu
parágrafo único:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Art. 19. Deixar de recompor cadáver, devolvendo-lhe aspecto condigno, para sepultamento ou
deixar de entregar ou retardar sua entrega aos familiares ou interessados:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Art. 20. Publicar anúncio ou apelo público em desacordo com o disposto no art. 11:
Pena - multa, de 100 a 200 dias-multa.
Das sansões administrativas
Art. 21. No caso dos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16 e 17, o
estabelecimento de saúde e as equipes médico-cirúrgicas envolvidas poderão
ser desautorizadas temporária ou permanentemente pelas autoridades
competentes.
§ 1º Se a instituição é particular, a autoridade competente poderá multá-la em
200 a 360 dias-multa e, em caso de reincidência, poderá ter suas atividades
suspensas temporária ou definitivamente, sem direito a qualquer indenização
ou compensação por investimentos realizados.
§ 2º Se a instituição é particular, é proibida de estabelecer contratos ou
convênios com entidades públicas, bem como se beneficiar de créditos oriundos
de instituições governamentais ou daquelas em que o Estado é acionista, pelo
prazo de cinco anos.
Das sansões administrativas
Art. 22. As instituições que deixarem de manter em arquivo relatórios dos
transplantes realizados, conforme o disposto no art. 3º § 1º, ou que não
enviarem os relatórios mencionados no art. 3º, § 2º ao órgão de gestão estadual
do Sistema único de Saúde, estão sujeitas a multa, de 100 a 200 dias-multa.
§ 1º Incorre na mesma pena o estabelecimento de saúde que deixar de fazer as
notificações previstas no art. 13 desta Lei ou proibir, dificultar ou atrasar as
hipóteses definidas em seu parágrafo único.
§ 2º Em caso de reincidência, além de multa, o órgão de gestão estadual do
Sistema Único de Saúde poderá determinar a desautorização temporária ou
permanente da instituição.
2015
Utilização de cadáver não reclamado
Lei 8501/92
◦ Visa regulamentar a destinação de cadáver não reclamado para fins de pesquisa
e ensino;
◦ Requisitos:
I. Sem qualquer documentação;
II. Identificado, porém sem qualquer possibilidade que permita encontrar parentes ou responsáveis
legais;
❖A autoridade fará publicar, nos principais jornais da cidade, a título de utilidade pública, pelo menos
dez dias, a notícia do falecimento;
• Independente da doação ou não, em caso de morte não natural, o cadáver
deverá ser necropsiado;
• É proibido encaminhar cadáver para fins de estudos quando houver indícios de
que a morte tenha sido resultado de ação criminosa;
Reconhecimento do corpo
•A autoridade responsável deverá manter, para fins de reconhecimento sobre o
cadáver:
a) os dados relativos às características gerais;
b) a identificação;
c) as fotos do corpo;
d) a ficha datiloscópica;
e) o resultado da necropsia, se efetuada; e
f) outros dados e documentos julgados pertinentes.
❖Cumpridas essas exigências o cadáver poderá ser liberado.
“Sem perícia, o local de
crime permanecerá
mudo”
OBRIGADO!!!

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