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TRANSPLANTES DE

ÓRGÃOS E TECIDOS
Noções de Direito Médico –
Conceito:

Transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um


órgão (coração, pulmão, rim, pâncreas, fígado) ou tecido (medula óssea,
ossos, córneas) de uma pessoa doente (receptor), por outro órgão ou
tecido normal de um doador vivo ou morto, sempre gratuitamente.
- OBS: O primeiro transplante realizado no Brasil foi de rim, em 1965. Em
1991, foi criada a Central de Notificação de Órgãos e Tecidos. Passados 50
anos, o Brasil está entre os países com maior número de transplantes,
principalmente de rim, fígado e córnea, entre outros. Segundo o Sistema
Nacional de Transplantes (SNT), possui o maior programa público de
transplantes.
DOAÇÃO DE PESSOA VIVA PARA
TRANSPLANTE:
- Ser um cidadão juridicamente capaz;
- Estar em condições de doar o órgão ou tecido sem comprometer a saúde e
aptidões vitais;
- Apresentar condições adequadas de saúde, avaliadas por um médico que
afaste a possibilidade de existir doenças que comprometam a saúde durante
e após a doação;
- Querer doar um órgão ou tecido que seja duplo, como o rim, e não impeça
o organismo do doador de continuar funcionando;
- Ter um receptor com indicação terapêutica indispensável de transplante;
- Ser parente de até quarto grau ou cônjuge. No caso de não parentes, a
doação só poderá ser feita com autorização judicial.
A DISPOSIÇÃO POST MORTEM DE TECIDOS,
ÓRGÃOS E PARTES DO CORPO HUMANO
PARA FINS DE TRANSPLANTE.

A Lei que trata sobre esse tema é a LEI Nº 9.434, DE 4 DE FEVEREIRO DE


1997.

Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo


humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de
diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos
não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a
utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do
Conselho Federal de Medicina.
O respeito aos critérios de morte.

A Resolução CFM n.º 2.173/2017 trata da morte encefálica entre outros diz
que os procedimentos para determinação de morte encefálica (ME) devem ser
iniciados em todos os pacientes que apresentem coma não perceptivo,
ausência de reatividade supraespinhal e apneia persistente.
Serão realizados dois exames clínicos, cada um deles por um médico
diferente, especificamente capacitado a realizar esses procedimentos para a
determinação de morte encefálica.
As conclusões do exame clínico e o resultado do exame complementar
deverão ser registrados pelos médicos examinadores no Termo de Declaração
de Morte Encefálica e no prontuário do paciente ao final de cada etapa.
Importante: para doação é preciso estar comprovada a morte encefálica fato
bem diferente do coma, quando as células do cérebro estão vivas, respirando
e se alimentando, mesmo que com dificuldade ou um pouco debilitadas.
Escala de Glasgow
- A escala de coma de Glasgow é um método para definir o estado
neurológico de pacientes com uma lesão cerebral aguda analisando seu
nível de consciência. Esse importante recurso foi atualizado em abril de
2018 e é muito utilizado por profissionais de saúde logo após o trauma.

- A escala considera três fatores principais e determina uma pontuação


de acordo com o nível de consciência apontada em cada um desses
casos (espontaneamente ou através de estímulo). São eles: Abertura
ocular, Resposta verbal e Melhor resposta motora. Após a análise
desses fatores, a publicação de 2018 indica mais um ponto a ser
observado: a Reatividade pupilar, que é subtraída da pontuação
anterior, gerando um resultado final mais preciso.
Importante: A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas
falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá
da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a
linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive,
firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à
verificação da morte.
OBS1: É necessário que tenha um documento que comprove que o
morto era doador de órgãos?
OBS2: É vedada a remoção post mortem de tecidos, órgãos ou partes
do corpo de pessoas não identificadas. Art. 6º É vedada a remoção post
mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoas não
identificadas.
Decisão do Superior Tribunal de Justiça de
28 de maio de 2022
O médico Álvaro Ianhez foi condenado a pena de 21 anos e oito meses
de reclusão por transplante ilegal de órgãos. Ao lado de outros réus, o
médico foi denunciado pela participação na Máfia dos Transplantes,
grupo que atuava em hospital de Poços de Caldas (MG) com o objetivo
de remover órgãos e tecidos de pacientes graves – que acabavam
morrendo – para venda no mercado ilegal. Após a condenação pelo
júri, proferida em abril, o juiz negou ao réu o direito de recorrer em
liberdade e determinou a execução provisória da pena. A decisão foi
mantida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Leia a decisão no HC
737.749.
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS DE
ANENCÉFALOS
É lícita a retirada de órgãos e tecidos para transplante de crianças
anencéfalas após seu nascimento a termo?

Existem, mesmo entre os neurologistas, aqueles que asseguram haver


atividade do tronco cerebral nos anencéfalos, os quais sobrevivem por algum
tempo mantendo a respiração, os movimentos e a sugação.
Os anencéfalos nascidos vivos, ainda que tendo uma atividade cerebral muito
reduzida, apresentam manifestações de vida organizada e, por isso, dentro
dos critérios atuais, seria difícil considerá-los em morte encefálica. Esta, por
sua vez, não é um tipo especial de morte, mas um estado definitivo de morte.
- STF: Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 54
ALOTRANSPLANTE DE FACE
- A experiência dos países com o transplante de face demonstrou que é uma opção viável para
reconstrução de graves lesões faciais, entretanto, é considerado um procedimento experimental
com alto risco de complicações, altos custos, envolve equipe multidisciplinar e a necessidade do uso
vitalício de imunossupressores.
- O primeiro transplante de face foi realizado na França. Antes disso, os profissionais achavam o
procedimento antiético, embora considerassem a face como principal órgão da estética corporal, o
estigma provocado pelo trauma e a importância da identidade da face transplantada.
- Do ponto de vista técnico, comprovou-se que o transplante facial é factível. Embora seja um
procedimento complexo, que necessita de equipe multidisciplinar e tem duração de 8 a 36 horas.
Os autores demonstraram a viabilidade da revascularização pela anastomose arterial microcirúrgica
convencional termino-terminal, preferivelmente das carótidas externas e seus ramos; da artéria
maxilar externa e facial; da anastomose venosa entre a jugular externa, veia facial e o tronco
tireolinguofacial; e anastomose neural dos nervos trigêmeo e facial. Fonte:
http://www.rbcp.org.br/details/1873/pt-BR/analise-bioetica-do-transplante-de-face-no-brasil
- Comitê Assessor de Ética da Fundação Espanhola para a Ciência e a Tecnologia (FECYT):“O
problema maior seria se estas técnicas tiverem a única e exclusiva finalidade de alterar a fisionomia
humana para fins criminosos”.

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