Você está na página 1de 19

Necropsia

Definições
Técnicas
Prof. George Oliveira
#Definição
 Ao longo do tempo, o exame do cadáver para
investigação da “causa mortis” , realizado por meio de
estudos anatomopatológico ou com finalidade médico-
legal sempre foi chamado de autopsia, no sentido de “ver
com os próprios olhos”. Todavia, parece mais apropriado
e de caráter mais especifico o emprego do termo
necropsia.
 Sob o prisma etimológico, o termo necropsia, que e
originado do grego e formado pelo radical neckrós =
morto, cadáver + opsis = ação de ver + sufixo ia,
significa “inspeção do cadáver”.
 Um problema é o fato de que os termos autopsia e
necropsia sejam consideradas sinônimos. A
maioria dos autores acreditam que sejam
sinônimos, mas em nosso meio se estabelece uma
leve distinção: a de que a palavra autopsia deve ser
usada para a espécie humana (auto quer dizer “a si
mesmo”), enquanto necropsia abrange todas as
espécies de animais.
 O importante aqui e ressaltar o significado atual
do termo, que consiste no exame minucioso do
cadáver, externo e interno, feito por especialista
habilitado, para determinar o momento, as
circunstancias e a causa da morte.
#Importância
 A necropsia ou autopsia é um procedimento médico,
praticado desde a antiguidade, que visa analisar a
anatomia, o motivo da morte e as sucessivas alterações
orgânicas que acontecem após morte do corpo.
 Esse e de extrema importância no aprendizado e no
aprimoramento da medicina, pois funciona como
material para ensino e pesquisa, de modo a proporcionar
o reconhecimento de novas doenças e tipos de lesões, a
avaliação do controle de qualidade no diagnostico de
enfermidades, a verificação da eficácia da terapêutica
utilizada na evolução da moléstia e a elucidação de
casos que não tem diagnostico clinico firmado
ou naqueles em que a morte do paciente foi
súbita ou inesperada.
 A necropsia é de grande auxilio à justiça para
esclarecimento quando o cadáver é o vestígio
material do crime, sendo o exame de
necropsia o próprio exame de corpo de delito .
O estudo detalhado da vitima possibilita
estabelecer o subsídio para a sua
identificação,determinar a hora aproximada
da morte, a sua causa básica, o meio ou o
instrumento que a produziu e as condições
preexistentes, intercorrentes ou
supervenientes que possam ter contribuído
#Tipos de Necropsia
 Necropsia médico-legal ou Forense – A necropsia
médico-legal é um tipo especial de exame
necroscópico, que visa atender solicitações da
justiça. É ordenada pelas autoridades competentes
(delegado ou juiz) em situações de morte
violenta*, suspeita** ou súbita***. É efetuada por
profissionais qualificados e experientes no
assunto, designados peritos. Constitui prova
técnica nos processos penais e sua execução
dispensa autorização de familiares do falecido ou
de seu representante legal.
 *Morte Violenta – É aquela resultante de fatores
externos, acidentais ou intencionais, não
relacionados com a curva vital.
 **Morte Suspeita – É a que não tem diagnostico
evidente e deve ser assim considerada sempre que
houver a possibilidade de não ter sido natural a
sua origem. Os motivos da suspeição decorrem
das circunstâncias do local de encontro do corpo
e/ou das características próprias do cadáver.
 ***Morte Súbita – Refere-se mais à inexistência
de uma patologia prévia que possa explica-la do
que ao seu rápido tempo de evolução.
 Verificação de Óbito – É uma modalidade de
necropsia realisada por médicos patologistas nos
eventos de morte não violenta ou natural, decorrente
de estados mórbidos diversos ou do processo de
envelhecimento, que ocorreu em um individuo não
assistido por medico, ou em individuo que se
encontrava em acompanhamento ambulatorial.
 Nos locais em que não existem um serviço de
verificação de óbitos, apesar de ser permitido a
qualquer médico do serviço publico ou particular o
provimento da declaração de óbito, em geral o corpo
e encaminhado para o instituto medico legal mais
próximo, a fim de ser realisada uma necropsia.
 Anatomopatológica ou Hospitalar – É a
necropsia desempenhada por patologistas no
cadáver de pacientes internados sob regime
hospitalar. Que faleceu em decorrência de
doença, que necessita de esclarecimento
sanitário e cientifico, correlacionando os
achados macroscópicos e microscópicos do
exame das vísceras com as informações da
historia clinica e do tratamento instituído.
 Requer autorização expressa de parentes
próximos do paciente ou de seus responsáveis
legais.
#Técnicas
 A necropsia consiste no estudo das características
externas do corpo e das mudanças ocorridas em
todos os órgãos depois da morte, a partir do exame
macroscópico, que fornece material para o exame
microscópio, no qual serão vistas as alterações
tissulares e celulares.
 O médico deve estabelecer relação entre os
achados macroscópicos e microscópios com as
informações da historia do paciente, podendo
então diagnosticar a causa da morte, a doença de
base e outras patologias concomitantes.
 Existem quatro técnicas básicas de necropsia.
 Técnica de Rokitansky (1842): Os órgãos são
abertos e examinados no próprio sítio anatômico,
sendo posteriormente retirados de maneira isolada.
 Na sua técnica, Rokitansky buscava defender se os
elementos físicos representavam o padrão de
referencia quanto ao aspecto e à topografia usual;
após essa etapa, seguia-se o exame peculiar de cada
órgão, considerados como um único bloco – um
monobloco. Os órgãos eram incisados em sua posição
anatômica, analisados no próprio local e só depois se
realizava a exérese de cada órgão individualmente, a
despeito de sua associação funcional com os demais.
 O procedimento da retirada dos órgãos segue
tradicionalmente o sentido cefalocaudal.
Entretanto, essa sequência de trabalho pode
ser alterada em função de diversas variantes,
tais como o estado de conservação do cadáver,
o interesse clínico por uma determinada
região anatômica ou simplesmente por
deliberação do legista responsável. Pode-se
afirmar que a técnica de Rokitansky apoia-se
em três pilares: ectoscopia, avaliação in locu
de todos os órgãos e inspeção do monobloco.
 Técnica de Ghon (1890): A evisceração se dá através
de monoblocos de órgãos relacionados
anatomicamente e/ou funcionalmente.
 Ghon modificou a técnica original de Rokitansky,
introduzindo métodos de evisceração em monoblocos
vinculados anatomicamente e/ou funcionalmente,
razão pela qual seu nome foi dado a essa técnica.
 Durante o exame interno de um cadáver, a técnica de
Ghon modificada é realizada na seguinte ordem:
 1° monobloco
 2° monobloco
 3° monobloco
 4° monobloco
 1° monobloco – É formado pelas estruturas
anatômicas que se encontram no mediastino,
estendendo-se até os pulmões e os órgãos da boca e
do pescoço. Essa composição abrange
resumidamente todos os seus constituintes, pois o
mediastino é o intervalo entre as duas pleuras, que
compreende um mediastino superior, acima do nível
do pericárdio, e três divisões inferiores, anterior,
média e posterior – ou seja, ele contém o coração e o
pericárdio, os grandes vasos relacionados com o
coração, o esôfago, a artéria aorta torácica, o timo, a
traqueia, além dos brônquios principais e outras
estruturas dos hilos pulmonares.
 2° monobloco – É constituído pelo sistema digestivo,
representado por segmento do esôfago (terço inferior)
e do duodeno, estomago, pâncreas, fígado, sistema
biliar e baço.
 3° monobloco – Compõe-se das glândulas supra-
renais, rins, ureteres, bexiga, reto, próstata e vesículas
seminais (sistema urogenital masculino), útero, tubas
uterinas e ovários (sistema urogenital feminino). A
retirada desse monobloco não pode ser feita com os
intestinos ainda no local. Inicia-se com liberação do
rim e da supra-renal esquerdos, incisando-se o
peritônio de revestimento e separando-os da
musculatura subjacente.
 4° monobloco – É formado pelo segmento terminal do
duodeno, jejuno, íleo e cólon. Embora seja o ultimo,
esse monobloco deverá ser o primeiro a ser
examinado logo após a abertura das cavidades
abdominal e torácicas, devido a rápida autólise que
ocorre no trato gastrointestinal.
 Técnica de Virchow (1893) : Foi desenvolvida por
Rudolf Virchow em 1893 e ainda hoje é bastante
utilizada. Consiste na retirada de órgão a órgão como
uma forma de estudo particularizada, sendo de grande
valia na patologia forense. Pelo método de Virchow,
os órgão são retirados separadamente e, uma vez
extraídos do corpo, procede-se a um exame técnico e
minucioso de cada um.
 A principal característica da técnica no consiste no
reconhecimento global das vísceras no seu local
anatômico e na análise posterior de cada órgão
separadamente.
 Consiste em uma incisão única, medial, que se inicia
na margem inferior do mento, seguindo a linha
média, pela face anterior do pescoço, tórax e abdome,
contornando o umbigo, pelo lado esquerdo, até atingir
o púbis.
 Técnica de letulle : Fazer um exame externo do
cadáver, ou ectoscopia, é de grande valor no
esclarecimento e no diagnostico de muitos processos
patológicos, assim como na descoberta de lesões
traumáticas.
 Abertura do crânio – No corte do osso do crânio será
adotada a linha circular. Marcam-se dois pontos com
um lápis ou comum ligeiro traço de serra, um anterior
e outro posterior, que devem ficar situados, o
primeiro, dois dedos acima da raiz do nariz e, o
segundo, dois dedos acima da protuberância occipital
superior.
 Pescoço, Tórax e Abdome – A incisão do pescoço,
que e feita com uma faca ou bisturi, tem um inicio
logo abaixo do mento e se prolonga até o manúbrio
esternal. Já a abertura do tórax e do abdome, segundo
a técnica de Letulle, é feita simultaneamente por meio
de uma única incisão elipsóide e oval, que abrange a
parede anterior de ambas as cavidades.
 O corte começa na articulação
acromioclavicular direita, contorna
lateralmente o mamilo e desce pela linha
axilar anterior até alcançar a fossa ilíaca
homolateral, pouco acima da espinha ilíaca
ântero-superior, nesse nível, a incisão
curvilínea é desviada medialmente na direção
do púbis, atingindo a fossa ilíaca contralateral
e, a partir daí, ascende deforma simétrica à
inicial.

Você também pode gostar