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RESUMO DE BIOÉTICA (P2)

Digitada por Mariana Lopes


MANIPULAÇÃO GENÉTICA:
- Definições:
 Engenharia genética = técnicas de manipulação e recombinação dos genes, através de um conjunto de
conhecimentos científicos (genética, biológica molecular, bioquímica) que reformulam, reconstituem,
reproduzem e até criam seres vivos.
 Genoma humano = sequência completa de DNA do ser humano, dentro dos 23 pares de cromossomos
nos núcleos celulares.
 Clonagem = processo artificial pautado na reprodução de cópias genéticas (organismos idênticos) de
determinados seres vivos através de um filamento de DNA. Utilizada células somáticas ao invés de
gametas sexuais (espermatozoide e óvulo), ou seja, retira-se o núcleo da célula germinativa (óvulo) e
coloca-se no lugar o núcleo de uma célula somática.
o Clonagem reprodutiva = tem por finalidade reproduzir um novo ser, idêntico a um que já existe.
o Clonagem terapêutica = formação de células de determinado órgão (coração, rim, fígado,
cérebro) chamadas células tronco, para substituir células doentes desses órgãos e fazê-los voltar
a funcionar normalmente.
- Eugenia:
 Seleção dos seres humanos com base em suas características hereditárias com objetivo de melhorar as
gerações futuras (aprimoramento da espécie).
 Ideias do pai da Eugenia no Brasil (Renato Kehl):
o Segregação de deficientes
o Esterilização dos “anormais e criminosos”
o Regulamentação do casamento com exame pré-nupcial obrigatório
o Educação eugênica nas escolas
o Testes mentais em crianças de 8 a 14 anos
 Pode-se apontar como exemplo dessa prática o homicídio ou infanticídio de recém-nascidos portadores
de defeitos genéticos ou disformes.
OBS. Expressamente proibido e antiético
- Declaração Universal sobre o genoma humano e direitos humanos (coloquei as que eu julgo mais
importantes pois são inúmeros artigos):
 Artigo 1 e 2 = o genoma humano é o legado da humanidade. Toda pessoa tem o direito de respeito a
sua dignidade e seus direitos, independentemente de suas características genéticas.
 Artigo 4 = o genoma humano no seu estado natural não deve levar a lucro financeiro.
 Artigo 5 = qualquer pesquisa, tratamento ou diagnóstico que afete o genoma de uma pessoa só será
realizado após uma avaliação rigorosa dos riscos e benefícios associados a essa ação e em
conformidade com as normas e princípios legais no país. Obter consentimento livre e esclarecido da
pessoa.
 Artigo 11 = não é permitida qualquer prática contrária à dignidade humana, como a clonagem
reprodutiva de seres humanos.
 Artigo 24 = se houver alguma contradição entre resoluções do CFM e da Constituição, o que irá
prevalecer será a Constituição.
 Artigo 225 = Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defende-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
- Lei federal número 11.105 (março de 2005):
 Artigo 1º = esta lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização sobre a construção,
cultivo, produção, manipulação, transporte, transferência, importação/exportação, armazenamento,
pesquisa, comercialização, consumo, liberação no meio ambiente e o descarte de organismos
geneticamente modificados (OGM).
 Artigo 5º = é permitida para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias
obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo
procedimento, atendidas as seguintes condições:
o Sejam embriões viáveis OU
o Sejam embriões congelados há 3 anos ou mais na data da publicação desta lei
OBS. Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores
OBS. É vedada a comercialização do material biológico a que se refere esse artigo
 Fica proibido:
o Implementação de projeto relativo a OGM sem a manutenção de registro de seu
acompanhamento individual
o Engenharia genética em organismo vivo ou manejo in vitro de DNA/RNA natural ou
recombinante, realizado em desacordo com as normas previstas nesta lei
o Engenharia genética em célula germinativa humana, zigoto humano e embrião humano (pena
= reclusão de 1 a 4 anos + multa)
o Clonagem humana (pena = reclusão de 2 a 5 anos + multa)
- Legislação do Código de Ética Médica:
 Artigo 15 = é vedado ao médico descumprir legislação específica nos casos de transplantes de órgão
ou tecidos, esterilização, fecundação artificial e abortamento, manipulação ou terapia genética.
o Parágrafo 1º = no caso de procriação medicamente assistida, a fertilização não deve conduzir
sistematicamente à ocorrência de embriões supranuméricos
o Parágrafo 2º = médico não deve realizar a procriação medicamente assistida com nenhum dos
seguintes objetivos: criar seres humanos geneticamente modificados, criar embriões para
investigação, criar embriões com finalidade de escolha de sexo, eugenia ou para originar
híbridos ou quimeras
 Artigo 16 = é vedado ao médico intervir sobre o genoma humano com vista à sua modificação, exceto
na terapia gênica, excluindo-se qualquer ação em células germinativas que resulte na modificação
genética da descendência.
- Testes genéticos e questões éticas:
 Genes de comportamento, influência genética em doenças psiquiátricas, delinquência em adultos:
o Uso para pesquisar traços de personalidade?
o Atenuante para a justiça?
o Motivo de descriminação?
 Doenças genéticas:
o Quem controla a qualidade dos testes?
o Quando pedir e quem vai interpretar os testes?
o Detecção de risco genético em outros familiares – revelar ou não?
o Eliminação da dúvida é desejável?
o Confidencialidade
- CRISPR CAS 9 = oriundo do sistema imune adaptativo de procariontes, este mecanismo reconhece o
material genético invasor, cliva-o em pequenos fragmentos e o integra em seu próprio DNA.
 Com base nesse mecanismo natural, foi desenvolvida a técnica CRISPR, que viabiliza a edição de
sequências de DNA alvo-específicas do genoma de qualquer organismo pela ação exclusiva de
somente 3 moléculas (nucleasse CAS 9, RNA guia e DNA alvo).

AUDITORIA E PERÍCIA MÉDICA:


- É vedado ao médico:
 Art. 92 = assinar laudos periciais, auditoriais ou de verificação médico-legal caso não tenha realizado
pessoalmente o exame.
 Art. 93 = ser perito ou auditor do próprio paciente, de pessoa de sua família ou de qualquer outra com
a qual tenha relações capazes de influir em seu trabalho ou de empresa em que atue ou tenha atuado.
o Se houver relação de amizade ou inimizade, não se deve fazer perícia, pois o perito precisa ser
imparcial.
 Art. 94 = intervir, quando em função de auditor, assistente técnico ou perito, nos atos profissionais de
outro médico, ou fazer qualquer apreciação em presença do examinado, reservando suas observações
para o relatório.
o Já o assistente técnico é contratado para fazer a apreciação do conteúdo daquele processo e vai
emitir opiniões e quesitos para construir ou desconstruir determinada teoria.
 Art. 95 = realizar exames médico-periciais de corpo de delito em seres humanos no interior de prédios
ou de dependências de delegacias de polícia, unidades militares, casas de detenção e presídios.
 Art. 96 = receber remuneração ou gratificação por valores vinculados à glosa ou ao sucesso da causa,
quando na função de perito ou de auditor.
 Art. 97 = autorizar, vetar, bem como modificar, quando na função de auditor ou de perito,
procedimentos propedêuticos ou terapêuticos instituídos, salvo, no último caso, em situações de
urgência, emergência ou iminente perigo de morte do paciente, comunicando, por escrito, o fato ao
médico assistente.
 Art. 98 = deixar de atuar com absoluta isenção quando designado para servir como perito ou como
auditor, bem como ultrapassar os limites de suas atribuições e de sua competência.
o Parágrafo único. O médico tem direito a justa remuneração pela realização do exame pericial.
Enquanto perito, ou auditor existe o compromisso médico e legal, a função principal do perito
é ser isento e o perito constata as coisas e emite um laudo baseado em constatação, é proibido
intuir.
o No exame pericial não se cobra a declaração de óbito e, sim, a visita e o exame.

ENSINO E PESQUISA MÉDICA:


- É vedado ao médico:
 Art. 99 = participar de qualquer tipo de experiência envolvendo seres humanos com fins bélicos,
políticos, étnicos, eugênicos ou outros que atentem contra a dignidade humana
 Art. 100 = deixar de obter aprovação de protocolo para a realização de pesquisa em seres humanos, de
acordo com a legislação vigente.
OBS. Se não fizer Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, se não ler para o paciente para que ele
compreenda e autorize a pesquisa, isso a torna inválida.
 Art. 101 = deixar de obter do paciente ou de seu representante legal o termo de consentimento livre e
esclarecido para a realização de pesquisa envolvendo seres humanos, após as devidas explicações
sobre a natureza e as consequências da pesquisa.
OBS. No caso de o paciente participante de pesquisa ser criança, adolescente, pessoa com transtorno ou doença
mental, em situação de diminuição de sua capacidade de discernir, além do consentimento de seu representante
legal, é necessário seu assentimento livre e esclarecido na medida de sua compreensão.
OBS. O acesso aos prontuários será permitido aos médicos, em estudos retrospectivos com questões
metodológicas justificáveis e autorizados pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) ou pela Comissão Nacional
de Ética em Pesquisa (Conep). Quando vamos fazer trabalhos e pesquisas devemos enviá-los para a Plataforma
Brasil para que sejam aprovados.
 Art. 102 = deixar de utilizar a terapêutica correta quando seu uso estiver liberado no País. A utilização
de terapêutica experimental é permitida quando aceita pelos órgãos competentes e com o
consentimento do paciente ou de seu representante legal, adequadamente esclarecidos da situação e
das possíveis consequências.
OBS. Quando é desenvolvida alguma medicação, se faz uma série de experiências in vitro, in vivo em cobaia
e depois que foi testado e a segurança estabelecida pode se iniciar a utilização em seres humanos.
 Art. 103 = realizar pesquisa em uma comunidade sem antes informá-la e esclarecê-la sobre a natureza
da investigação e deixar de atender ao objetivo de proteção à saúde pública, respeitadas as
características locais e a legislação pertinente.
 Art. 104 = deixar de manter independência profissional e científica em relação a financiadores de
pesquisa médica, satisfazendo interesse comercial ou obtendo vantagens pessoais.
 Art. 105 = realizar pesquisa médica em sujeitos que sejam direta ou indiretamente dependentes ou
subordinados ao pesquisador.
 Art. 106 = manter vínculo de qualquer natureza com pesquisas médicas em seres humanos que usem
placebo de maneira isolada em experimentos, quando houver método profilático ou terapêutico eficaz.
OBS. Se estiver fazendo um experimento com algum medicamento, não pode deixar paciente com
determinada patologia tomando placebo e correndo os riscos do agravo daquela medicação. O que se pode
fazer é comparar a medicação para uma patologia com outra medicação que trate da mesma patologia.
 Art. 107 = publicar em seu nome trabalho científico do qual não tenha participado; atribuir a si mesmo
autoria exclusiva de trabalho realizado por seus subordinados ou outros profissionais, mesmo quando
executados sob sua orientação, bem como omitir do artigo científico o nome de quem dele tenha
participado.
 Art. 108 = utilizar dados, informações ou opiniões ainda não publicadas, sem referência ao seu autor
ou sem sua autorização por escrito.
 Art. 109 = deixar de zelar, quando docente ou autor de publicações científicas, pela veracidade, clareza
e imparcialidade das informações apresentadas, bem como deixar de declarar relações com a indústria
de medicamentos, órteses, próteses, equipamentos, implantes de qualquer natureza e outras que
possam configurar conflitos de interesse, ainda que em potencial.
 Praticar a medicina, no exercício da docência, sem o consentimento do paciente ou de seu representante
legal, sem zelar por sua dignidade e privacidade ou discriminando aqueles que negarem o
consentimento solicitado.
OBS. É uma situação ainda mais complicada quando se trabalha num Hospital de ensino, onde as práticas
envolvem muitos alunos em cima de um paciente. O paciente tem total direito de recusar que os alunos testem
suas habilidades nele e ele não deve ser discriminado por isso.
REPRODUÇÃO ASSISTIDA/ ABORTOS / CASAS DE PARTO:
- Reprodução assistida:
 Resolução CFM nº 2.168/2017 = adota as normas éticas para utilização das técnicas de reprodução
assistida no Brasil.
 Princípios gerais:
o As técnicas de reprodução assistida têm o papel de auxiliar na resolução dos problemas de
reprodução humana, facilitando o processo de procriação
OBS. Podem ser utilizadas desde que exista probabilidade de sucesso e não se incorra risco grave de saúde ao
paciente
o As técnicas de RA podem ser utilizadas na preservação social e/ou oncológica de gametas,
embriões e tecidos germinativos
o A idade máxima das candidatas à gestação por técnicas de RA é de 50 anos
OBS. Poderão haver exceções baseadas em rigorosos critérios técnicos e científicos
 Normas para a utilização das técnicas de RA:
o Consentimento livre e esclarecido será obrigatório para todos os pacientes submetidos às
técnicas de RA
o As técnicas de RA não podem ser aplicadas com a intenção de selecionar o sexo ou qualquer
outra característica biológica do futuro filho, exceto para evitar doenças no possível
descendente
o É proibida a fecundação de oócitos humanos com qualquer outra finalidade que não a
procriação humana
o Número de embriões a serem transferidos:
Mulheres até 35 anos = até 2 embriões
Mulheres entre 36 e 39 anos = até 3 embriões
Mulheres com 40 anos ou mais = até 4 embriões
OBS. Nas situações de doação de oócitos e embriões, considera-se a idade da doadora no momento da
COLETA dos oóctitos
OBS. O número de embriões a serem transferidos não pode ser superior
OBS. Em Caso de gravidez múltipla decorrente do uso de técnicas de RA, é proibida a utilização de
procedimentos que visem a redução embrionária
o Todas as pessoas capazes, que tenham solicitado o procedimento e cuja indicação não se afaste
dos limites desta resolução, podem ser receptoras das técnicas de RA, desde que os
participantes estejam de inteiro acordo e devidamente esclarecidos, conforme legislação
vigente
o É permitido o uso das técnicas de RA para relacionamentos homoafetivos e pessoas solteiras,
respeitando o direito a objeção de consciência por parte do médico
o As clínicas, centros ou serviços que aplicam a RA são responsáveis pelo controle de doenças
infectocontagiosas, coleta, manuseio, conservação, distribuição, transferência e descarte do
material biológico humano dos pacientes
OBS. As clínicas, centros ou serviços podem criopreservar esparmatozóides, oócitos embriões e tecidos
gonádicos. No momento da criopreservação, os pacientes devem manifestar sua vontade, por escrito, quanto
ao destino a ser dado aos embriões em caso de divórcio ou dissolução de união estável, doenças graves ou
falecimento de um deles ou de ambos, e quando desejam doá-los
o Doação de gametas ou embriões:
A doação não poderá ter caráter lucrativo ou comercial
Os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa
A idade limite para doação de gametas é de 35 anos para a mulher e de 50 anos para o homem
o Os embriões com três anos ou mais poderão ser descartados se este for a vontade expressa dos
pacientes
o As clínicas poderão realizar as técnicas para “barriga de aluguel”, desde que exista um
problema médico que impeça ou contraindique a gestação na doadora genética, em uma união
homoafetiva ou pessoa solteira
OBS. A cedente temporária do útero deve pertencer à família de um dos parceiros em parentesco consanguíneo
até o quarto grau. Demais casos estão sujeitos à autorização do CRM
o É permitida a reprodução assistida post-mortem desde que haja autorização prévia específica
do(a) falecido(a) para o uso do material biológico criopreservado, de acordo com a legislação
vigente
- Aborto no Brasil:
 O aborto ocorre quando a gravidez é interrompida com a consequente destruição do produto da
concepção, eliminação da vida intrauterina.
 A rigor, não se trata de crime contra a pessoa, mas contra a vida do ser humano em formação que tem
seus direitos garantidos.
 É indispensável a prova da eliminação da vida intrauterina por conta do agente.
 Definições técnicas:
o Aborto = morte do feto ou passagem dos produtos da concepção (feto e placenta) antes de 20
semanas de gestação
o Morte fetal = após 20 semanas de gestação
o Parto prematuro = parto de feto vivo entre 20 a 37 semanas
 Aborto do ponto de vista bioético/jurídico:
o Principais formas de aborto:
Aborto atípico (natural ou espontâneo, acidental, culposo) = não são puníveis e não estão previstos na lei
OBS. Exemplo de aborto acidental = escorregão / exemplo de aborto culposo = uso de drogas
Aborto típico/jurídico (terapêutico, sentimental e humanitário) = estão previstos em lei e não são puníveis
OBS. Aborto terapêutico = realizado quando não há outro meio de salvar a gestante / aborto sentimental e
humanitário = aborto autorizado quando a gravidez é resultante de estupro
Aborto típico, antijurídico e culpável (doloso, eugênico, econômico, honoris causa) = estão previstos em lei e
são puníveis
OBS. Aborto doloso = realizado pela própria gestante ou por terceiro com ou sem consentimento / eugênico
= realizado quando o feto apresenta graves e irreversíveis defeitos congênitos / econômico = aborto realizado
para que não se agrave a situação de miséria da gestante / honoris causa = aborto realizado para ocultar desonra
própria (ficar grávida do amante)
o Atualmente, o crime do aborto, no Brasil, está tipificado no Código Penal de 1940 na parte
especial, no capítulo I – Crimes contra vida, nos artigos 124 e 128.
o Espécies do aborto:
Autoaborto = gestante provoca em si mesma
Consentimento no aborto/ aborto provocado com consentimento = a gestante consente que outra pessoa lhe
provoque o aborto
Aborto provocado sem consentimento = terceira pessoa provoca o aborto sem o consentimento da gestante
o Com respeito à interrupção antecipada da gestação, o CFM esclarece publicamente que não se
manifestou a favor do aborto
 Resolução CFM nº 1.989/2012:
o Dispõe sobre o diagnóstico de anencefalia para a antecipação terapêutica do parto e dá outras
providências, RESOLVE:
Art. 1º = na ocorrência do diagnóstico inequívoco de anencefalia o médico pode, a pedido da gestante,
independente de autorização do Estado, interromper a gravidez.
Art. 2º = O diagnóstico de anencefalia é feito por exame ultrassonográfico realizado a partir da 12ª semana de
gestação.
Art. 3º = concluído o diagnóstico de anencefalia, o médico deve prestar à gestante todos os esclarecimentos
que lhe forem solicitados, garantindo a ela o direito de decidir livremente sobre a conduta a ser adotada.
OBS. Há mais de 20 anos, a antecipação terapêutica do parto de fetos anencéfalos é realizada no Brasil
mediante autorização do Poder Judiciário ou do Ministério Público
- Casas de Parto:
 Uma casa de parto é um estabelecimento paramédico especializado em realizar partos de forma natural.
 Questões éticas a serem pensadas:
o Até meados do século passado a maioria dos partos ocorriam em casa
o Respeito a autonomia da paciente
o Opção pelo parto humanizado
o Parto e um ato médico?
 Livro de Bioética e Medicina – CREMERJ:
o “ No caso da Casa de Parto, qualquer dano à mãe ou feto decorrente de uma complicação não
identificada ou não tratada a tempo, pelo fato de não haver médico presente ao parto, é um
flagrante desrespeito aos princípios de Beneficência e Não-maleficência, pois será um dano
deliberado, com nexo causal e consequência direta da política desastrada que se adota. ”
o “ Esse modelo, sem assistência médica presente, fere todos os princípios bioéticos e tenta
minimizar o ato de nascimento a algo que não mereça cuidado. Esquece-se de todos os
trabalhos científicos que mostram a maior incidência de problemas neurológicos e respiratórios
nos recém-nascidos sem assistência pediátrica ao nascer, bem como de distócia e complicações
clínicas na evolução do trabalho de parto sem a assistência do obstetra. ”

TESTEMUNHA DE JEOVÁ:
- Já foi visto que é criminoso o médico que omite socorro, no entanto o Código Penal também assegura o
direito à autonomia e a liberdade. Então, o médico por diversas vezes encontra-se em embate de consciência
sobre qual procedimento deverá ministrar, haja vista, a negativa de transfusão de sangue por pacientes
testemunha de Jeová.
- Constrangimento ilegal:
 Art. 146 = constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido,
por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que
ela não manda (pena = detenção, de três meses a um ano, ou multa).
 De acordo com o referido artigo, não é tido como crime de constrangimento ilegal, a intervenção
médica ou cirúrgica sem o consentimento do paciente, se justificada por iminente perigo de vida.
 Diante do exposto nos princípios fundamentais, o Código de Ética Médica deixa claro que em caso de
iminente risco de morte o médico deve intervir mesmo sem o consentimento do paciente. Ainda cabe
destacar a autonomia do profissional, como já fundamentamos em outro artigo, o médico pode recusar
a prestar serviços que contrariem os ditames de sua consciência.
 Assim haverá a restrição à liberdade de crença a fim de preservar a vida e a saúde do paciente, pois o
direito à vida é visto com maior valia, sendo a restrição à liberdade de crença adequada, necessária e
razoável.
- Três situações devem ser analisadas acerca de pacientes que são considerados Testemunha de Jeová:
 Paciente grave:
o Em risco iminente de morte ou instabilidade hemodinâmica, a conduta será infundir.
o Esse caso é justificado pelo fato da Constituição Brasileira colocar a vida acima de convicções
religiosas de alguém, mesmo que a família seja contra a ação.
 Paciente estável:
o Nesse caso, o médico busca alternativas como eritropetina, expansão plasmática para tratar o
paciente.
o Portanto, em pacientes estáveis e maiores de 18 anos, a vontade do paciente será respeitada.
 Menores de 18 anos, filhos de testemunhas de jeová:
o Não são considerados, aos olhos da justiça, aptos a escolherem uma religião, a religião é dos
responsáveis.
o Se o paciente estiver estável será de bom tom que o médico respeite a escolha dos pais,
embora não haja proibição de fazer a transfusão.
o Se o médico decidir respeitar a escolha dos pais mesmo que o paciente esteja instável, ele
poderá ser processado por omissão de socorro.
OBS. Em caso de realização da transfusão deve o médico atentar-se para o preenchimento do prontuário,
juntamente com o apoio de toda a equipe, constando detalhadamente a gravidade do caso, e os fundamentos
de sua decisão em desfavor da vontade do paciente

MORTE ENCEFÁLICA:
- Definição:
 Perda permanente das funções cerebrais e do tronco cerebral.
 Não pode ser confundida com o coma ou o estado vegetativo persistente.
- Fisiopatologia:
 Edema cerebral = aumento da PIC (pressão intracraniana)
 PIC > PAM (pressão arterial média) = morte neuronal
 Pressão de Perfusão cerebral = PIC – PAM
- Diagnóstico:
 Suspeita = paciente com quadro neurológico grave (TCE, AVE, anóxia, tumor, infecção) que não
desperta após retirada da sedação.
OBS. Atenção aos fatores confundidores = sedação, hipotermia, hipotensão, hipoxemia, distúrbios de sódio.
Sempre EXCLUIR essas possibilidades
OBS. Se houver qualquer reflexo o protocolo é abortado. TODOS os reflexos devem ser testados
 O diagnóstico independe da doação.
 A notificação de caso suspeito é compulsória (obrigatória).
 Todo os estabelecimentos de saúde devem notificar às Centrais de Transplante.
 O diagnóstico será feito a partir de:
o Pré-requisitos (parâmetros clínicos) para o início do diagnóstico
o Tempo de observação para que seja iniciado o diagnóstico = mínimo de 6 horas
OBS. Quando a causa for encefalopatia hipóxico-isquêmica a observação deve ser de 24 horas
o (2x) Exame clínico por médicos diferentes (oculomotor, córneopalpebral, óculo-cefálico,
óculovestibular, reflexo da tosse)
o Teste da apneia = FiO2 100% por 10 minutos, gasometria arterial, sonda traqueal, gasometria
arterial
OBS. A ideia do exame é sensibilizar o centro respiratório. O Pco2 deve chegar a 55 e não pode haver
movimento respiratório
o Método gráfico/ exame de imagem complementar (arteriografia cerebral, EEG, doppler
transcraniano e cintilografia)
OBS. Intervalo mínimo entre as duas avaliações clínicas: De 7 dias a 2 meses incompletos = 24 horas / de
2 meses a 24 meses incompletos = 12 horas / acima de 2 anos = 1 hora
- Formação de médicos examinadores:
 Será considerado especificamente capacitado o médico com um ano de experiência no atendimento de
pacientes em coma e que tenha acompanhado ou realizado pelo menos 10 determinações de ME ou
que tenha realizado curso de capacitação para determinação de ME.
 Um dos médicos especificamente capacitado deverá ser especialista em uma das seguintes
especialidades – medicina intensiva pediátrica, neurologia, neurologia pediátrica, neurocirurgia ou
medicina de emergência.
OBS. Nenhum desses médicos poderá fazer parte da equipe de transplantes
- Uma vez que o diagnóstico de ME foi feito (protocolo fechado), a data e o horário do óbito são o horário do
procedimento que fechou o diagnóstico. Além disso, deverá ser preenchido o Termo de Morte Encefálica
durante os exames.
- Suspensão do suporte:
 Constata a ME, o médico possui autoridade ética e legal para suspender procedimentos de suporte
terapêutico em uso e assim deverá proceder, exceto se doador de órgãos, tecidos ou partes do corpo
humano para transplante, quando deverá aguardar a retirada dos mesmos ou a recusa à doação.
 Essa decisão deverá ser precedida de comunicação e esclarecimento sobre a ME aos familiares do
paciente ou sua representante legal, fundamentada e registrada no prontuário.

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