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TESTEMUNHA DE JEOVÁ:
- Já foi visto que é criminoso o médico que omite socorro, no entanto o Código Penal também assegura o
direito à autonomia e a liberdade. Então, o médico por diversas vezes encontra-se em embate de consciência
sobre qual procedimento deverá ministrar, haja vista, a negativa de transfusão de sangue por pacientes
testemunha de Jeová.
- Constrangimento ilegal:
Art. 146 = constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido,
por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que
ela não manda (pena = detenção, de três meses a um ano, ou multa).
De acordo com o referido artigo, não é tido como crime de constrangimento ilegal, a intervenção
médica ou cirúrgica sem o consentimento do paciente, se justificada por iminente perigo de vida.
Diante do exposto nos princípios fundamentais, o Código de Ética Médica deixa claro que em caso de
iminente risco de morte o médico deve intervir mesmo sem o consentimento do paciente. Ainda cabe
destacar a autonomia do profissional, como já fundamentamos em outro artigo, o médico pode recusar
a prestar serviços que contrariem os ditames de sua consciência.
Assim haverá a restrição à liberdade de crença a fim de preservar a vida e a saúde do paciente, pois o
direito à vida é visto com maior valia, sendo a restrição à liberdade de crença adequada, necessária e
razoável.
- Três situações devem ser analisadas acerca de pacientes que são considerados Testemunha de Jeová:
Paciente grave:
o Em risco iminente de morte ou instabilidade hemodinâmica, a conduta será infundir.
o Esse caso é justificado pelo fato da Constituição Brasileira colocar a vida acima de convicções
religiosas de alguém, mesmo que a família seja contra a ação.
Paciente estável:
o Nesse caso, o médico busca alternativas como eritropetina, expansão plasmática para tratar o
paciente.
o Portanto, em pacientes estáveis e maiores de 18 anos, a vontade do paciente será respeitada.
Menores de 18 anos, filhos de testemunhas de jeová:
o Não são considerados, aos olhos da justiça, aptos a escolherem uma religião, a religião é dos
responsáveis.
o Se o paciente estiver estável será de bom tom que o médico respeite a escolha dos pais,
embora não haja proibição de fazer a transfusão.
o Se o médico decidir respeitar a escolha dos pais mesmo que o paciente esteja instável, ele
poderá ser processado por omissão de socorro.
OBS. Em caso de realização da transfusão deve o médico atentar-se para o preenchimento do prontuário,
juntamente com o apoio de toda a equipe, constando detalhadamente a gravidade do caso, e os fundamentos
de sua decisão em desfavor da vontade do paciente
MORTE ENCEFÁLICA:
- Definição:
Perda permanente das funções cerebrais e do tronco cerebral.
Não pode ser confundida com o coma ou o estado vegetativo persistente.
- Fisiopatologia:
Edema cerebral = aumento da PIC (pressão intracraniana)
PIC > PAM (pressão arterial média) = morte neuronal
Pressão de Perfusão cerebral = PIC – PAM
- Diagnóstico:
Suspeita = paciente com quadro neurológico grave (TCE, AVE, anóxia, tumor, infecção) que não
desperta após retirada da sedação.
OBS. Atenção aos fatores confundidores = sedação, hipotermia, hipotensão, hipoxemia, distúrbios de sódio.
Sempre EXCLUIR essas possibilidades
OBS. Se houver qualquer reflexo o protocolo é abortado. TODOS os reflexos devem ser testados
O diagnóstico independe da doação.
A notificação de caso suspeito é compulsória (obrigatória).
Todo os estabelecimentos de saúde devem notificar às Centrais de Transplante.
O diagnóstico será feito a partir de:
o Pré-requisitos (parâmetros clínicos) para o início do diagnóstico
o Tempo de observação para que seja iniciado o diagnóstico = mínimo de 6 horas
OBS. Quando a causa for encefalopatia hipóxico-isquêmica a observação deve ser de 24 horas
o (2x) Exame clínico por médicos diferentes (oculomotor, córneopalpebral, óculo-cefálico,
óculovestibular, reflexo da tosse)
o Teste da apneia = FiO2 100% por 10 minutos, gasometria arterial, sonda traqueal, gasometria
arterial
OBS. A ideia do exame é sensibilizar o centro respiratório. O Pco2 deve chegar a 55 e não pode haver
movimento respiratório
o Método gráfico/ exame de imagem complementar (arteriografia cerebral, EEG, doppler
transcraniano e cintilografia)
OBS. Intervalo mínimo entre as duas avaliações clínicas: De 7 dias a 2 meses incompletos = 24 horas / de
2 meses a 24 meses incompletos = 12 horas / acima de 2 anos = 1 hora
- Formação de médicos examinadores:
Será considerado especificamente capacitado o médico com um ano de experiência no atendimento de
pacientes em coma e que tenha acompanhado ou realizado pelo menos 10 determinações de ME ou
que tenha realizado curso de capacitação para determinação de ME.
Um dos médicos especificamente capacitado deverá ser especialista em uma das seguintes
especialidades – medicina intensiva pediátrica, neurologia, neurologia pediátrica, neurocirurgia ou
medicina de emergência.
OBS. Nenhum desses médicos poderá fazer parte da equipe de transplantes
- Uma vez que o diagnóstico de ME foi feito (protocolo fechado), a data e o horário do óbito são o horário do
procedimento que fechou o diagnóstico. Além disso, deverá ser preenchido o Termo de Morte Encefálica
durante os exames.
- Suspensão do suporte:
Constata a ME, o médico possui autoridade ética e legal para suspender procedimentos de suporte
terapêutico em uso e assim deverá proceder, exceto se doador de órgãos, tecidos ou partes do corpo
humano para transplante, quando deverá aguardar a retirada dos mesmos ou a recusa à doação.
Essa decisão deverá ser precedida de comunicação e esclarecimento sobre a ME aos familiares do
paciente ou sua representante legal, fundamentada e registrada no prontuário.