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O Animal como Modelo Experimental

Princípios Básicos Internacionais para a Pesquisa


Envolvendo Animais
International Guinding Principles for Biomedical Research Involving Animals
(CIOMS) Genebra, 1985

1- O avanço do conhecimento biológico requer muitas vezes o uso de animais


vivos, de qualidade e de uma variedade de espécies;

2- Métodos alternativos devem ser usados sempre que apropriados. Adota-se o


princípio dos 3R (refinement, reduction, replacement) estabelecido por Russel e
Burch (1959);

3- A experimentação animal deve ser conduzida apenas após consideração de


sua relevância para a saúde do homem e dos animais;

4- Os animais selecionados para um protocolo experimental devem ser de


espécie e de qualidade apropriada e em número mínimo para obter resultados
cientificamente válidos;
5- Pesquisadores e outras pessoas envolvidas na pesquisa devem ter como
imperativo ético a conduta de evitar ou minimizar o desconforto, estresse e dor;

6- Utilizar sedação, analgesia e anestesia de acordo com as práticas


veterinárias, sendo proibido o uso de agentes paralisantes (curare);

7- Se o artigo 6 não puder ser obedecido, as justificativas deverão ser


encaminhadas a CEUA para discussão e autorização específica para cada caso;

8- No final ou durante a experimentação, animais que sofram dor severa, crônica


e intenso desconforto deverão ser submetidos a eutanásia;

9- Condições de acomodação devem atender as exigências mínimas para o bem


estar animal;
CEUA: Comissão de Ética no Uso de Animais com constituição,
deveres e responsabilidades regidos pela Lei nº 11.794, de 2008.
Biotério: definição de acordo com a Resolução Normativa nº 03 do CONCEA, de 14
de dezembro de 2011: “local onde são criados ou mantidos animais para serem
usados em ensino ou pesquisa científica, que possua controle das condições
ambientais, nutricionais e sanitárias”.

Biotério de criação: definição de acordo com a Resolução Normativa nº 03 do


CONCEA, de 14 de dezembro de 2011: “local destinado à reprodução e manutenção
de animais para fins de ensino ou pesquisa científica”.

Biotério de manutenção: definição de acordo com a Resolução Normativa nº 03 do


CONCEA, de 14 de dezembro de 2011: “local destinado à manutenção de animais
para fins de ensino ou pesquisa científica”.

Biotério de experimentação: definição de acordo com a Resolução Normativa nº


03 do CONCEA, de 14 de dezembro de 2011: “local destinado à manutenção de
animais em experimentação por tempo superior a 12 (doze) horas”.
Percentual de animais utilizados em pesquisas científicas
Camundongo (Mus musculus)
Rato (Rattus norvegicus)

Coelho (Oryctolagus cuniculus) Hamster (Mesocricetus auratus)


Minipig (Sus domesticus )

Aos 8 meses de idade, os


porquinhos têm aproximadamente
47 centímetros de altura, 88
centímetros de comprimento e
pesam 16 quilos.

O suino como modelo para experimentação – 1540 (Mil anos atrás – Geleano).

Primeiras tentativas para a produção de suínos menores por meio de cruzamento e


seleção aconteceu em 1949, no Instituto Homel da Universidade de Minnesota, nos
Estados Unidos. Desde então, foram desenvolvidas várias linhagens de minipigs, entre
elas a Minnesota, a Yucatan, proveniente do sul do México, a Kangaroo Island, do sul da
Austrália, a Goettingen, da Dinamarca, e a também norte-americana Sinclair.

Em 1999, os irmãos Mário e José Roberto Mariano desenvolveram um projeto para a


criação de minipigs em sua propriedade localizada no município de Campina do Monte
Alegre, na região oeste do estado de São Paulo.
Semelhança fisiológica, morfológica e bioquímica entre o suíno e o ser humano
-O aparelho digestório,
-Os pulmões e olhos
-O coração tem características morfológicas idênticas às do homem,
- Pele (único animal que, além do homem, fica com a pele rosada depois de
exposição solar intensa)

Utilização em pesquisas científicas

•Testes de medicamentos
•Transplantes de órgãos
•Desenvolvimento de técnicas de diagnósticos por imagem
Vantagens desvantagens
Fácil manutenção e Vivem em ambientes artificiais
observação;

Permite que se trabalhe com Dieta padronizada


número grande de indivíduos;

Ciclos vitais curtos (prenhez, As doenças são artificialmente


lactação e etc.); introduzidas, na maioria dos
experimentos

Permite a padronização do
ambiente;

Permite a padronização
genética;

Permite transplantes ou
transmissão de tumores;

Grande quantidade de
informação básica disponível
Classificação Ecológica dos Animais de laboratório

• Classificação Sanitária: Tipo de organismo associados e barreiras sanitárias

• Classificação Genética: Carga genética


Classificação Sanitária

Padrão Sanitário dos Animais de laboratório

•Animais convencionais – Criados em instalações com poucas


barreiras, microbiota variada e desconhecida.

•Animais livres de patógenos específicos (SPF) – Microbiota


indefinida porém não possuem patógenos específicos para a
espécie.

•Animais Gnotobióticos - Criados em instalações controladas por


barreiras eficientes. A maioria é conhecida, não existe ou não é
detectável.

•Axênicos ou “germ-free”, monoxênicos, dixênicos e polixênicos.


Área Instalada com unidades
Microisoladores
Estantes ventiladas
Autoclave Filtros de ar Higiene
pessoal
Equipamentos de proteção individual
Monitoramento da saúde das pessoas
Classificação Genética

1- Animais geneticamente indefinidos (acasalamento ao acaso,


não consaguíneos ou outbred)

2- Animais geneticamente definidos (acasalamento irmão-irmã,


consaguíneos ou inbred)

Isogênicos – Resultado de 20 ou mais gerações de acasalamentos


consecutivos entre indivíduos com ancestrais comuns. Toda a variação
genética é eliminada, aumentando a homozigose.

Vantagens: homozigose para todos os locus genéticos, isogenicidade


(indivíduos geneticamente idênticos) e uniformidade.

Desvantagens: animais menos saudáveis (maior susceptibilidade a


doenças e variações ambientais), apresentam tamanho menor e
capacidade reprodutiva reduzida.
Co-isogênicos – Linhagem isogênica na qual ocorre a mutação de um único
gene, sendo esta mutação genética preservada. A nova linhagem difere da
original em um único locus em razão da substituição do alelo original pelo
mutante.

Desvantagem: somente é possível formar uma linhagem co-isogênica quando


ocorrer uma mutação, o que é totalmente imprevisível.
Camundongo nude
(HFH11nu) Camundongo obeso (LEPOB)
Nu/nu x nu/+

Gatos nude
Camundongos knockout – Animais geneticamente alterados (engenharia
genética) onde um ou mais genes retirados através da técnica “gene knockout”.
Estes animais são modelos importantes no estudo da função de genes
sequenciados.

Ex.: cmnknockoutp53

P53 suprime o crescimento de tumores; humanos que nascem com


mutações que inativam a p53 (síndrome LI-Fraumeni) tem aumentado o
risco de desenvolverem diversos tipos de câncer.

Transgênicos – Animais que contem um segmento de informação genética não


natural. O gene introduzido pode ser da mesma espécie ou de outra espécie.
Manipulação Animal

Contenção
Método usado para imobilizar o animal de forma indolor e
confortável apresentando segurança para o manipulador.

Finalidade – Sangria, inoculação, manejo e demais procedimentos


que se façam necessários.
Técnicas de Contenção
Primatas não humanos

(Callithrix jacchus)

(Pan troglodytes)

(Macaca mulatta)
(Gorilla gorilla)
Ilha Ngamba – Santuário dos chimpanzes
Santuário de Sorocaba
Ponto final humanitário

Determina o momento que o animal deve ser retirado da pesquisa ou


submetido à eutanásia.

Eutanásia

È o ato intencional de proporcionar a alguém uma morte indolor para


aliviar o sofrimento.

Agentes químicos

Inaláveis: halotano, isoflurano, metoxiflurano, CO2.

Não inaláveis: xilazina, pentobarbital, tiopental

Agentes físicos

A utilização desses métodos sem anestesia prévia necessita de


consistente fundamentação científica.

Deslocamento cervical, decaptação, sangria total


MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E
INOVAÇÕES - MCTI

CONSELHO NACIONAL DE CONTROLE DE


EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL – CONCEA

Resolução Normativa n0 37 de 15/02/ 2018

DIRETRIZES DA PRÁTICA DE EUTANÁSIA DO CONCEA

https://antigo.mctic.gov.br/mctic/export/sites/institucional/legislacao/Arquivos/Anex
o_Res_Norm_37_2018_CONCEA_Pratica_Eutanasia.pdf
Teríamos alcançado o avanço científico que temos hoje sem o uso dos animais
na experimentação?

Temos tecnologia que nos dê segurança para utilizarmos medicamentos, vacinas


e imunobiológicos sem testá-los em modelos animais?

A utilização de um modelo animal garante segurança total (ausência total de


riscos) para utilização de medicamentos, vacinas e imunobiológicos?

Estaremos dependentes para sempre de experimentos em modelos animais


para ensino e pesquisa?

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