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INTRODUÇÃO A LEGISLAÇÃO

BRASILEIRA SOBRE
EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL
Prof. Dr. Hugo Delleon
Disciplina de Animais de Laboratório e Biossegurança
Usar ou não animais??

Benefícios ao homem Benefícios aos animais

Conflitos éticos!!
Introdução
• Evolução do conhecimento biomédico (humano e animal)

• Desenvolvimento de
ações envolvendo a
criação e
experimentação
animal

• Estudos de
anatomia, fisiologia,
imunologia e
virologia, dentre
outros
Animais “no laboratório”
• Anteriormente
• Utilizados como simples ‘instrumentos de trabalho’
• Ajudavam na investigação de diagnósticos e diferentes
pesquisas
• Não se levava em conta sua qualidade genética e sanitária.

• Não possuíam estruturas adequadas


• Pessoal não era habilitado
• Inexistência de ração apropriada
• Ausência de condições higiênicas nos criadouros

Resultados obtidos eram confiáveis?


Animais “de laboratório”
• Atualmente
• Pesquisadores exigem que esses animais reúnam condições
ideais – animal bem tratado, resultados mais confiáveis
• Parâmetros de qualidade genética e sanitária
• Resultados dos experimentos são afetados em razão da
qualidade de cada espécie utilizada.

• Confiabilidade do
experimento
• Animais ‘definidos’ devem
ser usados

CRESSEY, 2013
Contexto da relação
homem x animal

Roma Antiga – Mais de cinco mil animais mortos por dia em arenas
Virgílio, Ovídio, Cícero:
Compaixão pelos animais

Sêneca, Plutarco:
O homem tem o dever da gentileza com
humanos e animais
São Francisco de Assis:
Animais têm alma!
(Heresia)

São Tomás de Aquino:


Só humanos são racionais.
Animais existem para atender as necessidades
dos homens e não tem moral e nem alma
Rene Descartes (1596-1650)

- A alma distingue o homem de todos os


outros animais
- A máquina bestial
- Animais como meio de se chegar a um
fim, ou seja, o homem.
Voltaire (1694-1778)

- Dúvidas sobre o direito do homem de


tratar os animais como coisas
Jeremy Bentham (1748-1832)

“A questão não é - eles podem raciocinar?


Nem - Eles podem falar?
Mas: Eles podem sofrer?

"... pode chegar o dia em que o resto da


criação animal possa adquirir os direitos
que jamais poderiam ter sido retidos deles,
exceto pela mão da tirania..."
“A physiological demonstration with vivisection of a dog”. Émile-Édouard Mouchy (1832)
Wellcome Gallery, London
Marshall Hall (1790-1857)

Os cinco princípios básicos para utilização de


animais em pesquisas.
Princípios de MARSHALL HALL, 1831:
1) Nenhum experimento deve ser realizado se a mesma informação
pode ser obtida por meio de simples observação

2) O objetivo do estudo deve ser explicado claramente, e as


possibilidades de que este objetivo seja alcançado

3) Não-repetição de experimentos, a menos que haja suspeita de erro


ou para confirmação dos resultados

4) Todo experimento deve ser executado causando o menor sofrimento


possível ao animal

5) Cada estudo deve ser realizado em ambiente em que os dados e a


observação sejam seguros, para que não haja necessidade de repetição

(PATON, 1984)
Utilização de animais
em laboratório
Utilização sistemática de cães, aves, coelhos e cobaias para investigação de
fenômenos biológicos humanos

Louis Pasteur Claude Bernard


(1822-1895) (1813-1878)
Pasteur em seu biotério, Harper´s Weekly, 1884
Images from the history of medicine, US National Library of Science
Histórico da utilização de
animais em laboratório no Brasil
• Início com a criação das Escolas Médicas na Bahia (18/02/1808) e no
Rio de Janeiro (05/11/1808); e instalação do Instituto Vacínico do
Império (1846)

Escola Médicas da Bahia Escola Médica do Rio de Instituto Vacínico do


(18/02/1808) Janeiro (05/11/1808) Império (1846)
Histórico da utilização de
animais em laboratório no Brasil
PRIMEIRA FASE DA PESQUISA BIOMÉDICA NO BRASIL

• 1892 – Criação de pesquisas para o combate das epidemias de febre


amarela, cólera, febre tifoide e varíola (Criação dos atuais Instituto
Butantan e Instituto Adolpho Lutz)

• 1899-1901 – Oswaldo Cruz, Vital Brazil e Adolpho Lutz → identificação e


prevenção da epidemia de peste bubônica no porto de Santos
• Criação do Instituto Soroterápico Municipal (fazenda Manguinhos –
Atual Instituto BioManguinhos)

• NESTA ÉPOCA FOI INICIADA A FORMAÇÃO DE PESQUISADORES


BRASILEIROS.
Histórico da utilização de
animais em laboratório no Brasil
SEGUNDA FASE DA PESQUISA BIOMÉDICA NO BRASIL

• Epidemias permanecem no Brasil, mesmo após vacinas.

• Revolução de 1930 – Mudanças políticas e sociais importantes

• Instituto Biológico (1927) – pesquisas veterinárias e em agricultura

• Fundação Rockefeller – Ações para ensino médico e científico

• Criação da USP (1934) – chegada de pesquisadores do exterior


Histórico da utilização de
animais em laboratório no Brasil
TERCEIRA FASE DA PESQUISA BIOMÉDICA NO BRASIL

• Criação de órgãos de fomento:

• Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico -


CNPq (1950)

• Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -


CAPES (1951)

• Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP


(1960)

• Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP (1967)


Histórico da utilização de
animais em laboratório no Brasil
PRIMEIRA FASE DA PESQUISA BIOMÉDICA NO BRASIL
• Implantação de institutos para pesquisa em saúde humana (epidemias)
• Os animais eram apenas instrumentos de pesquisa

SEGUNDA FASE DA PESQUISA BIOMÉDICA NO BRASIL


• Animais ainda eram apenas instrumentos
• Maior preocupação com a saúde dos animais e condições dos biotérios

TERCEIRA FASE DA PESQUISA BIOMÉDICA NO BRASIL


• 1950-1970: condições dos biotérios brasileiros ainda eram muito ruins
(cheiro de amônia, contaminações, canibalismo, animais se coçando,
etc.; pessoal sem treinamento e semianalfabetos; vivissecções sem
anestesia...)
• Chegada de pesquisadores do exterior começaram a mudar o cenário
Histórico da utilização de
animais em laboratório no Brasil
• 1970 – Implementação de cursos de Pós-Graduação impulsionam a
Ciência de Animais de Laboratório

• FAPESP – Implementação de políticas para a implementação da Ciência


de Animais de Laboratório

• 1980 – Projetos com apoio da FINEP e CNPq visavam a melhoria da


qualidade dos animais.

• 1983 – Criação do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal


(COBEA), atual Sociedade Brasileira de Ciência de Animais de
Laboratório (SBCAL)
Profissionalização do bioterismo
• Definição:
• Animais de laboratório - aqueles criados e produzidos sob
condições ideais e mantidos em um ambiente controlado, com
conhecimento e acompanhamento microbiológico e genético
seguros, obtidos por monitoração regular.

• Autêntica especialidade – ‘A Ciência em Animais de Laboratório’.

• Grande desenvolvimento nos últimos anos

• Níveis muito elevados de tecnificação em vários países como:


Estados Unidos da América, Alemanha, Inglaterra, Japão,
Holanda e França.
Evolução do bioterismo
• Produção de animais SPF (livres de germes patogênicos
específicos), gnotobióticos (microbiota conhecida) e
germfree (livres de germes)

• Engenharia genética + biologia molecular


• Produção de animais otimizados
• Tendência - criação de métodos alternativos ao uso de
animais
Importância do bioterismo
• Contribuição a inúmeras novas descobertas

• Prevenção de doenças e sua cura (infecciosas e não-infecciosas)

• Técnicas de tratamento cirúrgico.

• Controle de mais de dez mil produtos farmacêuticos em uso


corrente no mundo

• Eficácia, esterilidade, toxicidade e potência resultaram na sobrevida


de muitos pacientes
Produção de animais de laboratório
• Requisitos adequados para o uso nas pesquisas médicas
• Instalações apropriadas
• Equipamentos especializados
• Pessoal habilitado
• Desenvolvimento da biotecnologia X Bioterismo

Abbott, 2010
Futuras contribuições do bioterismo
• Desenvolvimento de vacinas
• Anticorpos monoclonais
• Controle de produtos biológicos
• Estudos de farmacologia e toxicologia
• Estudos de bacteriologia, virologia e parasitologia
• Estudos de imunologia básica, de imunopatologia, de
transplantes e de drogas imunossupressoras etc.,

• Todos estes avanços também se aplicam à medicina veterinária


• Bem estar animal e animais de companhia
• Animais de produção e segurança alimentar
• Animais silvestres e saúde ambiental

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