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Módulo 1- Histórico do

uso de animais para fins


de ensino e pesquisa
científica
Conteudistas:
Alice Andrioli Pinheiro
Danielle Maria Machado Ribeiro Azevêdo
Willyam Stern Porto
Módulo 1- Histórico do uso de animais para
fins de ensino e pesquisa científica
Conteúdo do módulo
 Histórico do uso de animais em experimentação

 Ética animal

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Histórico do uso de animais em
pesquisa e ensino Antiguidade

Hipócrates (450 a.C.) – Relação entre o aspecto de órgãos humanos doentes


com dos animais.

Aristóteles (384-322 a.C.) – Estudos comparativos - constatou semelhanças e


diferenças na conformação e funcionamento entre órgãos humanos e de
animais.

Alcmaeon (500 a.C.); Herophilus (330-250 a.C.) e Erasistratus (305-250 a.C.) –


Anatomistas que realizaram vivissecções em animais.

Galeno (129 – 217 d.C.) – Estudos que testavam variáveis a partir de


alterações provocadas em animais.
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Histórico do uso de animais em
pesquisa e ensino Idade Média
São Francisco de Assis Tomás de Aquino
(1182 - 1226) (1225 - 1274)
Animais possuem alma e eram “Summa Theológica”
tratados como irmãos Só os humanos possuem alma e os animais
só existem para satisfazer os humanos

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_de_Assis

https://pt.wikipedia.org/wiki/Tom%C3%A1s_de_Aquino
4 Benozzo Gozzoli: Pregação de São Francisco aos animais e aos
homens, 1452. Convento de São Fortunato, Montefalco Benozzo Gozzoli: Triunfo de São Tomás de Aquino sobre Averroes, 1468-1484
Histórico do uso de animais em Idade Moderna
pesquisa e ensino
René Descartes
(1596-1650)
Filósofo, matemático e cientista

TEORIA MECANICISTA

Animais são máquinas biológicas

“...os animais são meros autómatos


incapazes de sentir dor, por não terem
alma...”

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Histórico do uso de animais em Idade Moderna
pesquisa e ensino
As investigações científicas utilizando animais
cresceram significativamente

Prática científica habitual

Grande crescimento de estudos científicos e práticas de


ensino

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Histórico do uso de animais em
Idade Moderna
pesquisa e ensino
Andreas Versalius (1524 -1564) - Médico Prof. Da Universidade de
Pádua “De Humani Corporus Fabrica ” – Atlas de anatomia humana -
Detalha como dissecar uma animal vivo e realizou vários
experimentos com animais para fins anatômicos e fisiológicos

Willian Harvey (1578-1657) – “An Anatomical Dissertation on the


movement of the heart and Blood in Animals”
Publica a primeira pesquisa científica que utilizou animais,
sistematicamente, para estudar a fisiologia da circulação sanguínea

Francis Bacon (1561-1626) – Fundador da metodologia científica


moderna – ressaltou a relevância da vivissecção para a evolução da Francis Bacon
ciência

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“ A desumanidade da anatomia viva se faz necessária mesmo que a dissecação dos animais
demonstre diferenças em relação aos humanos ”
Histórico do uso de animais em Idade
pesquisa e ensino Contemporânea
Claude Bernard (1813 - 1878) – Avanços no
conhecimentos de homeostase e de fundamentos da
fisiologia.
Defendeu o uso dos animais em experimentação
para o desenvolvimento da ciência.

O grande fisiologista utilizou, ao redor de 1860, o


cachorro de estimação da sua filha para dar aula aos
seus alunos.
Em resposta a esse ato, sua esposa fundou a The Lesson of Claude Bernard by Léon Augustin
primeira associação de defesa dos animais de L’hermitte.
laboratório. Horácio Wells (1844) -
dentista norte
americano - Anestesia
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anidrido nitroso
Ciência e filosofia sobre o uso de animais em
pesquisa e o surgimento da ética animal.
Robert Boyle (1627 – 1691) químico e físico irlandês e Robert
Hook (1635-1703) cientista inglês – registram que durante os
experimentos os animais sentem intenso sofrimento.

Edmundo O`Meara (1614-1681) – fisiologista irlandês, relata


que o sofrimento dos animais de laboratório poderia
distorcer os resultados dos experimentos. Carvalho, A. L. de L., & Waizbort, R.. (2010). A dor além dos confins do homem: aproximações preliminares
ao debate entre Frances Power Cobbe e os darwinistas a respeito da vivissecção na Inglaterra vitoriana
(1863-1904). História, Ciências, Saúde-manguinhos, 17(3), 577–605. https://doi.org/10.1590/S0104-
59702010000300002

James Ferguson (1710-1776) - criticou o sofrimento dos


animais e foi o pioneiro a usar um modelo não animal para
ensino
Aula sobre respiração utilizando balões

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Ciência e filosofia sobre o uso de animais em
pesquisa e o surgimento da ética animal
Jeremy Benthan (1748-1832) – Filósofo e jurista inglês - Princípio da igual
consideração de interesses como um princípio moral básico

“A questão não é "Eles são capazes de raciocinar?", nem "São capazes de


falar?", mas sim "Eles são capazes de sofrer?

Assim, a capacidade de sofrer confere a um ser igual direito a consideração

Voltaire (1694-1778) combateu a prática da vivissecção, ao atacar


diretamente a idéia cartesiana de que animais são incapazes de sofrimento.

Bernard Rollin (1943 -2021) – professor de filosofia, ciências animais e


médicas na Universidade do Estado do Colorado

“Não existem boas razões filosóficas ou científicas para infligir dor aos
animais”
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Ciência e filosofia sobre o uso de animais em
pesquisa e o surgimento da ética animal
1959 - cientistas William M.S. Russell e Rex L. Burch.

Importantes contribuições à ética na experimentação animal,

no sentido de humanizar a utilização de modelos animais em


experimentação.

https://en.3rcenter.dk/typo3temp/assets/images/csm_
Conceito dos três "Rs" da pesquisa em animais: Russell_Burch800dpi_c6fadbaef2_c569203d35.jpg

Replace, Reduce e Refine

Substituição, Redução e Refinamento

Atualmente os três "Rs" - são a base das legislações nacionais


e internacionais sobre o uso de animais em pesquisa e ensino
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Ciência e filosofia sobre o uso de animais em
pesquisa e o surgimento da ética animal
1975 – Livro “Libertação animal” – Peter Singer

Com base no principio da igualdade - todos os seres capazes


de sofrer e merecem considerações morais

- Defende que experiências com animais poderão ser


realizadas se o benefício for maior que o mal causado aos
animais – conceito Utilitarista

1983 - Tom Regan - The Case for Animal Rights” - Teoria dos
direitos dos animais - Direito dos Animais

https://en.wikipedia.org/wiki/File:The_Case_for_Animal_Rig
12 hts,_first_edition.jpg
Senciência e Ética animal
Cientificamente há evidências que animais sofrem e
sentem dores – Senciência

Capacidade de sentir dos animais - confere o direito à


considerações éticas

Reflexão ética

Sofrimento e dor Importância e


infligida aos Valor do ensino
animais e pesquisa
Ética animal

Ética é a ciência da correta conduta humana com relação aos


animais avaliando os problemas éticos

A ética na experimentação animal é aplicada na avaliação do que


pode ou o que não deve ser realizado em animais utilizados para fins
científicos
CONCEA/MCTI 2013
Ética e a necessidade de leis
Restrições e
Ética Leis com sanções para o
reconhecida e conteúdo controle do uso de
aceita na ético animais
sociedade

A sociedade deve confiar que as leis sejam seguidas


rigorosamente dentro dos laboratórios
O cumprimento das leis é responsabilidade de todos os envolvidos no uso de
animais em pesquisa e ensino

CEUAs
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Legislações de proteção animal
1822 - Foi instituída a Lei Inglesa Anti-crueldade (British Anticruelty Act) - aplicável apenas
para animais domésticos de grande porte

1824 - A primeira sociedades protetora dos animais foi criada na Inglaterra - Society for the
Preservation of Cruelty to Animals

1840 - Essa Sociedade foi assumida pela Rainha Vitória, recebendo a denominação de Royal
Society.

A partir de 1845 – surgiram outras sociedades protetoras dos animais – França, Alemanha,
Bélgica, Áustria, Holanda e Estados Unidos.

A primeira lei a regulamentar o uso de animais em pesquisas foi proposta no Reino Unido, em
1876, intitulada British Cruelty to Animal Act.

Em 1909 surge a primeira publicação norte-americana sobre aspectos éticos da utilização de


animais em experimentação, proposta pela Associação Médica Americana.
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Legislações de proteção animal
Decreto nº 24.645 de 10 de julho de 1934 do presidente Getúlio Vargas – Estabelece medidas de proteção aos animais –
Revogada pelo decreto nº11, de 18 de janeiro de 1991
Art. 1º Todos os animais existentes no País são tutelados do Estado.
Art. 3º Consideram-se maus tratos ...

Decreto - Lei nº 3688 de 03 de outubro de 1941- Lei das Contravenções penais


Art. 31. Art. 64. Prevê pena para quem tratar animal com crueldade ou submetê-lo a trabalho excessivo
§ 1º Na mesma pena incorre aquele que, embora para fins didáticos ou científicos, realiza em lugar público ou exposto ao
público, experiência dolorosa ou cruel em animal vivo.

LEI nº 9605, de 12 de fevereiro de 1998 – Lei de crimes ambientais


Art. 32 Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou
exóticos

LEI nº 6638, de 08 de maio de 1979 - Normas para a Prática Didático - científica da vivissecção de animais - Revogada pela
Lei 11.794, DE 08/10/2008

LEI nº 11.794 de 08 outubro de 2008 - (Lei Arouca) - Estabelecendo os procedimentos para o uso científico de
animais

Regulamenta o inciso VII do § 1° do art. 225 da Constituição Federal de 1988 - proteger a fauna e a flora, vedadas, na
forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam
os animais a crueldade.

17 https://legislacao.presidencia.gov.br/
Lei nº 11.794 de outubro de 2008 Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

INSTITUIÇÃO DE PESQUISA E ENSINO

Representante Legal

CEUA Pesquisadores
docentes
RT e coordenador de biotério Alunos e demais
pessoas envolvidas
Conselho Nacional de Controle e Experimentação
Animal - CONCEA
Lei nº 11.794 de 8 outubro de 2008 - (Lei Arouca) - CAPÍTULO II Art. 4º - Fica criado o
Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal – CONCEA.
Decreto de 6899 15 de julho de 2009 - Art. 3o O CONCEA, órgão integrante da estrutura
do Ministério da Ciência e Tecnologia, é instância colegiada multidisciplinar de caráter
normativo, consultivo, deliberativo e recursal, para coordenar os procedimentos de uso
científico de animais.
https://www.gov.br/mcti/pt-br/composicao/conselhos/concea

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Conselho Nacional de Controle e Experimentação
Animal - CONCEA

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https://www.gov.br/mcti/pt-br/composicao/conselhos/concea
Conselho Nacional de Controle e Experimentação
Animal - CONCEA

21 https://www.gov.br/mcti/pt-br/composicao/conselhos/concea
Conselho Nacional de Controle e Experimentação
Animal - CONCEA

22 https://www.gov.br/mcti/pt-br/composicao/conselhos/concea
Conselho Nacional de Controle e Experimentação
Animal - CONCEA

23 https://www.gov.br/mcti/pt-br/composicao/conselhos/concea
Referências Complementares
BRASIL, Decreto-lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941. Lei das Contravenções Penais.

BRASIL, Lei 11.749 de 08 de outubro de 2008.

BRASIL, Decreto nº 6.899, de 15 de julho de 2009.

CONSELHO NACIONAL DE CONTROLE DE EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL (CONCEA). Página https://www.gov.br/mcti/pt-


br/composicao/conselhos/concea

Diretrizes de Integridade e de Boas Práticas para Produção, Manutenção ou Utilização de Animais em Atividades de Ensino ou
Pesquisa Científica - (RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº 32, DE 6 DE SETEMBRO DE 2016) - Link: https://www.gov.br/mcti/pt-
br/composicao/conselhos/concea/arquivos/arquivo/legislacao/resolucao-normativa-no-32-de-06-de-setembro-de-2016.pdf

Diretriz Brasileira para o Cuidado e a Utilização de Animais em Atividades de Ensino ou de Pesquisa Científica – DBCA
(RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº 55, de 5 de outubro de 2022). Link: https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-n-55-de-5-de-
outubro-de-2022-434869177

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Obrigado!
alice.andrioli@embrapa.br

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