Afasto a preliminar de prescrição alegada pelo primeiro réu, Host Turismo S.A, uma vez que o STJ, em casos semelhantes como no ARESP nº 1312418-DF, vêm adotando a Teoria da Actio Nata, em que orienta que a prescrição somente terá inicio com o nascimento da pretensão ou da ação. No presente caso, a ciência inequívoca do ato ensejador da reparação civil, ocorreu em janeiro de 2019 quando o autor foi surpreendido com o bloqueio de sua bancária, e ao procurar saber do que se tratava, descobriu junto à Jucerja que havia assinatura falsificada em alteração de contrato social, portanto, não merece acolhimento as arguições de prescrição. Quanto a preliminar de ilegitimidade passiva arguida pelo segundo réu, afasto- a, uma vez que a alteração contratual se deu pelo segundo réu, em que de forma fraudulenta, cedeu diversas ações ao autor, e, portanto, deve compor o polo passivo da ação. Presentes as condições da ação e os pressupostos processuais, inexistindo quaisquer nulidades ou irregularidades que devam ser declaradas ou sanadas, bem como preliminares que pendam de apreciação, passo analisar o mérito. No mérito não restam dúvidas de que houve fraude na transferência de 150.000 ações ordinárias por meio de alteração contratual realiza pela segundo réu de forma fraudulenta, conforme laudo pericial de fls. 17-20, em que a perícia grafotécnica constatou a falsidade da assinatura no documento, que não é da parte autora. Além disso, em audiência realizada, conforme fls. 100-102, a testemunha arrolada pelo autor confirmou que o autor esteve morando nos Estados Unidos quando ocorreu a fraude de alteração contratual, e, portanto, é incontroverso que o autor não pode figurar como sócio do primeiro réu, pois jamais adquiriu quaisquer participação na empresa, assim, declaro sem efeito a alteração contratual e o consequente desfazimento do negócio tendo em vista que é nulo diante de sua ilicitude, conforme art. 166, II, do CC. A conduta ilícita dos réus se mostra diante da aposição de assinatura falsificada em contrato social da empresa, já o dano, se mostra configurado tendo em vista que a fraude realizada vem causando ao autor diversos prejuízos, visto que se encontra impossibilitado de realizar movimentações de sua conta em decorrência do bloqueio, bem como de obter créditos diante das restrições, e ainda vem sendo cobrado de dívidas da sociedade empresária que não faz parte. Não se pode perder de vista que a situação vem causando ao autor abalos psicológicos, dor, angústia, sofrimento, e principalmente, fere direito de sua personalidade, qual seja, sua honra, o que por si só é causa que gera o dever de ser compensado pelo dano causado. O nexo causal se mostra diante da assinatura falsificada que deu causa aos diversos transtornos que o autor vem suportando. Desta forma, é inegável que a conduta ilícita dos réus causou dano ao autor, consoante ao disposto no art. 186 do CC, devendo os causadores do dano, reparar os danos a direito do autor de forma solidária, conforme dispõe o art. 942 do CC. Nesse sentido, em observância da razoabilidade e proporcionalidade, os danos sofridos pelo autor, em vista as circunstâncias do dano e repercussão, além do porte e a capacidade econômica de ambas as partes, fixo a título de reparação pelo dano suportado o valor de R$ 30.000,00. Isto posto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO AUTORAL, com resolução de mérito, na forma do art. 487, I do CPC para: a) Condenar aos réus de forma solidária, a pagar ao autor a título de compensação por danos morais o valor de R$35.000,00 (trinta e cinco mil reais), com incidência de juros moratórios de 1% ao mês a contar do evento danoso, além de correção monetária por índices da CGJ/RJ a contar da sentença. b) Declaro desfeito o negócio, tornando sem efeito a alteração contratual mencionada na assembleia, bem como a exclusão do autor dos atos constitutivos do segundo réu, no prazo de 15 dias, sob pena de multa diária de R$600,00 em caso de descumprimento. c) Condeno ainda os réus a arcar com o pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 10% do valor da condenação, com fundamento nos arts. 82, §2º, 85, §2º e 86, parágrafo único, todos do CPC. d) Determino a expedição de ofícios ao Detran e a comunicação aos órgãos judiciais onde tramitam as ações trabalhistas e execuções fiscais contra os réus. Publique-se. Intime-se. Após o trânsito em julgado, nada sendo requerido em execução, dê-se baixa e arquive-se.