I. Andrei move ação contra Host Turismo S.A. e Norberto Buarque alegando fraude na transferência de ações da empresa em seu nome sem seu consentimento enquanto vivia nos EUA;
II. Os réus alegam prescrição e negam as acusações de Andrei;
III. A perícia grafotécnica e uma testemunha confirmaram a versão de Andrei.
Descrição original:
Título original
TÉCNICA DE SENTENÇA - CPI B - DIA 10.11.2022 - SESSÃO V
I. Andrei move ação contra Host Turismo S.A. e Norberto Buarque alegando fraude na transferência de ações da empresa em seu nome sem seu consentimento enquanto vivia nos EUA;
II. Os réus alegam prescrição e negam as acusações de Andrei;
III. A perícia grafotécnica e uma testemunha confirmaram a versão de Andrei.
I. Andrei move ação contra Host Turismo S.A. e Norberto Buarque alegando fraude na transferência de ações da empresa em seu nome sem seu consentimento enquanto vivia nos EUA;
II. Os réus alegam prescrição e negam as acusações de Andrei;
III. A perícia grafotécnica e uma testemunha confirmaram a versão de Andrei.
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
-EMERJ-
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A
CARREIRA DA MAGISTRATURA
PROGRAMA DO CURSO
CPI B 2 2022 – TÉCNICA DE SENTENÇA
As aulas do módulo serão ministradas nas seguintes datas: 08/11, 09/11 e
10/11.
SESSÃO V: Dia 10/11/2022 - 8h às 9h 50min
Prof. Dr. Eric Scapim Cunha Brandão
TEMA: Direito Civil. Anulabilidade de negócio jurídico. Alegação de fraude
em contrato social.
CASO CONCRETO:
Trata-se de demanda ajuizada por Andrei em face de Host Turismo
S.A. e de Norberto Buarque. O autor alega que: I - em janeiro de 2019, foi surpreendido com o bloqueio de sua conta bancária, ocorrido em virtude de decisão judicial oriunda de processo trabalhista, em que o primeiro réu figurava como reclamado; II - foi até a Jucerja, a fim de se informar a respeito da sua condição de sócio da mencionada pessoa jurídica, tendo em vista que jamais cogitou e tampouco assinou documento que o colocasse como sócio da mencionada empresa; III - recebeu uma declaração que informava a situação da sociedade, onde se via, por meio de uma alteração contratual, que seu primo, Norberto Buarque, havia lhe cedido /transferido 150.000 ações ordinárias, por meio de documento assinado em março de 2009; IV - seria impossível ter praticado tal ato, uma vez que, entre 2008 e 2010, viveu nos Estados Unidos da América, onde trabalhou como jardineiro e pedreiro, e, embora tivesse contato com a família regularmente (com o réu inclusive), jamais permitiu nem soube nada a respeito de tal transferência de ações; V - por causa da inclusão fraudulenta do nome do autor no quadro social da Host Turismo S.A., o demandante passou a receber diversas cobranças, inclusive uma de mais quatro milhões reais; VI - portanto, pode ser compreendido que o caso consiste em prática criminosa, haja vista que saiu do país em novembro de 2008, e a assembleia geral, em que supostamente teria assumido a posição de administrador da sociedade, aconteceu em março de 2009, data em que a sua assinatura fora falsificada; VII - é pessoa humilde, que vive atualmente de pequenos trabalhos esporádicos, principalmente da remoção de entulhos; VIII - a referida alteração contratual aconteceu quando o autor ainda se encontrava em território estrangeiro, razão pela qual crê que seu primo provavelmente imaginava que não mais retornaria ao Brasil; IX - a fraude vem lhe causando prejuízos indescritíveis, uma vez que se encontra impedido de obter crédito e de movimentar contas bancárias, além de receber cobranças de funcionários de uma sociedade empresária que desconhece completamente. Pelos motivos expostos, Andrei pede o desfazimento do negócio, de modo que seja declarada sem efeito a alteração contratual da mencionada assembleia, além da condenação dos réus ao pagamento do valor de R$ 40.000,00, a título de reparação por danos morais. Pede, outrossim, o envio de ofício ao Detran e a comunicação aos órgãos judiciais onde tramitam ações trabalhistas e execuções fiscais contra os réus. Em contestação, previamente, Host Turismo S.A. alega que: I - o caso ora analisado consiste em prescrição, porque a assembleia ocorreu em março de 2009, e a ação apenas fora proposta em 10/04/2020, isto é, foi nitidamente ultrapassado o prazo previsto na Lei nº 6.404/76, no que tange à ação para anular deliberações tomadas em assembleia geral ou especial; II - também está prescrito o pedido referente à reparação por dano moral, tendo em vista o prazo colocado pelo Código Civil. Em contestação, previamente, Norberto Buarque afirma que: I - não tem legitimidade passiva, pois perdeu o vínculo com a Host Turismo, quando transferiu todas as suas ações ordináriaspara o autor, além disso, apenas participou da assembleia geral na função de secretário, ou seja, sem maiores poderes de decisão, motivo pelo qual entende que a legitimidade caberia apenas à sociedade. No mérito, os réus argumentam que: I - a assembleia mencionada ocorreu de acordo com todas as formalidades legais, assim como a transferência de ações ordinárias; II - o autor esteve presente e assinou, demonstrando ciência do que estava acontecendo; III - o autor decidiu ajuizar a presente demanda depois de realizar diversos atos desastrosos e de levar a sociedade à ruína; IV - não há nos autos provas que demonstrem que o autor realmente se encontrava em território estrangeiro. Dessa forma, os réus pedem a total improcedência dos pedidos e a condenação do autor em custas e honorários. A fls.17-20, a perícia grafotécnica reconheceu a falsidade da assinatura. A fls. 100-102, em audiência, a testemunha arrolada pelo autor confirmou o tempo em que o autor esteve morando nos Estados Unidos. Autos conclusos. Elabore a sentença sem relatório.