Antônio Torto moveu ação indenizatória contra dois jornais que publicaram sua foto identificando-o como suspeito de um crime do qual foi posteriormente inocentado. Os réus alegam liberdade de imprensa e que apenas informaram que ele era suspeito, não responsável. O juiz deve julgar se houve dano moral passível de indenização.
Descrição original:
Título original
TÉCNICA DE SENTENÇA - CPI B - DIA 09.11.2022 - SESSÃO IV ----
Antônio Torto moveu ação indenizatória contra dois jornais que publicaram sua foto identificando-o como suspeito de um crime do qual foi posteriormente inocentado. Os réus alegam liberdade de imprensa e que apenas informaram que ele era suspeito, não responsável. O juiz deve julgar se houve dano moral passível de indenização.
Antônio Torto moveu ação indenizatória contra dois jornais que publicaram sua foto identificando-o como suspeito de um crime do qual foi posteriormente inocentado. Os réus alegam liberdade de imprensa e que apenas informaram que ele era suspeito, não responsável. O juiz deve julgar se houve dano moral passível de indenização.
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
-EMERJ-
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A
CARREIRA DA MAGISTRATURA
PROGRAMA DO CURSO
CPI B 2 2022 – TÉCNICA DE SENTENÇA
As aulas do módulo serão ministradas nas seguintes datas: 08/11, 09/11 e
10/11.
SESSÃO IV: Dia 09/11/2022 - 10h 10min às 12h
Prof. Dr. Edison Ponte Burlamaqui
TEMA: Direito Civil e Constitucional. Danos morais. Publicações de
matérias possivelmente ofensivas.
CASO CONCRETO:
Antônio Torto ajuizou ação indenizatória em face de Editora Toda Hora
S.A. e de Mundial Comunicações S.A. Alega o autor que, no dia 23 de fevereiro de 2021, foi abordado e detido por policiais civis, no momento em que deixava o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), aonde havia ido se matricular em curso técnico de Manutenção Automotiva. Narra que a prisão ocorreu sob a alegação de que o autor era suspeito de ter esfaqueado uma policial militar durante um assalto ocorrido um pouco antes da abordagem. Em seguida, o autor foi encaminhado à sessão de reconhecimento, momento em que a vítima não o reconheceu, o que provocou, por conseguinte, a imediata soltura. O autor relata que, quando chegou a sua residência, foi surpreendido com apresentações de sua imagem (com postagem de foto de anterior passagem pela polícia), que fora publicada nas páginas eletrônicas do jornal Toda Hora e do jornal Comunicações, os quais o apontavam como suspeito de ter esfaqueado e assaltado uma oficial da Polícia Militar. Argumenta que tal postagem sensacionalista e preconceituosa lhe gerou forte tristeza e abalo emocional, além de tristeza para toda a família. Ressalta que teve a imagem e a privacidade violadas de maneira injusta, razão pela qual a responsabilidade objetiva deve ser concebida no caso, a fim de garantir a punição dos réus. Dessa forma, Antônio Torto pede a condenação dos réus, de modo que cada um lhe pague o valor de R$ 30.000,00, a título de danos morais. Pede, ainda, que sejam condenados a procederem à nova reportagem com retratação, além da retirada do material anterior difamatório. Também pede a condenação ao pagamento de custas e honorários. Em contestação, os réus alegam a falta de interesse, em razão de o pedido ser manifestamente improcedente, tendo em vista a liberdade de imprensa. Suscitam a inépcia da inicial, por falta de lógica entre alegações e pedidos, porque o próprio autor relata que a foto publicada é referente à passagem anterior, o que manifestamente afasta a possibilidade de dano moral. Afirmam os réus que têm direito ao pensamento e à liberdade de expressão, sendo que esses direitos são conquistas constitucionais e consistem em pilares do Estado Democrático de Direito. Sustentam que, ao publicarem a fotografia do autor estavam agindo em exercício regular do direito de informar, na medida em que não disseram que o autor era responsável pelo ato, mas mero suspeito. Argumentam que não incidiram em nexo causal no suposto dano, uma vez que o erro foi praticado pela Polícia Civil, e, ademais, é certo que, em caso de responsabilidade, esta deve ser na modalidade subjetiva. Defendem a inexistência de dano moral, em razão de o autor já ter passagem pela Polícia Civil. Aduzem, entretanto, que qualquer tipo de dano moral deve ser de responsabilidade da Administração Pública. Por derradeiro, requerem a improcedência dos pedidos e, subsidiariamente, a redução da cerba indenizatória. Elabore sentença sem relatório.