Richard Wagner moveu ação de desapropriação indireta contra o município de Rio Límpido após parte de seu terreno de 60 hectares, adquirido em 2017 por R$850.000,00, ser incluída em Área de Proteção Ambiental em 2018, impedindo o desenvolvimento de seu empreendimento turístico planejado. O município alega prescrição e ausência de interesse do autor, e que a limitação se deu em observância ao meio ambiente e função social da propriedade.
Descrição original:
Título original
TÉCNICA DE SENTENÇA - CPI B - DIA 09.11.2022 - SESSÃO III
Richard Wagner moveu ação de desapropriação indireta contra o município de Rio Límpido após parte de seu terreno de 60 hectares, adquirido em 2017 por R$850.000,00, ser incluída em Área de Proteção Ambiental em 2018, impedindo o desenvolvimento de seu empreendimento turístico planejado. O município alega prescrição e ausência de interesse do autor, e que a limitação se deu em observância ao meio ambiente e função social da propriedade.
Richard Wagner moveu ação de desapropriação indireta contra o município de Rio Límpido após parte de seu terreno de 60 hectares, adquirido em 2017 por R$850.000,00, ser incluída em Área de Proteção Ambiental em 2018, impedindo o desenvolvimento de seu empreendimento turístico planejado. O município alega prescrição e ausência de interesse do autor, e que a limitação se deu em observância ao meio ambiente e função social da propriedade.
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
-EMERJ-
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A
CARREIRA DA MAGISTRATURA
PROGRAMA DO CURSO
CPI B 2 2022 – TÉCNICA DE SENTENÇA
As aulas do módulo serão ministradas nas seguintes datas: 08/11, 09/11 e
10/11.
SESSÃO III: Dia 09/11/2022 - 8h às 9h 50min
Prof. Dr. Ricardo Coimbra da Silva Starling Barcellos
TEMA: Direito Administrativo. Alegação de desapropriação indireta.
CASO CONCRETO:
Richard Wagner ajuizou ação de desapropriação indireta em face do
município de Rio Límpido. Alega o autor que, após muitos meses de pesquisas, decidiu realizar a compra de terreno com 60 hectares, pois tinha planos de construir um hotel-fazenda e um haras, além de intermediar negociações de cavalos raros, para garantir um futuro tranquilo para toda a sua família. Entretanto, no dia 9 de junho de 2018, quando o autor buscou autorização do mencionado município para começar as obras, foi informado de que não seria possível realizar as construções pretendidas, uma vez que a maior parte de seu terreno estava localizado em Zona de Conservação da Vida Silvestre da Área de Proteção Ambiental da Lagoa do Camurí, que havia sido criada em abril de 2018, por meio do Decreto do Poder Executivo n. 123. Dessa forma, alega, viu-se perante panorama de frustração, já que, na época em que o terreno foi adquirido, em dezembro de 2017, não havia nenhum ato legislativo que impusesse restrições ao direito de construir, motivo pelo qual o autor foi totalmente surpreendido. Assim, não pode ser olvidado o prejuízo, já que, apesar de ter investido R$ 850.000,00 no ato da compra, a propriedade perdeu todo o valor, de modo que, na verdade, o caso diz respeito à desapropriação indireta. Em razão disso, Richard Wagner requer o reconhecimento da desapropriação em face do município, com a consequente indenização do imóvel, com a observância do atual valor de mercado. Requer, ainda, no que tange a tributos, a devolução dos valores quitados e o cancelamento de todo débito, tendo em vista a data da publicação do Decreto do Poder Executivo n. 123. Em Contestação, o município de Rio Límpido sustenta que o caso está prescrito, uma vez que, entre a data da compra e a data do ajuizamento da presente ação, que ocorreu em 23 de fevereiro de 2021, foi ultrapassado o prazo de 3 anos, previsto no art. 206, §3º, V do Código Civil. Além disso, inexiste interesse do autor, uma vez que a área onde o terreno está localizado sempre foi bastante conhecida pela riqueza de sua fauna e flora, sendo, pois, um local constantemente retratado em inúmeros jornais de diferentes países. Por isso, o autor deveria prever que em determinado momento haveria algum ato legislativo impondo restrições. No mérito, o demandado entende que a limitação imposta no terreno vai ao encontro do dever de proteger o meio ambiente e do cumprimento da função social da propriedade, nos termos do art. 5º, XXIII da Constituição Federal, de modo que o município não pode ser punido por ter agido de maneira lícita, em justa observância ao que o ordenamento jurídico fomenta. Sustenta que não houve apossamento do bem, já que o Decreto do Poder Executivo n. 123 não enseja tal desiderato, mas apenas uma limitação administrativa. Além disso, existe uma casa de três andares, de aproximadamente 500m², em parte do terreno em que não há restrição, onde o autor pode morar com sua família. A contestação estabelece que, em se tratando de uma possível indenização, é preciso considerar que tal demanda deve se fundamentar em ação de direito pessoal, porque o caso não diz respeito à ação de direito real, como quer o autor, haja vista que não há perda dos direitosdecorrentes de propriedade. Assim, quanto aos pedidos de devolução e cancelamento de tributos, reitera que as cobranças são legítimas, pois têm como fato gerador a efetiva propriedade. Elabore a sentença. Supere as questões prévias suscitadas. Não há necessidade de relatório.
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