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MERITÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DA VARA DE PROCESSOS DIGITAIS

UNIFEOB - SÃO JOÃO DA BOA VISTA - SP.

Autos do processo n°: 2029712-79.2023.9.32.0568.

Requerente: Cicrano de Tal.

Requerido: Fulano de Til.

FULANO DE TIL, autônomo, casado, portador da cédula de identidade de RG


n 12.345.678-9 e sob CPF n. 987.654.321-98, residente na Rua X , n° XX, bairro
Terra das Palmeiras, CEP X na cidade de São João da Boa Vista/SP, vem a presença

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de V. Exa., por seus advogados, cujo escritório se localiza na Rua X de novembro, n°
31, bairro centro, São Paulo, CEP X; Endereço que indica para os fins do art. 77, V
do CPC, com fundamento na lei, apresentar a presente CONTESTAÇÃO à ação de
REINTEGRAÇÃO DE POSSE proposta por CICRANO DE TAL, já qualificada

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nestes autos, com base nos fatos e fundamentos a seguir expostos:

1. PRELIMINARMENTE

O ordenamento jurídico pátrio é claro quanto à necessidade de que o autor tenha


a posse legítima e pacífica do imóvel antes de buscar a reintegração. A reintegração de

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posse pressupõe que o autor tenha sido privado da posse de forma injusta e ilegal. No
entanto, no presente caso, os fatos que incidiram a reintegração, se provados,
ocorreram antes da suposta posse do autor, o que torna sua pretensão carente de
fundamento legal, já que sua matrícula de imóvel data de 19 de outubro de 2022, em
contraposto com a escritura do requerido, que data do dia 25 de maio de 2021 e a
construção datada para o dia 30 de julho de 2021 (Documentos em anexo).

A doutrina é pacífica no sentido de que a ação de reintegração de posse é cabível


apenas quando o autor é o possuidor do bem.

Nesse sentido, ensina Caio Mário da Silva Pereira:

"A ação de reintegração de posse é a que tem por fim a


reintegração do possuidor na posse injustamente esbuçada ou
turbada. O possuidor é o titular da posse, ou seja, aquele que

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exerce os poderes inerentes a essa situação jurídica. A ação só
é cabível se o autor for possuidor." (PEREIRA, Caio Mário
da Silva. Instituições de Direito Civil. Volume IV. 20.ª ed. Rio
de Janeiro: Forense, 2017, p. 347).

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Em geral, doutrinadores como Caio Mário da Silva Pereira tendem a discutir que
a posse de um imóvel pode ser adquirida de diferentes maneiras, incluindo a partir da
celebração de um contrato de compra e venda. Eles enfatizam que a posse é um
elemento importante para a aquisição da propriedade de um imóvel, mas que o
momento exato em que a posse é adquirida pode variar dependendo das circunstâncias
e das intenções das partes envolvidas no contrato.

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Portanto, requer a este Juízo que acolha a presente preliminar, rejeitando a ação
de reintegração de posse proposta pelo autor por falta de fundamento legal, nos termos
do artigo 330, inciso I e Art, 485, inciso I do Código de Processo Civil .

Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:

I - for inepta;

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

I - indeferir a petição inicial;

1.1. DA INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA

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Diante das preliminares elencadas, deve-se observar que a via eleita pelo autor
também é inadequada para a solução da controvérsia.

Conforme doutrina e jurisprudência consolidadas, a ação de reintegração de

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posse pressupõe a prévia posse do autor sobre o imóvel. No entanto, os fatos alegados
pelo autor indicam que ele não estava na posse do imóvel na data do alegado esbulho.

Nesse contexto, a via adequada para a resolução da presente controvérsia seria a


ação de imissão de posse, na qual o autor poderia buscar a declaração de seu direito
de propriedade sobre o imóvel, uma vez que a reintegração de posse exige a posse
prévia.

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Assim, a ação de reintegração de posse não é o meio processual adequado para a
pretensão do autor, o que reforça a necessidade de sua rejeição.

Assim sendo declarada a inépcia da presente ação, que a mesma seja extinta sem
resolução do mérito nos moldes do Art. 485, inciso IV do CPC:

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de


desenvolvimento válido e regular do processo;

Na hipótese de não se acatar a preliminar apresentada, à luz do princípio da


eventualidade, caberá a esta parte contestar com os seguintes fatos.

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2. DOS FATOS

Conforme se depreende dos autos, o autor alega ter direito à reintegração de


posse do imóvel situado na no loteamento Terra das Palmeiras, localizado no lote 4,

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quadra B. Fulano de Til vem esclarecer que possui um logradouro localizado no bairro
Terra das Palmeiras na cidade de São João da Boa Vista, o requerido adquiriu o
terreno em meados de maio de 2021, em pouco mais de 1 mês regularizou a planta e
foi junto a seu engenheiro, João da Silva CREA/SP: 123.456, ao local para verem a
necessidade de realizar terraplanagem no terreno para darem início a construção, a
qual iniciou-se em meados de julho de 2021.

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Ao chegarem no local tanto o requerido quanto o engenheiro perceberam que
haveria a necessidade de se fazer a terraplanagem, para além disso perceberam que as
demarcações dos terrenos do bairro estavam gastas pelas fortes chuvas que ocorreram
na cidade de São João da Boa Vista, as quais auxiliaram ainda mais no desgastes das
marcações do loteamento, com isto o requerido deixou o trabalho de demarcação e
construção a cargo de seu engenheiro que realizou tal fato, Fulano de Til somente
começou a viver no local em meados de dezembro de 2022, visto que o projeto
realizado foi de altíssimo custo pois a casa foi toda feita de madeira de mogno, e as
paredes revestidas de espuma acústica para preservar a temperatura de dentro da casa e
proteger de dias frios, além de reduzir ruídos vindos de fora o requerido nunca se
atentou se o projeto foi realizado de maneira correta pois sequer tem conhecimento
técnico sobre, por conta de complexidade o mesmo apenas citou suas necessidade ao
seu engenheiro que prontamente entregou o projeto que mesmo sendo de altíssimo
custo agradou Fulano de Til, vindo assim a permitir que o engenheiro começasse as
obras deixando assim toda a responsabilidade ao mesmo.

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Há poucos meses o requerido foi abordado por Cicrano de Tal no qual afirmava
de maneira grosseira que o requerido havia invadido seu terreno e que o mesmo
pagaria por isto, Fulano de Til disse ao requerente que deveria consultar seu
engenheiro pois não tinha conhecimento técnico sobre o fato e sequer saberia onde
começa e termina seu terreno, entretanto o requerente não o compreendeu e continuou Este documento é uma simulação realizada por Gabriel Rocha Campos

a tratar o requerido de maneira vulgar.

Após isto Fulano de Til foi questionar seu engenheiro sobre o fato pois nunca
teve intuito algum de invadir qualquer área e o mesmo estaria preocupado caso tal fato
tenha ocorrido, após questionar seu engenheiro o mesmo acabou confirmando que
acabou errando nas medições e por uma falha acabou invadindo parte do terreno do

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requerente.

Por fim o requerido foi ao encontro do requerente para realizar uma conciliação
e desculpar-se pelo erro cometido pelo seu engenheiro, entretanto o mesmo não quis
conversar e disse que logo seus advogados iriam entrar em contato com o mesmo; o
requerido gostaria de citar que nunca teve o intuito de invadir o terreno do requerente
e tentou lidar de melhor maneira possível com a situação para resolvê-la antes de
chegar ao conhecimento do poder público.

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Em vermelho representa o muro que invadiu o logradouro do autor.

2. DO DIREITO

Ante ao exposto o requerido encontra-se como construtor de boa-fé pois não

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teve intuito de invadir o terreno do requerente, tal fato é visivelmente constatado
quando percebemos que o mesmo invadiu uma área inferior à vigésima parte,
representado por 3,33% da área total, totalizando 10m² do imóvel de Cicrano de Tal.

A boa-fé nesse caso é presumida como dispõe o artigo 1.258 do CC:

Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo


próprio, invade solo alheio em proporção não superior à
vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a
propriedade da parte do solo invadido, se o valor da
construção exceder o dessa parte, e responde por indenização
que represente, também, o valor da área perdida e a
desvalorização da área remanescente.

Deste modo podemos concluir que diante a área invadida e o disposto no artigo
1.258 do CC não há porque se falar em esbulho ou turbação, sendo que o fato

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originou-se de um erro técnico a boa fé por parte do requerido que desde o princípio
tentou realizar o projeto de maneira correta entretanto por um erro cometido por
terceiro a propriedade acabou invadindo uma parte irrisória do imóvel do requerente.

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Importante salientar que o projeto foi realizado de maneira técnica e com
matérias primas de altíssima qualidade assim aumentando exponencialmente o custo
do projeto, assim não tendo condição técnica de demolir tal construção pois acarretaria
em um custo superior ao da área invidia além de impossibilitar a utilização do
logradouro pelo requerido que não teria moradia própria nos próximos dias por tal
fator.

A norma contida no 'caput' do art. 1.258 do CC “constitui exceção ao princípio

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'superficies solo cedit', permitindo ao construtor de boa-fé que construiu em pequena
faixa do imóvel vizinho se tornar dono dela, indenizando o PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Apelação Cível nº
1011792-20.2021.8.26.0576 -Voto nº 35659 8 proprietário. Cuida-se, novamente, de
direito potestativo, assegurando ao esbulhado a alienação compulsória de parte do
imóvel invadido. Mais uma vez, procura o legislador tutelar a função econômica e
social da propriedade imóvel, evitando a demolição da construção feita de boa-fé, com
regra especial para a invasão de pequena monta” (Francisco Eduardo Loureiro, in
CC Comentado coordenadoria Cezar Peluso, Barueri, Manole, 2007, p. 1258).

Diante do exposto segue o entendimento dos tribunais a respeito de fatos


similares:

TJ-ES - APELAÇÃO CÍVEL Nº 0013498-25.2005.8.08.0024.


Relator: ÁLVARO MANOEL ROSINDO BOURGUIGNON,

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Data de Julgamento: 08/04/2014, SEGUNDA CÂMARA
CÍVEL, Data de Publicação: 16/04/2014 A C Ó R D Ã O
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - REINTEGRAÇÃO DE
POSSE - CONSTRUÇÃO QUE INVADE SOLO ALHEIO -
COMPROVADA A BOA-FÉ DO CONSTRUTOR - ART.
1.258, CAPUT , CC - OBRIGAÇÃO CONVERTIDA EM Este documento é uma simulação realizada por Gabriel Rocha Campos
PERDAS E DANOS - INDENIZAÇÃO PELA ÁREA
PERDIDA E PELA DESVALORIZAÇÃO DA ÁREA
REMANESCENTE - LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA POR
ARBITRAMENTO - RECURSO PROVIDO. 1. O artigo 1258
do Código Civil dispõe que “Se a construção, feita
parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção

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não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de
boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da
construção exceder o dessa parte, e responde por indenização
que represente, também, o valor da área perdida e a
desvalorização da área remanescente”. 2. No caso em comento,
trata-se de fato incontroverso a invasão do terreno do autor, ora
apelado, pela construtora apelante em 2,1 m², metragem
conferida por ambas as partes. Contudo, ao contrário do
entendimento encampado pelo Magistrado Singular não há nos
autos elementos conclusivos acerca da má-fé da construtora na
referida invasão de solo alheio. 3. Isto porque, analisando
detidamente as provas carreadas aos autos verifica-se que a
construção empreendida pela apelante se deu nos termos da
execução e com autorização do Município de Vitória,
encarregado de fiscalizar a legalidade da mesma. 4. Outrossim,

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deve se considerar inicialmente que a área invadida possui
metragem irrisória, mesmo se considerado a área total do
imóvel de propriedade do apelante, equivalente a 378 m², bem
como perto da área construída do empreendimento da apelante,
tendo sido constatada mais de um ano após iniciada a obra
(maio de 2004), quando já terminada toda a construção da Este documento é uma simulação realizada por Gabriel Rocha Campos

fundação do edifício, bem como erguido todos os seus andares,


sendo, pois, inviável a demolição do muro inicialmente
pretendida pelo autor, ora apelado. 5. Destarte, impõe-se a
conversão da obrigação em perdas e danos, considerando-se o
disposto no caput do artigo 1258 do Código Civil, que
assegura ao construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo

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invadido e a indenização ao dono do terreno invadido,
pagando-lhe o valor da área perdida e a desvalorização da área
remanescente. 6. O valor das perdas e danos deverá ser
apurado em sede de liquidação de sentença por arbitramentos
(art. 475-D, CPC), pois conforme asseverado pelo Magistrado
Singular não há nos autos elementos que apontem o valor do
metro quadrado do local. 7. Recurso conhecido e provido.
VISTOS, relatados e discutidos, estes autos em que estão as
partes acima indicadas. ACORDA a Egrégia Segunda Câmara
Cível, na conformidade da ata e notas taquigráficas que
integram este julgado, à unanimidade de votos, conhecer do
recurso e provê-lo, nos termos do voto proferido pelo E.
Relator. Vitória (ES), 08 de abril de 2014. DES. PRESIDENTE
DES. RELATOR.

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3. DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, requer a Vossa Excelência que:

A) Seja acolhida a preliminar de inadequação da via eleita, determinando-se a extinção


do feito, nos termos do artigo 485, inciso IV, do Código de Processo Civil; Este documento é uma simulação realizada por Gabriel Rocha Campos

B) Seja acolhida a preliminar de inépcia da inicial, determinando-se a extinção do


feito, nos termos do artigo 330, inciso I e artigo 485, inciso I, do Código de Processo
Civil;

C) Caso Vossa Excelência entenda não ser o caso de acolher as preliminares arguidas,

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que sejam acolhidos subsidiariamente os seguintes pedidos:

D) A ausência de interesse na audiência de conciliação;

E) Requer ainda que o autor seja condenado ao final, a todas as custas e despesas
processuais, periciais, expedição de ofício, honorários advocatícios de 20% sob o
valor da causa e no ônus da sucumbência;

F) A produção de todas as provas admitidas em direito, em especial a juntada de


documentos, depoimento pessoal das partes, oitiva de testemunhas e perícia, se
necessárias.

G) Requer, que seja expedida a esta patrona, a certidão de honorários em 100% do


valor da tabela do convênio DPE/OAB, conforme ofício de nomeação – Registro de
indicação: x.;

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Termos em que pede deferimento.

São Paulo, 7 de Setembro de 2023.

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Luis Felipe dos Santos Gabriel Rocha Campos

OAB nº 19001418. OAB n° 19001806.

Letícia Soares da Silva Cesar Azevedo Gonçalves

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OAB n° 19001817.

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OAB n° 19001710.
Julia Martins Macedo

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OAB n° 19001849.

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