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LABORATORIO DE DIREITO APLICADO II

Professor Marcos da Cunha e Souza


EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTRO JUIZ (A) DE DIREITO DA
VARA CÍVEL DA COMARCA DE CURITIBA – PARANÁ

HANIBAL BARCA, brasileiro, casado, administrador, inscrito no


CPF nº 001.002.333-23, portador do RG sob o nº 111.111-X, ISPPR e sua
espessa BEATRIZ TANITH BARCA, brasileira, casada, administradora, inscrita
no CPF nº 010.000.555-55, portadora do RG: 234.432-x ISPPR ambos
residentes na Rua Princesa Isabel, 123, São José dos Pinhais-PR, por
intermédio de seus advogados que estão subscrevendo, com endereço
profissional situado na Av. Luiz Xavier, 103 - Centro, Curitiba - PR, 80020-
020, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, ajuizar a presente:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E


MATERIAIS

Em face de BELGRADO CONSTRUTORA E


INCORPORADORA LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita
no CNPJ/MF sob o nº 77.555.444/0001-01, com sede na cidade de
Curitiba, Estado do Paraná, na Avenida Visconde de Guarapuava, 7275,
CEP 80.740-000, e-mail: não informado, e de Fabrício da Belgrado, corretor
de imóveis, pelos motivos de fato e de direito que passo a expor:

I – DOS FATOS

Conforme toda documentação apresentada, o autor juntamente


com sua esposa, em 17 de janeiro do ano corrente visitou stand de venda da
BELGRADO CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA, que divulgava o
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lançamento de um empreendimento denominado “EDIFICIO BARÃO DE
ITARARÉ”, demonstrando o interesse em adquirir um apartamento,
especificadamente o de número 602, pois sua metragem de área útil era pouco
maior que os demais, e mesmo sendo localizado aos fundos, tinha uma ótima
vista para o Parque Barigui.

Além das características atrativas que chamou atenção do casal,


que se interessou pela unidade, havia o fato do apartamento ser localizado muito
próximo a empresa de Hanibal, o que permitiria que o mesmo se deslocasse
entre cada e trabalho a pé, sem a necessidade de nenhum tipo de transporte,
fato esse de extrema relevância para a escolha deste empreendimento.

Na ocasião, foram atendidos por Fabrício, que se apresentou como


corretor da construtora, e a partir desta data, trocaram diversas mensagens por
WhatsApp tratando da negociação, conforme consta em anexo.

Foi combinado com o “corretor” algumas alterações na planta, isto


sem alteração de valores, e também demonstrado o interesse em uma vaga de
estacionamento diferenciada, maior e mais cômoda.

No dia 20/01/23, o Fabricio confirmou que seria possível a


alteração na planta do apartamento 602, conforme solicitado. Decidiram então
fechar o negócio em 30/01/23, também com a vaga pretendida, combinando
assim com Fabrício o retorno ao stand de vendas, para assinar o contrato de
compra e venda, e o pagamento do sinal no valor de R$30.000,00 (trinta mil
reais), a título de “Arras” o mais brevemente possível, sendo a forma de
pagamento combinado em cheque, pois de acordo com o Fabricio, já havia outro
cliente interessado nesta unidade.

A partir destas negociações, surgiu outro personagem, o Pablo,


outro corretor da incorporadora, e ao que tudo indica, chefe do Fabrício, para
tratar da negociação da pretendida vaga de garagem, sendo que este no primeiro
contato afirmou que não estava a par da tal negociação, mas mesmo assim,
solicitou um deposito para reserva da vaga, no valor de R$2.000,00, sem
maiores explicações.

Beatriz, esposa de Hanibal, ao tentar efetuar o deposito solicitado,


verifica que a conta informada pelo Sr. Pablo está em nome de CREDUZA, nome
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diferente da empreendedora a qual estavam fazendo a negociação, gerando
assim uma certa dúvida nela, e por zelo, decide não fazer sem antes confirmar
com Pablo se estavam corretos os dados que lhe enviou.

Tenta por diversas vezes contato com o Sr. Pablo, o que não obtêm
êxito, pois o mesmo não lhe dá retorno. Somente no dia seguinte consegue a
confirmação, que a conta informada realmente está em nome de CREDUZA, e
não da incorporadora Belgrado, o que, imediatamente após a confirmação, faz o
deposito dos R$2000,00 (dois mil reais) solicitado anteriormente pelo Sr. Pablo.

Feito o deposito, a mesma é informada, por Pablo que a vaga de


garagem já estava sendo vendida para outro cliente, pois não fez o deposito na
data correta, causando transtorno para os autores.

No dia 07/02/23 o autor foi informado por Fabricio que o cheque no


valor de R$30.000,00 (trinta mil reais) como sinal de negócio (Arras) pago no dia
anterior, não havia ainda sido depositado, conforme o combinado, mas precisava
que o Sr. Hanibal comparecesse naquele dia assinar a proposta de compra.

Dito isso, o Sr. Hanibal comparece a construtora Belgrado, para


assinar a proposta de compra do imóvel, que se encontra anexada
à petição inicial, assim, de fato efetivando seu interesse de negociação.

No dia 13/02/23 o Sr. Hanibal entra em contato com Fabrício


informando que parte da documentação solicitada para financiamento do imóvel,
ficaria pronta somente no dia seguinte, e também informou que percebeu que a
proposta de compra foi datada com o dia 06/02/23, sendo que esta data foi o
pagamento das arras, tendo como resposta de seu questionamento que não
havia problemas nenhum quanto a esse detalhe, e que assim que fosse entregue
a documentação, levaria para a Belgrado para o aceite da proposta.

Em 14/02/23 foi assinado o aceite da proposta pela Belgrado, nos


termos e condições conforme em anexo, incluindo a vaga de garagem desejada
(301).

Os valores negociados em proposta de venda foram de


R$890.000,00 (oitocentos e noventa mil reais), sendo R$30.000,00 (trinta mil
reais) pago a título de arras, R$760.000,00 (setecentos e sessenta mil reais)

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através de financiamento imobiliário e R$100.000,00 (cem mil reais) a vista, em
até 10 dias após a emissão do “habite-se” do imóvel pela prefeitura, isso ainda
sem mencionar os R$2.000,00 (dois mil reais) depositados para reserva da vaga
de garagem.

Condicionado pelo Fabricio, o autor procurou o Banco Tunis para


dar entrada no processo de financiamento, pois de acordo com o corretor, o
banco Tunis é parceiro da Belgrado incorporadora, e facilitava o financiamento
por conhecer a incorporadora Belgrado e o projeto do condomínio Barão de
Itararé.

Em 17/02/23, Hanibal recebe um e-mail do banco, assinado por


Gabriel, gerente de financiamento, informando que sua solicitação foi negada,
pois devido alterações no projeto, o valor solicitado inicialmente corresponde a
mais de 75% do valor atribuído ao apartamento naquele momento.

De posse dessa informação, e por solicitação de Gabriel, Hanibal


entra em contato com o Sr. Pablo, para esclarecimentos de qual alteração foi
feita que causasse tal desvalorização, o que em primeiro momento, negou
qualquer alteração que pudesse causar desvalorização do imóvel, pelo contrário,
o imóvel estava ainda mais valorizado.

Também por meio de ligação informou que para aumentar as vagas


de garagem, decidiram colocar o salão de ginastica dentro do prédio,
especificadamente, no andar do apto. 602.

Em 24/02/23, Pablo informa aos compradores, que precisam


buscar outro financiamento, pois o banco Tunis só liberaria R$400.000,00,
informação essa que foi confirmada pelo gerente de financiamento do Banco
Tunis, Gabriel Santos.

A desvalorização do empreendimento, de acordo com o Hanibal,


se dá pelo fato que em seu projeto original tratava-se de um prédio bastante
exclusivo, com 6 andares de dois apartamentos por andar, sala de ginastica
externa ao lado da piscina, e a construtora para aumentar o número de vagas de
garagem, reduziu o apartamento 601 em 36m², e também 6m² de área comum
no sexto andar, transferindo para esse andar a sala de ginástica, o que, embora
não afetando diretamente o apartamento 602, adquirido pelo Sr. Hanibal, o
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desvaloriza, pois a porta do apartamento que é voltada para o elevador tornou-
se um local de passagem para todos os moradores do prédio que se dirigem a
sala de ginástica, sendo esse, o raciocínio do Banco Tunis.

Preocupado com o prazo, Sr. Hanibal procura Fabricio, informando


que devido a negativa do bando Tunis, e ter que procurar outro banco para
financiamento, acreditaria que não conseguiria até 01/03/23 a formalização da
negociação, sendo tranquilizado por Fabricio, garantindo que isso já aconteceu
outras vezes, e iria segurar a formalização por mais 10 dias. Segue a transcrição
da conversa, entre o Sr. Hanibal e o Sr. Fabricio, para deixar claro os fatos:

Data: 24/02/2023 - Hanibal Barca: A tua ideia de ir no Banco Tunis


me ferrou a vida. Eles recusaram o financiamento. Já estou entrando
em contato com outro Banco. Mas não sei se consigo antes do dia 1º
de março. E agora?
Data: 24/02/2023 - Fabrício da Belgrado: Acho que o Banco Tunis
ainda vai reconsiderar. Mandamos documentos para eles, explicando
a alteração. De qualquer maneira não tem problema nenhum o senhor
atrasar um pouco a assinatura do Compromisso de Compra e Venda.
Isso já aconteceu outras vezes. A Belgrado quer é cliente bom como o
Sr.. Deixa que eu seguro isso por mais uns 10 dias, tranquilamente.
Data: 24/02/2023 - Hanibal Barca: Até 10 ou 11 de março?
Data: 24/02/2023 - Fabrício da Belgrado: Sim. Não perca seu sono.

Diante desses fatos, após toda a confusão, o Sr. Hanibal foi


procurar outro financiamento, o qual já estava em fase final para autorização,
quando em 03/03/23 foi informado pelo Sr. Hermenegildo, um dos gerentes da
Belgrado, que não bastava conseguir o financiamento, pois a proposta de
compra e venda já estava vencida desde do dia 01/03/23 conforme clausula 3°,
parágrafo 3° da proposta de compra e venda.

CLÁUSULA TERCEIRA:...
Parágrafo terceiro: Caso venha a ser aceita esta proposta de compra,
o COMPRADOR obriga-se a assinar o Compromisso Particular de
Compra e Venda do Imóvel, para completa formalização da
negociação, no prazo máximo de 15 (quinze) dias contados da data de
assinatura da proposta pela VENDEDORA, manifestando o aceite. O
valor pago a título de sinal de negócio será amortizado do preço total,
a ser pago nas condições indicadas na presente proposta e conforme
o compromisso de compra e venda assinado pelas Partes.

Informa também ao Sr. Hanibal, que caso ainda tivesse interesse


em adquirir o apartamento, ele poderia sim garantir a venda, mas como as obras

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estavam de certa feita adiantadas, o valor havia mudado, passando a custar
agora R$1.000.000,00 (Um milhão de reais).

Desde então, o Sr. Hanibal, não recebe mais retorno da empresa


Belgrado, mesmo fazendo inúmeras tentativas de contato, não recebe retorno
algum.

A partir desses fatos, a empresa Belgrado ainda alega que o


corretor Fabrício, que iniciou toda a negociação, é autônomo, e não tem vínculo
empregatício com a empresa, não se responsabilizando por informações erradas
que o corretor passou, como desculpa para o cancelamento dessa proposta.

II – DOS DIREITOS

II.I - Da aplicação do Código de Defesa do Consumidor (CDC) na compra de


imóveis

A relação que foi estabelecida entre Autores e os Réus, não deixa


dúvida, que configura uma relação consumerista, pois tanto a empresa quanto o
corretor fazem da venda de imóveis sua atividade econômica de forma habitual
e rotineira. Código de Defesa do Consumidor em seu artigo 3º deixa essa
questão bem clara. À luz do artigo 3º inciso I, do CDC.

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,


nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços. § 1° Produto é
qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

O entendimento do STJ é que o Código de Defesa do Consumidor


acima citado aplica-se ao contrato de compra e venda de imóveis, desde que o
comprador seja o destinatário final (como é o caso). Assim sendo é possível a
aplicação do CDC, até mesmo em relação ao corretor imobiliário responsável
pela realização do negócio (REsp 1.087.225). Portando o que temos é uma
relação de consumo entre as partes, e a parte autor está amparada pela
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legislação, tendo em vista sua vulnerabilidade, tanto em relação a empresa
quanto ao corretor.

Uma vez verificado e comprovado a relação de consumo entre as


partes, a responsabilidade da parte Ré se torna objetiva e independe de
existência de comprovação de culpa, pela relação dos danos causados ao Autor
ainda que sejam morais. Conforma disciplinado do Código de Defesa do
Consumidor (CDC) em seu art. 12º, prevê o artigo:

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro,


e o importador respondem, independentemente da existência de culpa,
pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas,
manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
utilização e riscos.

Esse contrato de compra e venda, celebrado entre a parte Autor e


a parte Ré, e os documentos juntado nos autos (como as conversas do
WhatsApp ligações etc.), reconhece o serviço de corretagem feita pela
BELGRADO CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA e pela pessoa do
corretor Fabrício da Belgrado¸ que foi quem fez o primeiro contato com os
Autores ainda no stand de venda, e ainda atuou em toda a negociação. O Código
Civil disciplina em seu art. 723 quais são as obrigações do corretor. Provê a
redação do artigo:

Art. 723. O corretor é obrigado a executar a mediação com diligência


e prudência, e a prestar ao cliente, espontaneamente, todas as
informações sobre o andamento do negócio. Parágrafo único. Sob
pena de responder por perdas e danos, o corretor prestará ao cliente
todos os esclarecimentos acerca da segurança ou do risco do negócio,
das alterações de valores e de outros fatores que possam influir nos
resultados da incumbência.

Uma coisa que fica claro com o artigo é que o corretor não
prestou as informações sobre o andamento do negócio. Tento em vista a
RESOLUÇÃO – COFECI Nº 326/92 (Código de Ética) em seu “Art. 5º – O
Corretor de Imóveis responde civil e penalmente por atos profissionais danosos
ao cliente, a que tenha dado causa por imperícia, imprudência, negligência ou
infrações éticas.

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Dessa forma, fica claro que houve falhas em várias etapas da
negociação, como não informado a modificação a transferência da sala de
ginástica para o sexto andar, a insistência para fazer o financiamento no Banco
Tunis, e não citado sobre o prazo para a confirmação do financiamento bancário,
entre outros fatos já narrados.

II.II – Do Dano Material

A boa-fé objetiva consiste no respeito e cooperação mútuos. E


deve ser observada desde a origem do contrato, durante a sua execução, e
inclusive, após o seu término. A não observância da boa-fé objetiva ou a
deslealdade, conforme observado no caso concreto, configura em última
instância um ato ilícito, uma vez que é considerado abuso de direito, de acordo
com o disposto no art 187, do CC. Visto que a construtora fez alteração no
imóvel, alterando a sala de ginástica do térreo para o 6º pavimento, o que fez
com que o apartamento que o senhor Hanibal estava adquirindo perdesse valor.
Assim sendo, a boa-fé objetiva foi quebrada pela Construtora, a qual deu causa
rescisão do contrato.

Importante informação diz respeito a cláusula abusiva onde a


construtora fixa o prazo de quinze dia corridos para que o Sr. Hanibal finalize a
aquisição de um financiamento imobiliário. Conforme inciso IV do artigo 51, do
Código de defesa do Consumidor, são nulas as cláusulas que estabelecem
obrigações abusivas ou em desvantagem exagerada ao consumidor, conforme
abaixo:

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas


contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;

Novamente, fica clara a quebra da boa-fé da construtora em


relação ao consumidor, onde claramente é observado que o descumprimento do
acordo entre as partes foi feito pela construtora.

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O termo "sinal", vulgarmente chamado pelo senso comum, na
verdade, é para o Direito Civil o instituto das arras confirmatórias. As arras têm
natureza jurídica de contrato acessório, têm a finalidade de garantia do
cumprimento do contrato, visto que servem para confirmar e tornar obrigatório
àquilo que foi avençado entre as partes em sede de negócio jurídico.

Haja vista, o fato de que o réu alterou o projeto apresentado para o


autor, alterando não só o local da área de ginástica como também a metragem
do apartamento, conforme é comprovado pelos documentos anexos nos autos.
O Código Civil traz o regramento aplicável ao instituto das arras confirmatórias e
dispõe que se a parte que recebeu o sinal (arras) não executar o contrato, a outra
parte inocente poderá exigir a devolução do valor pago a título de arras mais o
equivalente, com a devida atualização monetária segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, juros e honorários advocatícios, de acordo com o
art 418, do CC. E, a parte inocente poderá ainda pleitear e pedir indenização
suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima,
segundo o art 419, do CC. Isto posto, deve ser restituído o montante auferido
indevidamente mais o equivalente, feita a atualização e correção monetária.

De todo evento acerca da negociação, resultam danos materiais da


ordem de R$64.000,00 (sessenta e quatro mil reais), conforme documentação
anexa, que requer, seja ressarcido integral e monetariamente corrigidos, desde
a data do evento.

II.III - Do Dano Moral

A Constituição Federal vigente deu grande relevo ao aludido direito,


assim sendo, guindou ao rol do artigo 5º a proteção da honra e da intimidade,
assegurando o direito de reparação por dano moral e/ou material decorrente de
sua violação, como bem jurídico da mais alta relevância.

A doutrina traz como dano moral aquele imaterial, é o dano que


afeta de forma direta a saúde psíquica da vítima, ou seja, uma conduta ilícita
causa a determinada pessoa um grande sofrimento psicológico e físico que

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supere o razoável ou o mero dissabor, em muitos casos levando à vítima a
patologias como depressão, síndromes, bloqueios, entre outros.

Com isso podemos perceber que para os Autores não foi só um


mero aborrecimento, pois houve muito desgaste psicológico e o medo de perder
o valor já investido, e ainda não conseguir o apartamento desejado.

Quando tratamos da aquisição de um apartamento próprio,


estamos falando de um sonho, e que nesse caso os recursos utilizados para a
realização deste, vem de muitos anos de trabalho e esforços, além de todo o
sofrimento em relação ao financiamento.

Os Autores, se não bastasse todo o desgaste provocado pela


incorporadora e seus representantes, descobrem pelo gerente do Banco que o
apartamento dos sonhos desvalorizou antes mesmo de finalizar a obra, e ainda
vai ficar ao lado da sala de ginástica, algo que tira todo o interesse em ficar com
o apartamento, pois o que eles procuram era um lugar calmo e sossegado.

Os autores têm o direito a reparação do dano, que tem seu respaldo


no Código de Defesa do Consumidor (CDC), sendo que já se comprova a relação
de consumo. O CDC, prevê em seu art. 6º “São direitos básicos do consumidor:
VI a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos e difusos. ”; ainda o Código Civil em seu art. 927, caput, normatiza que:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado
a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

O ato ilícito que o artigo cita está previsto no mesmo diploma em


seu art. 186. “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito. ”

Considerando com isso não há como mensurar um valor a título de


dano moral, nem mesmo estabelecer o preço da frustração sofrida pelos autores,
sendo esta impagável, mas pretende-se sim, uma compensação pelo dano
sofrido, um consolo pelo dano, bem como uma punição ao ofensor para que não

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mais atue daquela maneira, levando em consideração o extenso dano causado
aos Autores, tento em vista os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade
que são norteadores do ordenamento jurídico, ou seja que haja uma equilibro
entre o dano sofrido pela vítima e o prejuízo causado pelo autor do dano, e como
já exposto que os Autores da ação possuem o direito a reparação do dano moral.

III - DOS PEDIDOS

Diante ao exposto requer:

a) A citação da ré na forma da lei, para querendo, contestar à


presente ação no prazo legal assinalado, sob pena de não o fazendo, serem os
fatos considerados verdadeiros (art.341 CPC);

b) A total procedência da ação nos termos da inicial, com a


condenação da requerida ao pagamento de indenização a título de Dano Moral
pelos transtornos, dissabores e inconvenientes sofridos, em quantia não inferior
a R$32.000,00 (Trinta e dois mil reais), valor igualitário ao que o autor pagou a
título de Arras e reserva de garagem;

c) A devolução em dobro dos valores indevidamente pagos no valor


de R$64.000,00 (Trinta e dois mil reais), com juros e correção monetária a contar
da data do evento;

d) Seja decretada a inversão do ônus da prova nos pontos os quais


Vossa Excelência necessitar de maiores esclarecimentos se estes estiverem
foram do alcance do autor (por regra de procedimento), nos termos do artigo 6º,
inciso VIII do Código de defesa do Consumidor;

IV- VALOR DA CAUSA:

Dá-se a causa o valor de R$ 96.000,00 (noventa e seis mil reais).

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Termos em que, pede deferimento.

______________________________ ______________________________
Dr. Derli Pinto de Souza Junior - RU: 1783992 Dra. Gabriela Cyrne Braga Ferreira – RU 972974

______________________________
Dr. Gustavo Ferreira – RU 3632244

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