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PROJUDI - Processo: 0001508-02.2019.8.16.0193 - Ref. mov. 257.

1 - Assinado digitalmente por Claudia Harumi Matumoto:12223


21/09/2022: JULGADA IMPROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença - improcedência - contestada - líquida

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - FORO REGIONAL DE COLOMBO
1ª VARA CÍVEL DE COLOMBO - PROJUDI
Avenida João Batista Lovato, 67 - Centro - Colombo/PR - CEP: 83.414-060
Autos nº. 0001508-02.2019.8.16.0193

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJTJB PT4YG 4CVZK U6TFB


Processo: 0001508-02.2019.8.16.0193
Classe Processual: Procedimento Comum Cível
Assunto Principal: Imissão
Valor da Causa: R$26.268,38
Autor(s): WILSON CHIORATTO (CPF/CNPJ: 028.056.699-91)
Rua Comendador Roseira, 362 - Prado Velho - CURITIBA/PR - CEP: 80.215-210
Réu(s): NELCI PADILHA (RG: 95735061 SSP/PR e CPF/CNPJ: Não Cadastrado)
Rua Colômbia, 50 - Rio Verde - COLOMBO/PR - CEP: 83.405-310

RENILSON PADILHA GRUBER (CPF/CNPJ: 090.235.319-57)


Rua Colômbia, 50 casa - Rio Verde - COLOMBO/PR - CEP: 83.405-310

ROBERTA APARECIDA GRUBER (CPF/CNPJ: 094.207.669-93)


Rua Colômbia, 50 - Rio Verde - COLOMBO/PR - CEP: 83.405-310

ROBERTO CARLOS GRUBER (RG: 58780510 SSP/PR e CPF/CNPJ: 828.608.159-53)


Rua Colômbia, 50 - Rio Verde - COLOMBO/PR - CEP: 83.405-310

I-RELATÓRIO

WILSON CHIORATTO ajuizou a presente demanda reivindicatória em face de ROBERTO CARLOS GRUBER, NELCI
PADILHA, ROBERTA APARECIDA GRUBER e RENILSON JOSÉ PADILHA GRUBER, já qualificados, objetivando, em
síntese, que os réus, após a qualificação por oficial de justiça, sejam compelidos a restituir o imóvel objeto da
matrícula nº 9.207 do CRI de Colombo, adquirido pelo autor em 27/04/1979, bem como os frutos percebidos, a
ser apurado em liquidação de sentença. Em sede liminar, requereu a expedição de mandado de imissão na
posse. Juntou documentos.

À seq. 9.1 foi determinada a emenda da inicial, o que foi cumprido à seq. 12.

A inicial foi recebida à seq. 14.1, entretanto, indeferido o pedido de tutela de urgência. Na ocasião, foi
determinada a citação dos ocupantes do imóvel, através de mandado, ao fim de que sejam qualificados pelo
Oficial de Justiça, bem como deferido o benefício da gratuidade processual.

O mandado restou positivo à seq. 39.1, assinado pela pessoa de ROBERTA APARECIDA GRUBER, no entanto,
não houve a qualificação conforme determinado na inicial.

A audiência de conciliação/mediação restou infrutífera, ocasião em que compareceram as pessoas de Roberta,


Roberto e Renilson Gruber, bem como Nelci Padilha.

À seq. 44.1, os ocupantes ROBERTO, NELCI, ROBERTA e RENILSON apresentaram contestação, requerendo,
preliminarmente, sua qualificação nos autos, ao fim de compor o polo passivo, bem como a concessão de
justiça gratuita. No mérito, alegam, em síntese, que residem no imóvel há mais de 20 (vinte) anos, como se
proprietários fossem; que desconhecem qualquer tipo de contato com o requerente e que fazem jus à aquisição
do imóvel, ante o lapso temporal decorrido.

Em sede de reconvenção, os réus-reconvintes formularam pedido de usucapião do imóvel, pugnando pela


citação dos confrontantes, interessados e demais diligências inerentes ao procedimento. Juntaram documentos.

Réplica e contestação à reconvenção à seq. 47.1.


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21/09/2022: JULGADA IMPROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença - improcedência - contestada - líquida

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Instados a especificação de provas, a parte ré pugnou pela produção de prova documental, oral e pericial (seq.
53.1), enquanto a parte autora requereu a produção de prova documental e oral (seq. 54.1).

Saneado o feito à seq. 56.1, não fora recebida a reconvenção e fora deferida a prova oral.

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Termo de audiência à seq. 237.1.

Alegações finais às seqs. 243.1, 244.1 e 247.1.

Vieram os autos conclusos.

Eis o sucinto relatório. Decido.

II - FUNDAMENTAÇÃO

Em atenção ao munus decorrente dos artigos 337, §5º e 332, §1º, todos do CPC, não vislumbro a ocorrência de
quaisquer preliminares ou prejudiciais de mérito.

Portanto, presentes as condições da ação e os pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e regular


do processo, possível adentrar ao exame do mérito da lide.

Do pedido reivindicatório:

Alega a parte autora que adquiriu o imóvel objeto da matrícula nº 9.027 do CRI de Colombo, entretanto, este
está sendo ocupado indevidamente pela parte ré por aproximadamente 20 (vinte) anos.

Pois bem.

Da detida leitura dos autos, nos termos dos artigos 1.208 e 1.228, ambos do Código Civil, temos que a parte
autora logrou êxito em comprovar que adquiriu o imóvel em questão, conforme se depreende do último registro
constante na matrícula carreada na seq. 1.7.

Em relação à posse da parte ré, necessário se faz analisar a prova oral produzida nos autos.

Em sede de prova oral, tomado o depoimento da parte autora à seq. 238.1, esta informou que é proprietário do
imóvel em questão há cerca de 20 (vinte) anos; que tem ciência que o réu mora no imóvel há 20 (vinte) anos;
que tomou providência para que o réu saísse do imóvel; que os impostos estão em dia; que possui escritura do
bem; que a Sra. Jussara, o Sr. Valdecir e o Sr. Alcione são seus sobrinhos; que o Sr. Marcos é casado com sua
sobrinha; que o réu invadiu o terreno; que contratou um advogado para entrar com a ação cabível; que foi no
terreno acompanhado do advogado e que o réu não quis assinar a notificação.

Ouvida a testemunha Jussara, na qualidade de informante à seq. 238.2, esta relatou que tem ciência de que o
autor tem há muitos anos o imóvel em discussão; que teve ciência da invasão cerca de três anos atrás; que
procuraram nova advogada; que tentaram acordo com os ocupantes; que não teve processo anterior para
reaver o imóvel; e que não sabe se o autor firmou contrato com o antigo advogado.

Ouvida a testemunha Valdocir, na qualidade de informante à seq. 235.3, esta relatou que o autor possui o
terreno desde os anos 2000; que no ano de 2006/2007 foi no imóvel para ajudar o autor a reaver o bem; que o
autor contratou advogado; que o autor acreditava que o antigo advogado tinha dado entrada no processo; que
não obteve contato com as pessoas que moram no bem, pois nunca foi atendido; e que tem uma casa de
alvenaria no terreno.

Ouvida a depoente Alcione, na qualidade de informante à seq. 238.4, esta relatou que o autor é proprietário do
imóvel há cerca de 20 anos; que o Sr. Roberto reside no imóvel atualmente; que na época havia uma casa de
madeira; que o réu informou que havia comprado o terreno; que não sabe se houve notificação; e que o autor
foi até uma delegacia na época.
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Ouvida a testemunha Antônio à seq. 238.5, esta informou que acredita que o imóvel é do réu Roberto; que
desconhece que alguém tenha reivindicado o bem; e que sabe que no terreno há uma casa mista.

Ouvida a pessoa de Pedro, na qualidade de informante à seq. 238.6, esta informou que o réu mora no terreno
há cerca de 25 (vinte e cinco) anos; que acha que o réu é o dono do bem; que a casa é mista; que os réus

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trabalham, sendo a Roberta do lar; e que a casa tem cerca de 100m².

Por fim, ouvida a testemunha Maria à seq. 238.7, esta relatou que o réu age como proprietário do terreno; que
desconhece outro proprietário; que no terreno tem uma casa e uma meia água; que desconhece o autor e seus
sobrinhos; que ouviu comentários de vizinhos sobre a reivindicação do bem; que os réus trabalham, com
exceção da Roberto; e que a casa é mista.

Da detida leitura dos autos e da prova oral produzida, nos termos dos artigos 1.208 e 1.228, ambos do Código
Civil, temos que a parte autora não preenche os requisitos para que faça jus à imissão na posse. Em verdade,
restou devidamente comprovado que os requeridos de fato são possuidores do bem imóvel objeto da presente
lide por um prazo superior a 20 (vinte) anos.

Mediante a prova produzida nos autos foi comprovado que os requeridos possuem o imóvel com animus domini,
tendo inclusive fixado residência no imóvel desde 1998/1999 (v. contas de luz à seq. 44.11). Também ficou
comprovado que, aos olhos dos vizinhos do imóvel, os réus eram os legítimos proprietários do imóvel.

Deste modo, uma vez que não houve qualquer comprovação, pela autora, da existência de esbulho possessório
praticado pelos réus, não há que se falar na procedência da demanda reivindicatória.

Neste ponto, em pese a alegação do autor de que contratou advogado a fim de reaver o bem, deixou de
comprovar a propositura de qualquer demanda para este fim, inclusive, tendo a informante Jussara relatado
que não houve processo anterior para reivindicação do terreno (seq. 238.2).

No mesmo sentido, consigna-se entendimentos dos e. TJPR e TJMG:

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. PEDIDO JULGADO PROCEDENTE. CONVERSÃO EM PERDAS E


DANOS. USUCAPIÃO ALEGADA COMO MATÉRIA DE DEFESA. TESE ACOLHIDA. REQUISITOS DA USUCAPIÃO
EVIDENCIADOS. COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE POSSE MANSA, PACÍFICA, COM ANIMUS DOMINI, SEM
OPOSIÇÃO E PELO PERÍODO NECESSÁRIO. POSSE INJUSTA NÃO COMPROVADA PELA PARTE AUTORA. REQUISITO
AUSENTE PARA O DEFERIMENTO DA REIVINDICATÓRIA. INVERSÃO DA SUCUMBÊNCIA. RECURSO PROVIDO”.
(TJPR - 18ª C.Cível - AC - 1525540-6 - Clevelândia - Rel.: Espedito Reis do Amaral - Unânime - - J. 07.12.2016)

“APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO REIVINDICATÓRIA - PROPRIEDADE DA APELANTE COMPROVADA POR INSTRUMENTO


CONTRATUAL LEVADO A REGISTRO - EXCEÇÃO DE USUCAPIÃO - REQUISITOS DEMONSTRADOS - POSSE MANSA
E PACÍFICA - ANIMUS DOMINI - IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
SUCUMBENCIAIS - FIXAÇÃO CORRETA. 1. A ação reivindicatória é ação de cognição plena que compete ao
proprietário que deseja obter a posse da coisa sobre a qual possui domínio. 2. Tendo sido levantada exceção de
usucapião, na espécie extraordinária, a discussão sobre a existência de justo título é irrelevante, uma vez que a
espécie de usucapião requerida não exige sua comprovação, conforme artigo 1.238 do Código Civil . 3. Embora
a apelante tenha comprovado seu domínio sobre o imóvel, conforme registro imobiliário, os apelados
demonstraram ter cumprido todos os requisitos exigidos para declaração da usucapião, em data anterior, razão
pela qual a eles deve ser atribuída a proteção da propriedade. 4. A fixação dos honorários advocatícios
sucumbenciais deve observar o grau de zelo do profissional; o lugar de prestação do serviço; a natureza e a
importância da causa; o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço, não se fazendo
devida qualquer alteração quando não se constatar que a verba fixada não é excessiva e nem aviltante. 5.
Sentença mantida”. (TJMG; Processo AC 10059130007947001 MG; Orgão Julgador Câmaras Cíveis / 15ª
CÂMARA CÍVEL; Publicação 09/06/2017; Julgamento 23 de Maio de 2017; Relator José Américo Martins da Costa)

Portanto, não estando demonstrado a existência de posse injusta dos requeridos, não resta alternativa senão a
improcedência dos pedidos formulados nesta "ação reivindicatória".
PROJUDI - Processo: 0001508-02.2019.8.16.0193 - Ref. mov. 257.1 - Assinado digitalmente por Claudia Harumi Matumoto:12223
21/09/2022: JULGADA IMPROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença - improcedência - contestada - líquida

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III – DISPOSITIVO

Diante do exposto, com fundamento no artigo 487, inciso I, do CPC, JULGO IMPROCEDENTES os pedidos
formulados na inicial, resolvendo o mérito e julgando extinta a demanda.

Diante da sucumbência sofrida, condeno a parte autora ao pagamento integral das custas e despesas

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processuais, bem como dos honorários advocatícios devidos em favor do procurador da parte ré.

Quanto aos honorários advocatícios, os fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado dado à causa,
atendendo ao disposto no artigo 85, §2º, do CPC, haja vista o alto grau de zelo do procurador da parte ré, a
singeleza da causa, razoável duração da lide (2019) e necessidade de dilação probatória.

Em sendo o caso, observe-se a Lei nº 1.060/50.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Transitada em julgado e, em nada mais sendo requerido, arquivem-se os autos com as cautelas de praxe,
observando-se as Portarias em vigor nesta Serventia, bem como o CN, no que couber.

Colombo, data da assinatura digital.

Claudia Harumi Matumoto

Juíza de Direito

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