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QUESTÕES APLICADAS NA SEGUNDA AVALIAÇÃO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E

CONTRATOS – ANO LETIVO 2022

1) No ano de 2019, ao iniciar a construção de Shopping Center na cidade de Paranavaí – PR e para atrair
potenciais lojistas, a empresa PLAENGE S/A. (administradora do shopping) indicou a presença das Lojas
Americanas S/A., Cineflix e McDonald´s como lojas-âncoras. Com isto, a partir do ano de 2021, vários
micros e pequenos empresários passaram a aderir à proposta de locação de espaços no estabelecimento,
motivados principalmente pelas lojas-âncoras prometidas. A inauguração está prevista para 01/07/2023, mas
na data de hoje (03/02/2023) a administradora de Shopping realizou comunicação pública que no dia
01/02/2023, foi notificada pela empresa Lojas Americanas S/A. que ela não se instalará mais no referido
estabelecimento, por encontrar-se em regime de recuperação judicial. Isto posto, avalie e esclareça com
fundamentos jurídicos adequados, se a situação que se apresenta é razão suficiente para os empresários
rescindirem unilateralmente os contratos de locação de lojas que celebraram com a administradora.

2) No dia 01/08/2022, exercendo o direito de preferência de locatário que residia no imóvel desde 01/12/2021,
Carlos comprou e tornou-se o proprietário de uma casa na Rua Treze de Maio, no Bairro Alto da Cruz, na
cidade de Ouro Preto – MG.
E no dia 08/01/2023, em razão uma semana de chuvas intensas que
encharcaram o solo, abriu-se uma cratera com 14 metros de comprimento
e 6 metros de altura que engoliu a área de serviço e deixou o restante do
imóvel com trincas nas paredes, que recomendam a demolição parcial da
casa. Com isto, revelou-se que no subsolo da casa existia uma mina que
estava abandonada desde o século 18.

Aliás, em 05/02/2022 já tinha ocorrido o mesmo com outra casa localizada


no mesmo bairro.

Pelo que foi exposto, com fundamentos jurídicos adequados esclareça


sobre os direitos que Carlos poderá exercer em relação ao vendedor.

3) Por acordo de divórcio homologado judicialmente no ano de 2020, estabeleceu-se que para o futuro Paulo
manteria contratos de seguro de vida nos quais deveriam ser nomeados como beneficiários os filhos Sérgio
(23 anos) e Catarina (21 anos), nascidos na constância do casamento que ele manteve com Sara.
Mas depois de contrair um novo casamento em 10/12/2022, agora com Rita, a mulher com quem ele
manteve uma relação extraconjugal durante os últimos três anos em que foi casado com Sara, Paulo
procedeu uma nova indicação de beneficiário do seu seguro de vida, que passou a ser a filha que teve com
Rita: Eduarda (3 anos). Com isto, fez excluir deste benefício os filhos do primeiro casamento.
Sendo assim, avalie e esclareça com fundamentos jurídicos adequados, se é admissível o acolhimento
judicial de uma Ação de Anulação de designação de beneficiário de seguro de vida.
4) Em 01/06/2021, a Loteadora Açaí (promitente compradora) celebrou com o casal João e Maria (promitentes
vendedores) um compromisso de compra e venda de imóvel urbano do tamanho de dez alqueires do Norte,
localizado no município de Marabá – PA, contemplando na cláusula segunda que parte do pagamento pela
compradora seria em dinheiro e no valor de seis milhões de reais, sendo uma entrada à vista e outras duas
parcelas semestrais, com valores iguais. O objetivo da aquisição do imóvel era a implantação de um
loteamento urbano e a oferta de lotes à venda para trabalhadores atraídos pelo “Projeto Ferro Carajás”, da
empresa de mineração Companhia Vale do Rio Doce - Vale S/A. E na cláusula terceira do contrato, ficou
estabelecido que outra parte do pagamento seria pela transferência para João e Maria, da propriedade de 20
(vinte) lotes comerciais no mesmo loteamento. Para cada lote foi atribuído o valor de R$ 150.000,00 (cento e
cinquenta mil reais – totalizando três milhões de reais) e que as escrituras públicas seriam lavradas a partir
do registro do empreendimento imobiliário no Registro de Imóveis. Este registro ocorreu em 01/09/2022.
Contudo, em 10/07/2022, depois de terem recebido o valor total dos pagamentos em dinheiro, João e Maria
faleceram em um acidente de trânsito. Com a morte destes, os filhos Ricardo e Teresa procederam a abertura
de inventário judicial. Com o levantamento de informações sobre o espólio, identificou-se que lotes
idênticos aos indicados na cláusula terceira do contrato, estão sendo comercializados pelo valor de
R$ 100.000,00, em razão de problemas financeiros e ambientais na execução do “Projeto Ferro Carajás”
(com existência de Ação Civil Pública iniciada em abril de 2022, que promovida pelo Ministério Público
está restringindo as atividades deste Projeto), que contribuiu para a baixa atração de trabalhadores oriundos
de outras regiões do país.
Isto posto, com fundamentos jurídicos adequados avalie e esclareça a situação contratual que se apresenta
em relação a Ricardo e Teresa e indique se existe alguma possibilidade jurídica que possa favorecê-los.

OUTRAS QUESTÕES - USP

5) Durante dez anos, empregados de uma fabricante de extrato de tomate distribuíram, gratuitamente,
sementes de tomate entre agricultores de uma certa região. A cada ano, os empregados da fabricante
procuravam os agricultores, na época da colheita, para adquirir a safra produzida. No ano de 2023, a fabricante
distribuiu as sementes, como sempre fazia, mas não retornou para adquirir a safra. Procurada pelos agricultores,
a fabricante recusou-se a efetuar a compra. Com argumentos e fundamentos jurídicos adequados, oriente os
produtores rurais sobre seus direitos.

6) Tendo em vista o diálogo abaixo reproduzido, qualifique as declarações de vontade proferidas por A e B,
durante certa negociação voltada à alienação de dado automóvel:
A: Compro o seu automóvel por R$ 20.000,00.
B: Não o vendo por menos de R$ 30.000,00.
A: Que tal R$ 28.000,00, mais a revisão de 10.000 km?
B: R$ 29.000, então, com a revisão de 10.000 km.
A: Tudo bem, mas o carro me deve ser entregue amanhã.
B: De acordo, desde que o pagamento seja feito no ato.

7) Por meio de carta registrada enviada em 3 de julho, A propõe a B a venda de certo estoque pelo valor de R$
10.000. Nessa mesma correspondência, A afirma que sua proposta surtirá efeitos pelo prazo de 10 dias.
A correspondência é recebida por B em 5 de julho. Nessa mesma data, B responde a A, igualmente por meio de
carta registrada, para externar sua aceitação. Tal resposta é postada no dia seguinte e chega ao conhecimento de
A dois dias mais tarde, em 8 de julho.
No dia 7 de julho, todavia, A celebra contrato com C, por meio do qual se obriga a lhe alienar o mesmo
estoque pelo valor de R$ 12.000.00. Recebida a resposta da B no dia seguinte, A prontamente o
informa a respeito do negócio concluído com C. B então consulta um advogado para verificar que medidas
pode tomar diante de tais fatos. Quid iuris?

8) Para bem organizar a aquisição dos produtos que revende, dada rede de supermercados solicita ao seu
departamento jurídico que prepare uma minuta padrão, a ser subscrita por ocasião da celebração dos
contratos de compra e venda em que quotidianamente se engaja com seus parceiros comerciais
dedicados ao cultivo de hortaliças e legumes.
Com o propósito de tutelar os interesses da rede de supermercado, o departamento jurídico insere as seguintes
cláusulas na minuta padrão:
a) Os bens deverão ser entregues nas unidades especialmente indicadas no contrato. A
compradora se reserva o direito de modificar as unidades nas quais tais bens serão entregues,
desde que observado aviso prévio de ao menos 7 dias;
b) Os riscos de deterioração ou perecimento dos bens correm por conta do vendedor
até que os bens adquiridos pela compradora sejam revendidos ao consumidor;
c) Na hipótese de serem adquiridos lotes em que haja bens com vícios ocultos, a compradora
poderá rejeitar o lote por inteiro, sem prejuízo do direito de exigir o pagamento das perdas e
danos correspondentes; e
d) Em caso de atraso na entrega dos bens superior a 7 dias, a compradora poderá dar
o contrato por resolvido, sem prejuízo do direito de exigir o pagamento das perdas e
danos correspondentes.
Ciosa da legalidade da minuta padrão, a rede de supermercados decide submeter a minuta padrão preparada
pelo seu departamento jurídico a um escritório de advocacia.
Qual deve ser o juízo de tal escritório a respeito das cláusulas acima reproduzidas? Para responder à pergunta,
considere que a rede de supermercados somente se disporá a subscrever contratos com os vendedores que
aceitarem a minuta padrão em sua integralidade.

9) A, proprietário de um andar em conhecido edifício comercial, escreve em 10 de janeiro a B, para externar


seu interesse em vender o imóvel. B responde no dia 23 do mesmo mês, ocasião em que festeja a notícia e se
dispõe a pagar não mais que R$ 500.000,00. Nessa mesma oportunidade, B esclarece que precisará financiar
metade do valor, razão pela qual pede a A que aguarde ao menos 6 meses para fechar de vez o negócio.
Para assegurar a celebração do contrato, A solicita a seu advogado que elabore um instrumento particular
no qual seja prevista a obrigação de celebração da compra e venda, por escritura pública, no prazo de 6
meses, pelo preço de R$ 500.000,00, a serem pagos à vista, em lugar a ser oportunamente definido
pelas partes.
O instrumento é preparado, assinado por A e, em seguida, enviado a B, que, em 14 de fevereiro, também o
assina.
Três meses mais tarde, em 14 de maio, A recebe uma proposta de C, que oferece R$ 700.000,00 pelo mesmo
andar. A então entra em contato com B, para verificar se ele se disporia a igualar o preço proposto por C.
B responde a A que já se encontra em negociações avançadas com a instituição financeira para obter o
financiamento de R$ 250.000,00 e que ficaria muito frustrado se não fosse honrado o que foi entre eles
acordado em 14 de fevereiro.
A então consulta seu advogado para saber se pode celebrar o contrato proposto por C, sem correr o risco de
ser legalmente responsabilizado pelo descumprimento do que ajustou com B. O advogado responde
positivamente à consulta, ao esclarecer que o instrumento particular firmado em 14 de fevereiro é destituído
de valor legal, seja porque não se revestiu de escritura pública, seja porque ainda não havia sido acordado o
lugar do pagamento.
A resposta oferecida pelo advogado encontra respaldo no ordenamento jurídico brasileiro?

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