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Casos práticos de Direito das Obrigações – 3.

º ano – 2023

3.º GRUPO

Casos práticos sobre:


 Contrato a favor de terceiro
 Cláusula para pessoa a nomear
 Negócios unilaterais
 Gestão de negócios
 Enriquecimento sem causa

Exercício n.º 39

A – Contrato a favor de terceiro


Diga, fundamentando, se é verdade ou falso, que:
1. No âmbito de um contrato a favor de terceiro:
a) A adesão do beneficiário é desnecessária;
b) A modificação do conteúdo do contrato não é admissível;
c) Não é possível impor deveres a terceiro, mas (em regra) é lícita a atribuição de
ónus ao beneficiário;
d) O direito de terceiro tem fonte contratual;
e) O direito do beneficiário resulta de um negócio jurídico unilateral.

2. O direito do beneficiário adveniente da celebração de um contrato a favor de


terceiro:
a) Tem natureza creditícia;
b) Constitui-se imediatamente, com a celebração do contrato;
c) Nasce directa e automaticamente, com a constituição do contrato;
d) É sempre atribuído a título de liberalidade;
e) Tem carácter precário.

Exercício n.º 40

B – Contrato para pessoa a nomear:


Diga, fundamentando, se é verdade ou falso, que:
1. O contrato para pessoa a nomear:
a) Permite aos sujeitos ultrapassar obstáculos legais à utilização do instituto da
representação;

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b) É um mandato sem representação;
c) É um contrato celebrado em nome próprio, sob condição resolutiva;
d) É um contrato celebrado em nome alheio, sob condição suspensiva;
e) É uma figura contratual autónoma, com regime específico, legalmente
tipificada.

2. No contrato para pessoa a nomear, a declaração de nomeação do amicus:


a) Está sujeita ao regime da liberdade de forma;
b) É uma declaração recipienda;
c) Tem efeitos retroactivos;
d) Determina uma modificação subjectiva da relação contratual;
e) Determina, logo que seja eficaz, a constituição de um subcontrato.

Exercício n.º 41

C – Contrato a favor de terceiro. Contrato para pessoa a nomear

A dirigiu-se ao stand de automóveis de B e adquiriu por 16.000.000 Kwanzas, um vistoso


descapotável para C, sua namorada, ficando combinado que o carro seria entregue dois
dias depois na residência deste.

B vendeu ainda a A ou a quem este indicasse nos oito dias seguintes uma mota pelo
valor de 8.000.000 Kwanzas. De seguida A dirigiu-se à seguradora AAA para tratar dos
seguros dos veículos tendo aproveitado ainda para efectuar um seguro de vida no valor
de 40.000.000 Kwanzas indicando a namorada como beneficiária.

Considere as seguintes hipóteses autónomas:

1.ª Hipótese: B não entregou o automóvel. Na semana seguinte C deslocou-se ao stand


exigindo a entrega do carro, pretensão que B se recusou satisfazer.

2.ª Hipótese: Nessa mesma tarde, ao saber da atitude de a, C telefonou para o stand,
solicitando a B a montagem de um leitor de CD. Porém horas depois A e C tiveram uma
enorme discussão, razão pela qual, de imediato, A telefonou a B informando-o de que,
afinal, o carro ficava para si.

3.ª Hipótese: Assim que teve conhecimento do contrato entre A e B, C vendeu o carro
ao vizinho D, por 14.000.000 Kwanzas.

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Ao saber do sucedido A furioso telefonou logo a B, informando-o que ficava tudo sem
efeito, pelo que, horas depois B vendeu e entregou o descapotável a E.

4.ª Hipótese: Logo que teve conhecimento, C declarou a sua concordância com o seguro
efectuado mediante fax enviado quer a A quer à seguradora; horas depois casou com F
por quem se apaixonara perdida e subitamente.

5.ª Hipótese: B não entregou o carro, invocando que A lhe devia, havia um mês, a
6.000.000 Kwanzas que lhe emprestara por uma semana, e, ainda, que o cheque de
16.000.000 Kwanzas que recebera não tinha provisão.

6.ª Hipótese: B não entregou o descapotável alegando que, dias antes, adquirira um
esquentador avariado a C, que se recusava a efectuar a sua reparação ou substituição.

7.ª Hipótese: A e C morreram num acidente de viação, pelo que os herdeiros de ambos
exigem à seguradora o pagamento de 40.000.000 Kwanzas.

8.ª Hipótese: A procedeu de imediato ao registo da aquisição da mota a seu favor e dois
dias depois escreveu a B indicando G como adquirente.

9.ª Hipótese: Seis dias depois, A telefona a B, informando que a mota ficaria para H, que
lhe conferira poderes para adquirir em seu nome veículos motorizados.

10.ª Hipótese: No dia seguinte A escreve a B, informando de que a mota ficaria para I,
juntando uma declaração de concordância assinada por este. Porém posteriormente,
ambos se recusam a pagar 8.000.000 Kwanzas a B.

11.ª Hipótese: Oito dias depois A envia um fax a B informando de que a mota ficaria
para J; no dia seguinte entrega-lhe uma declaração de concordância assinada por este
último.

Caso prático n.º 42

Ricardo escreveu a Saladino nos seguintes termos: «Obrigo-me pela presente a pagar-
te Kz. 200.000 em troca de me entregares, até ao primeiro dia do jejum, um parecer
sobre a validade jurídica de um regulamento que autorize os docentes universitários a
punir com severidade alunos prevaricadores impenitentes.» No dia aprazado, Saladino
apresentou a obra, pedindo justa retribuição. Ricardo, porém, respondeu-lhe:
«Quatrocentos e cinquenta e sete, pazinho!»

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Saladino retorquiu: «És um cão infiel. Para mais, perdi com isto a possibilidade de fazer
outros pareceres, pelos quais me pagariam Kz. 500.000, além de ter comprado diversas
obras exclusivamente para melhor satisfazer o teu pedido, num montante de Kz.
1.000.000»
Quid juris?

Caso prático n.º 43

No âmbito dos negócios jurídicos unilaterais:


a) rege o princípio da tipicidade;
b) não se deve incluir a declaração unilateral de reconhecimento de dívida;
c) insere-se na oferta ao público;
d) o promitente, na promessa pública, pode, a todo o tempo, revogar a promessa;
e) a vinculação do promitente em relação aos que praticaram o facto, na
ignorância da promessa pública, não pode ser afastada por declaração
unilateral.

Caso prático n.º 44

1 – No âmbito da gestão de negócios:


a) a ratificação da gestão implica a sua aprovação,
b) a aprovação não acarreta ratificação da gestão;
c) a aprovação de uma gestão regular é irrelevante e desnecessária;
d) aprovação e ratificação da gestão têm diferentes domínios de aplicação, em
função do tipo de actos em que a actuação do gestor se consubstancia.

2 – O gestor de negócios deve:


a) pautar a sua conduta pelo interesse do dominus;
b) conformar-se com a vontade do dono de negócios;
c) prosseguir a vontade e o interesse do dono do negócio;
d) abster-se de actuar, em caso de desconformidade da vontade do dominus com
o seu interesse, excepto se conhecer a vontade real do dono de negócio;
e) actuar como o dominus o faria, e não de acordo com a conduta e exigível ao
homem médio.

3 – Na gestão de negócios:
a) representativa, pressupõe-se a existência de procuração;

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b) representativa, o gestor pratica actos (materiais ou jurídicos) em nome do
dominus;
c) não representativa, é inaplicável o instituto da ratificação.

Caso prático n.º 45

Estava a linda Inês posta em sossego, de seus anos colhendo o doce fruto, naquele
engano da alma, ledo e cego, que a Fortuna não deixa durar muito, quando um AVC a
pôs em coma prolongado. Pedro, seu sempre-noivo, decidiu impedir a desgraça de se
avolumar e tomou por isso as rédeas da vasta e verde quinta no município da Muconda,
que a súbita doença da menina deixara ao abandono e cujos portões e actividade Inês
sempre lhe franqueara. Por não ter acesso às contas bancárias da desditosa, ele próprio
foi dando o dinheiro necessário ao andamento da empresa: as culturas foram-se
fazendo, os credores foram sendo pagos, realizaram-se as benfeitorias necessárias, tudo
à custa de bom Pedro. E outros credores foram aparecendo, devido a algumas compras
a crédito celebradas pelo príncipe em nome da quase morta (a ela foram os valores
facturados, aliás), entre as quais a de um tractor todo XPTO.

É certo que, de entre as culturas feitas, a sementeira de mandioca era claramente


contrária ao que Inês sempre quisera. Não gostava do nome da coisa. Mas Pedro
observou judiciosamente que era na plantação da mandioca que o subsídio africano
mais frutificava. É certo também que a principesca prudência atrás demonstrada não foi
ao ponto de economizar nas benfeitorias: terá sido enganado pelos empreiteiros, que
lhe cobraram acima do justo preço. De resto, porém, tudo parecia não correr mal.

Eis senão quando Inês acorda de seu sono profundo e, regressada ao Mondego,
agradece escarninhamente a Pedro e manda-o passear.

O nobre e triste rapaz, algo desconsolado, exige todavia que a ingrata o reembolse de
tudo quanto gastara. E pretende ainda ser remunerado, que não é de borla que se tem
um gestor agrícola com MBA a tomar conta das couves. O vendedor do tractor também
gostava de haver o seu. Quid juris?

Caso prático n.º 46

Fernanda colecciona arte africana do século XIX. Estava ausente do país quando
apareceu no mercado certa estatueta que Fernanda com certeza gostaria de ter.
Heliodora, comerciante de arte, comprou a estatueta com a exclusiva intenção de a
entregar a Fernanda.

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Aliás, são raros os clientes com os interesses desta, com quem Heliodora não pôde
contactar antes da compra. O negócio foi feito por 200.000 Kz.

Ao regressar, porém, Fernanda comunica a Heliodora que não está disposta a pagar
aquele valor pela estatueta e muito menos estaria disposta a pagar a comissão de
20.000 Kz. que a comerciante pede. Quid juris?

Caso prático n.º 47

Ricardina e Sílvia construíram casas geminadas. Por erro grave dos electricistas,
aconteceu porém que a electricidade consumida nalgumas divisões de Sílvia procedia
da instalação de Ricardina, e foi esta que a pagou à EDEL. Nem Ricardina poderia
recusar-se a fazer o pagamento, nos termos das disposições legais relevantes. Terá
algum crédito sobre a vizinha?

Caso prático n.º 48

Jerónimo foi pescar para a ilha dos Padres, no Mussulo. Leopoldo queria fazer o mesmo,
mas, como não tinha barco nem lhe davam boleia, seguiu clandestinamente no barco
de Jerónimo. E com tanta sorte e eficiência que só foi descoberto já no fim da viagem
de regresso. Pode Jerónimo exigir-lhe o pescado?

Caso prático n.º 49

Efigénia pretendia pagar a renda de kz. 120.000 a Florinda, sua senhoria. Ao fazer o
pagamento — por transferência bancária, como sempre — Efigénia enganou-se a
escrever o NIB, de modo que o dinheiro foi parar à conta de Gertrudes. Coincidência das
coincidências, Efigénia devia Kz. 60.000 a Gertrudes! Quid juris?

Caso prático n.º 50

Dâmocles contratou Eliseu para varrer e lavar o pátio em volta do seu armazém.
Combinaram o preço de Kz. 16.000. Eliseu, por engano, varreu e lavou também o pátio
de Félix, por pensar que aquele espaço era ainda de Dâmocles. Só no fim do trabalho é
que se descobriu o lapso. Félix estava fora e, se tivesse assistido à coisa, nem teria
permitido a limpeza, porque dois dias depois seriam (e vieram a ser) descarregadas no
seu pátio várias carradas de areia e pedra destinadas a obras no armazém. Quid juris?

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Caso prático n.º 51

Segismundo, que é jóquei, pegou sem autorização no cavalo de Teobaldo e ganhou com
ele uma corrida, recebendo o prémio de Kz. 2.000.000. Quando devolveu o cavalo, este
estava bastante cansado e magoado nas patas. Teve de ser tratado para não adoecer, o
que ficou em cerca de Kz. 200.000. Que pretensões de Teobaldo teriam acolhimento
jurídico?

Caso prático n.º 52

Valéria furtou 10.000 m3 de água de uma conduta da EPAL, que usou na sua exploração
agrícola, em Viana. Suponha que a EPAL fornece água aos agricultores da zona a Kz. 100
por m3, sendo certo que nessa estação não houve qualquer falta de água no
abastecimento da EPAL. Que valor lhe deve Valéria?

Caso prático n.º 53

Xavier era possuidor de má fé de um terreno agrícola de Zulmira. Tratou de lá fazer um


furo de captação de água, que lhe saiu — materiais e mão-de-obra incluídos — por cerca
de Kz. 100.500. Este valor é bastante elevado, porque as empresas especialistas da zona
fazem o mesmo por cerca de Kz. 100.000. Mas a coisa correu bem, porque foi
encontrada muita água, que valorizou o terreno em mais de Kz. 2.000.000. Chegando
porém a triste hora de devolver o prédio a Zulmira, Xavier pretende ganhar qualquer
coisinha com o furo. Quanto?

Caso prático n.º 54

Suponha agora, no caso anterior, que Zulmira tinha recebido o terreno por doação
ignorando em absoluto a origem do furo e sem que o doador dele tivesse conhecimento.
E Xavier tinha abandonado o terreno antes dessa doação. Quando Zulmira tomou conta
do sítio, destruir o furo foi uma das primeiras coisas que fez, para alargar a casa ali
existente. Aparece agora Xavier a pedir uma «indemnização». Quanto?

Caso prático n.º 55

Por lapso seu, António entregou à Boncentrados de Bomate, SA., mais duas carradas de
tomate do que esta lhe havia comprado. Os administradores da BB aperceberam-se da
coisa, não tocaram no tomate a mais e deixaram-no nos depósitos à espera que António
aparecesse. É claro que, quando António deu pelo lapso, já o tomate se tinha tornado

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imprestável para consumo. Naquela zona, as carradas de tomate vendem-se a Kz.
100.900, mas António produ-las a menos de Kz. 100.000, por os seus terrenos serem
muito férteis. Quid juris?

Caso prático n.º 56

Adérito fotografou de avião o bonito palácio de Belmira. Gastou cerca de Kz. 400.000
com o voo e as fotografias, mas vendeu-as a uma revista por Kz. 2.000.000. Quid juris?

Caso prático n.º 57

Asdrúbal fez reparações na casa de Belarmino, que lhe pagaria por isso Kz. 6.000.000. A
casa valia Kz. 30.000.000 e passou a valer Kz. 40.000.000 após as reparações. Belarmino
nunca pagou a Asdrúbal. Aliás, Belarmino também não conseguiu pagar a sua dívida de
Kz. 40.000.000 ao banco CCC, que tem, como garantia, uma hipoteca sobre a casa de
Belarmino. CCC promoveu a penhora e venda judicial da casa, por Kz. 40.000.000,
conseguindo pagar-se integralmente. Não há, porém, outros bens no património de
Belarmino, e Asdrúbal pretende exigir Kz. 6.000.000 ao banco, pois só à sua custa se
valorizou a casa em Kz. 10.000.000. Quid juris ?

Caso prático n.º 58


O caso dos rissóis caros
O ladrão L furtou rissóis da mercearia de M, comendo-os já fora da loja ainda antes de
ser descoberto. Os rissóis são comprados por M a T, a Kz. 200. Naquela zona, muitas
mercearias compram desses rissóis a T. M vende-os a Kz. 400. Todos os outros
merceeiros os vendem a Kz. 240. M não tem quaisquer despesas com os rissóis além do
preço por que os paga. O furto de L não afectou as vendas de M, já que houve rissóis
suficientes para todos os clientes interessados, até à reposição do stock, e o próprio L
não os compraria. Quid juris?

Caso prático n.º 59

Antónia estava em casa, ao computador, a realizar movimentos na sua conta bancária


através da Internet. Subitamente, teve de se levantar para tratar do almoço. A sua filha
de 6 anos decidiu «substituir» a mãe na tarefa informática e, sem saber como, fez uma
transferência de USD 100.000 da conta de Antónia para a de Beatriz. O acidente foi
descoberto só alguns meses depois, e Antónia só conseguiu contactar Beatriz já um ano
após a transferência. Beatriz não se apercebera de nada antes, pois o dinheiro foi parar

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a uma conta a prazo em que nunca mexia. A conta de Antónia é remunerada a 1% ao
ano; a de Beatriz, a 3%. Quid juris?

Caso prático n.º 60

Os terrenos de Carlota e Diana são contíguos e cobertos por floresta. Por falta de
cuidado das donas, estão ambos cheios de mato, designadamente nos espaços que, nos
termos da lei, deviam servir de corta-fogos. Preocupada com o perigo de incêndio a que
o seu terreno estava sujeito, Carlota aproveitou a ausência de Diana para limpar ambos
e contratou Eduarda para fazer o serviço, a quem pagou à hora. O que Carlota não sabia
era que Diana pretendia mudar de exploração: uns dias depois, Diana mandou deitar
abaixo todas as suas árvores e iniciar a construção de uma instalação pecuária. Já tinham
começado os trabalhos quando Diana soube da intervenção de Carlota, que pretende
ser «indemnizada». Quid juris?

Caso prático n.º 61

Joana furtou gasolina de uma estação de serviço, consumindo-a depois. Tente


fundamentar cuidadosamente as obrigações civis de Joana que daí advêm.

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