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Alice é uma mulher de 30 anos bastante sofrida. Após várias vicissitudes na sua vida
profissional e amorosa, sofreu um acidente de viação há 2 semanas. Foi uma perda total do
veículo, tendo fraturado 2 costelas e o colo do fémur. Alice está numa profunda depressão.
A sua melhor amiga, Ximene, tem visitado todos os dias, Alice, que se encontra em sua casa,
desde que teve alta hospitalar. Ximene tem as chaves da casa daquela, e, ontem, numa das
suas habituais visitas, ao entrar no quarto, vê Alice com uma pistola de defesa da marca
Walther, calibre 9 mm nas mãos. Assustada com o que a amiga poderia fazer, Ximene,
desesperada, e apenas para evitar aquilo que julgou ser uma tentativa de suicídio, afirma
que foi sorteada com o Euromilhões e que lhe oferece o seu automóvel, acabado de
comprar, Mercedes- AMG GT. Quid iuris?
Reserva mental: Divergência intencional entre a vontade real e a vontade declarada com o
intuito de enganar a outra parte, neste caso concreto, o declaratário. O engano não envolve
prejuízo para a outra parte, ou seja, não há a intenção de prejudicar 3º
Caso nº2:
Inês realizou um exame final de TGD e obteve a nota de 8 valores, pelo que terá de realizar
uma prova oral. No dia da prova, e logo após o seu início, Inês afirma em tom jocoso:
“Professor! Se eu passar à sua UC, caso-me consigo!”. Pronuncie-se sobre a validade da
declaração da Inês.
Declaração não séria: Divergência intencional entre a vontade real e a declarada. A declaração
é emitida na expetativa que a falta de seriedade não passe despercebida. De acordo com o
artigo 245 nº1 do CC, a declaração não séria carece que qualquer efeito. Porém, o nº2 diz-nos
que se o declaratário for induzido em erro e dependendo das circunstâncias e se justificar que
aquela declaração era séria para ele, este poderá ter direito a uma indeminização.
Caso nº3:
Joaquim e Luís são amigos de longa data e encontram-se ao final da tarde numa esplanada.
Joaquim sempre mostrou interesse na aquisição da mota Ducati de que Luís é proprietário
há vários anos. Luís pretende agora vender a mota e propõe a Joaquim a sua venda. Esta,
momentaneamente distraído com uma cena familiar na mesa ao lado, acena que sim.
Quando Luís se desloca a casa de Joaquim para entregar a mota, este recusa a entrega por
não ter celebrado qualquer negócio jurídico. Quid iuris?
Caso nº5:
Roberta é brasileira e está de visita ao Porto. Num dos seus passeios pela cidade entra num
bazar de fantasias, brinquedos e doces e pede “uma dúzia de balinhas”. O lojista entrega a
Roberta uma dúzia de bombinhas de Carnaval. Roberta diz que pretendia balinhas e, por
coincidência, um cliente que presencia o diálogo explica ao vendedor que balinhas no Brasil
são rebuçados! O vendedor afirma que vendeu a Roberta o que esta pediu. Quid iuris?
Erro sobre o conteúdo da declaração, aqui há uma divergência não intencional entre a vontade
real e a vontade declarada e, de acordo com o artigo 247, a declaração negocial é anulável,
desde que o declaratário, conhece-se ou não devesse ignorar a essencialidade para o
declarante do elemento sobre o que incidiu o erro. O contrato ficou concluído, mas a Roberta
poderá pedir a anulação do mesmo com o fundamento em erro na declaração. O elemento
sobre que incide o erro tem caractere essencial, pois incide sobre o próprio objeto do
contrato.
Caso nº6:
Erro de escrita que constitui uma subespécie de erro na declaração, permitindo ao declarante
a faculdade de retificar a declaração de acordo com o artigo 249 CC. Assim a declaração
emitida nestes termos é válida, não estando em causa a sua anulabilidade ou nulidade, mas
somente a sua retificação, o que pode ocorrer a todo o tempo. O erro de escrita em que
Manuela incorreu é revelado no próprio contexto do documento, pois a relação laboral foi
estabelecida com a empresa visada e a comunicação foi enviada para a sua sede.
Caso nº7:
O que está em causa é um erro sobre a pessoa (artigo 251) aqui não existe nenhuma
divergência entre a vontade real e a vontade declarada, o problema reside no processo
formativo da vontade, designado por erro vicio ou vicio da vontade. Este erro torna o negócio
anulável nos termos do artigo 247, aplicável por força do artigo 251.
Caso nº8:
Determinada Câmara Municipal contactou diversos particulares, proprietários de prédios
rústicos sítios no respetivo concelho, informando-os de que os prédios a expropriar se
destinam à implementação de um parque de campismo. Em face disto, seguiram-se diversas
reuniões havidas, Carlos, um dos referidos particulares, vendeu à Câmara Municipal o prédio
rústico de que era proprietário, por metade do preço do mercado. Ulteriormente a Câmara
vendeu o prédio rústico que adquira a Carlos, para construção e ao dobro do preço de
aquisição. Carlos ficou indignado e pretende invalidar o negócio. Quid iuris?
O que aqui está em causa é um erro sobre os motivos, isto é, que incide sobre a causa do
negócio, tornando, por isso, o negócio anulável, de acordo com o artigo 252 nº1. Para que este
tipo de erro constitua causa de anulação, é necessário que as partes tenham acordado sobre a
essencialidade do motivo, a doutrina a este propósito fala de acordo expresso ou tácito (não
precisa de estar escrito) Sobre as essencialidades do motivo, no caso concreto as partes
encetaram negociações no base do teor desta comunicação da câmara. O que significa que a
essencialidade de expropriação foi o motivo determinante da vontade. O negócio é anulável,
artigo 251 nº1.
Caso nº9:
NOTA:
Artigo 253 nº1: Dolos maus- intenção de prejudicar alguém, de enganar outra pessoa, de
forma ilícita.
Artigo 253 nº2: dolos bons: Todos os artifícios/sugestões que se utilizam para convencer o
cliente a comprar, ex: marketing, comércio…tudo isto é permitido deste que seja de acordo
com o princípio da boa-fé e costumes.
No caso prático. Nós temos o dolos maus, nos termos do artigo 253 nº1. O que distingue as 2
modalidades é a ilicitude. Reduzir a quilometragem de um veículo usado não constitui uma
sugestão ou artificio usual e que se possa considerar legitimo, segundo as conceções
dominantes no comércio jurídico. No caso concreto, existe um nexo de causalidade entre o
dolo e o engano. O vendedor praticou o dolo ilícito, pois tinha o dever de elucidar o
comprador. O efeito do dolo encontra-se previstos no artigo 254 CC.
Caso nº10:
Artigo 255 nº3(casos em que não há coação moral): a agente de execução estava a exercer a
sua atividade legitimamente e, uma vez que, o domicílio profissional coincida com o domicilio,
esta estava a penhorar todos os bens, por isso, não há, neste caso nenhum coação moral.