Você está na página 1de 4

1.

Guilherme e Hugo celebraram contrato de compra e venda de imóvel e declaram um


documento particular autenticado o preço de 250 mil euros, quando na verdade Hugo apenas
pagará, em dinheiro, a Guilherme o valor de 150 mil euros. Estes acordaram em declarar um
preço superior ao preço real e suportar os encargos daí decorrentes para enganar Andreia,
titular de um direito de preferência sobre o imóvel objeto do contrato, com o intuito de evitar
o exercício desse direito. Suponha que Andreia vem a tomar conhecimento do preço real do
negócio. Quid iuris?

Resolução: Está em causa um contrato de compra e venda de imóvel, nos termos do artigo
874º e ss. Celebrado por simulação sobre um valor de um negócio. A compra e venda pelo
valor que ultrapassa os 150 000 euros é um negócio simulado e, consequentemente nulo, nos
termos do artigo 240º, está preenchidos os 3 requisitos cumulativos. O negócio dissimulado
corresponde ao negócio real, que no caso concreto, é a compra e venda do imóvel, por 150 mil
euros. Este ultimo será valido por corresponder a vontade das partes e observar a forma legal
artigo 875º e 241º,nº1 e 2. Contudo há violação do direito de preferência de andreia, pelo que,
esta poderá arguir a nulidade do negocio nos termos conjugados dos artigos 240º,242º e 286º
e reagir contra a violação do direito de preferência.

2. A Alice é uma mulher de 30 anos bastante sofrida, após varias vicissitudes na sua vida
profissional e amorosa, sofreu um acidente de viação há 2 semanas. Foi uma perda total do
veiculo, tendo fraturado 2 costelas e o fémur, Alice está numa profunda depressão. A sua
melhor amiga sara tem visitado todos os dias Alice, que se encontra em casa desde que teve
alta hospitalar. Sara tem a chaves de sua casa e ontem numa das suas habituais visitas, ao
entrar no quarto, vê Alice com uma pistola de defesa nas mãos. Assustada com o que amiga
poderia fazer, sara desesperada e apenas para evitar aquilo que julgou ser uma tentativa de
suicídio, afirma que foi sorteada com o euro milhões e que lhe oferece o seu automóvel,
acabado de comprar mercedes AMG. Quid iuris?

O que está em causa é um contrato de doação previsto no artigo 940º e ss. No caso concreto a
declaração da doadora é feita com reserva mental, pois há uma divergência intencional, entre a
vontade real e a vontade declarada com o intuito de enganar o declaratário. Salientes que o
engano não envolve necessariamente um prejuízo para a outra parte, sendo o que sucede no
caso concreto. Assim nos termos do artigo 244º,nº1 e 2, a declaração emitida sobre reserva e
válida mas sujeita aos efeitos da simulação, no caso do declaratário poder conhecer a vontade
do declarante.

1. João sabendo que o seu melhor amigo pedroso se encontra desempregado e prestes a perder a
sua casa decide, em conluio com este, doar-lhe um terreno para que este possa revender e fazer
algum dinheiro. João tem apenas uma namorada que nunca concordaria com esta atitude. Para
evitar problemas no relacionamento, os dois amigos combinam em enganar a namorada de João da
seguinte forma, entregarão os documentos do terreno em frente àquela e Pedroso entregará um
cheque de 45000 € que nunca vai ser levantado. Sucede que a namorada de João teve acesso à
conta bancária e descobriu que o dinheiro nunca entrou na conta, nessa medida tenciona intentar
uma acção em tribunal.

Poderá fazê-lo? E se joão se arrepender do que fez e pretender ele mesmo intentar a ação para
declarar nulo o negócio ?

RESOLUÇÃO
Neste caso temos uma doação por parte de João a pedroso de de um terreno considerado bem
imóvel temos também um cheque de 45000 € que nunca irá ser levantado.

art.º 879

- neste negócio temos uma simulação que simula uma doação cujo João é o vendedor simulador e o
declarante e pedroso comprador simulador e o declaratário

art.º 240 cc:

+ temos um acordo entre declarante e declaratário,

+ intuito de enganar um terceiro, a namorada e os credores

+ divergência entre vontade real e a vontade declarada

para a nulidade da simulação

+ art 242 + art 286

+ pode ser invocada pelos herdeiros legítimos e credores

+ pode ser invocada a todo o tempo

Neste caso estamos perante uma divergência entre a vontade real (realizar uma doação) e a
vontade declarada ( realizar uma compra e venda). Neste caso j e p querem camuflar uma doação
tendo em vista enganar terceiros. Os factos existentes no enunciado levam a que estejamos perante
a matéria da simulação (art 240 e ss). Para estarmos perante um caso de simulação temos que
verificar o preenchimento de 3 pressupostos, conforme o n1 do art 240. A saber : o 1º requisito é a
existência de um acordo entre declarante e declaratário, o que no caso se encontra verificado dado
que, os 2 amigos combinaram tudo entre si; o 2º requisito é o intuito de enganar terceiros
designadamente a namorada de J e eventuais credores; por fim o último requisitos e a divergência
entre a vontade real e a vontade declarada o que no caso também se encontra preenchido conforme
aliás começamos a responder. Ao estarmos perante uma simulação que é relativa (art 241), temos
que analisar necessariamente o regime da nulidade, art 286. Quanto à legitimidade para arguir a
simulação, a mesma encontra-se no art 242 e 286 sendo certo que, a namorada de J não terá
qualquer legitimidade para arguir a simulação. O contrário já não se pode dizer quando a qualquer
um dos simuladores que podem arguir entre si a nulidade do próprio negócio. A legitimidade para
esta arguição é a todo o tempo.

2. Martim incumbiu o seu capataz de adquirir um trator topo de gama, na loja de Hélio, o capataz fez
a Hélio uma boa proposta em nome de Martim, mas Hélio recusou vender pois diz que não pode ver
Martim à sua frente. O capataz sugeriu a Hélio que pensasse 2 ves pois se não vendesse a polícia
ia receber uma chamada anónima a denunciar contrabando na sua loja, Hélio à cautela, cedeu,
ainda que soubesse que o capataz nunca faria coisa nenhuma, martim não soube de nada do que
aconteceu e agora que o capataz se despediu Hélio pretende desfazer o negócio. Pode fazê-lo?

RESOLUÇÃO

Coação moral art 254 e 255 e analisa requisito coação moral

Ameaça com o fim de extrair algo de alguém, uma declaração de vontade

não havendo coação moral considera-se ilícito o negócio


3. Alfredo quer vender ao seu filho Bruno o seu automóvel. No entanto como sabe que os restantes
filhos não se dão com aquele e se opoẽm ao negócio decide fazer o seguinte, declarar que vende o
automóvel a Diogo sem nunca existir nenhum pagamento acordando com este que em seguida o
venderá a Bruno da mesma forma, que não será realizado nenhum pagamento mas serão entregues
as chaves do veículo.

Partindo do princípio que todos os negócios se realizam de acordo com o acordado com as partes e
que Bruno entregou um cheque ao seu pai no valor de 20000 € diga quem é o proprietário do
automóvel ? Se algum dos filhos descobrir tudo poderá anular o negócio?

Imagine agora que Diogo mal recebeu as chaves do carro e vendeu a outro amigo. Quem tem
legitimidade para recuperar o veículo um credor, poderia intentar uma ação de nulidade

RESPOSTA

negócio entre alfredo e bruno

- art 877 sem o consentimento dos outros filhos o negócio não pode ser realizado

- vontade real de alfredo realizar com bruno uma compra e venda

negócio entre alfredo e diogo

- vontade declarada de entre alfredo e diogo é de compra e venda, sendo este negócio nulo art 240

- vontade real entre alfredo e diogo é uma doação art 241

negócio entre diogo e bruno

- por sua vez temos a vontade declarada de compra e venda entre diogo e bruno

- uma vontade real entre diogo e bruno doação art 241

negócio entre alfredo e bruno

- negócio de compra e venda entre alfredo e bruno que é nulo por disposto do art 240 + art 286,
sendo este uma simulação relativa nos termos do art 241

b é proprietário a título provisório porque caso seja instaurada uma ação de nulidade o que
acontece aos negócios é que eles não produzem efeitos

art 242+ 286 os filhos do A são os interessados na legitimidade de anulação do negócio por força do
art 242/ 2 + art 286 + 877/ 2

art 892 venda de coisa alheia, há a anulidade porque o negócio foi executado quando o proprietário
do carro é o A logo D não poderia vender o carro ao amigo pois os seus irmãos tinham intentado
uma ação de anular os negócios voltando a propriedade para A

art 242 + art 286 qualquer ação que seja nula pode ser arguida por qualquer interessado

4. António é dono de uma loja de candeeiros e tem à venda um candeeiro muito caro no valor de
2000 €. Sucede que o mesmo, em distração, coloca na etiqueta 200€ em vez de 2000€. Bruno ao
passar na rua vê o candeeiro e vai para pagar descobrindo que o preço não é 200€ mas sim 2000€
RESOLUÇÃO

art 247 cc

o negócio é anulável art 287 com prazo de um ano para anulação art 286

5. Anabela vai ao mercado a um sábado, olhou para as bancas do peixe, apontou para um polvo e
diz que quer um quilo destas lulas. A peixeira percebeu e vendeu um quilo de polvo. Quid iuris?

Resolução

art 248 cc

sendo este um negócio válido, a verbalização errada, desde que o declaratário perceba o que
declarante não invalida o negócio

6. Bruna, está no sul de Espanha e a certa altura numa esplanada, onde pede um fino, o empregado
traz-lhe um copo de shot com vinho do Gerês.

Resolução

art 232 remissão art 247 dissenso oculto vulga-se aparência de acordo

Não pode pedir a anulidade do negócio por estar numa zona diferente do mundo, pois um fino no sul
de Espanha tem outro entendimento contrário a Portugal, logo apesar de um haver um dissenso
presente no art 232 não pode ser anulado por causa dos usos e costumes de outro país

7. Luis é dono de uma mercearia e mandou o empregado ir ao fornecedor pedir mais 2 caixas de
nesquik. O empregado, para provocar Luís pediu 2 caixotes onde cada um traz 20 caixas. Quid
iuris?

Resolução

dolo art 253

requisitos : intenção de induzir em erro ou prejudicar

Vai ser um negócio anulável art 287

8. No dia 28/ 2/ 2005 a sociedade X lda e Antônio e Carla celebraram entre si um contrato de
promessa no qual o casal prometeu vender 2 imóveis à referida sociedade. A sociedade entregou
125000 € ao casal a título de sinal e de promessa de pagamento. O casal não cumpriu com a venda
dos imóveis pois já tinha prometido a F esta mesma venda e teve aliás uma ação judicial de
execução específica, dados que omitiu ao referido sociedade. Assim, o casal apenas quis extorquir
12500 €, sendo que se a sociedade soubesse da verdade nunca celebraria o contrato promessa.
Quid iuris?

RESOLUÇÃO

art 244 reserva mental intenção de enganar o declaratário, intenção de receber 125000€ sem
celebrar o negócio

requisitos de reserva mental:

- declaração contrária à vontade real

- intuito de enganar o proprietário

consequência nulidade art 244/ 2 remeter art 240 + art 286 nulidade.

Você também pode gostar