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DIREITOS REAIS

PRÁTICAS

COMISSÃO DE CURSO 3º ANO


FDUP – 2018/2019

Este instrumento de trabalho carece de complemento de outros materiais de estudo


indicados pelos docentes.
Aquisição originária: usucapião, acessão e ocupação (artigos 1318º até 1343º).

Hoje vamos falar na acessão e ocupação. Houve uma alteração quanto aos
animais, o resto manteve-se.

O que é a aquisição originária? É aquela em que a posse do adquirente


surge ex novo na esfera de disponibilidade empírica do sujeito, porque
não depende geneticamente de uma posse anterior, depende, apenas, do
facto aquisitivo.

O que é a ocupação? Artigo1318º contém o conceito e regime da aquisição


por ocupação. Portanto, trata-se de coisas móveis, agora alargado aos
animais, que nunca tiveram dono ou foram perdidas ou abandonadas.
Esta forma de aquisição consubstancia-se na ocupação, ou seja, num ato
material que é o facto aquisitivo. Se se verificarem todos os pressupostos,
há aquisição, a mera apreensão origina a imediata aquisição, salvo as
restrições dos artigos seguintes.

Questiona-se se a ocupação é automática ou tem haver uma manifestação de


vontade: basta a vontade aquisitiva, não tem de estar implícita.
As coisas imóveis são insuscetíveis de ocupação, pois as que não tenham dono
conhecido revertem, automaticamente, para o património do Estado, ainda que
sobre elas não se exerça um efetivo domínio (artigo 1345º CC).

Temos no artigo 1323º várias figuras, mas vamos começar pelo Nº1 que
estabelece um regime especial e assenta na convivência solidária, temos o dever
social de entregar aquilo que encontramos perdido, relacionado com a boa fé, se
alguém ocupa uma coisa que não lhe pertence, não adquire, deve entregar; mas
se apreender estamos perante uma forma de aquisição da posse, já relacionado
com Direito Penal (furto). Relativamente aos animais, (ver artigo), o professor
pensa que teremos aqui um dever voluntarista.

Até agora vimos deveres ligados à ocupação, mas onde ainda não há aquisição.
No Nº4 está subentendido que o animal deve ser entregue às autoridades
competentes, porque quem encontra não é obrigado a ficar com o animal.
Se ninguém reclamar o animal ou a coisa no espaço de um ano, aí há aquisição,
só aqui é que se adquire por ocupação.

Outra realidade que tem a ver com os Nºs 6 e 7: enquanto a indemnização não
lhe for paga pode reter a coisa, não esta obrigado a entregar a coisa , há aqui um
direito de retenção, que é um direito de garantia que se traduz no facto do
credor ficar com a coisa enquanto devedor não pagar as despesas relacionada
com essa coisa, o credor pode vender a coisa e com esse dinheiro pode ressarcir-
se. A retenção é um direito real.

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Direito diferente no Nº7 (maus tratos a animais) aqui não há direito real de
garantia, há, verdadeiramente um direito de guarda, só para prevenir danos,
logo há uma faculdade do achador não entregar o animal quando esteja em
causa a própria integridade do animal. A finalidade é a tutela do animal. Temos
um mero direito de crédito, e não real, que é atribuído a uma pessoa para tutelar
a integridade do animal.

Artigo 1318º fala em abandono, e com o abandono há a apreensão que origina a


aquisição.

•Qual a diferença entre abandonada e perdida? O regime é diferente, daí ser


importante distingui-las. Não há uma definição normativa, temos de ir por
critérios comuns, temos alguns indicadores do que é alguma coisa estar
abandonada ou perdida: temos o critério do valor da coisa (critério do achador
médio), porque se for uma carteira com dinheiro e documentos presume-se
perdida, mas se virmos umas calças todas rotas já estarão abandonadas, de
acordo com critérios de razoabilidade.

Quanto à acessão:
(artigos 1325º e 1326º)

Temos uma aquisição originária e já podemos estar perante coisas móveis ou


imóveis.

Temos aqui logo 2 pressupostos que convém referir:


•estamos perante uma junção de coisas;
•essa junção pode ser provocada pela natureza ou pelo Homem; e o que é
comum, tanto na industrial como na natural, é que pertenciam a donos
diferentes.

O problema só se coloca quando se juntam, a quem pertence a coisa que


resultou da junção?
É esta resposta que nos dá o regime de acessão; a regra geral é a do artigo
1327º, nas restantes normas temos regimes especiais.
Quando a junção é impercetível, não há possibilidades do empobrecido
recuperar as coisas.
Quando se conhece o que juntou já não há aquisição imediata, porque a
lei confere um espaço de tempo para o dono das coisas as puder reaver.

Na acessão mobiliária (por união, os elementos mantêm a sua individualidade, ou


por confusão), a especificação, no caso de um indivíduo que pinta com tintas e

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uma tela que não são suas. Há na mesma junção de coisas distintas, mas pode
haver, também, trabalho sobre material alheio. Temos de ver, também, se há
boa ou má fé, porque os regimes também serão diferentes.

Será má fé o caso em que o adjuntor ignora que o bem junto ao seu é alheio.
Na boa fé a lei admite a acessão; a lei faz depender isso do valor (artigo 1333º,
n1) e faz também depender isso, também, de saber se é ou não possível a
separação dos bens, se for possível, a lei dá prioridade a esta separação.

Há um critério de aquisição originária, ou seja, esta dependente da


separação, sem dano para a coisa. Se a acessão (união ou confusão) for de
boa fé, fica com a coisa o dono da coisa de maior valor, antes da junção.
No caso de má fé, também vale o critério da separação (havendo
separação não há acessão), aqui a lei atribui a aquisição aquele que ficou
privado da coisa (artigo 1334º, 1 e 2), o autor deve restituir o valor da
coisa e indemnizar o dono se não este não preferir ficar com ambas.

Nota: Na união os elementos mantêm a sua individualidade, mas na confusão


perdem esta sua individualidade. Na especificação temos um critério
semelhante.

Para nós, releva a acessão industrial. Também aqui temos regimes distintos.
Temos a junção de coisas móveis a coisas imóveis. E temos, também, a distinção
entre boa e má fé, há casos em que releva e outros casos em que não.

Caso mais geral é aquele em que alguém planta ou constrói com materiais
alheios em terreno próprio – artigo 1339º – a lei diz que adquire os
materiais, pagando o valor dos bens e uma eventual indemnização.

Aqui também se coloca a questão de saber se é automática ou não: uma


vez operada a acessão, a lei parece que faz atribuir um direito sobre esses
bens ao acessor. Aqui também se coloca a questão de saber se aquisição é
automática ou não, porque uma vez feita acessão, atribui os bens aos
acessor.

Admite-se que se estiver de má fé, de acordo com juízos de equidade, a


indemnização será maior, pois o valor dos bens é sempre o mesmo.

Artigo 1340º, nº4 quanto à noção de boa fé. Se o bem (terreno) era alheio ou se
foi autorizado.
Artigo 1340º se estiver de boa fé adquire o terreno (quando constrói em terreno
alheio) se foi autorizado pelo dono do terreno, o que por vezes é difícil o dono
provar que não deu autorização. Não se sabe bem a quem cabe o ónus da prova,
mas parece que será a quem acedeu, a quem obteve o consentimento.

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Para além da boa fé, a norma define, ainda, como critério de definição da
propriedade, o critério de maior valor – artigo 1340º, n1.

Vamos supor que o terreno antes das obras valia 100, como é que se
preenche este critério? O valor tem de ser, no mínimo, de 201, porque é a
diferença entre o antes e o após a obra, já que os 100 já lá estavam,
porque era o que o terreno valia. Se for de má fé, os critérios invertem-se
– artigo 1341º - o dono do terreno tem direito que a obra seja desfeita à
custa do acessor.

Há, ainda, uma 3ª hipótese: alguém que constrói em terreno alheio com
materiais alheios.
Mais uma vez, a lei estabelece o regime do artigo 1340º por remissão do artigo
1342º.

Outro caso de acessão: prolongamento ou construção em terreno alheio (artigo


1343º).
A lei só fala em boa fé, logo a má fé não opera aqui.

A questão é ocupar o terreno alheio. Se houver boa fé, o construtor


adquire o terreno se tiverem passado 3 meses a contar do início da
ocupação – artigo 1343º, n1: é uma norma que está desajustada no
tempo, quanto aos 3 meses, compreendia-se quanto aos baldios e
terrenos abandonados, porque as pessoas não sabiam de quem eram os
campos, e prazo também se compreende porque o legislador quis
proteger o proprietário do bem com maior valor, pois as casas valem mais
do que as terras.
Se houver má fé, teremos de aplicar por analogia os regimes anteriores. O
proprietário poderá pedir a destruição ou chegar-se a um acordo.

Artigo 1344º e sgts que regula o Direito de Propriedade e os seus limites.


No nº2 temos um limite aos limites materiais do direito de propriedade.

Artigo 1345º não é uma aquisição imediata, na medida em que a administração


tem de preencher certos pressupostos procedimentais. Imóveis sem dono
conhecido são do Estado.
DL 15/2019 tem a ver com o procedimento para reconhecimento e identificação
do prédio na ausência de dono.
Artigos 1346º a 1352º limites de concordância ao exercício do direito de
propriedade, decorrem de relações de vizinhança e têm o objetivo de proteger
outros direitos de propriedade.

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Artigo 1349º direito com origem legal - servidão legal.

Direito de demarcação (para prevenir conflitos) e Tapagem


•artigos 1353º e sgts e 1356º e sgts.

•Na demarcação também temos direitos com origem legal. A lei, por um lado,
quer que os vizinhos se entendam e, por outro lado, que se houver despesas que
sejam divididas pelos prédios confinantes.

•Quanto à tapagem, há aqui também uma presunção de comunhão. A lei acaba


por impor um regime de comparticipação. A lei impõe, também, uma co-
responsabilidade nas despesas com manutenção destes muros.

Levanta já, alguns problemas a questão das construções e edificações (artigo


1360º), vai interferir nas relações de vizinhança, daí que a lei estabeleça alguns
limites. Aqui, para a abertura de janelas ou portas, a lei exige que essa abertura
fique a 1,50m, mas pode começar-se a construir na extrema. Trata-se de um
limite ao direito de propriedade.
Quer preservar-se a segurança e a privacidade.

O limite do artigo 1360º justifica-se se o proprietário do prédio vizinho for o


mesmo (ambos os terrenos têm autonomia jurídica)? Aqui é que entra o artigo
1362º, quanto à servidão de vistas: a servidão é um direito real de gozo, encargo
imposto sobre um prédio em benefício de outro prédio, esta servidão serve para
proteger o prédio vizinho, e se este não reclamar dentro de certo prazo, o
vizinho não pode mandar fechar janelas e portas, pode manter-se a abertura.
Se quisesse vender o prédio mais tarde, há um limite ao direito de propriedade
do novo dono, depende da clausulo contratual que ambos acordarem, pode ser
um limite derrogado pelo próprio titular.
Este limite não se tem de observar nos termos do artigo 1361º.

Artigo 1362º pode ser por contrato ou usucapião.


Artigo 1363º e 1364º são limites de distância apenas. A lei especifica as medidas.
Artigo 1365º a servidão de estilicídio é semelhante à servidão de vistas. É o
direito de (ver artigo).
Artigo 1370º a lei permite, por razões de segurança jurídica e para evitar
conflitos, que o proprietário possa adquirir meação de um prédio rústico ou
urbano, em comunhão forçada. É uma situação excecional. São construções que
podem pôr em causa a segurança dos prédios.

Artigo 1376º o que está em causa é que a lei quer evitar o desmembramento de
prédios rústicos. É uma restrição ao direito de propriedade.

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Outros regimes especiais de restrição do direito de propriedade:

•Fracionamento (artigo 1376º definição, esta norma remete para o conceito de


unidade de cultura) é diferente de emparcelamento (artigo 1382º definição).

Estão presentes interesses ligados à rentabilização, que supõe áreas mínimas,


promovendo aumento das áreas de cultura através do emparcelamento
(circunscrição de uma área, é feito inventário dos proprietários e das frações
dessa área e o objetivo é fazer com que cada proprietário mantenha a mesma
área que tinha antes, mas agora com menos número de propriedades, aumenta-
se a área de cultura) e proibição do fracionamento (introduz limites à alienação
das propriedades, não podem existir unidades menores que a unidade de
cultura.

Por exemplo: os pais com um terreno não o podem dividir pelos filhos como
herança, mas se quiserem vender, são atribuídos aos vizinhos direitos de
preferência, de modo a aumentar a unidade de cultura (isto não se aplica se
houverem fins de construção). São nulos os atos de fracionamento, em nome da
tutela do direito de propriedade, a lei estabelece um regime de nulidades mistas
– 1379º, há prazo para invocar (3 anos) e nem todos a podem invocar, só o MP e
os vizinhos preferentes, são, então, 2 exceções ao regime de nulidade.

Portaria 219/2016 vem fixar aquilo que se entende como unidade de cultura
fixada para cada zona do país.

•Compropriedade e propriedade horizontal: a nossa lei é um bocadinho imprecisa


quanto à distinção entre a compropriedade e comunhão, daí que muitas vezes os
utiliza como sinónimos, mas o certo é que os 2 são tipos de direitos de
propriedade mas com conteúdos distintos, há uma pluralidade de sujeitos e de
objeto o que é comum às duas.

O que as distingue é que, relativamente à compropriedade, entre nós tem sido


dominante a teoria em que cada comproprietário tem a quota ideal sobre a
coisa, e quando se quer determinar a quota, põe-se fim à compropriedade
através do artigo 1412º. Constituído regime de compropriedade, cada um deles
tem direito de exigir a divisão.

Imaginemos que se trata de um automóvel? O automóvel como não é


divisível, é vendido e esse montante da sua venda é repartido pelos
comproprietários.

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Se lermos o artigo 1403º, parece que há um direito sobre a coisa – “direito
de propriedade”. Mas no Nº2 diz-se “direitos dos consortes”. Ficamos sem
saber se há um único direito ou se existem vários.

•Quanto à comunhão, caracteriza-se por 2 ou mais titulares terem um único


direito sobre o mesmo bem, ao contrário do que acontece na compropriedade,
em que são vários titulares sobre vários direitos das quotas da mesma coisa.
No que toca à comunhão, a lei é mais omissa.

Por exemplo, temos a comunhão de adquiridos no âmbito do casamento. Esta


unidade jurídica tem como objetivo proteger os interesses patrimoniais da
família.
A existência de um direito significa que a conflitualidade é muito mais reduzida,
dado haver um objetivo comum que é proteger a unidade da família, que só
acaba quando se dissolve a família. Até lá, a comunhão impõe-se em
homenagem ao fim, daí dizer-se que, não obstante a lei prever uma coisa e
depois outra no nºseguinte, não invalida que se devam distinguir as situações de
compropriedade e comunhão.

Nas situações de compropriedade, pode fazer-se a divisão a todo o tempo, já na


comunhão não.

O que é relevante quanto à propriedade horizontal, em que temos um


regime de partes comuns para obrigar todos os condóminos a participar
nas despesas, a lei impõe a todos os condóminos a propriedade sobre as
partes comuns, quer queiram, quer não – artigos 1420º e 1423º. A
unidade é que leva à vinculação.

Ainda na propriedade horizontal, a lei subordina a relação à prossecução de


diversos objetivos, entre eles o de conservar o prédio, ou seja, enquanto a
pessoa viver lá, está obrigada a prosseguir esses fins. Só pode deixar de o fazer se
alienar a sua fração.

Temos 3 tipos de direitos reais:


•gozo (permitem a fruição do bem);
•garantia (são aqueles que pressupõe uma relação prévia, e visam proteger o
credor);
• aquisição (permitem a aquisição de outros direito reais).

Direitos reais de gozo:

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•Direito de usufruto – artigos 1439º e sgts. Os direito reais estão sujeitos a
grandes limitações.
A ordenação que a lei estabelece, quanto aos direitos de gozo, é uma indicação
de ordem crescente.
Com efeito, o direito mais denso, a seguir à propriedade, é o direito de usufruto.

Há que distinguir dois tipos de normas:


•normas que caraterizam e limitam este direito (são normas imperativas)
•normas dão alguma liberdade ao titular, contudo esta liberdade não vai ao
ponto de as partes puderem fugir ao modelo legal.

Temos 3 características do direto de usufruto:

•só pode ser temporário;


•não permite a alteração da forma de substância pelo proprietário
•o usufruto abrange todas as utilidades dos bens jurídicos.

O limite da temporalidade acaba por ser um reforço da salvaguarda da forma


substância e, por outro lado, é a salvaguarda do direito à propriedade, porque,
quando se constitui o usufruto, cabe ao proprietário auferir a renda e tem o
poder de verificar se o usufrutuário cumpre ou não a forma substância, mas
como direito corrente, limita-se a que o titular aufira a renda, no caso de ser
oneroso.

De todo o modo, proprietário fica privado da fruição do bem, no entanto, a lei


prevê uma formula de alongar a duração para além destes limites, que tem a ver
com o usufruto simultâneo (não ultrapassa os limites máximos) ou usufruto
sucessivo (pode ultrapassar os limites máximos).

Nos casos de usufruto simultâneo, o usufruto só se extingue quando morre o


último usufrutuário.
No sucessivo, só após a extinção do usufruto (há uma ordem de sucessão)
aqueles que estão em 2º e 3º grau só tem direito de usufruto se os restantes
antes se extinguirem.
O carácter do usufruto permite onerar, oneração que termina quando o usufruto
se extingue.
As normas dos artigos 1446º e sgts só se aplicam se não forem afastadas pelas
partes.

Um dos limites ao direito do usufruto (é facultativo) é o dever de


administrar o usufruto como um bom pai de família e respeitando o seu
destino.

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Relativamente ao direito de usufruto ainda, chamar atenção para normas dos
artigos 1451º e 1452º, que têm de ser bem interpretadas, um sobre coisas
consumíveis (artigo 208º parece contrário à salvaguarda da forma de substância,
parece que se trata de uma anomalia, se a lei proibisse o usufruto das coisas
consumíveis não poderia haver usufruto do estabelecimento comercial; quando
se fala das coisas estimadas fala-se do valor que elas valem. Aqui ou há
devolução das coisas, ou devolução do valor.) e outro sobre coisas deterioráveis
(que são coisas suscetíveis de diminuírem de valor com o uso, são parcialmente
consumíveis; quando há usufruto sobre estas coisas só é obrigado a entregar as
coisas como elas estavam no fim do usufruto).

•Usufruto de matas e árvores (artigo 1455º) a lei estabelece uma espécie de


divisão, porque o objeto do usufruto aqui são as matas, apesar de também se
usar o solo.

Artigos 1457º e 1458º aqui não é possível separar os bens. Isto só é admissível,
do ponto de vista jurídico, porque não é possível explorar a mina sem mexer no
solo, a lei admite esta figura com base numa ficção jurídica, as pedreiras e minas
são tratados como objetos autónomos e distintos do direito do proprietário.
A admissibilidade do usufruto de minas a pedreiras supõe, por parte do
ordenamento jurídico, um desmembramento do objeto face ao solo. Ligado ao
carácter temporário do usufruto, a norma do 1460º, a constituição de servidões
são servidões a termo.

•Quanto às universalidades (artigo 206º) temos um conjunto de coisas que


pertencem ao mesmo dono, são coisas móveis e todas essas coisas têm um
destino igual.

São tratadas pela lei como uma coisa simples ou uma pluralidade de
coisas? É claro que podemos dizer que, tendo destino unitário, parece que
podem ser tratadas como uma coisa só, no entanto, esta ideia de unidade
de fim talvez não seja suficientemente densa para daí extrair que se trata
de uma coisa simples e não de coisas em conjunto. Aqui vamos seguir a
opinião de que sobre cada coisa existe um direito.

Outro aspeto que caracteriza é o nº2 do artigo 206º o facto de cada coisa puder
ser objeto de relações jurídicas próprias o que confere individualidade
económica e jurídica, o que nos permite afirmar que, ao conferir esta
possibilidade de autonomia, parece que a lei está a considerar mais as coisas per
si do que no conjunto. O valor das coisas é igual ao somatório de cada coisa.
Cada coisa, um direito.

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Artigo 1462º, vemos a teoria unitária, no Nº2 já não conta o número de
unidades, a lei já unifica a universalidade (unificação da universalidade).

Questão da extinção (artigos 1476º e sgts), sabendo que tem natureza


temporária.

•Extinção pelo não uso: artigo 1476º, c) há a caducidade do usufruto que é


automática.

O usufrutuário pode renunciar ao direito – artigo 1476º, n2.


O usufruto não se extingue pelo mau uso, muito embora as partes o possam
estipular.

•Artigo 1479º Destruição de edifícios. Temos o proprietário da raiz e o


usufrutuário. O usufruto não se extingue pelo mau uso, muito embora as partes
possam estipular que o usufrutuário tem de o exercer segundo as regras do bom
pai de família.

Artigo 1485º e 1490º remetem para o regime do direito de usufruto.


Artigo 1484º são 2 direitos diferentes (uso e habitação e usufruto), porque têm
génese distinta.

Artigo 1487º e 1488º referem-se ao âmbito da família (necessidade


determinadas segundo a condição social) e intransmissibilidade do direito (tem a
ver com o carácter intuito personae).

•Direito de uso e habitação: o artigo 1485º apresenta a noção e o artigo 1490º


manda aplicar o regime do usufruto, aplica-se em tudo aquilo em que não seja
afastado pelas normas seguintes. É também um direito temporário, pleno, mas
essa plenitude é determinada de forma diferente. O que difere é que o direito de
uso é sobre prédios rústicos, o direito de habitação é sobre prédios urbanos, o
que difere é o seu objeto.

Há aqui um aspeto que distingue estes 2 direitos do usufruto, é que o uso é o


direito de usar plenamente, mas na medida das necessidades pessoais apenas.
Há um limite ao caráter absoluto no artigo 1486º.
O artigo 1487º refere-se ao que se deve entender por família e a chamada
intransmissibilidade do direito (artigo 1488º): não o podem transmitir nem
constituir encargos.
Este limite tem a ver com o caráter personae do uso. Tem natureza patrimonial,
mas o seu fim destina-se a satisfazer necessidades da família, que são
determinadas segundo a sua condição social.

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A norma é inconstitucional, por violação do artigo 13º nº 2 da CRP.

CASOS PRÁTICOS:

CASO PRÁTICO Nº1

Vamos supor que A faz um empréstimo (comodato) de bem móvel a B em 2000.


C furta em 2002 o bem a B e em 2005 vende/transmite a D.
Formas de aquisição de posse aqui presentes:

1º Vamos supor que A é possuidor formal em nome próprio:


•A—B:
Comodato – artigo 1251º.
B não adquire um direito real, mas um direito obrigacional. Como temos um
sistema subjetivo, logo para haver posse é necessário o corpus e o animus, aqui
não há animus, apenas corpus, logo não há posse. Não se aplica o artigo 1253º,
a), não podemos confundir, mas aplica-se, antes, a alínea C). Pelo artigo 1253, a)
CC ele seria um mero detentor; no âmbito geral deste artigo temos a definição
de quem será detentor.
Em relação a B, então, há um pretenso direito, uma pretensa relação jurídica que
faz com que integremos o comodato na alínea c). B é um detentor através de
titulo jurídico, título jurídico esse que, como sabemos, não tem ser de válido.

•B—C:
Aquisição originária por esbulho, B é mero detentor, tem corpus, mas não tem
animus, nem sequer quer possuir, logo não a poderá transmitir, há usurpação.

C tem uma posse não titulada (artigo 1259ºCC), porque não se funda em
qualquer negócio jurídico e, não é a contrario não confundir, só o seria caso
existisse negócio jurídico que não desse posse titulada, apenas está prevista para
a aquisição derivada e não originária), havendo uma presunção iuris tantum de
má fé, esta presunção é relativa, ou seja, ilidível, exceto quando é adquirida por
violência – artigo 1260º, nºs 2 e 3.

Quanto à violência, levanta-se a questão de saber se ela ocorreu ou não. Neste


caso, consideramos posse pacífica, porque como se trata de um furto,
entendemos que não é posse violenta.

Quanto à publicidade da posse, sabemos que a posse é publica quando é


cognoscível, ou seja, vamos presumir que como se trata de um furto há posse
oculta, pois não será cognoscivel.

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Mas quando é que a posse se torna cognoscivel? A lei fala de quando a posse é
cognoscivel para terceiros.

O que é ser cognoscível? Quando há uma utilização normal do bem, um critério


que prejudica terceiros (pessoas com legítimo interesse em ter a posse ).
Todavia, há que ter em mente que não se pode transformar o bem, por exemplo
mudar a capa de um livro, aí não há um uso normal (“uso normal” é um conceito
muito fluido). Ou seja, para critério da normalidade é preciso que o bem não seja
desfigurado, porque não seria mais possível desenvolver a cognoscibilidade.

•C—D:
aquisição derivada por tradição real explícita material, pois há uma tradição, e
direta – artigo 1263º, b).
Trata-se de uma posse titulada, logo presume-se de boa fé (presunção relativa,
para a invertermos teríamos de provar que D sabia que a coisa era furtada,
teríamos posse titulada de má fé ).
Posse pacifica e pública (não há ocultação). A posse adquirida é não titulada que
é presumida de má fé – artigo 1260º nº2 e 3.
•Quanto à possível posse de D, prazos de usucapião – artigo 1299º, isto é, 6
anos, pois encontra-se de má fé.

CASO PRÁTICO Nº2

A doa, sob coação física, a B. B vende a C, convencionando ambos que o


arrendatário é D e D vende, depois, a E, maior acompanhado, mas sem a
presença de acompanhante.

Ver as formas de aquisição da posse e características:

•A—B: posse primeiro violenta, depois pacífica, não titulada, pública, e de má fé.
É uma situação de mera detenção em relação a B (artigo 1253º, a)),
precisamente por ter ficado na esfera de disponibilidade fáctica de B, mas no
momento em que a situação ocorreu ele não tinha vontade, ou seja o animus (B
não queria agir como beneficiário nem ter poderes de facto sobre o bem – falta
natureza jurídica àquele recebimento do bem)
Tem o corpus, mas não o animus, mas o facto de B ter ficado com o bem não
quer dizer que ele tenha posse, dado que não existe animus.
Pela natureza do ato que foi a causa de aquisição, há mera detenção.

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Se a coação fosse ao contrário, de B para A: aquisição originária por usurpação
enquanto esbulho.

•B—C: C adquire através de B que sabia que não tinha poderes para tal. Estamos
perante uma situação de aquisição originária por usurpação, mais precisamente,
Inversão do título da posse, aqui já há um animus – inversão do título da posse
por ato do próprio detentor. B sabia que não tinha animus sobre o bem, mas
quando efetua a venda a C, ou seja, quando inverte o título da posse, é como se
desenvolvesse o animus que, juntamente com o corpus, lhe dão a posse.

Características da posse de B: não titulada (porque a inversão da posse não é um


modo legítimo). Muito embora, quando a lei diz “modo” devemos ler “título”,
atos translativos, ato de afirmação de vontade. Isto para sermos rigorosos tendo
em vista os sistemas em que se subdividem os ordenamento em matéria de
transmissão dos direitos reais). Há posse presumida iuris tantum de má fé.

C, quando transmite a D, adquire por aquisição derivada por constituto


possessório trilateral (não há empossamento), uma vez que, simultaneamente à
aquisição há uma transmissão da coisa para D, mero detentor.

A posse de C, venda por mero consenso, (vamos supor que se tratava de um


móvel), a posse é titulada, tratando-se de um móvel simples, o modo de
transmissão é legítimo, não há vício de forma. Titulada, e presumida de boa fé
(presunção iuris tantum).

•D—E: supondo que se continua a tratar de uma coisa móvel, temos uma
vontade de transmitir de D, que se assume possuidor quando vende a E,
acompanhada da entrega da coisa, fenómeno possessório.
Em relação a E, aquisição originária por inversão (implícita) do título da posse,
nomeadamente, inversão autónoma.
A posse é, ainda, não titulada, logo presume-se de má fé (artigo 1260º, n2).

D vende a E, que é maior acompanhado: E, enquanto maior acompanhado, só


tem capacidade para adquirir se se tiver vontade e capacidade para entender e
querer. Se não tiver capacidade natural de entender e querer, estamos perante
uma situação que a lei não prevê, mas que consideramos ser de mera detenção –
artigo 1253º, c), 2ª parte.
Temos, aqui, uma aquisição derivada por tradição real explícita material, não
titulada, presumida de má fé.
Se tiver capacidade temos tradição material – aí havia posse (ainda que
carecesse de acompanhamento).

Se não tem capacidade para entender e querer (este é o critério comum para a

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capacidade da posse, menos exigente que para a aquisição do direito), apesar de
ser maior de 18 anos, fica com a coisa na mesma, como já vimos, não adquire a
posse, por isso, E é mero detentor alínea c), 2ª parte, do artigo 1233º, há uma
aparência de ato jurídico. (no caso de coação física seria a alínea a).
Na falta de entrega da coisa, não há corpus.

CASO PRÁTICO Nº3

Em 2000 A vende simuladamente a B quando na realidade quiserem fazer


comodato. No ano seguinte B constitui usufruto a favor de C. Em 2003 A faz uma
venda a C, A morre em 2005 e sucede-lhe o maior acompanhado, cujo
representante morreu em 2010 e só lhe foi nomeado outro em 2012.

Formas de aquisição e características:

•A--B:
Estamos perante uma simulação relativa – artigo 241º, nº1 do CC, visto que
aquilo que as partes queriam, na verdade, era a celebração de um comodato,
logo não há animus. Deste modo B é um mero detentor – artigo 1253º, c) do CC.

•B—C:
Estamos perante uma inversão do título da posse, uma vez que B era mero
detentor e agiu como se fosse possuidor constituindo um usufruto a favor de C.
Então, B adquire por via de aquisição originária. Temos uma posse não titulada
que se presume de má fé – artigo 1260º, nº2.
C adquire através de uma aquisição derivada - tradição real, explícita, material ou
simbólica. Estamos perante uma posse titulada pois, ainda que exista um vício
substancial, isso não influencia este caráter da posse. A posse será não titulada
se padecer de um vício de forma, no que se refere à forma de constituição do
usufruto (artigo 1440º).

•A–C:
Inversão do título da posse por ato de terceiro (A), a aquisição da posse de C é,
deste modo, originária.
C é possuidor em 2001 (pelo usufruto B—C), em termos de usufruto e, em 2003,
é possuidor em termos de propriedade de raiz.

Quando é que C poderia adquirir por usucapião (esquecendo D)?

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Ele adquire a posse, em termos de propriedade, em 2003, mas já era possuidor
em termos de usufruto em 2001, logo poderá adquirir por usucapião, nos termos
do artigo 1296º CC, dali a 20 anos, pois trata-se de um bem imóvel adquirido por
posse de má fé. Assim:
•em 2021 poderia usucapir o direito de usufruto
•em 2023 poderia usucapir o direito de propriedade.
Temos posses diferentes adquiridas em momentos diferentes, ele pode ter
interesse em invocar primeiro o usufruto, porque houve uma não
simultaneidade entre a posse do usufruto e a posse da propriedade.

Tendo em conta agora D:


Estamos perante um caso de suspensão do prazo da usucapião. Teríamos de
saber se houve pausa, se o acompanhamento foi levantado ou não.
Assim, teríamos de acrescentar, desde logo, 2 anos, quer para o usufruto, quer
para a propriedade de raiz.
Temos de saber se a interdição foi levantada ou não.

Supondo que o acompanhamento foi levantado em 2014:


•entre 2012 e 2014 – já tem representante
•entre 2005 e 2010 o prazo continua a correr, houve um hiato de tempo em que
não houve representante (2 anos entre 2010 e 2012):
em 2023 poderia usucapir o direito de usufruto.
em 2025 poderia usucapir o direito de propriedade.
A incapacidade não afeta a suspensão da usucapião, porque ela corre ainda
dentro do prazo da usucapião.
Se a incapacidade fosse levantada em 2024, afetava o usufruto, teríamos de
acrescentar mais 1 ano.
Se a incapacidade não tivesse sido levantada, aplicaríamos o artigo 320º, nº3 do
CC:
2023 + 3+ 1 = 2027
2025 + 3 + 1 = 2029
CASO PRÁTICO Nº4

A, em 2000, encontrou um relógio na rua e passou a usá-lo e, no mesmo ano,


vende a B. B morre em 2002 e sucede-lhe C que, sob coação moral, doa a D em

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2004 e as ameaças mantiveram-se. Depois A morre em 2008 e sucede-lhe E (que
já é maior). Em 2007, mantendo-se os efeitos da coação moral, E doa a F.
Em 2007, F constitui usufruto a favor de A.

− Quem e quando poderá invocar direito de propriedade por usucapião.

Resolução:

• Quanto a A:
Como estamos perante um bem móvel de elevado valor, deduzimos que foi
perdida, logo aplicamos o artigo 1323º. Não adquire por ocupação.
Há aquisição originária por esbulho.
Artigo 1323º, nº4, mas ainda não passou 1 ano, logo não pode fazer do relógio
seu. Trata-se de uma posse não titulada, presumida de má fé, pública e pacífica.

• Quanto a B:
B adquire por aquisição derivada por tradição real explícita, material e direta,
titulada e presumida de boa fé, pública e pacífica.

• Quanto a C:
C sucede B, logo há aquisição derivada por tradição ficta mortis causa. Posse
titulada e presumida de boa fé. É na mesma posse e não outra qualquer forma
autónoma. Tem as mesmas características de B.

• Quanto a D:
Aquisição derivada por tradição real explícita e material, porque se dá contra a
vontade do possuidor. A posse é violenta, titulada, mas presumida de má fé e
pública.

• Quanto a E:
É sucessor de A.
Vamos supor que E é menor e que tem representante legal: (E ,em 2008,
tem 10 anos) e que em 2007, F constitui usufruto a favor de A, que é
possuidor em termos de usufruto.
Temos aqui posses simultâneas em momentos diferentes de aquisição:
E tem 10 anos em 2008 e faz 18 em 2016.
2016 + 1 (artigo 320º, n1) = 2017.
Mas F adquire em 2011 e não em 2017, porque não há suspensão, porque
E não é proprietário e a suspensão corre a favor dos proprietários, no que
toca à usucapião, como também não corre contra o possuidor.

• Quanto a F:

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Está sob violência em relação a C. F em 2007 é possuidor. Há aquisição derivada
por tradição real explícita material direta. Posse titulada presumida de boa fé,
pacífica em relação a D e sob violência em relação a C, e é pública.
O facto de estar sob violência termina quando terminar a coação moral e os seus
efeitos.
Como, neste caso, as ameaças se mantiveram, o prazo de usucapião não se
conta – artigo 1300º.
Aplicamos o artigo 1300º, n2, logo F adquire por usucapião em 2011, mas temos
de ter em conta, também, o facto de estar de boa fé. No artigo 1300º a boa fé
será o desconhecimento que a posse anterior tinha sido adquirida de forma
violenta, tem de desconhecer que foi exercida de forma violenta.
Se F estava de má fé, ou seja, sabia que D tinha adquirido com violência, o prazo
de usucapião não corre, só corre quando cessar a violência. Nesta situação,
aplicamos o princípio geral, ou seja, não há usucapião contra quem está sob
violência.

CASO PRÁTICO Nº5

A vende a retro na forma legal um imóvel a B em 2000, com clausula de reversão


de 5 anos. Passado 6 anos (2006) há uma venda oral sob coação moral de B a C
(C é que pratica a sua coação sobre B), e C não regista.

Em 2008, A vende simuladamente e com vício de forma a D e, depois, D vende a


E, em 2010, através documento autenticado, e E não registou.
C e E estão de boa fé.

Quem pode adquirir ou invocar direitos reais?

• Quanto a A—B:
Artigo 929º, respeita os 5 anos. Depois da resolução, o imóvel volta para a esfera
jurídica do vendedor – artigo 927º. Logo em 2005 A readquire a propriedade.

• Quanto a B—C:
C desconhecia tudo o que se passou entre A e B, ignorava que o imóvel era
alheio.

Temos 3 vícios:
1º Há uma venda de bens alheios (artigo 892º), porque B não é titular do imóvel,
logo C não adquire.
Mas temos de ver a norma do artigo 894º que se aplica a A (relação A—C): esta
norma confere direito ao preço e direito de retenção (é uma garantia), não
confere nenhum direito de propriedade.

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A tem de pagar (o que C pagou a B pelo imóvel, tem de o ressarcir) ao adquirente
de boa fé para fazer cessar o seu (de C) direito de retenção e reaver o imóvel. A
boa fé de C é oponível a A, mas não confere direitos a C.
O que C pagou a B pelo imóvel, A pode exigir de B, porque A teve de ressarcir C.

Em 2007:
➔ A é proprietário;
➔ C é detentor.

2º Houve, também, coação moral, que pode ser instantânea ou não, e é


importante saber, porque se for instantânea em 2007 deixa de ser relevante e já
não pode ser invocada por B, nem por mais ninguém, porque a coação deixou de
existir. Ou seja, C tinha adquirido apenas com vício de forma (venda oral – artigo
875º).

3º venda oral – vício de forma (artigo 875º).

Imaginemos agora que C registou e não houve vício de forma, nem coação
moral, mantendo-se o ano de 2006:
C, nestas condições, continuava sem adquirir, nada mudava face à nossa
hipótese inicial, porque o 291º não se aplica, pois C não é um 3º em 2006, dado
que em 2006 já havia qualquer relação entre A e B, B ia vender uma coisa que
não adquiriu de ninguém, não há cadeia de transmissão. Se fosse em 2004,
mantinha-se a cadeira de transmissão e seria uma situação diferente.

• Quanto a A—D:
A venda simulada é nula – artigo 240º, n1 e 2. D não é proprietário porque o
negócio é afetado por um duplo vício que vai afetar D—E. Este negócio também
enferma de um vício de forma e a nulidade deste negócio seria oponível a E, E
não era protegido face ao vício de forma, dado não estarem preenchidos
requisitos do artigo 291º.

• Quanto D—E:
Foi cumprida a forma legal – artigo 875º.
Há uma venda de bens alheios de D para E – artigo 892º – que é nula.

Conclusão: A é o único titular do direito propriedade.

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