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GEOGRAFIA CIDADÃ E O ENSINO NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO PAÍS


SILVA. Francisco G. Pereira1.
RU: 2603311

RESUMO:
O presente artigo busca compreender a geografia cidadã e como o ensino desta ciência
humana está sendo transmitido nas escolas públicas de acordo com a realidade do
nosso país, destacando não apenas o desenvolvimento de conteúdos escolares, mas o
estímulo ao conhecimento de conceitos e valores importantíssimos para a vida em
sociedade. Portanto, esse artigo tem por objetivo, fazer uma reflexão sobre a
estruturação desse ensino, visando compreender quais são as dificuldades que
precisam ser superadas nos dias atuais para que esse ensino possa contribuir na
formação da cidadania e principalmente no pensamento crítico e reflexivo do educando
para que ele possa ser capaz de interferir no meio e transformar o meio em que vive. O
referido estudo se iniciou por meio de um levantamento bibliográfico, onde foram
considerados livros, artigos e materiais de relevância para a pesquisa e que foram
adotados neste trabalho acadêmico.

PALAVRAS-CHAVE: Geografia Da Educação. Sociedade. Cidadania. Ensino Na


Rede Pública.

1 INTRODUÇÃO

No contexto atual em que estamos vivendo o ensino da geografia se torna


fundamental não só para compreender o espaço geográfico, e as transformações que
nele ocorrem resultantes das relações estabelecidas entre as pessoas, os distintos
grupos sociais e a natureza, mas principalmente para desenvolver o pensamento crítico
e a autonomia.
A educação é também responsável por orientar os indivíduos na percepção da
sua importância na vida do outro e ensiná-los sobre o seu papel enquanto cidadãos do
mundo. Trata-se de um direito fundamental de todos, perpassa o desenvolvimento
humano por meio do ensino e da aprendizagem, visando a desenvolver e a
1

Aluno do Centro Universitário Internacional UNINTER. Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão
de Curso. 07.2018.
potencializar a capacidade intelectual do indivíduo. Constitui um processo único de
aprendizagem associado às formações escolar, familiar e social. 
Idealizar uma sociedade com menos desigualdades, com política mais justa,
realizações interpessoais equilibradas e melhores condições de vida para todos os
cidadãos por intermédio da formação educacional é o que nos motivou a estudar este
tema de grande relevância.
O presente trabalho tem como objetivo conscientizar a população sobre a
importância do ensino da geografia e a transformação que a educação pode gerar em
nosso país de acordo com a realidade em que vivemos em relação à rede pública de
ensino e suas principais dificuldades.
O artifício que foi utilizado neste trabalho acadêmico foi feito a partir de uma
pesquisa bibliográfica, através de sites, livros e artigos que se diz respeito à importância
da geografia para o desenvolvimento dos alunos. Empregando citações, que trazem em
seu objetivo o entendimento específico e necessário.
A metodologia escolhida possibilita maior entendimento sobre os demais temas
que estão interligados de maneira direta e/ou indireta com a Geografia. Por meio desta
foi possível entender a relevancia da geografia nas organizações da sociedade e as
várias faces da educação.
A Geografia é uma das mais antigas ciências desenvolvidas pela civilização. Seu
nome tem origem grega. O prefixo “geo” representa Terra, enquanto o sufixo “graphos”
significa escrever. Ou seja, unindo os radicais, podemos dizer que ela se caracteriza
pelo estudo científico da superfície da Terra.
Inicialmente conhecida como História Natural ou Filosofia Natural, a Geografia,
além de explorar a área territorial do planeta, também estuda a relação dos habitantes
com ele. Nesse sentido, ela busca descrever e analisar fenômenos físicos, biológicos e
humanos que ocorrem no globo terrestre.
É primordial compreender a natureza das relações sociais e das relações entre o
ser humano e o meio. É por meio delas que conseguimos analisar a dinâmica do
mundo, dos povos e dos processos históricos que os influenciam.
Possibilitando compreender não só as relações sociais, mas também os
fenômenos que ocorrem na superfície terrestre e como esses fenômenos afetam a
população. Por meio dessa compreensão, podemos observar as diferenças entre os
povos, sua localização, suas diferenças sociais, econômicas e políticas.
Sua importância está relacionada à necessidade de se conhecer o espaço
geográfico, que pode ser entendido através das alterações e modificações produzidas
pelo homem em seu meio e que está em constante transformação ao longo do tempo.
Podemos dizer, então, que o espaço geográfico possui um caráter histórico e, por isso,
é capaz de contar a história e as características da ação humana sobre o meio em que
vive. Além do mais, também é campo de estudo da Geografia toda a dinâmica
superficial da Terra.
Portanto a geografia tem como objetivo principal entender a dinâmica do espaço
para auxiliar no planejamento das ações do homem sobre ele, observar as formas de
relevo, os fenômenos climáticos, as composições sociais, os hábitos humanos nos
diferentes lugares que são imprescindíveis para a manutenção da vida em sociedade.
Estudar o espaço geográfico pode ser útil para desvendar e entender os problemas
socioespaciais. 
No que se refere às relações sociedade – natureza, a Geografia tem um
agravante e ao mesmo tempo uma característica peculiar, que confere à mesma um
discurso que gera expectativas em relação a essa discussão: “(...) um discurso e uma
prática que são tanto sociais como naturais” (CIDADE, 2001, p.100).
A ciência geográfica permite também analisar a relação entre o homem e o meio,
observando como se dá o uso dos recursos naturais e como esse uso impacta positiva
ou negativamente o meio ambiente. Essa compreensão do espaço geográfico e das
alterações provocadas pelo ser humano facilita a compreensão e um olhar crítico para
analisarmos a nossa própria existência, permitindo visualizar situações futuras e a
resolução de problemas.
O potencial de contribuição da geografia à educação escolar decorre da sua
própria natureza, como ciência que trata dos elementos naturais e humanos em sua
configuração espacial, em vista de uma explicitação relacional-interativa da construção
do mundo pelo homem. Assim, a Geografia busca apreender os eventos humanos em
sua dinâmica de espacialidade: onde ocorrem, como ocorrem e por que ocorrem na
concretude de lugar e mundo.
Portanto, a leitura geográfica da realidade não se restringe à descrição localizada
dos elementos naturais e efeitos da ação humana, mas analisa as inter-relações entre
os elementos em diversas escalas segundo objetivos de um estudo (local, regional e
Inter/supranacional), sob critérios de apreensão dos determinantes histórico-sociais das
diversas organizações espaciais identificadas.
De acordo com Castro Giovanni (1998), uma educação voltada para a cidadania
é necessária, pois é pela educação que as comunidades expressam sua cultura e
também terão capacidade de defendê-la quando outros valores forem tomados como
certos e universais.
Ensinar e aprender Geografia proporciona entender a sociedade onde se vive. É
fundamental a compreensão da real importância dos conhecimentos geográficos e o
seu ensino precisa ser renovado de forma que o educando possa ser visto como agente
social que reconstrói o conhecimento pelo aprendizado da cidadania e tem uma história
de vida a ser levada em conta no processo educativo.

3. AS CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA

Muitas foram às transformações sofridas no conceito de cidadania, decorrente


dos momentos históricos vividos pela humanidade. A formação do cidadão envolve uma
série de valores, e a convivência cultural, muitas vezes, é determinante na formação do
indivíduo. Os fatores históricos, culturais, políticos e econômicos são importantes e
influenciam na formação para a cidadania.
A concepção contemporânea de cidadania traz elementos advindos das
concepções antigas e modernas. Da concepção Antiga retorna à concepção de ser
humano como um ser essencialmente político e social, que vive e interage na
sociedade. A cidadania Moderna traz a concepção de ser humano essencialmente
individual, e são afirmados os direitos individuais.
A cidadania contemporânea compreende que o ser humano tenha condições de
sobrevivência, desenvolvimento e tenha participação ativa na sociedade, sendo
compreendida a cidadania em sua totalidade como a condição real de cada ser humano
viver e conviver na sociedade com dignidade. Em síntese, cidadania é o direito que o
ser humano tem de ter direitos, que podem ser individuais, sociais, políticos e de
solidariedade.
À medida que cada indivíduo possa se desenvolver plenamente no mundo e ter
seus direitos civis, políticos e sociais garantidos, pode-se dizer que a utopia de termos
um mundo formado por cidadãos está sendo alcançada. A educação pode ter
importante papel na busca pela consolidação da cidadania, à medida que possibilite a
superação da consciência ingênua por uma consciência crítica, que permita uma maior
percepção das contradições existentes na sociedade:
A educação para a cidadania precisaria empenhar-se em expurgar de cada
homem as crenças, as fantasias, as ilusões e, quem sabe, as paixões, que em
nada contribuem para o desenvolvimento de uma consciência crítica. Sob esse
enfoque, a ingenuidade, para não dizer a ignorância, é profundamente negativa,
já que a pessoa ingênua é facilmente enganada pelos detentores do poder. [...]
Superar essas ingenuidades – aquela que supera o descontentamento ou
aquela que se lançam cegamente nos conflitos – é tarefa da educação.
(FERREIRA, 1993, p. 220).

O indivíduo desde seu início da sua vida vive em contato com a escola, é neste
local onde a criança tem seus estímulos aguçados e o faz se tornar um cidadão ativo
entre a sociedade em que vive, devendo ter em seu pensamento que ele deve buscar o
melhor para si e para os que estão ao seu redor, pois a cidadania consequentemente
se fortalece com a união de diversas pessoas ao seu redor.
Devemos nos concentrar no âmbito do cotidiano do indivíduo, de coisas ao seu
redor para que não haja a exclusão do mesmo no ambiente em que ele vive. A
Educação, direito de todos e dever do Estado e da família será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (apud
CAHALI, 2003, p. 124)
A escola tem dois objetivos principais na sociedade, que são: democratizar e
socializar o acesso ao conhecimento, além disso, é necessário promover a construção
moral e ética. Dessa forma, criam-se pessoas críticas, conscientes, engajadas e com
grande disposição para transformar a si e a sociedade.
Na Constituição do nosso país está explícito que a educação no Brasil é um
direito de todos e dever do Estado e da família, promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade. E deve visar o pleno desenvolvimento pessoal, exercício da
cidadania e a qualificação para o trabalho.
A LDB (Lei de Diretrizes e Bases) trata dos princípios que regem a educação
nacional e do planejamento educacional para o país, caracterizando-se por seguir
filosófica e doutrinariamente o que define a Constituição. Ela estabelece os rumos que
deverá tomar a educação no país.
A política e o planejamento educacionais surgem da ação conjunta do texto da
Constituição e do contexto da LDB, que deve regular a vida das redes escolares de
forma geral e abrangente, haja vista as grandes diferenças regionais existentes, para
servir a todos os sistemas de ensino do país. (SOUZA; SILVA, 2001, p. 3).
Da mesma forma, através de uma LDB, pode-se afirmar ou não o instituto da
cidadania. A Lei 5692/71 é, basicamente, uma reforma da Lei 4024/61(Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional), ajustando a educação às novas necessidades do
mercado que surgem no contexto brasileiro a partir de l964. Ela “completa o ciclo de
reformas educacionais destinadas a ajustar a educação brasileira à ruptura política
perpetrada pelo golpe militar de 1964.” (SAVIANI, 1999, p. 116).
No Brasil a educação básica é dividida em três etapas: a educação infantil, o
ensino fundamental e o ensino médio. Geralmente as duas primeiras são oferecidas
pelos municípios, e a etapa final pela rede estadual, é fundamental que os municípios e
estados estejam em harmonia e com pensamentos alinhados para que essas etapas
tenham uma boa transição para os alunos. São essas etapas que antecedem o
ingresso do aluno ao ensino superior, sendo assim, primordial na formação do cidadão
e no preparo para o seu futuro.
A Educação Infantil é a primeira etapa da educação no Brasil, e tem o objetivo de
desenvolver os aspectos psicológicos, intelectuais, sociais e físicos. Ocorre em creches
e pré-escolas, com crianças entre 0 e 5 anos. Uma educação de qualidade nos
primeiros anos de vida pode gerar inúmeros benefícios na vida dos alunos, serve de
complemento para a educação feita pela família, mas não é apenas isso.
A Educação Infantil tem papel fundamental nessa etapa da vida da pessoa, é
preciso reformular o modo de como o homem se relaciona com a natureza e em
sociedade, nada mais eficaz que começar essa reformulação pelas sete crianças, que
são o futuro do país.
O aluno deve ser formado como um cidadão crítico, para assim ter uma maior
facilidade de compreensão do que está sendo proposto, assim desde o ensino
fundamental é importante desenvolver o olhar crítico do indivíduo, isso pode ser feito
com análise de imagens e interpretações e também a diferenciação de uma com a
outra. Quando se fala da educação relacionada à formação da cidadania do indivíduo,
se pode citar um trecho da obra de Santos (1987) dizendo que:

A educação deveria prover todas as pessoas com os meios adequados para


que sejam capazes de absorver e criticar a informação, recusando os seus
vieses, reclamando contra a sua fragmentação, exigindo que o noticiário de
cada dia não interrompa a sequência dos eventos, de modo que o filme do
mundo esteja ao alcance de todos os homens. O morador-cidadão, e não o
proprietário consumidor veria a cidade como um todo, pedindo que a façam
evoluir segundo um plano global e uma lista correspondente de prioridades, em
vez de se tornar o egoísta local, defensor de interesses de bairro ou de rua,
mais condizentes com o direito fetichista da propriedade que com a dignidade
de viver. O leitor teria sua individualidade liberada, para reclamar que, primeiro,
o reconheçam como cidadão. (SANTOS, 1987, p. 128/129).

Damiani (1999) acredita existir grande relação entre a cidadania e o espaço por
ser no segundo que ocorrem as relações. Para o mesmo, um cidadão deve participar
de todos os acontecimentos, tendo conhecimento já que ele não é meramente um
objeto, mas sim um sujeito dinâmico e receptivo a mudanças.
Acerca dos deveres e da cidadania, Borges (2001) afirma que, para exercer a
cidadania plena, os indivíduos devem ter uma vivência de direitos e deveres em relação
a si mesmos e à sociedade em geral, e se tal relação é suscetível de localização,
caberá à Geografia um papel na formação do cidadão.

Formar o aluno cidadão não significa domesticá-lo, instruindo-o a cumprir seus


deveres e a elencar os seus direitos. É necessário ir além, é necessário formar
a criticidade do aluno sujeito, capaz de fazer uma análise da realidade que o
cerca, dos lugares da experiência, não só reduzindo a experiência aos lugares e
tempos próximos, como também correlacionando aos outros espaços-tempos
(BORGES, 2001, p. 86)

4. GEOGRAFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA


O ser humano por natureza é um ser sociável, por isso é necessário o estudo da
sociedade, das relações humanas e de poder. Ele produz e transforma constantemente
o espaço em que está inserido, através do estudo espaço-temporal o homem cria uma
capacidade de autoconhecimento capaz de poder lhe proporcionar agir da melhor
maneira possível em determinadas situações já vividas na história da humanidade.
O estudo das ciências humanas e sociais tem a capacidade de transformar uma
sociedade, tornando-a mais justa, respeitando e compreendendo as diversidades e
proporcionando que todos tenham capacidade para entender o que é ser um cidadão,
assim exercendo sua cidadania de forma plena, compreendendo a importância dos
seus atos no mundo em que vive.
Segundo Pessoal (2007), só a partir de 1982 que a Geografia passa a fazer parte
do Currículo apresentado por Ratio Studioru. Instalou-se no Brasil um sistema
educacional moldado nos padrões europeus, onde o ensino desta disciplina oferecia
uma cultura gerada aos alunos apenas na descrição e enumeração de fatos naturais.
A Geografia tem participação direta na formação do aluno, é através dela que o
aluno, ao longo de sua trajetória no ensino básico, consegue desenvolver o seu senso
crítico e tornar-se um indivíduo reflexivo, além de conhecedor do espaço em que ele
convive. Está inserida na área de conhecimento das ciências humanas, e o aluno em
seu primeiro contato com a geografia já nos anos iniciais, vai desenvolvendo
progressivamente o aprendizado através de alguns princípios ao longo de toda sua
trajetória do ensino básico.
A principal contribuição da Geografia na educação básica é desenvolver o
raciocínio geográfico, dessa forma o estudante desenvolve noções de mundo e
compreende as constantes transformações da sociedade e da natureza e assim poder
contribuir com soluções para eventuais problemas estando preparado para a vida
adulta e o mercado de trabalho.
Ensinar é uma tarefa complexa na medida em que exige um conhecimento
consistente da disciplina ou de suas atividades, da maneira como os estudantes
aprendem e de como serão conduzidos os recursos de ensino a fim de que se
ajuste melhor às condições do trabalho que será feito (Zabalza, 2004).

Dentro desta área de conhecimento muitos conceitos são importantes para os


estudos, alguns deles mais antigos e outros mais recentes, que surgem em razão da
necessidade de compreensão da complexidade do mundo atual. Os principais
conceitos são: espaço, região, paisagem, território, territorialidade, redes e escalas
geográficas.
A Base Nacional Comum Curricular é um documento normativo que foi criado
com o objetivo de equalizar a educação no Brasil e garantir que todos possam ter uma
formação de qualidade, em relação à Geografia a BNCC (Base Nacional Comum
Curricular) norteia seis disciplinas através de sete princípios básicos, como:
Analogia, que tem como objetivo comparar os fenômenos geográficos onde
muitos têm grandes semelhanças; Conexão, onde o aluno percebe que os
eventos geográficos não ocorrem de formas isoladas e sim interligadas com
outros eventos naturais ou sociais; Diferenciação o aluno compreende que os
fenômenos transformam o planeta de forma diferente, por isso o local onde ele
convive e tem um tipo de cultura pode ser tão diferente de outro local;
Distribuição que demonstra como os objetos são encontrados pelo espaço;
Extensão delimita um local por conta dos fenômenos geográficos; Localização
que define a posição de um objeto na superfície, a localização pode ser
absoluta ou relativa; E Ordem, que é como o espaço se estrutura através das
regras feitas pela sociedade.

A missão da Geografia Escolar é a de formar os educandos para a vida, pois, os


mesmos devem saber posicionar-se de forma crítica e reflexiva perante os problemas
enfrentados em família e no convívio em sociedade. Nesse sentido, o professor de
Geografia da escola pública tem que vencer alguns obstáculos para conseguir alcançar
esses objetivos, como: a falta de recursos didáticos, pouca carga horária semanal, bem
como o pouco prestígio e a falta de interesse dos alunos pela disciplina.
Nessa perspectiva, os objetivos propostos no ensino de Geografia, deverão estar
voltados para atividades que coloquem os alunos frente à sua condição de cidadão,
predispondo-o a valorizar o autoconhecimento, a compreensão da cultura tradicional e
o funcionamento dos grupos de convivência. Encaminhando-o assim para uma ação
alicerçada nos valores dos grupos locais.
A maneira mais comum de se ensinar Geografia tem sido por meio do uso
unicamente do livro didático e as proposições do professor, onde o docente avalia por
meio da memorização, da capacidade de decorar o que foi ensinado nas aulas. Assim,
os livros didáticos, segundo Oliveira (1994), tornaram-se a bíblia para os professores,
porém, não acompanham as transformações que a ciência geográfica tem vivido ao
longo dos anos.
Para tanto, o aluno deve ser considerado sujeito ativo e interativo em seu
processo de construção do conhecimento, por isso é necessário priorizar práticas que
incentivem a curiosidade e a troca de informação. Essas práticas devem, ainda,
mobilizá-lo para a utilização de diversas fontes de conhecimento. Nesse sentido, os
procedimentos de observação, pesquisa e debate são conteúdos necessários para que
o aluno desenvolva em plenitude o processo de construção do conhecimento.
Diante das mudanças que vêm acontecendo no espaço global, a ciência
geográfica tem a necessidade de mudar suas formas e análise dos conteúdos,
conforme Silva (2007, p. 174): “o ensino de geografia precisa evoluir, experimentar
alterações que refletem as transformações mundiais”. A Geografia Escolar não pode
ficar presa ao tradicionalismo, pois a sociedade, o espaço e os alunos mudaram,
reivindicando assim, novas transformações didáticas, abordando uma mudança de
raciocínios e práticas, envolvendo o educando.

5. A REDE PÚBLICA DE ENSINO E SUAS PRINCIPAIS DIFICULDADES

O ensino público e gratuito é uma das características marcantes do sistema


educacional brasileiro. A gratuidade do ensino é uma conquista antiga. Este direito já
estava previsto desde a Constituição de 1824, embora a educação estivesse ao
alcance de uma pequena parcela da população.
O conceito de educação universal e gratuita, no entanto, só passou a ter um
significado mais concreto a partir da Constituição Federal de 1988, que não só
preservou como ampliou esta conquista. Diz o artigo 205 do texto constitucional: a
educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. A
Constituição de 1988 foi o ponto de partida para o reordenamento legal e institucional
do sistema educacional brasileiro.
Um feito marcante para a educação foi a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, a LDB, em 1996. Outro marco importante foi à aprovação da
Emenda Constitucional nº 14, que criou Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) e alterou a Constituição,
estabelecendo com clareza as responsabilidades dos governos federal, estaduais e
municipais pela manutenção e desenvolvimento do ensino.
O regime de colaboração entre os três níveis governamentais é, portanto, outro
princípio com o qual a educação brasileira se identifica. As competências dos três
níveis de governo ficaram assim divididas: o governo federal é responsável pela
manutenção das instituições federais de ensino superior e exerce papel regulatório e
complementar nos demais níveis de ensino;
Os governos estaduais compartilham com os municípios a responsabilidade de
oferta do ensino fundamental e do ensino médio; e os governos municipais oferecem
com prioridade o ensino fundamental e a educação infantil, abrangendo o atendimento
em creches para crianças de até três anos de idade e em pré-escolas, para crianças na
faixa etária entre quatro e seis anos.
Dentre os conceitos da Geografia, o espaço geográfico é o mais abrangente,
apresentando-se como “um todo” do qual derivam os demais conceitos e com o qual
eles se relacionam. O homem é o agente por excelência do espaço geográfico. O
espaço somente passa a existir quando se verifica interação entre o homem e o meio
em que vive, do qual retira o que lhe é necessário para a sobrevivência, promovendo
alterações de suas características originais.
Não é possível pensar o ensino e a aprendizagem da Geografia sem pensar que
ela é parte integrante do contexto escolar. Nessa perspectiva, Kaercher (1999) afirma
que, juntamente com outras disciplinas escolares, a Geografia pode ser um instrumento
valioso para elevar a criticidade dos alunos, pois trata de assuntos intrinsecamente
polêmicos e políticos, quebrando a tendência secular da escola como algo tedioso e
desligado do cotidiano.
A partir do que foi colocado, o estudo geográfico procede segundo Carvalho
(2005) primeiro com o encontro do espaço geográfico, segundo para que o espaço,
enquanto objeto de estudo seja descoberto, faz-se necessário entender e compreender
seu desenvolvimento histórico.
O terceiro momento se coloca quando as dinâmicas particulares e os conceitos
geográficos, aparecem devido à necessidade imposta pelo próprio estudo do espaço
geográfico. É neste momento que as particularidades aparecem: industrialização,
urbanização, geomorfologia, climatologia e outros. Carvalho (2005) deixa bem claro que
os particularismos não podem ocorrer, porque com isso as dinâmicas particulares em si
acabam não sendo dinâmicas.
O perigo é cair no mesmo discurso e prática que estamos aqui criticando.
Resumindo o processo do estudo geográfico e do ensino a partir dessa lógica, mostra o
autor que: “Os momentos, então, de elaboração e desenvolvimento dos conceitos, vão
aflorando na medida em que o trabalho de investigação geográfica, como tradução
espacial da escala histórica, vai se materializando nas realidades concretas”
(CARVALHO, 2005, p.99).
Atualmente no Brasil é utilizado a Base Comum Curricular (BNCC), que é um
documento normativo que define o que é essencial para o desenvolvimento do aluno na
educação básica e ajuda a compreender a importância do ensino da geografia,
ressaltando o motivo pela qual ela é indispensável no desenvolvimento de qualquer
indivíduo.
Dentro da Geografia muitos conceitos, entendidos também como categorias de
análise, são importantes para seus estudos, alguns deles mais antigos e outros mais
recentes, que surgem em razão da necessidade de compreensão da complexidade do
mundo atual. Os principais conceitos são: espaço, região, paisagem, território,
territorialidade, redes e escalas geográficas.
A ocorrência de dificuldades pode estar relacionada à maneira como são
conduzidas as didáticas e metodologias utilizadas na Geografia escolar. Embora haja
situações difíceis enfrentadas pelos professores, por exemplo, a baixa remuneração, a
formação inicial desqualificada, o excesso de carga horária de trabalho, além do
problema da indisciplina e a ausência da família na tarefa de educar, o professor deve
buscar alternativas para superar e transformar a realidade em que está inserido.
Um dos principais desafios educacionais do país na próxima década será
aumentar a escolaridade dos professores. Existem cerca de 1 milhão de funções
docentes em todos os níveis da educação básica sem formação superior completa. As
condições físicas das escolas brasileiras de ensino fundamental ainda não são
adequadas. A maioria dos alunos estuda em escolas que não possuem biblioteca,
laboratório de ciências, quadra de esportes e outros equipamentos básicos. Estas
condições mudam consideravelmente no ensino médio.
A tendência verificada é de aumento das taxas de promoção e diminuição da
repetência e da evasão. Mesmo assim, as taxas de repetência continuam elevadas,
principalmente na 1ª série do ensino fundamental.
Os alunos brasileiros estão permanecendo na escola mais que o tempo
suficiente para concluir os 11 anos de escolaridade básica. Mas, no entanto, não
conseguem completar seus estudos. Eles permanecem, em média, 9,1 anos no sistema
para concluir, em média, 6,7 séries do ensino fundamental e 3,5 anos para concluir
apenas 2,6 séries do ensino médio.
Estes dados demonstram que o tempo médio de permanência na escola seria
suficiente para conclusão das oito séries do ensino fundamental e das três séries do
ensino médio, o que não vem ocorrendo. Os alunos brasileiros levam, em média, 1,3
anos para cursar cada série do ensino fundamental e médio.
Os dados sobre o nível de instrução da população indicam que o Brasil tem
apenas 22,8% da população na faixa etária entre 25 e 64 anos com pelo menos nível
médio completo, muito baixo para a média internacional. Somente cinco estados (Acre,
Amazonas, Amapá, Rio de Janeiro e São Paulo) e o Distrito Federal possuem mais de
25% da população nesta faixa etária com pelo menos 11 anos de escolaridade. Este
quadro demonstra o tamanho do desafio que o Brasil deve superar para elevar a
escolaridade média da sua população
Por fim, é possível concluir que os fatores socioeconômicos são determinantes
na formação educacional. O ambiente familiar e social é preponderante para o
desenvolvimento da cultura da educação. Os estados brasileiros com menor IDH e com
menor PIB per capita são os que se defrontam com os maiores desafios. Já os estados
com maior IDH e PIB per capita estão mais adiantados na mobilização política e da
sociedade para resolver seus problemas educacionais.

CONSIDERAÇOES FINAIS
De acordo com o presente trabalho foi possível realizar um breve histórico sobre
a geografia, identificando os pontos importantes que compõem e fazem com que essa
disciplina seja uma das matérias essenciais para a formação do cidadão. Trata-se de
uma ferramenta fundamental para ajudar o aluno a entender a realidade do mundo em
que vive e interpretar, as relações entre a sociedade e o meio físico.
Quando se trata do ensino e a educação no Brasil é possível observar as
dificuldades das escolas públicas, e a necessidade de uma intensificação nos
conteúdos repassados em sala de aula, ou seja, trazer para sua própria vivência, pois
os alunos necessitam de mais aprendizado e assimilação conforme o ambiente em que
se está inserido.
O ensino encontrado na maioria das escolas é pautado no professor como o
cerne do conhecimento, onde os alunos são meros receptores de informações.
Reverter este quadro não é uma tarefa fácil. Para que isto ocorra, o professor precisa
ser inovador, é necessário a inserção de novas práticas metodológicas no ensino, com
o intuito de despertar o interesse dos alunos.
Portanto a Geografia deve ser ensinada de forma criativa, interessante e de
qualidade, como qualquer outra disciplina. Ela proporciona a interação dos alunos com
sua realidade, de maneira crítica e criativa e a instituição escolar deve ser espaço vivo
de interação social, em que todos constroem conhecimentos em uma perspectiva
cooperativa e democrática.

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