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De um lado, a educação é compreendida como a forma pela qual a sociedade, por meio das
instituições formais, forma os diferentes sujeitos sociais para viver em sociedade, dentro de
uma perspectiva da pedagogia clássica, sistematizada e tradicional. A educação que ocorre nas
fases da infância e juventude é “dada” pela escola formal. Nessa concepção ou visão, a
educação é algo linear, que ocorre em fases pré-estabelecidas e não ao longo de uma vida. O
espaço destinado à prática educativa, o lugar da educação é unicamente a escola. Vista desta
forma a educação passa a ser responsabilidade quase exclusiva da “escola”, que teoricamente
é o lugar onde se desenvolve as atividades educativas para a “formação” dos diferentes
sujeitos sociais e fica também dependente das políticas públicas e educacionais.
De outro lado, a educação em um sentido mais amplo se relaciona à existência do ser humano
em sua plenitude e em seus diferentes aspectos. Ela é vista como um processo; portanto, algo
que está em infinito movimento. Ela representa mais do que a adaptação do indivíduo aos
padrões que a sociedade determina, relaciona-se diretamente com a transformação do sujeito
social, da forma pela qual ele irá ler o mundo e se ver no mundo. Nesse sentido, conforme
Álvaro Vieira Pinto (1994, p. 30):
Educação é formação (Bildung) do homem pela sociedade, ou seja, o processo pelo qual a
sociedade atua constantemente sobre o desenvolvimento do ser humano no intento de
integrá-lo no modo de ser social vigente e de conduzi-lo a aceitar e buscar os fins
coletivos.Álvaro Vieira Pinto (1994, p. 30)
No decorrer da vida, a partir do contato com a família, amigos, escola, trabalho, religião,
aprendemos novas formas de viver e de nos comportarmos em sociedade; novas formas de
ser. Há uma aprendizagem social em todos os espaços que o homem interage, esse
aprendizado é uma forma de educação, uma vez que contribui de forma efetiva para a
formação do homem, para que ele integre-se na sociedade em que vive, para que ocorra a
transformação de seu comportamento. Dessa forma, pode-se dizer que a vida em sociedade,
enquanto um aprendizado contínuo da prática social, em que ideias e valores são
interiorizados de forma constante pelo indivíduo, constitui-se em uma forma de educação. A
educação adquire um papel essencial para a inserção do homem na realidade social, sendo
indiscutível ser ela um fato social, pois o que a move é a própria sociedade, as necessidades e
anseios dos diferentes grupos sociais e seus respectivos tempos históricos; ela ocorre por meio
das constantes interações sociais; é uma forma de a sociedade preparar os diferentes sujeitos
sociais para os diferentes papéis que deverá exercer ao longo de sua existência.
"A educação é uma prática social (como a saúde pública, a comunicação social, o serviço
militar) cujo fim é o desenvolvimento do que na pessoa humana pode ser aprendido entre os
tipos de saber existentes em uma cultura, para a formação". Brandão (2001, p. 73)
Pode-se, então, considerar que a educação é a própria conduta de vida moral e ética, que tem
como finalidade a construção plena do cidadão. Nesse sentido, a educação se relaciona à
inserção do homem na sociedade; inserção que deve ser realizada de forma crítica e
consciente. De modo sistemático e intencional, a educação acontece na escola e em
instituições voltadas para o ensino.
A educação deve ser compreendida como um fenômeno cultural, pois ao longo de seu
processo não só se produz e reproduz o conhecimento, como também se transmite cultura nos
mais diversos aspectos. Por meio da educação, a cultura de uma comunidade é perpetuada e,
ao mesmo tempo, transformada, pois a educação, enquanto um processo, interage o novo
com o velho, possibilitando, a partir de um movimento dialético, a criação do novo.
Dessa forma, ela representa progresso, pois oferece a possibilidade de recriar, de transformar;
ao mesmo tempo em que se incorpora à cultura vigente, cria-se a perspectiva de mudança ao
trazer ao palco educativo a semente da criatividade e da dialogicidade.
É apropriado notar o fato de ser a educação um dos produtos ideológicos da cultura. Nesse
sentido, não só transmite a totalidade cultural da realidade em que está inserida, com tem um
caráter fortemente político e ideológico.
Cabe também enfatizar que a educação existe desde que o ser humano surgiu na Terra,
enquanto um fenômeno cultural, é uma forma fundamental de ensinar ao outro a produção e
de conservar a própria espécie; por meio dela o homem se faz homem, ou seja, ao educar-se,
há a possibilidade de aprender a ser humano. A educação, assim como a história do ser
humano, é universo de possibilidades, como mostra Chico Alencar (2003,99) ?[...] Somos filhos
do tempo, da cultura e... dos processos educativos que as sociedades criam e recriam?.
Enquanto professores temos que ter clareza que o ato de educar nunca é neutro, como dizia
Paulo Freire, ele é ideologico por natureza.
CURIOSIDADES.
No período clássico, em Esparta, a educação era coletiva e uma tarefa do Estado, mas não se
tratava de uma escola pública. No século VI a.C. surgiu a escola de Pitágoras, para ele, a
paidéia (educação) era um bem que se transmite sem perder.
Sobre esse tema vale a pena conferir: MANACORDA, Mario Alighiero. História da educação: da
antiguidade aos nossos dias. 6. ed. São Paulo: Cortez, 1997.
Há mais de uma década entramos no século XXI, nesta "Nova Era" é preciso pensar a educação
de forma sintonizada com as mudanças que vem ocorrendo cada vez mais rápido nos
diferentes setores da sociedade. Não há como conceber a educação dentro da mesma
racionalidade do século passado, afinal o jovem de hoje não é o mesmo de a 20 anos atrás.
Durante muito tempo a educação foi concebida dentro da concepção restrita, limitando
mentes e corpos de se desenvolverem plenamente. A United Nations Educational Scientific
and Cultural Organization, conhecida por nós como UNESCO, preocupada com a educação no
século XXI, elaborou um documento sobre a educação nesse novo milênio, onde aponta a
necessidade de se compreender a educação de forma mais ampla, destaca ainda a importância
da "educação ao longo da vida" voltada para um resgate do "ser humano" em todas as suas
potencialidades e para o preparo do exercício da cidadania planetária. O olhar desse
documento volta-se para uma educação preocupada com a formação ética, onde o homem se
prepara para compreender melhor a si e ao outro e assim saber conviver com as diferenças e
respeitar a diversidade.
(( DELORS, 2003:47))
Conforme o documento:
“A educação deve, pois tornar o indivíduo mais consciente de suas raízes, a fim de dispor de
referências que lhe permita situar-se no mundo, e deve ensinar-lhe o respeito pelas outras
culturas. O conhecimento das outras culturas torna-nos, pois conscientes da singularidade da
nossa própria cultura mas também da existência de um patrimônio comum ao conjunto da
humanidade.” (IDEM, 2003:48)
(DELORS, 2003:48)
No documento essa ideia da educação para o século XXI como um instrumento poderoso de
solidariedade social fica fortemente presente quanto é colocado que “A educação pode ser um
fator de coesão, se procurar ter em conta a diversidade dos indivíduos e dos grupos humanos,
evitando tornar-se um fator de exclusão social” (DELORS, 2003: 54). Acredita-se, portanto que
ela pode atuar na contra mão da lógica capitalista e neoliberal e servir como elemento de
inclusão real, quando a mesma tiver o sentido de humanizar, socializar valores de justiça,
respeito e solidariedade. Para isso é necessário que os vários segmentos da sociedade tenham
consciência da educação não como um mero processo de reprodução da cultura oficial
existente, mas sim à relacionem com os diferentes sujeitos, de maneira a recriar os
conhecimentos para superar os limites impostos pela desigualdade social.
Outra palavra de ordem para este século é a Educação intercultural, porém sua concretização
se dá por meio da inserção na cultural local, na qual cada indivíduo possa perceber-se criador e
assim estar preparado para compreender e respeitar as outras realidades culturais. Conforme
o documento da UNESCO, a educação intercultural é um fator de promoção paz na sociedade.
A Educação do século XXI tem como um dos seus pontos fundamentais a educação para o
pluralismo, para o respeito ao gênero humano em sua totalidade. Há, portanto, a crença que a
partir dessa educação plural que assume e inclui a diversidade como riqueza, todos terão a
possibilidade de ir contra a intolerância e a violência presente no mundo, gerando uma cultura
política capaz de mediar nossos conflitos e diferentes interesses humanos.
Com base em uma cultura política democrática que no século XXI a Educação caminha em
direção a uma forma ultrapassar as barreiras étnicas, raciais e sociais da intolerância, que não
se restrinja a contemplar as camadas mais favorecidas com uma educação do saber, do fazer e
do pensar, mas que tenha como meta unir em um sentimento de tolerância e respeito os
diferentes setores da sociedade, incluindo todos os cidadãos em uma educação permanente,
que prepare para a vida, que permita o ser humano ser respeitado em sua singularidade,
dando aos indivíduos as condições necessárias para o desenvolvimento de um mundo mais
democrático. Por isso, a formação docente no século XXI, constitui-se como um desafio aos
formadores dos cursos de licenciatura, aos seus licenciandos, e as comunidades por eles
atendidas. Deve-se ter consciência que a Educação necessita ter o reconhecimento de sua
relevância por toda sociedade. Conforme o relatório da UNESCO trata-se de um processo de
interiorização dos atores sociais dos valores democráticos do mundo contemporâneo e sentido
da educação para a cidadania.
Outro aspecto importante refere-se a ideia de uma educação voltada para o desenvolvimento
humano, fortemente marcada nesse novo século como sentido “em dotar a humanidade da
capacidade de dominar o seu próprio desenvolvimento..” (DELORS, 2003:84). Para isso, a
educação não deverá ter um fim utilitário, não se deve tê-la como uma forma de acúmulo do
capital humano. Pelo contrário, a educação serve como uma forma de colaborar para os
diferentes sujeitos sociais descubram seus talentos e suas potencialidades, tornando possível
uma formação plena, que os prepare para viver de forma segura com os desafios postos por
esse período de incertezas.
Fica claro que a Educação para o século XXI não poderá se contentar com a educação formal,
pois ela abrange uma visão ampla, em que a educação continuada passa a ser necessária para
o desenvolvimento social, transmitindo saberes que potencializem um “tesouro escondido em
cada um de nós”. Ressaltamos, então o enunciado do Relatório da UNESCO (2003) que
perpassam as características sobre a Educação no século XXI:
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
Questão 1 / 2
o desenvolvimento do que na pessoa humana pode ser aprendido entre os tipos de saber
existentes em uma cultura ,para formação.
Questão 2 / 2
Referências
FREIRE, P. Educação como prática de Liberdade. São Paulo: Paz e Terra, 1966.
__________. Ação cultural para liberdade. São Paulo: Paz e Terra, 1976.