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FICHA DE LEITURA 1 – FUNDAMENTOS DA PEDAGOGIA

TEMA 1: A Ciência Pedagógica e seu Objecto

A palavra Pedagogia vem do grego (pais, paidós = criança; agein = conduzir; logos = tratado,
ciência) que significava conduzir a criança ao saber.

Segundo Piletti (2004), Pedagogo é o especialista em assuntos educacionais e Pedagogia é o


conjunto de conhecimentos sistemáticos relativos ao fenómeno educativo.

Daí que de acordo com Durkheim & Radice, citados por Piletti (2004), existem diversas
definições de Pedagogia, a destacar:

 Pedagogia é a ciência da Educação;


 Pedagogia é a ciência e arte de educar;
 Pedagogia é a arte de educar;
 Pedagogia é a reflexão metódica sobre a Educação para esclarecer e orientar a prática
educativa.

O Conceito moderno de Pedagogia, conforme Prof. C. Mattos citado por Piletti (2004), refere
que ela é a filosofia, a ciência e a técnica da educação. Esse conceito é completo porque abrange
todos os aspectos fundamentais da Pedagogia.

Objeto da Pedagogia

O Pedagogo não possui quanto ao seu objecto de estudo um conteúdo intrinsecamente próprio,
mas um domínio próprio (a educação), e um enfoque próprio (o educacional), que lhe assegurara
seu carácter científico. O objecto de estudo do Pedagogo compreende os processos formativos
que actuam por meio da comunicação e intercâmbio da experiência humana acumulada. Estuda a
Educação como prática humana e social naquilo que modifica os indivíduos e os grupos em seus
estados físicos, mentais, espirituais e culturais. Nesta ordem de ideia, o Objecto da Pedagogia é a
prática educativa, ou seja, o fenómeno educativo.
Objectivo da Pedagogia

O objectivo da Pedagogia é a reflexão, a crítica, a ordenação e a sistematização do processo


educativo.

Pedagogia como Reflexão sobre a Educação

Pedagogia diz respeito a uma reflexão sistemática sobre o fenômeno educativo, sobre as práticas
educativas, para poder ser uma instância orientadora do trabalho educativo. Ou seja, ela não se
refere apenas às práticas escolares, mas a um imenso conjunto de outras práticas. O campo do
educativo é bastante vasto, uma vez que a educação ocorre em muitos lugares e sob variadas
modalidades: na família, no trabalho, na rua, na fábrica, nos meios de comunicação, na política,
na escola. De modo que não podemos reduzir a educação ao ensino e nem a Pedagogia aos
métodos de ensino. Por consequência, se há uma diversidade de práticas educativas, há também
várias pedagogias: a pedagogia familiar, a pedagogia sindical, a pedagogia dos meios de
comunicação, etc., além, é claro, da pedagogia escolar.

Podemos dizer, então, que a toda educação corresponde uma pedagogia. Mas o que entendemos
sobre esse termo que denominamos educação ou prática educativa? Educação compreende o
conjunto dos processos, in- fluências, estruturas e ações que intervêm no desenvolvimento
humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num
determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais, visando a formação do ser
humano. A educação é, assim, uma prática humana, uma prática social, que modifica os seres
humanos nos seus estados físicos, mentais, espirituais, culturais, que dá uma configuração à
nossa existência humana individual e grupal. Escreve a esse respeito o pedagogo alemão
SCHMIED-KOWARZIK (1983):

A educação é uma função parcial integrante da produção e reprodução da vida social, que
é determinada por meio da tarefa natural e, ao mesmo tempo, cunhada socialmente da
regeneração de sujeitos humanos, sem os quais não existiria nenhuma práxis social. A
história do progresso social é simultaneamente também um desenvolvimento dos
indivíduos em suas capacidades espirituais e corporais e em suas relações mútuas. A
sociedade depende tanto da formação e da evolução dos indivíduos que a constituem,
quanto estes não podem se desenvolver fora das relações sociais.
A educação está ligada a processos de comunicação e interação pelos quais os membros de uma
sociedade assimilam saberes, habilidades, técnicas, atitudes, valores existentes no meio
culturalmente organizado e, com isso, ganham o patamar necessário para produzir outros saberes,
técnicas, valores etc.

Educação

Educação é uma prática social que visa ao desenvolvimento do ser humano, de suas
potencialidades, habilidades e competências. A educação, portanto, não se restringe à escola.

Tipos de Educação

 Educação Formal;
 Educação Não formal;
 Educação Informal.

A Educação Formal é um sistema educacional institucionalizado, cronologicamente nivelado e


hierarquicamente estruturado, abarcando desde o mais baixo nível de ensino até aos mais altos
níveis superiores. Remete para a escolarização e transmissão deliberada de conhecimentos e
atitudes explicitamente definidos e estruturados no espaço e no tempo (Colleta, 1996; Trilla,
1993).

A Educação Não Formal A educação não formal ocorre fora do sistema regular de ensino,
sendo complementar a este. É toda a atividade educacional organizada, sistemática e continuada
fora da estrutura do sistema formal, que proporciona a subgrupos particulares da população tipos
de aprendizagem selecionados. Embora organizado os resultados de aprendizagem não são
formalmente avaliados. Contudo, é intencional, sistemática e deliberada, mas não está
formalmente organizada, ou seja, é uma situação educativa não escolar, organizada fora do
sistema académico convencional.

A Educação Informal A educação informal é um processo contínuo, através do qual cada pessoa
adquire e acumula conhecimentos, habilidades e perceções, a partir das experiências quotidianas
e da sua exposição ao meio envolvente. Não é necessariamente organizada, podendo incluir os
processos educativos produzidos de forma indiferenciada e subordinada a outros objectivos. A
função educativa não é dominante. Remete para a transmissão de atitudes, conhecimentos e
capacidades, com diferentes modos de organização (Colleta, 1996).

Deste modo, os processos intencionalmente estruturados inscrevem-se no âmbito da educação


formal e não-formal e os processos não intencionais na educação informal (embora possa haver
um outro nível de intencionalidade, e.g. educação familiar considerada uma ação intencional). A
educação formal é intencional, sistemática e está institucionalizada. A educação não formal, tem
o mesmo nível de intencionalidade e sistemacidade, mas não tem o mesmo grau de
institucionalização. A educação informal não é intencional, nem sistemática, nem está
institucionalizada, sobretudo no que se refere ao sistema regular de ensino, podendo haver um
certo nível de intencionalidade e sistematização em determinados contextos (e.g. educação
familiar).

Sociologia da Educação

A Sociologia da Educação é a parte da ciência que estuda os processos sociais de ensino e de


aprendizagem, ou seja, é a área que explora todos os processos que ocorrem dentro do ensino,
desde as relações estruturadas até o papel da escola dentro da sociedade. É necessário pensar que
a sociedade, a escola e o ser humano estão diretamente conectados e um exerce influência no
outro. A escola tem um grande papel na formação do homem, que, por sua vez, tem conexão
direta com a sociedade, ou seja, a sociedade nada mais é do que um resultado da educação.

Sobre os contextos sociais a Sociologia da Educação, como já falamos anteriormente, estuda os


processos sociais dentro do ensino e da aprendizagem, ou seja, essa área estuda a educação em
geral, considerando que a relação entre transmitir conhecimento e absorvê-lo é um processo
complexo.

Filosofia da Educação

Filosofia da Educação é o campo da filosofia que examina, esclarece e direciona os objetivos,


métodos e ações pedagógicas de uma instituição de ensino. A filosofia da educação pode
influenciar na escolha dos assuntos lecionados em uma instituição e na forma que esse
ensinamento é efetuado no currículo básico.
Na maioria das instituições de ensino, ajuda também a inspirar e direcionar o planejamento
educacional, programas e processos. Por ser importante para a educação na totalidade, é uma das
principais matérias dos cursos de ensino superior, como a pedagogia.

A Educação Científica como Resultado do Patrimônio Sociocultural, Científico da


Humanidade.

O desenvolvimento científico transformou mentalidades, visões de mundo, práticas educacionais


e passou a funcionar como sistema explicativo dos fenômenos naturais.

Essa trajetória envolveu um alto grau de especialização que trouxe consequências para as
sociedades científicas, que se transformaram em grupos de eruditos; para as revistas, que
começaram, também, a se especializar; e para a linguagem que os cientistas utilizavam para
comunicar suas descobertas. Em pouco tempo, a divulgação da ciência tinha dois objetivos:
adaptação para os leigos e informação para os cientistas de outras áreas que tivessem interesse
(SANCHEZ MORA, 2003, p. 23).

Atualmente, observa-se que aquilo que é produzido pela ciência não é de interesse somente dos
cientistas. A questão que se coloca é como as descobertas científicas podem chegar ao
conhecimento não somente daqueles que estão envolvidos com a ciência, como também do
cidadão, aquele que, em virtude das grandes mudanças que o binômio ciência-tecnologia
introduz na sociedade, deve ser esclarecido sobre os rumos que a civilização pode estar tomando.

Ciência

Segundo os autores, Almeida & Freire, (2003, p.19) “O termo ciência, do latim scientia, significa
“conhecimento, doutrina, erudição ou prática”. (Arnal et al., 1992). Progressivamente foi
acrescentado o caráter sistemático ou organizado de tal conhecimento. Hoje podemos definir
ciência por um “conjunto organizado de conhecimentos sobre a realidade e obtidos mediante o
método científico” (Bravo, 1985). Na descrição deste método importa salvaguardar o seu caráter
empírico, diferenciando este conhecimento de especulações ou abstrações.”

A Ciência também pode ser definida como sendo um esforço rigoroso e sistemático que constrói
e organiza o conhecimento na forma de explicações e previsões testáveis sobre o mundo.
Surgimento da Escola

Historicamente a educação, esteve presente em âmbito sócio humano. Obviamente que essa
educação institucionalizada ou não, é socialmente histórica, ou seja, com características próprias
em cada fase ou época de sua existência. As diversas formas dessa educação social a serem
estudadas e entendidas como foram e são repassadas, cumprem em comum, singularidades
realistas de seus momentos históricos.

Segundo Petitat (1994), a escola colabora para a reprodução da ordem social; porém ela de
maneira sólida favorece as suas mudanças, as vezes intencional ou de uma outra forma contra a
vontade; e, as vezes as transformações se dão a parte da escola. É que se trata de uma ordem
dinâmica, de grupos e de classes em modificações, usa de técnicas em constante renovação e de
culturas que se redirecionam periodicamente. Em dois séculos, o mundo assistiu a
transformações esperadas, contudo, ainda nos atentamos a teorias pouco estáticas da escola como
agente de reprodução social.

Com o movimento do iluminismo a escola passou a ser mais influenciadora para praticar mais a
função de instrução do que educação, isso se dá no decorrer do século XIX e XX, o ensino já
costumava ser obrigatório na maioria dos países. Dessa forma, a escola passou a receber mais
estudantes, todavia, ela, de um modo geral, não estava preparada para essas mudanças. A escola
que sempre foi uma instituição elitista não poderia transforma-se rapidamente e sem a devida
preparação numa escola democrática. Por conseguinte, a escola foi marcada pela evasão escolar,
dificuldades de aprendizagem e outros problemas relacionados à expansão do ensino.

A escola é uma instituição social em primeira instância, sabe-se que social é aquilo que se
interage à sociedade. Entretanto o problema inicia-se por se tornar mais complicado quando
referido ao conceito de sociedade, esse conceito é demasiadamente compreendido quando a
pergunta se refere a de que forma a sociedade deveria ser em um contexto geral. As concepções
sobre sociedade e sobre quais valores sociais seriam mais adequados animam discussões que já
duram muitos séculos (SILVA; WEIDE, S/D). No entanto essas discussões nos fazem refletir ao
nosso principal objetivo que é compreender o surgimento da escola e sua função na sociedade.

Saberes e Experiências Acumuladas ao Longo do Tempo


Há séculos a academia se estabeleceu como centro da produção do saber, do conhecimento
humano, das novas tecnologias, da gênese do novo e do repensar e mudar os antigos conceitos
(Souza, 2013).

Como o conhecimento humano produzido era transmitido pela oralidade, parte podia se perder
ao longo do tempo, em virtude de uma série de fatores inerentes à condição humana:
emigração/exílio do detentor do saber, mortalidade, problemas neurológicos que levassem ao
esquecimento, desinteresse do grupo na aquisição do saber, extinção de grupos sociais etc.
(Pollak, 1989, 1992; Schimidt; Mahfoud, 1993; Von Simson, 2006; Córdula; Nascimento, 2014a;
Nascimento; Nascimento; Córdula, 2014).

Ao longo da história da humanidade, vários eventos de estruturação cultural evoluíram; dois


notáveis foram a escrita e o papel, que promoveram o registro e o acúmulo dos acontecimentos
cotidianos, da história, dos costumes, da própria cultura, dos saberes e práticas sobre os
fenômenos naturais e sociais (Córdula, 2011a) em acervos. Assim, todo o conhecimento da
humanidade passou a ser perpetuado, redigido, arquivado e acessível aos leitores (Córdula,
2011a).

A ciência avança cotidianamente em todas as áreas. Em 1698 foi inventada a primeira máquina a
vapor (UFRGS, 2017); em 1943, o primeiro computador (Moreno, 2011); em 1973, o primeiro
celular para telefonia móvel (Sanches, 2011). Em 2017 o primeiro rim artificial foi produzido
pela medicina (Portal, 2017). São marcos dentre tantos outros, que colocaram a sociedade
humana em níveis mais elevados de saberes. As tecnologias surgem pela necessidade de avançar
da sociedade e/ou de enfrentamento a problemas/desafios que precisam ser superados (Figura a
seguir).
O primeiro grande conhecimento tecnológico, que permitiu os demais, foi a dominação do fogo
na Pré-História (Musitano, 2017), no alvorecer da humanidade; a ciência só viria a existir
milhares de anos depois. Ou seja, o domínio se deu pela observação, tentativas, erros e
ocorrências do cotidiano que levaram à produção desse elemento natural mudando a condição
humana (Musitano, 2017).

Portanto, produz-se conhecimento desde os primórdios da história da humanidade, pois a


evolução humana permitiu organizar e agrupar o saber, estruturar o processo de perpetuação ao
longo das gerações, organizando, criando métodos, modelos, regras, normas e sistematizando-o.
E a academia, pelas faculdades, universidades e instituições de ensino superior (IES), elaborou
todo o sistema científico conhecido na atualidade (Theóphilo, 1998; Silva; Melo Neto, 2015).

Categorias da Pedagogia

As categorias da pedagogia são:

 Educação
 Ensino
 Instrução

Educação

É a transmissão de conhecimentos, ideias, crenças, opiniões e costumes das velhas gerações aos
jovens e passa de geração em geração. Mediante a educação se forma a conduta, a consciência
dos homens de acordo com os princípios e normas estabelecidas pela sociedade.

a) A educação no sentido amplo: compreende a influencia de todo modo de vida do


homem.
b) A educação no sentido restrito: compreende o trabalho dos educadores para formar nos
educandos ideias, sentimentos, motivos, necessidades, hábitos ou formas de conduta. Esta
educação realiza-se na escola pelo professor.

Ensino
É o processo pedagógico de dotar o aluno, sob a direcção do professor com conceitos, bem como
com o desenvolvimento das capacidades intelectuais dos alunos. Este processo manifesta-se de
forma bilateral (professor-aluno).

Instrução

Ocupa-se da formação motora e intelectual do indivíduo. Ela é apenas uma parte da educação. A
instrução alcança-se mediante o ensino.

Outras Categorias

Auto-educação: actividade sistemática e consciente que contribui a formar e aperfeiçoar e


modificar o comportamento. A educação e auto-educação não só estão caminhadas ao
desenvolvimento da personalidade, mas também para a sua correcção.

Reeducação: é um processo que visa mudar ou substituir qualidades do carácter já formados.

Aprendizagem: é um processo de aquisição e assimilação mais ou menos conscientes de novas


formas de perceber, ser, pensar e agir e que modificam ao comportamento do individuo. Existem
diferentes tipos de aprendizagem:

a. Cognitiva: simples informação sobre os factos ou suas interpretações com base em


conceitos, princípios e teorias.
b. Motora ou motriz: aprendizagem de hábitos que incluem desde simples habilidade
motora até habilidade verbal ou gráficas.
c. Afectiva ou emocional: diz respeito ao desenvolvimento de certos sentimentos e
emoções.

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