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Universidade Federal de São Paulo

Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas


Campus Diadema
Graduação em Ciências Ambientais

1. Por que o Estatuto da Cidade é importante para o planejamento urbano? Que


diretrizes e instrumentos ele prevê?

No Brasil, as bases para o planejamento das cidades estão estabelecidas no Estatuto da


Cidade (Lei n° 10.257/2001) e pode ser considerado o principal marco legal para o
desenvolvimento urbano, junto à Constituição de 1988, de onde originam seus princípios e
diretrizes fundamentais. O Estatuto da Cidade estabelece as normas de ordem pública e
interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em benefício do coletivo, da
segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. Reúne
importantes instrumentos urbanísticos, tributários e jurídicos que podem garantir efetividade
ao Plano Diretor, responsável pelo estabelecimento da política urbana na esfera municipal e
pelo pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana.

A Lei n° 10.257 de 10 de julho de 2001 vem regulamentar os artigos 182 e 183 da


Constituição Federal de 1988, que conformam o capítulo relativo à Política Urbana. O artigo
182 estabelece que a política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder público
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes,
definindo que o instrumento básico desta política é o Plano Diretor. O artigo 183, por sua
vez, fixou que todo aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta
metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua
moradia ou de sua família, adquirirá o seu domínio, desde que não seja proprietário de
outro imóvel urbano ou rural. Este artigo abriu a possibilidade de regularização de extensas
áreas de nossas cidades ocupadas por favelas, vilas, alagados ou invasões, bem como
loteamentos clandestinos espalhados pelas periferias urbanas, transpondo estas formas de
moradia para a cidade denominada formal.

2. O que é um Plano Diretor e como ele deve ser elaborado? Faça uma breve
descrição.

De acordo com a Constituição Federal, o Plano Diretor “é o instrumento básico da política


de desenvolvimento e expansão urbana”. Trata-se de uma lei, de competência municipal, no
qual deverão estar contidos os aspectos físicos, econômicos e sociais desejados pela
coletividade. Por meio do Plano Diretor, deve-se procurar trabalhar a realidade presente
para que se possa obter uma melhor qualidade de vida para a população. O principal
objetivo de um Plano Diretor é planejar o futuro da cidade. A partir do pensamento reflexivo
sobre as funções exercidas no território (trabalho, moradia, lazer etc), ele visa ordenar o
pleno desenvolvimento das forças sociais existentes. Para tanto, é importante estabelecer
como a propriedade cumprirá sua função social, de forma a garantir o acesso à terra
urbanizada e regularizada, reconhecendo a todas as pessoas o direito à moradia e aos
serviços urbanos de qualidade.

O Plano Diretor é uma lei municipal que orienta o crescimento e o desenvolvimento urbano
de todo o município. Elaborado pelo poder executivo (Prefeitura), com a participação da
sociedade, e aprovada pelo poder legislativo (Câmara de Vereadores), estabelece regras,
parâmetros, incentivos e instrumentos para o desenvolvimento da cidade. É um pacto social
que define os instrumentos de planejamento urbano para reorganizar os espaços da cidade
e garantir a melhoria da qualidade de vida da população.

O Ministério das Cidades publicou um guia para elaboração dos planos diretores que
estabelece uma série de etapas para sua elaboração, priorizando a participação social em
todo o caminho. O Guia propõe que o Plano Diretor seja elaborado em três etapas,
posteriores à etapa preliminar preparatória: leitura, proposta e consolidação. A primeira trata
da leitura do território, com vistas a auxiliar na identificação de temas e problemáticas a
serem priorizadas, além de desafios a serem enfrentados ou potenciais a serem
aproveitados. A segunda etapa trata da proposta de ação, frente ao identificado na etapa
anterior de leitura do território, tornando possível explorar as estratégias mais adequadas a
cada problemática pré-identificada. Por fim, a terceira etapa sugerida é a consolidação por
meio da definição de instrumentos e de ferramentas complementares e da sistematização
em um quadro sumário do Plano Diretor.
3. O que é um Zoneamento Urbano? Por que ele é importante? Qual a relação dele
com questões ambientais?

Zoneamento é o conjunto de regras que define as atividades que podem ser instaladas nos
diferentes locais da cidade (por exemplo, se é permitido comércio, indústria, residências,
etc.) e como as edificações devem ser implantadas nos lotes de forma a proporcionar a
melhor relação com a vizinhança. O zoneamento constitui um procedimento urbanístico que
tem por objetivo regular o uso da propriedade do solo e dos edifícios em áreas
homogêneas, no interesse do bem-estar da população. Ele serve para encontrar lugar para
todos os usos essenciais do solo e dos edifícios na comunidade e colocar cada coisa em
seu lugar adequado, inclusive as atividades incômodas. Tendo em vista a ampla
diversidade de atividades, a extensão territorial do Município e a diversidade dos bairros, é
necessário estabelecer regras distintas para as diferentes regiões do Município. Para tanto,
a lei de zoneamento divide o território em porções, denominadas zonas, e cada zona reúne
um conjunto de regras para um determinado local. E é com base nessas regras que a
Prefeitura autoriza a construção de novos edifícios e a instalação de novas atividades nos
bairros por meio de alvarás e licenças de funcionamento.

Já o zoneamento ecológico-econômico (ZEE), instrumento da Política Nacional do Meio


Ambiente regulamentado pelo decreto nº 4.297/2002, tem sido utilizado pelo poder público
com projetos realizados em diversas escalas de trabalho e em frações do território nacional.
Municípios, estados da federação e órgãos federais têm executado ZEEs e avançado na
conexão entre os produtos gerados e os instrumentos de políticas públicas, com o objetivo
de efetivar ações de planejamento ambiental territorial. O ZEE tem como objetivo viabilizar o
desenvolvimento sustentável a partir da compatibilização do desenvolvimento
socioeconômico com a proteção ambiental. Para tanto, parte do diagnóstico dos meios
físico, socioeconômico e jurídico-institucional e do estabelecimento de cenários
exploratórios para a proposição de diretrizes legais e programáticas para cada unidade
territorial identificada, estabelecendo, inclusive, ações voltadas à mitigação ou correção de
impactos ambientais danosos porventura ocorridos.

4. Descreva um problema urbano-ambiental que você vê no seu trajeto até a


Unifesp. Indique soluções que o planejamento urbano poderia trazer para aumentar
a qualidade ambiental nas cidades

O principal problema enfrentado no meu trajeto para a UNIFESP e, principalmente, para


meu estágio é o de mobilidade urbana. Gasto cerca de 3h de deslocamento por dia e em
dias que preciso ir para universidade e para o estágio esse tempo aumenta
aproximadamente 1h. Acredito que esse problema poderia ser resolvido de diversas formas,
uma delas é aumentar a quantidade de transporte coletivo no estado de São Paulo e os
tornar gratuito, para que todos possam efetivamente utilizá-los. Assim, diminuiria a
quantidade de automóveis nas ruas, evitando o congestionamento de carros e diminuindo a
poluição gerada por eles. Outra solução é a de descentralizar as zonas de grande oferta de
emprego e distribuir pelo estado.

5. Assista ao vídeo sobre a história da Billings, 13’, e responda: Qual a relação


entre o rio Pinheiros e a Billings? Como melhorar a qualidade da água de ambos?

A relação entre eles está na degradação sofrida ao longo dos anos devido à expansão
urbana sem um planejamento adequado para incluí-los de forma correta. A canalização
ignora seu período de cheia e impermeabiliza o solo, ocasionando enchentes. Além disso,
os rios são poluídos ao receberem esgoto, muitas vezes irregular, e a carga difusa dos
bueiros com sujeira e resíduos. A história dos rios também apresenta os impactos gerados
pela necessidade de energia elétrica, com o aumento da urbanização, e pelo poder das
empresas privadas, onde utilizou-se o curso do rio Pinheiros para gerar energia pela City
em parceria com a Light (privadas), que posteriormente receberam o direito de lotear as
áreas adjacentes, dando início a uma alta população às margens do rio, onde grande parte
do esgoto era lançado nos córregos ou de forma direta, sem tratamento. Dessa forma, as
águas lançadas na Billings comprometeram dramaticamente a represa.

A solução para melhorar a qualidade da água de ambos está na mobilização da sociedade


pela causa do rio, a interlocução com os poderes públicos, o zoneamento adequado,
principalmente para evitar a destinação de esgoto irregular nos rios, gestão de resíduos
sólidos, projetos ambientais, como a criação de parques lineares, como o do rio
Manzanares, em Madri (Espanha) e o processo de estatização.

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