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Código de obras e o Plano Diretor de Manaus

Autores: Bruno Barbosa Frota; Diego Monteiro de Souza; Jennyfer Vanessa Teixeira Brelaz;
Luis Filipe Barros de Carvalho

Sem o planejamento urbano, as cidades tendem a um crescimento


desordenado, gerando problemas na infraestrutura e comprometendo as situações
de uso e ocupação do solo. Essa problemática social, que não é facilmente
equacionada, traz a necessidade de um plano que oriente o desenvolvimento das
cidades.

Visando a preservação dos bens ou áreas de referência urbana, é previsto


em lei, na Constituição Federal e no Estatuto da Cidade, que o Plano Diretor, como
lei municipal, estabelece diretrizes para a adequada ocupação do município. Ele
determina o que pode e o que não pode ser feito na cidade, em se tratando de
atividades e empreendimentos a serem realizados.

Como ferramenta central do planejamento de cidades no Brasil, é ele quem


deve promover o diálogo entre os aspectos físicos/territoriais e os objetivos sociais,
econômicos e ambientais que temos para a cidade.

O plano é uma lei municipal elaborada pelo poder executivo (Prefeitura) e


aprovada pelo poder legislativo (Câmara de Vereadores), que estabelece regras,
incentivos, parâmetros e instrumentos para o desenvolvimento de uma cidade. Ele
atua em sentidos complementares. Obrigando aos privados (empresas, cidadãos) o
cumprimento de certas exigências (por exemplo, restringindo os usos permitidos
para os terrenos ou imóveis), incentivando ou induzindo os privados a tomarem
certas ações (por exemplo, estabelecendo incentivos tributários para a instalação de
empresas em certos locais) e comprometendo o poder público municipal a realizar
investimentos, intervenções urbanas e afins (por exemplo, ampliando a
infraestrutura urbana ou a oferta de equipamentos públicos em determinadas
regiões).

Cabe então ao plano diretor criar parâmetros para uma cidade ordenada,
equilibrada, sustentável, que promova qualidade de vida a todos os seus cidadãos,
reduzindo os riscos do crescimento desenfreado e distribuindo de forma justa os
custos e benefícios da urbanização. Além disso, o plano diretor deve fornecer
transparência para a política de planejamento urbano, ao instituí-la em forma de lei,
deixando o cidadão mais bem informado sobre o que acontece em sua cidade.

A caráter de condições de habitação, referentes à segurança e salubridade


de espaços construídos, o código de obras, atua como instrumento de natureza
urbanística do Plano Diretor Urbano e Ambiental de Manaus, apontando normas e
procedimentos para elaboração de projetos, licenciamento, execução, utilização e
manutenção das obras e edificações, públicas ou privadas, em todo território
municipal.

Já o código de obras existe especialmente para definir os locais adequados


para construir determinadas obras, com base no tipo de solo, na vegetação
presente, no entorno do terreno, entre outros fatores. Além disso, as leis presentes
no código servem para garantir as condições básicas de segurança, conforto e
acessibilidade aos ambientes construídos. Os artigos pertencentes ao código de
obras apresentam obrigatoriedades a serem cumpridas desde a fase de projeto até
o uso final do espaço.

Os municípios definem as diretrizes do código de obras a partir do plano


diretor da cidade. Em Manaus, são definidos aspectos construtivos de acordo com a
legislação ambiental vigente, visando à preservação de cursos d’água e de áreas
protegidas. No entanto, nota-se com frequência o descumprimento das normas
quanto à distância mínima necessária para construir edificações no entorno de rios e
igarapés.

Além de definir os locais adequados para a implantação das obras, o código


de obras especifica a documentação necessária para aprovação do projeto e
obtenção das licenças para sua execução, seja a obra de construção, demolição,
reforma, movimentação de terra ou quaisquer outros tipos descritos na lei.
Ressalta-se, nesse sentido, a necessidade de projetos (arquitetura, instalações
elétricas, instalações hidrossanitárias) em edificações residenciais, que, em sua
maioria, não são elaborados e sequer são executados sob consultoria de um
profissional da engenharia.

Todas as cidades brasileiras enfrentam problemas como esses. Logo o maior


desafio, não está na elaboração de um plano diretor ou código de obras, mas sim,
na falta de capacidade técnica de muitos profissionais que trabalham na elaboração
dessas leis, na burocracia excessiva, na falta de participação social da população
no processo de produção desses projetos de lei, na corrupção e principalmente na
falta de fiscalização, sendo esta última, uma das que têm mais impacto, pois é
através da fiscalização, que se terá a garantia da aplicabilidade daquilo que consta
tanto no plano diretor como no código de obras do município.

Segundo a advogada Juliana Fernandinho, “o plano diretor e o código de


obras são instrumentos e não a solução para o uso e ocupação desordenada do
solo urbano”. Isso se dá, pois a simples elaboração de uma lei que institui o plano
diretor, não significa que os problemas urbanos de uma cidade estarão resolvidos.

Indubitavelmente, o primeiro passo para a direção de uma cidade com os


padrões mínimos que todo cidadão precisa ter, como água, esgoto, pavimentação,
energia elétrica, moradia, e entre outros, vem do agir do Município, em garantir a
fiscalização e o cumprimento das leis presentes no plano diretor, acabando com
esse círculo vicioso de produção de leis e não cumprimento das mesmas. Além
disso, é dever do poder público investir na conscientização da população em geral
no que diz respeito à importância do cumprimento às normas, pois dessa forma, o
cidadão tende a entender e colaborar para que o plano diretor e o código de obras
seja executado de maneira adequada.

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