Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MERCHANDISING
Sedução no Retalho
Ângela Fernandes
Av. Praia da Vitória, 14 A – 1000-247 LISBOA
Tel.: 21 354 1 418
fca@fca.pt | www.fca.pt
Distribuição
Lidel – Edições Técnicas, Lda.
Rua D. Estefânia, 183, R/C Dto. – 1049-057 Lisboa
Tel: +351 213 511 448
lidel@lidel.pt | www.lidel.pt
Livraria
Av. Praia da Vitória, 14 A – 1000-247 Lisboa
Tel: +351 213 511 448 * Fax: +351 213 522 684
livraria@lidel.pt
Reservados todos os direitos. Esta publicação não pode ser reproduzida, nem transmitida, no todo ou em parte, por qualquer pro-
cesso eletrónico, mecânico, fotocópia, digitalização, gravação, sistema de armazenamento e disponibilização de informação, sítio
Web, blogue ou outros, sem prévia autorização escrita da Editora, exceto o permitido pelo CDADC, em termos de cópia privada pela
AGECOP – Associação para a Gestão da Cópia Privada, através do pagamento das respetivas taxas.
ÍNDICE
Prefácio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . VII
Nota Prévia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
INTRODUÇÃO
Os 3 “E”: Entretenimento, Espetáculo, Experiência. . . . . . . . . . . . . . . 5
Comunicar a imagem do negócio no espaço tridimensional da
loja . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Comunicação visual e comunicação em loja. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
O consumidor na construção da imagem da loja. . . . . . . . . . . . . . . . 13
OUT-STORE
Começar de fora para dentro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
A fachada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
A montra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Produzir uma montra é encenar a magia
Os 3 “I”: Inusitado, Inesperado, Inédito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Luz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Cenário. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
© FCADesign
Atuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
V
Aritmética para uma montra
Os 3 “A” + 3 “O” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
A imagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
A ambiência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
A mensagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
O produto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
O espaço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
O material. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
IN-STORE
Enfatizar a estética, evidenciar a técnica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Espaço-cliente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
O layout. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Zonas frias, zonas quentes e zonas de conflito. . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Mapear o espaço. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Aspetos funcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Elementos de comunicação gráfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Expositores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
Ambiente de loja. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
Temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Produto-cliente
Os 3 “F”: Feérico, Faustoso, Fetiche. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Linhas visuais e pontos focais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Técnicas de exposição. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
VI
PREFÁCIO*
* Nota: Por
����������������������������������������������������������������������������������������������
questões de uniformização da obra, o texto do Prefácio encontra-se ao abrigo do Novo Acor-
do Ortográfico, apesar de não ser a grafia usada pela sua autora. VII
Aqui, o leitor, o estudante, o comerciante ou, simplesmente, o curioso
encontram não só a definição das variáveis disponíveis para comunicar
através do espaço expositivo, como também as chaves para a interpretação
das mensagens que podem ser criadas através do uso de cada uma dessas
variáveis, seja de forma isolada, seja em conjugação.
IX
A identidade do comércio, como a identidade de cada um de nós, depende
da imagem que consegue transmitir de si próprio. A sua atitude, os seus
atributos e a sua mensagem estão inscritos na sua cara, que é a sua montra.
O que está a mudar são os locais onde se encontra essa montra e são as formas
de a observar. Pode estar apenas numa rua, mas pode também estar dentro
do espaço comercial ou no terminal de um equipamento eletrónico.
X
NOTA PRÉVIA
“(…) O que me interessa a mim é o espetáculo! Espetáculo quer dizer ver, ver. O espe-
táculo pode estar onde quiserem, mas que esteja e que seja visto! (…) Isto de haver
no mundo a possibilidade de haver espetáculo que todos saibam ver, é sério!”
Por todas estas razões, considerei que era altura e já se justificava construir
em português um livro que possibilitasse – a quem se interessa por esta área,
a quem trabalha ou gere negócios de retalho, aos técnicos que desenvolvem a
sua atividade dando resposta a projetos destinados ao comércio, aos formado-
res e demais curiosos – traçar linhas orientadoras que lhes permitam entender
melhor alguns aspetos técnicos que estruturam esta área de intervenção.
Não estamos perante uma atividade que se sirva apenas de objetividade, ape-
sar de as áreas que a sustentam em termos de conhecimento serem muitas,
mas a interpretação, a aplicabilidade de alguns conceitos e até a uniformiza-
2
ção de vocabulário técnico fazem com que o Visual Merchandising se revista
inevitavelmente de subjetividade, que não impede contudo que se firmem
pressupostos fundamentais para a compreensão desta área.
Aqui se mostra, pois, uma visão porventura subjetiva, mas construída ao longo
dos anos pela minha experiência profissional enquanto visual merchandiser e
formadora. Uma visão solidificada pela aprendizagem, que tem sido enrique-
cida pelo saber também de outras pessoas com quem muito tenho aprendido
– colegas de profissão, empresários, técnicos de outras áreas e tantos outros
(incluindo alunos e formandos) que têm contribuído para tornar mais rica a
minha aprendizagem contínua e a minha paixão por esta área.
Ângela Fernandes
3
E
NTRETENIMENTO
E
SPETÁCULO
E
XPERIÊNCIA
INTRODUÇÃO
Os 3 “E”: Entretenimento, Espetáculo, Experiência
Enquanto espaços vivos, as lojas terão, por isso, de se preocupar permanentemente com a aparência,
com a imagem e com a mensagem visual que transmitem aos visitantes/clientes. A exposição de pro-
duto deverá enaltecer as suas características, transformando-o num objeto de desejo, seja na montra
(vitrine/a, Br.) ou no interior da loja. É
essa uma das funções do Visual Merchandising:
contribuir para o storytelling do sortido.
O Visual Merchandising é, assim, uma prática de suporte ao retalho, que tem como objetivo promover
a imagem global do negócio e o potencial dos produtos e/ou serviços, garantindo a otimização da
atratividade e a rentabilidade do espaço. Integra um conjunto de técnicas passíveis de serem aplica-
das em qualquer área de retalho e que se traduzem em práticas que exigem criatividade, inspiração
e planeamento. É, por isso, frequentemente citada como sendo uma atividade que interliga estética e
métodos operativos.
6
Imagem 1 Imagem 2
A Livraria Lello (Porto – Portugal) é um extraordinário exem- A fachada e o espaço da Hamleys (Aeroporto de Cope-
plo de um espaço encenado pela arquitetura. nhaga – Dinamarca) encenados para encantar os clientes,
que são assim convidados a integrar a história da loja.
Este projeto foi desenvolvido pela empresa Propability.
Apesar de se centrar na apresentação visual do espaço, o Visual Merchandising hoje em dia envolve muito
mais do que estímulos visuais. Envolve uma visão global do negócio fundida numa ação experiencial em
loja. As lojas do e no futuro deverão considerar que Entretenimento, Espetáculo, Experiência farão
parte da prática do negócio e, para isso ser conseguido, é preciso acrescentar às estratégias definidas a
intenção de teatralizar, de transportar para o espaço a Encenação pensada para aquele negócio.
© FCADesign
7
14
O
OUT
O
© FCADesign
STORE
15
OUT-STORE
Começar de fora
para dentro
A comunicação para o exterior é primordial para assinalar a existência de
determinada loja. A imagem transmitida pelo ponto de venda oferece, em primeira
instância, uma perceção do que é e até para quem é aquele negócio. Os fatores que nos
fazem descodificar essa informação são, como foi referido na parte introdutória, eminentemente
visuais e, por isso, qualitativos – não há uma segunda hipótese para causar boa impressão. No registo
da comunicação out-store englobam-se a fachada e a montra.
Imagem 12
A fachada da loja Silva & Feijó (Rua dos Bacalhoeiros, Lisboa – Portugal), especializada em produtos tradicionais portu-
16 gueses, assina tradição e memória através da decoração da sua fachada.
A fachada
Assinatura arquitetónica e visual de um negócio
A fachada da loja dá as boas-vindas, e deverá e poderá reforçar a intenção promocional. Mas talvez a sua
função mais evidente seja a de integrar a assinatura visual do ponto de venda na estrutura arquitetónica
do espaço/local. No que respeita à fachada deveremos considerar três verbos que ajudam a clarificar
como esta contribui para a formulação da imagem global da loja: Identificar, Destacar, Encantar.
IDENTIFICAR Identificar
A identificação da marca deverá ser feita através de elementos de identidade visual (como o logótipo) e
poderá ser reforçada visualmente através de iluminação incorporada ou exterior. Será importante não
esquecer que uma loja de rua comunica com o público 24 horas por dia, 365 dias por ano.
© FCADesign
Imagem 13
A Farmácia Lordelo, em Vila Real (Portugal), demarca-se visualmente não só pelas características arquitetónicas do
edifício, mas também porque tira partido da luz e do símbolo “farmácia” para identificar o ponto de venda. 17
DESTACAR
Destacar
O estilo adotado na fachada deve despertar a atenção do consumidor, comunicar a gama de produtos
do ponto de venda, bem como servir para divulgar informação e/ou promoções da loja. A fachada
deverá, assim, ser considerada como um elemento tático, com a mesma capacidade apelativa de uma
campanha publicitária.
Imagem 14
A zona de Camden Market, em Londres (Reino Unido), é um excelente exemplo de como as fachadas podem ser o espaço
18 eleito para destacar e arrojar no modo como se afirma visualmente a presença de uma loja.
ENCANTAR Encantar
© FCADesign
Imagem 15
Este restaurante vegan – Rayén Vegano –, em Madrid (Espanha), demonstra como uma ferramenta tão simples como a
cor pode ser suficiente para encantar e surpreender. 19
Na fachada de um ponto de venda consideram-se três níveis possíveis para se intervir 1 e comunicar
um determinado negócio: superior, médio e inferior. Dependendo das particularidades arquitetónicas,
poder-se-á ou não ser tirar partido de todos esses níveis, contudo, será garantido que, perante um estudo
prévio, se planeie/defina a estratégia gráfica e estética a ser adotada para esse local. Vejamos:
ff Nível superior – Área acima da porta de entrada da loja. Não é definida em medidas, pois as variáveis
são demasiadas. Quando visualizado à distância, é o nível com melhor visibilidade e, como tal, é por
norma o escolhido para se identificar a loja.
Esquema 1
Níveis da fachada de uma loja.
Em Portugal, as intervenções na fachada, principalmente nos níveis superior e inferior, deverão ser comunicadas aos proprietários e/ou con-
1
dóminos e, no caso de lojas de rua, às respetivas entidades camarárias, que posteriormente as poderão ou não aprovar. Existem restrições
que variam de município para município e que deverão estar definidas no Regulamento de Publicidade e Ocupação do Espaço Público do
20 Plano Diretor Municipal (PDM), um documento normativo do planeamento e ordenamento do território de um determinado município.
ff Nível médio – Área que envolve a(s) montra(s), caso exista(m), e a zona da entrada. Em regra, é o nível
escolhido para colocar informação permanente ou temporária, como informações sobre promoções,
campanhas ou a própria loja. É também o nível ideal para serem explorados pontos focais, já que se
trata do nível com maior potencial de interação nas linhas naturais de visão do observador.
ff Nível inferior – Área do pavimento exterior. É um espaço que poderá ser destacado através de
elementos cromáticos (por exemplo, cor da identidade visual da marca), corporativos (por exemplo,
suporte vertical com a ementa) e decorativos (por exemplo, vaso ou tapete).
A importância hierárquica de cada um destes níveis é variável, pois depende da distância do observador.
Visualizado a uma distância maior, o nível superior poderá ter maior impacto visual e, num maior grau
de proximidade, os níveis médio e inferior poderão assumir maior relevância em termos desse impacto.
Para cumprir a função de comunicar um negócio, é importante relembrar que qualquer intervenção de
cariz estético na fachada não deve descurar os seguintes aspetos: visibilidade (que poderá ser poten-
ciada, por exemplo, através da iluminação), coerência (interligada com a identidade visual) e eficiência
(dos elementos presentes).
DO
ff Considerar a fachada como parte integrante da loja. Esta comunica com o observador
24 horas por dia e 365 dias por ano, o que a torna uma poderosa ferramenta publicitária.
ff Manter a fachada da loja limpa e conservada.
ff Avaliar se a natureza do negócio é percecionada através da fachada.
ff Incluir na fachada elementos de comunicação gráfica que possam informar, mas também
acrescentar valor ao espaço.
ff Assinalar a presença da loja através de elementos decorativos de natureza diversa que
possam expressar a personalidade da loja ou outros suportes que possam servir como
componentes para destacar a sua presença naquele local.
ff Garantir visibilidade, coerência e eficácia através da fachada.
ff Tirar partido de motivos arquitetónicos da fachada para diferenciar a loja.
© FCADesign
ff Lembrar que é através da fachada que é formulada a primeira perceção qualitativa da loja.
21
I
NUSITADO
I
NESPERADO
26 I
NÉDITO
PRODUZIR UMA MONTRA
É ENCENAR A MAGIA
Os 3 “I”: Inusitado, Inesperado, Inédito
William Leach (1994). Land of Desire. Merchants, Power, and the Rise of a New American Culture (p. 75).
9
27
Imagens 18 e 19
O conjunto das 12 montras da Harrods (Brompton Road, Londres – Reino Unido) produzidas pela equipa criativa da sfd. para
a London Fashion Week trazem para o palco da montra um elemento icónico da identidade londrina – a cabine telefónica.
28
Imagens 20 e 21
As montras são também marcos da contemporaneidade. No caso desta loja da Chanel (Düsseldorf – Alemanha), o dis-
curso visual é tecnológico, com bastidores de redes no mundo da moda. Exploram-se novas abordagens e instigam-se
novas formas de agir, de pensar e de (o)usar.
© FCADesign
29
Cenário
O cenário cria o ambiente, a imagem, o lugar, ou seja, tudo o que permite que a ação aconteça.
O espaço físico onde a ação se desenrola é, geralmente, o palco do espaço montra – é esse o espaço
físico que permite a encenação da história, e o cenário será um dos seus componentes. Na montra,
assim como num palco de teatro, cabe ao “encenador” (vitrinista) definir como serão apresentados
esses elementos cenográficos e qual o tipo de abordagem estética escolhido. Poderá ser criado um
cenário com o máximo de detalhes, ser sugerido um lugar ou, simplesmente, apostar-se num “jogo”
de cores.
O que é sugerido pode não estar completo, pode não ter uma leitura integral, mas ser dado apenas por
um adereço de cena, neste caso, um adereço de montra, como uma cadeira ou um candeeiro. A opção
dependerá sobretudo da intenção subjacente à construção e ao desenvolvimento da história, e todas
as opções são válidas desde que se tenha a certeza de que a audiência descodifica a mensagem; a partir
daí, a imaginação fará o resto…
Imagem 24
Esta fantástica montra desenvolvida e produzida pela sfd. para a Saks (Nova Iorque – EUA) escolheu fazer coincidir a
32 abordagem criativa com o relançamento do filme Cinderella pelos Estúdios Disney.
© FCADesign
33
IN
50
IN
N
© FCADesign
STORE
51
IN-STORE
Falou-se anterior- Enfatizar a estética, mente em encenar o negócio, e conferir-
-lhe personalidade é evidenciar a incluir teatralidade. Mais uma vez, esta arte do
espetáculo serve como técnica metáfora para assumir também a loja como um
palco, ou seja, o lugar onde a ação acontece. Entrar numa loja é como ver subir a
cortina e todos integram esse elenco, mesmo aqueles que dizem não gostar.
Imagem 44
Na flagship store da
Kirk Originals (Lon-
dres – Reino Unido),
o produto destaca-se
de forma divertida e
52 original.
Imagem 45
O design desenvol-
vido pela Campaign
para a flagship sto-
re da Sunglass Hut
(Melbourne – Aus-
trália) reflete uma in-
terpretação moderna
de elegância e luxo,
demarcada por fortes
influências urbanas
inspiradas na arte ur-
bana dos graffiti nas
ruas desta cidade.
© FCADesign
Imagens 46 e 47
A Burel (Porto – Portugal) é uma loja especializada em produtos de design de autor, reinventando a tradição associada ao
uso de uma nobre e tão portuguesa matéria-prima – a lã. 53
LAYOUT EM GRELHA
Layout em grelha
Esquema 6
Exemplo de layout em grelha: predomina um alinhamento paralelo no modo como é feita a dis-
60 tribuição de expositores e equipamentos na superfície da loja.
LAYOUT CIRCULAR Layout circular
© FCADesign
Esquema 7
Exemplo de layout circular: a exposição perimetral (em parede) e a exposição em superfície são
feitas em áreas individualizadas de acordo com o universo, ou marca, que será implementado. 61
LAYOUT EM ESPINHA
Layout em espinha
Esquema 8
Exemplo de layout em espinha: a implementação de expositores e outros equipamentos respei-
62 ta a segmentação dos universos e a adequação às diferentes categorias do sortido.
Fluxos de circulação
Ao entrar na loja, o cliente fará um determinado percurso, e este será definido consoante o cliente saiba
o local específico a que pretende chegar, como, por exemplo, o balcão, um determinado expositor
ou um dispensador de senhas de atendimento. Se este percurso não estiver condicionado por uma
intenção prévia por parte do cliente, a área disponível para a circulação deverá guiá-lo num percurso
confortável que estimule uma “visita” à loja. Para
se definirem percursos será necessário
condicionar a mobilidade através de uma balizagem inteligente, que assegure
a “legibilidade” do espaço, principalmente se pretendermos enquadrar secções
ou universos.
Está amplamente comprovado que o cliente tem tendência a circular pela direita. O ideal será garantir
que ele percorre toda (ou quase toda) a loja, facilitando-lhe as compras e o contacto com os artigos;
em simultâneo, estaremos a aumentar a probabilidade de ele realizar compras por impulso.
Uma boa implementação do sortido tem em conta quer os movimentos do cliente, quer os fluxos de
reposição dos produtos por parte da equipa de colaboradores, principalmente no retalho alimentar.
Pretende-se, assim:
Fazer com que o cliente se sinta à vontade e satisfeito com a distribuição do produto no espaço, visitando
a loja na sua totalidade.
Distribuir os produtos de modo a criar no cliente a ideia de complementaridade na sua utilização –
cross-selling16.
Aumentar as vendas dos produtos de maior margem de comercialização, colocando-os junto aos
produtos de primeira necessidade e/ou grande procura – up-selling17.
© FCADesign
16
Cross-selling, ou venda cruzada, é o termo utilizado para designar uma estratégia de vendas ou de implementação de produto em loja, que
permitirá ao cliente observar produtos relacionados e complementares à escolha inicial efetuada.
17
Up-selling consiste na estratégia de vendas ou de apresentação de produto em loja centrada na indução à compra de artigos mais caros. 63
Zonas frias, zonas quentes e zonas de conflito
Para uma otimização do espaço, as secções na loja devem estar dispostas de forma sistemática e en-
quadradas numa estratégia comercial coerente. Definidas através das análises dos fluxos de circulação,
consideram-se três tipos de zonas na loja, designadas como:
ZONAS FRIAS
Zonas frias
Locais de circulação com necessidades de dinamização, que o cliente terá tendência a não visitar. Em
regra, estão mais distantes da entrada, são cantos ou locais mal iluminados, barulhentos ou com imple-
mentação de sortido que tem pouca procura.
ZONAS QUENTES
Zonas quentes
Locais de maior circulação, de maior interesse e de fácil acesso. O cliente, por habituação ou por necessi-
dade, e podendo ser influenciado por um tipo de compra planeada, define um trajeto específico, que é
também controlado pela implementação das secções. Tal é notório na área do retalho alimentar: pontos
junto às balanças, topos de gôndolas, zonas onde são efetuados testes de apreciação, localização das
novidades, pontos mais iluminados, zonas de promoção, etc.
ZONAS DE CONFLITO
Zonas de conflito
Se uma loja tem muitas zonas frias, algo está mal. É certo que o tipo de sortido, como já foi referido,
pode não ser muito atrativo/procurado, mas esses espaços poderão ser visualmente mais chamativos.
Iluminação, cor, decoração, elementos de comunicação gráfica, físicos ou digitais, podem ser uma boa
estratégia.
As zonas de conflito devem, tanto quanto possível, tornar-se mais interessantes. Aqui, a estratégia pode
passar por “distrair” o cliente. Muitas vezes, a melhor solução é apostar no próprio sortido, selecionando
uma gama de produtos que possam estimular a observação e/ou o manuseamento.
Mapear o espaço
Em função da dimensão da loja, podemos também considerar o que se designa por zona de descom-
pressão, localizada na entrada da loja e definida em média para uma distância compreendida entre
1,5 m e 4 m (dependendo da área da loja). Neste local, o índice de atenção será baixo, o cliente perce-
cionará globalmente o espaço em vez das particularidades, havendo diversos e demasiados estímulos
que ainda não lhe permitiram entrar no que designamos por shopping mode.
Será necessário assegurar que a zona da entrada é ampla e que não existem barrei-
ras físicas que impeçam/inibam o cliente de entrar. Este é o espaço por excelência
para o acolhimento, pois para que o cliente se sinta bem será importante que a
© FCADesign
LOCAIS DE EXPERIMENTAÇÃO
Locais de experimentação
Hoje em dia, criar experiência no setor do retalho é permitir a interação, o contacto com o produto ou
com dispositivos que tornem o tempo de permanência na loja mais lúdico. A experimentação é uma
estratégia que explora os cinco sentidos e que varia em função da área do negócio. Quando está rela-
cionada diretamente com o negócio, o local destinado à experimentação deverá estar próximo do(s)
produto(s) que se pretende(m) promover. A associação deve ser imediata, permitindo que o cliente
relacione facilmente o produto com a ação. Mas nada impede que o paladar não possa ser estimulado
72
numa loja de roupa, por exemplo.
ZONAS DE CONFORTO
Zonas de conforto
Estas zonas têm como objetivo permitir que o cliente “descomprima” durante o percurso e o tempo
de permanência na loja. Atendendo à sua dimensão, a loja pode ter locais para descansar, mas não se
deve prescindir de criar estímulos, seja porque um sofá cómodo proporciona conforto ou porque são
incluídos nestes espaços dispositivos tecnológicos que permitem acesso à Internet ou outras formas de
interação multimédia, produtos para degustação ou elementos de comunicação corporativa (catálogos,
revistas, entre outros).
© FCADesign
Imagem 61
Zona de conforto numa das secções de homem da loja de departamento masculina Youngor (Wuxi – China). 73
Imagem 62
Nesta loja da Rituals (Düsseldorf – Alemanha), a zona de conforto inclui diversos elementos decorativos
e apresenta também artigos para venda.
Quando um cliente entra na loja, o tempo para comunicar eficazmente com ele é muito reduzido; desde
logo, o cliente começa a receber demasiados estímulos sensoriais que, como se sabe, envolvem outros
sentidos além da visão. Uma comunicação gráfica eficaz é aquela que sabe tirar partido do nível funcional
e do nível emocional. Por outras palavras, é aquela que apresenta o que tem de ser mostrado e aquela
que sugestiona. Numponto de venda é necessário garantir que o cliente se sente
orientado, mas é igualmente necessário criar estímulos e apresentar mensagens
apelativas que suscitem o interesse, através de referências e enquadramentos
estéticos que promovam a loja e, obviamente, os seus produtos e/ou serviços.
Imagens 63 e 64
© FCADesign
Esta loja da marca Tiffosi, no Centro Comercial Vasco da Gama (Lisboa – Portugal), demonstra como a comunicação
gráfica pode ser diversificada, integrando imagem e texto em diversos tipos de formatos e suportes, os quais, mais do
que informar, desafiam o cliente a experienciar a marca. 75
Expositores
Além da sua função principal, que é a de exporem a mercadoria, os expositores deverão ser adaptados
ao espaço destinado à apresentação do sortido na loja. Todavia, será também importante que se avalie
a sua adequação aos utilizadores (colaboradores e clientes). No que concerne ao cliente, e no modo de
livre serviço, devem ser analisadas as seguintes condições:
Imagem 77
O design deste expositor concebido pela CAMPAIGN Design para a Selfridges – Designer Studio (Londres – Reino Unido)
86 ultrapassa claramente a sua função meramente expositiva. O sortido é valorizado pelo design do expositor.
Os expositores, enquanto estruturas físicas, fazem parte do ambiente da loja, por isso têm também um
contributo estético na construção da imagem geral do ponto de venda. Enquadrados no conceito
do negócio, a sua aparência transfere atributos qualitativos aos produtos que neles
serão expostos. Os expositores deverão, portanto, enaltecer e valorizar o sortido.
© FCADesign
Imagens 78 e 79
Bustos femininos e pequenas caixas em acrílico, presentes no interior da loja da designer Margarida Pimentel, no Centro
Cultural de Belém (Lisboa – Portugal), funcionam como expositores para as joias. 87
Iluminação
Somos sensíveis à luz. O modo como o espaço é/está iluminado interfere na nossa relação com o local,
podendo também tornar-se num fator determinante para a criação de experiências agradáveis ou
desagradáveis.
Numa loja, a luz e a cor determinam a atmosfera do espaço e influenciam a perceção da mercadoria que
está exposta. A iluminação deverá proporcionar ambiência à loja, tornando o espaço
acolhedor, mas não monótono. Deverá ser considerada a criação de “zonas de acentuação”,
isto é, áreas na loja com diferentes intensidades luminosas.
Imagem 85 Imagem 86
Na garrafeira/bar da Selfridges (Londres – Reino Unido) – cujo
nome, Harry Gordon´s, homenageia o fundador desta loja de
departamento –, a iluminação promove um ambiente acolhe-
dor e refinado, enaltecendo o produto e conferindo algum dra-
92 ma ao espaço, resultante de um equilibrado jogo de sombras.
© FCADesign
93
A iluminação numa loja pode ser igualmente poderosa enquanto ferramenta de comunicação – por
exemplo, o nível de preço dos produtos pode ser aferido pela intensidade de luz que neles é projetada.
Quanto mais homogénea for a gama de produtos, mais difusa será a iluminação utilizada. Quanto maior
for a sofisticação dos produtos, mais diversificado será o ambiente luminoso.
Se a iluminação geral da loja for difusa, a cor da luz utilizada deverá ser selecionada com extremo
cuidado para criar uma ambiência agradável. A iluminação direcionada, por sua vez, deverá ser uti-
lizada para chamar a atenção para zonas específicas do ponto de venda, permitindo, por exemplo,
destacar um espaço de menor fluxo de circulação, ou para áreas com produtos específicos. Deverá
ser escolhida de forma a não alterar a cor e a qualidade dos artigos expostos – fator de extrema im-
portância no retalho alimentar.
Imagens 87 e 88
Os produtos alimentares destacam-se não só pela apresentação, mas também pela forma como são iluminados nos
expositores e na respetiva secção (supermercado do El Corte Inglés, Lisboa – Portugal).
94
A iluminação de produtos alimentares frescos exige, de facto, uma atenção especial: o produto deverá
ser valorizado e tornado apetecível através do modo como é iluminado, contudo, a sua qualidade não
deverá ser afetada.
O interesse por determinados produtos pode ser incrementado se tirarmos partido da acentuação
da cor. Os tons de rosa servem para acentuar as cores naturais da carne e da charcutaria. Os tons de
amarelo são ideais para destacar os produtos da padaria, os queijos e até as frutas. O verde é ade-
quado para valorizar a frescura dos legumes e das flores, e a luz branca (fria) serve para enaltecer a
frescura do peixe19.
Imagem 89
A iluminação utilizada nesta vitrina do Mercado da Carne Gourmet (Cascais – Portugal) é exemplificativa do destaque
que se pode dar ao produto pela forma adequada como é iluminado.
© FCADesign
As indicações feitas em termos de tonalidades devem ser entendidas de uma forma muito geral e simplificada, pois envolvem aspetos
19
Esta secção remete-nos para uma última etapa no que respeita à exposição de
produtos e que se prende com o que se designa por hierarquia volumétrica e
hierarquia cromática. Aquando da exposição do sortido deverá considerar-se igualmente a
implementação das referências atendendo ao volume (peso visual) e à cor. A hierarquia volumétrica
considera a relação de tamanho (peso visual) entre produtos e a hierarquia cromática a relação entre
tonalidade e temperatura de cor. Os próximos esquemas ajudam a compreender estes critérios adicio-
nais à exposição do produto e que são válidos quer se trate de exposição em parede ou em superfície28.
Esquemas 13 e 14
Exemplos de hierarquia volumétrica: caso se opte por um alinhamento horizontal de produto, a opção correta é colocar
em baixo os artigos com maior peso visual; se o alinhamento de produto for vertical, a hierarquia de volume deve ser
realizada do centro para a extremidade, do maior para o menor, respetivamente. Caso se trate de uma exposição em ilha
ou num pódio, o critério é o mesmo – do maior para o menor, a partir do centro para a periferia.
28
A opção por estas hierarquias deverá considerar algumas variáveis que podem implicar ajustes. Eis alguns exemplos: a indicação sugerida
no Esquema 14 não deverá ser feita ao longo de um linear, da mesma forma que a opção por uma hierarquia cromática de luminosidade com
128 um alinhamento vertical (Esquema 18) pode não ser adequada caso a variedade de tons dos produtos/artigos seja significativa.
Esquemas 15 e 16
Exemplos de hierarquia volumétrica: quando o espaço ex-
positivo é constituído por ilhas, mesas ou pódios, aplica-se
o que se designa por composição piramidal e/ou triangula- Imagem 111
© FCADesign
ção. Isto significa que deverá ser construída uma cadência Nesta mesa de exposição, localizada na área central da loja
que respeite o peso visual dos objetos expostos, incluindo Wesley, nas Amoreiras (Lisboa – Portugal), está evidenciada
adereços decorativos, caso integrem a composição. uma composição piramidal que inclui adereços decorativos. 129
Esquemas 17 e 18
Exemplos de hierarquia cromática de luminosidade: numa sequência vertical, a colocação do produto deverá ser do
escuro para o claro, considerando a implementação da base para o topo; numa sequência horizontal de produto deverá
ser também do escuro para o claro, do centro para a periferia. Esta ordenação de produto prende-se com a intenção de
conferir maior amplitude visual à exposição.
130
Esquemas 19 e 20
Exemplos de hierarquia cromática de temperatura: numa sequência vertical, devemos considerar que o impacto au-
menta se forem dispostos produtos das cores frias para as cores quentes (de baixo para cima); numa sequência
horizontal, o impacto aumenta se as cores quentes estiverem organizadas do centro para as extremidades, o que
também é válido para as ilhas. A razão destas opções está relacionada com o facto de as cores quentes serem mais
propícias para acentuar os pontos focais. No caso ilustrado pelo Esquema 19, seria possível inverter o posicionamento
do vermelho com o amarelo. A escolha poderia dever-se, por exemplo, ao volume ou ao interesse em escoar uma
dessas referências.
© FCADesign
131
Imagens 112 e 113 Imagem 114
A loja Veste Couture (Lisboa – Portugal) aposta numa
exposição estilizada adequada ao seu segmento de
produtos e aos quais são frequentemente acrescentados
pequenos apontamentos decorativos que contribuem
para o storytelling. Cada vez mais compramos primeiro a
história e só depois o produto.
Em suma, foram apresentados os quatro grandes critérios expositivos – tipos de exposição, tipos de
composição, tipos de agrupamento e tipos de alinhamento – que deverão ser passíveis de implemen-
tar em loja. Um ponto de venda poderá e deverá diversificar o modo como apresenta o seu sortido.
Em regra, os critérios de exposição mesclam-se e coabitam bem no mesmo espaço, ou seja, para uma
determinada gama de produtos poderá optar-se por um tipo de alinhamento e para outra gama de
produtos escolher-se outro.
Na prática, todas estas técnicas de exposição operam e desenrolam-se quase em simultâneo. Por exem-
plo, quando se opta por uma composição simétrica, pode ser definido um jogo cromático de comple-
mentaridade; um alinhamento horizontal pode ser reforçado por uma sequência cromática de claro/
/escuro; numa exposição por seleção pode ser feito um contraste de temperatura de cor quente/fria,
© FCADesign
e assim sucessivamente.
133
É também importante sublinhar que a aplicação destes critérios expositivos varia em função da área
de negócio, por uma questão de adequação à dimensão da loja e à dimensão do sortido. Se tomarmos
como exemplos o retalho alimentar ou uma grande superfície especializada, é fácil encontrarmos a
presença de agrupamentos por famílias ou por complementaridade. Menos frequente é observarmos
uma composição simétrica de produtos, opção mais utilizada, por exemplo, nas áreas de decoração,
ourivesaria e relojoaria.
INTRODUÇÃO
1 Cortesia de Lidel – Edições Técnicas | www.lidel.pt, Livraria Lello | www.livrarialello.pt e
Nuno Cardal (fotógrafo)
2 Cortesia de Propability – Designing and manufacturing creative vision
| www.propability.co.uk
3-4 Cortesia de O Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa – Rossio, Lisboa (fotógrafo:
Tiago Bilé) | www.mundofantasticodasardinha.pt
5 Autora
6-11 Cortesia de sfd. | www.sfd.co.uk
OUT-STORE
12 Cortesia de Silva e Feijó – Rua dos Bacalhoeiros, Lisboa | www.silvaefeijoo.pt
13 Cortesia de Fernando Guerra
14 Autora
15 Cortesia de FOS – Madrid | www.cargocollective.com/somosfos
16-17 Cortesia de Selfridges | www.selfridges.com
18-19 Cortesia de sfd. | www.sfd.co.uk
20-21 Autora
22-24 Cortesia de sfd. | www.sfd.co.uk
25 Cortesia de Propability – Designing and manufacturing creative vision
| www.propability.co.uk
26-28 Cortesia de Fortnum & Mason – Piccadilly, Londres | www.fortnumandmason.com
29-33 Cortesia de Selfridges | www.selfridges.com
34 Cortesia de Propability – Designing and manufacturing creative vision
| www.propability.co.uk
© FCADesign
145