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Dir.

Ambiental II

Direito Urbanístico - Introdução


Prof. Celso Guimarães Carvalho
O fenômeno da urbanização

Em 1960, do total de 31 milhões de brasileiros, 44,7%


viviam em áreas urbanas. Em 1970, 55,9% viviam em áreas
urbanas. Em 2000, da população total de 170 milhões, 81,2%
viviam em áreas urbanas. De acordo com dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2015 a maior
parte da população brasileira, 84,72%, vive em
áreas urbanas. Já 15,28% dos brasileiros vivem em
áreas rurais.

Ou seja, em 60 anos saímos de 13 milhões de habitantes


urbanos para 171 milhões.
O fenômeno da urbanização

Diante desse rápido processo de urbanização, quais


problemas existentes nas cidades brasileiras que podem ser
destacados?

Desigualdade social – Concentração de terras


População em situação de rua
Violência – Tráfico de drogas
Poluição
Ocupação de áreas de interesse ambiental
Ocupação Desordenada
Ausência ou insuficiência de políticas públicas
Falta de infraestrutura e de equipamentos públicos
Acesso à educação/qualificação
Segregação espacial
Moradias precárias ou inexistentes
O fenômeno da urbanização

Tal processo de urbanização rápida no Brasil é caracterizado


por um processo de exclusão social e segregação espacial.
Como resultado: 26 milhões de brasileiros que vivem em
áreas urbanas não têm água em casa; 14 milhões não são
atendidos por serviço de coleta de resíduos; 83 milhões não
estão conectados a sistema de saneamento; e 70% do esgoto
coletado não é tratado.

Ao longo da urbanização brasileira a maior parte da


população somente tem tido acesso à terra urbana e à
moradia por meio de processos informais.

Estima-se uma proporção de 41,4% da população brasileira


vivendo em assentamentos precários, assentamentos
informais ou domicílios inadequados
O fenômeno da urbanização

Entre outros fatores (políticos, econômicos e sociais), o


paradigma jurídico do civilismo clássico (Código Civil de
1916) que atribui ao proprietário um direito absoluto de usar,
gozar e dispor de sua propriedade contribuiu para o
fenômeno.

Além disso, a regulação urbanística existente se baseou em


um planejamento tecnocrático, em regras urbanísticas
elitistas que desconsideram as realidades socioeconômicas de
acesso à terra.
Planta do Projeto de Belo Horizonte – Eng. Aarão Reis 1895

O fenômeno da urbanização
O fenômeno da urbanização

Aliado ao planejamento tecnocrático e ao civilismo clássico


destaca-se a falta de atenção do poder público à efetivação
de um direito à cidade. O direito à cidade visa assegurar o
papel das cidades como espaços onde o usufruto coletivo da
riqueza, cultura, bens e conhecimentos sejam garantidos a
todos os seus habitantes.
O fenômeno da urbanização

A Constituição de 88 foi importante por consolidar o


princípio da função socioambiental da propriedade, que
assegura o direito de propriedade, estabelecendo como
exigência o atendimento de sua inafastável função social,
sendo esta uma imposição jurídica que uma vez dissociada
de sua aptidão natural desconfigura o motivo que legitima a
garantia e a declaração da propriedade, constituindo abuso de
direito.
Com a inserção na Constitução Federal de 1988 de um
capítulo específico sobre política urbana, avançam novos
parâmetros de análise jurídica do fenômeno urbanístico que
irão desaguar na consolidação de uma ordem jurídico-
urbanística no Estatuto da Cidade.
O fenômeno da urbanização

Este marco legislativo oferece o instrumental necessário para


a disciplina e o controle jurídico dos processos de uso,
ocupação, parcelamento e desenvolvimento urbano. Este
novo paradigma jurídico-urbanístico constitui um novo ramo
no Direito brasileiro, que é o direito urbanístico.
O fenômeno da urbanização

Este marco legislativo oferece o instrumental necessário para


a disciplina e o controle jurídico dos processos de uso,
ocupação, parcelamento e desenvolvimento urbano. Este
novo paradigma jurídico-urbanístico constitui um novo ramo
no Direito brasileiro, que é o direito urbanístico.
Direito Urbanístico

O objeto do Direito Urbanístico é promover o controle


jurídico dos processos de desenvolvimento, uso, ocupação,
parcelamento e gestão do solo.

José Afonso da Silva: “conjunto de normas que tem por


objetivo organizar os espaços habitáveis, de modo a propiciar
melhores condições de vida ao homem na comunidade”.

Hely Lopes Meirelles: "o ramo do direito público destinado


ao estudo e formulação dos princípios e normas que devem
reger os espaços habitáveis, no seu conjunto cidade-campo".
Direito Urbanístico

Como ramo do direito, o Direito Urbanístico se funda nos


seguintes princípios:

Urbanismo como função pública: o urbanismo, tanto na


fase de ordenação urbana quanto na sua execução e
fiscalização se apresenta como função pública. Ou seja, a
direção da atividade urbanística não está sujeita aos
mecanismos de mercado, a critério de proprietários e
empresários.
Direito Urbanístico

Como ramo do direito, o Direito Urbanístico se funda nos


seguintes princípios:

Função social da propriedade: o direito de propriedade é


resultado do condicionamento legal que indica qual é a
extensão das faculdades do proprietário em conformidade
com uma perspectiva econômica, social e ambiental para a
satisfação do interesse público.
Direito Urbanístico

Como ramo do direito, o Direito Urbanístico se funda nos


seguintes princípios:

Princípio da justa distribuição dos ônus e benefícios


decorrentes da norma urbanística e do processo de
urbanização,: intenta preservar a igualdade de atuação da
norma urbanística. Pretende evitar a desigualdade com que
os proprietários percebem e suportam os influxos da
ordenação urbanística.
Direito Urbanístico

Como ramo do direito, o Direito Urbanístico se funda nos


seguintes princípios:

Separação entre o direito de


construir e o direito de
propriedade: A transferência e a
alienação do direito de construir
se relacionam à ideia de solo
criado. Solo Criado: Estabelecer
um potencial de edificação (que
seria uma vez a área do terreno).
O excedente (solo criado) seria
vendido pelo Poder Público para
sua utilização. Além do solo
criado, tal princípio permite a
aplicação de transferência de
potencial construtivo de um
terreno para outro.
Direito Urbanístico

Como ramo do direito, o Direito Urbanístico se funda nos


seguintes princípios:

Gestão democrática das cidades: exige a participação da


população e de associações representativas dos vários
segmentos da comunidade na formulação, execução e
acompanhamento de planos, programas e projetos de
desenvolvimento urbano.
OBRIGADO!

CELSOGCARVALHO@HOTMAIL.COM

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