Um dos principais atores envolvidos na intervenção no espaço, o Estado, é também
investidor, pois capta grandes volumes de recursos (fundos públicos – passíveis de utilização para enfrentar problemas urbanos), além de ser regulador por estabelecer normas e leis, que são a instância do direito. A essência primordial é o conflito tendo como objeto a urbanização, os processos da questão fundiária como desapropriação e cessão de terras fazem parte do dever público para proporcionar o acesso a moradia.
Os movimentos sociais dos anos 1980, que questionam a legalidade urbanística e
impulsionam a Reforma Urbana, trazem à toma a politização da Questão urbana, onde a questão principal era a legislação urbanística. Durante o Regime Militar as reformas foram abortadas, nos anos 80 os movimentos sociais retomam a pauta das reformas e conseguem incluir diretrizes de política na Constituição de 1988 cuja regulamentação demorou a acontecer, mas houve pressão popular pelo Movimento Nacional da Reforma Urbana. Esta reforma tinha como objetivo coibir a especulação imobiliária, reduzir o nível de disparidade socioeconômico, bem como democratizar o mais possível o planejamento e a gestão do espaço e para atingir esses objetivos seriam necessários instrumentos de planejamento e de gestão adequados a realidade local.
O Estatuto da Cidade permite às prefeituras municipais agir com mais eficiência na
execução de uma política urbana que ordene esse pleno desenvolvimento da cidade. Esse estatuto objetiva garantir o direito à cidade, a gestão democrática e o direito à moradia digna e tinha como foco a função social da cidade e da propriedade urbana prevalecendo os interesses coletivos acima do individual. Dentre as principais diretrizes encontram-se: proteção, preservação e recuperação do patrimônio natural e construído; cooperação entre governo e sociedade civil no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social; integração e complementariedade entre atividades urbanas e rurais; simplificação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo; adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica. Dentre os instrumentos tem-se algumas categorias: os que aumentam o poder do município para interferir no crescimento da cidade induzindo a ocupação, usos e parcelamentos em áreas infraestruturadas; os de regularização fundiária; os que permitem uma edificação urbana mais justa; os de democratização da gestão. Outorga onerosa do direito de construir, transferência do direito de construir e operações urbanas consorciadas são tidos como instrumentos para uma cidade mais justa, enquanto usucapião, usucapião especial coletivo, concessão de direito real de uso e direito de superfície são instrumentos de regularização fundiária. O estatuto obriga cidades com mais de 20.000 habitantes a elaborar um plano diretor.
Anteprojeto de Tese de Doutorado (2015) - Título: A Construção Da Noção de Território e A Garantia de Direitos Sociais Nos Espaços Das Ocupações Urbanas Daniel Dall'Igna Ecker
Os engenheiros do caos: Como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições