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2022/2023
Direito do Trabalho
Aulas teóricas
26.09.2022
Não há no direito do trabalho diabolização nem endeusamento de nenhuma das
figuras, há uma relação assimétrica. O que existe é um âmbito/princípio tuitivo, ou seja, o
direito intervém de forma protecionista de uma das partes, a menos favorecida, isto é o
trabalhador.
Desta forma, vamos começar pela análise histórica ao direito do trabalho e vamos
debruçar-nos essencialmente sobre o contrato de trabalho.
Contrato de trabalho, a noção está no art.11º do CT. Analisado em Teoria partindo dos
arts. 1152º e 1153º do CC – primeira questão que surge nestes artigos é: Que trabalho releva
para efeitos de direito do trabalho? Trabalho é uma palavra polissémica, mas só algumas
noções relevam aqui: trabalho humano – controlado por uma pessoa humana, assim do lado
do trabalhador está sempre uma pessoa física ao contrário do que acontece com o
empregador que pode ser uma pessoa coletiva; remunerado – o voluntário não é tratado para
efeitos de direito de trabalho; heterodeterminado – realizado segundo ordens/diretrizes
dadas por uma contraparte, o empregador (por conta de outrem), é uma atividade que visa a
realização de um fim que não é determinado pela pessoa que realiza a atividade, mas sim pela
contraparte.
Quando se fala em trabalho remunerado temos de ter em atenção que no direito do
trabalho não há sinalagma perfeito (correspetividade entre as diferentes obrigações), se
houvesse, se o trabalhador não prestasse trabalho não recebia, no entanto existem as faltas
justificadas, o regime das férias, etc. em que o trabalhador mesmo não trabalhando/ não
prestando a atividade, recebe a atribuição.
Outra característica do trabalho é que a prestação da atividade é inseparável da sua
própria pessoa, o trabalhador obriga-se a prestar uma atividade, mas insere a sua pessoa nessa
mesma atividade. Quando celebra um contrato de trabalho, ingressa a sua pessoa na relação
de trabalho, ao contrário do empregador. Daí a importância da tutela do trabalhador e do
trabalhador enquanto pessoa. Daí, regra geral, temos uma relação assimétrica/inigualitária,
porque um dos entes da relação contratual tem o poder de dar ordens/diretrizes/instruções e
fiscalizar se as mesmas estão a ser bem realizadas e sancionar se não estiverem e a
contraparte tem o dever de obediência, e se não obedecer pode ser sancionado. Existem
exceções quando sejam ordens que afetem os DLG’s. Este desequilíbrio chama-se
subordinação jurídica e na maior parte das vezes há também uma dependência económica, o
trabalhador necessita da retribuição para viver.
O direito do trabalho é um ramo do direito relativamente recente, surgiu como ramo
do direito autónomo, em termos históricos, com a revolução industrial. Com a revolução
industrial verificou-se o êxodo rural, onde as pessoas iam para as cidades à procura de
melhores condições de vida. E na parte política temos o estado de guarda noturna, o estado
que não intervém, onde dominava o princípio de liberdade contratual, da regulação natural do
mercado e a autonomia da vontade. Estado individual que não defende o coletivismo, e onde
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as pessoas vão para as fábricas trabalhar muitas horas, sendo sujeitas a acidentes de trabalho
sem qualquer proteção por parte do Estado.
Começa a falar-se da incrível miséria da classe operária. No entanto, os operários,
apesar de terem consciência que o estado não intervinha e que repreendia movimentos
coletivos, também começou a perceber, por outro lado, que se os trabalhadores se juntassem,
apesar de gerar muitas mortes e repressão, mesmo contra tudo, conseguiriam reivindicar
melhores condições. As primeiras greves ainda que não permitidas, fortemente reprimidas, foi
certo que aos poucos começaram a conseguir mostrar que as condições em que viviam tinham
que mudar e tinha de deixar de existir a liberdade das partes, porque a realidade demonstrou
que podia existir igualdade formal, mas existia uma enorme desigualdade material/substancial
entre as partes e que não existindo esta igualdade substancial, de nada importavam os
princípios da liberdade contratual, porque uma parte dominava o contrato e a outra aceitava
as condições impostas para ter trabalho. Esta é a questão social que faz surgir o direito do
trabalho, é revolta dos trabalhadores, são os movimentos coletivos.
Lacordaire – “Entre o rico e o pobre, entre o forte e o fraco é a liberdade que oprime e
a lei que liberta” (resume o surgimento do direito do trabalho) – só existindo legislação
específica se consegue combater a liberdade que oprime e esta lei tem de ter a função
tuitiva/protecionista. O direito do trabalho surge como um direito da desigualdade contra a
ditadura contratual.
Em Portugal o surgimento do direito do trabalho data da nossa industrialização, logo
as nossas primeiras leis laborais surgem mais tarde (14 abril 1891). Começa logo pela limitação
dos tempos de trabalho que é um assunto que em pleno 2022 continua a ser discutido. *As
forças médias referidas nesta lei são os menores e as mulheres. Trata de outro assunto muito
importante na altura chamado de higiene e segurança no trabalho (atualmente saúde e
segurança no trabalho) para evitar acidentes de trabalho, sendo que estatisticamente há maior
número de acidentes de trabalho à sexta, principalmente ao fim do dia, daí a interligação entre
ambos os assuntos.
LAT – Lei de Acidentes no Trabalho (atualizada no contexto do teletrabalho).
Qualquer pessoa tem ligação com o trabalho. O dto do trabalho foi-se desenvolvendo
até chegarmos ao que temos atualmente.
Marcos importantes a nível mundial: criação da OIT (Organização Internacional de
trabalho) em 1919, no Tratado de Versalhes, a única que se mantém até hoje. Em 2019 disse
no relatório que o mundo estava numa altura tão ou mais disruptiva do que na altura da sua
criação, pós-Guerra Mundial. Criada com a finalidade de trabalho digno a nível mundial.
Trabalho digno: há uma série de preceitos para aferir esta dignidade: salário condigno (que
permita viver e não sobreviver); defenda os dtos coletivos; defenda igualdade e proíba
discriminação; promove a segurança e saúde no trabalho. A OIT não pode sancionar os seus
membros de um ponto de vista efetivo.
Até aqui tínhamos o homem como ganha-pão, com a II Guerra Mundial as mulheres
começam a ingressar no mercado de trabalho o que faz surgir mudanças e novas questões na
própria relação contratual. Este ramo do direito acompanha muitos ciclos económicos e tem
uma grande porosidade ideológica, sendo imbuído da parte política. Em termos de dto do
trabalho desde a II Guerra Mundial até à década de 60, os chamados séculos dourados da
economia e em termos de dtos e evolução do dto do trabalho chama-se também a época
dourada do dto do trabalho em que é sempre possível melhorar e querer mais.
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Umas das especificidades deste ramo de direito estão relacionadas com as fontes do
direito do trabalho. Tem um âmbito extremamente abrangente: o dto individual e dto coletivo.
Há fontes de, temos também os usos laborais.
Existem direitos que se vão aplicar a este direito, mas ele também tem fontes
próprias.
IRCT`s negociais:
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Em Portugal há uma muito baixa taxa de sindicalização, ou seja, não há muitas pessoas
a sindicalizar-se e as que se sindicalizam são quase sempre dos mesmos trabalhos, assim
temos sindicatos fortes de umas atividades e sindicatos muito fracos de outras. Por isso é que
depois existem as portarias de extensão em que o governo estende as convenções coletivas de
trabalho a todos os trabalhadores. E ao contrário do que acontece nos regulamentos jurídicos
anglo-saxónicos, há a liberdade sindical positiva e negativa, ninguém pode ser prejudicado por
pertencer ou por não pertencer a um sindicato. Pode justificar o porquê de não existir uma
taxa de filiação aos sindicatos tão elevada em comparação com alguns desses países.
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Com o CT de 2009, no art. 3º/1 consagra-se como regra geral que os instrumentos de
regulamentação coletiva de trabalho podem afastar as normas legais reguladoras de contrato
de trabalho no sentido menos favorável.
Existem exceções no art. 3º/3 do CT que elenca um bloco normativo que em princípio
goza imperatividade ou semi imperatividade – ou seja – em que não pode haver afastamento
das normas legais ou apenas o podem fazer em sentido mais favorável para o trabalhador. Ou
seja, há situações em que a lei diz imperativamente ou semi imperativamente que não pode
ser alterada a não ser que seja em caso mais favorável para o trabalhador (ex. período
experimental que apesar de ser bilateral beneficia principalmente a parte do empregador, no
entanto, a sua norma é semi imperativa ao dizer que o período experimental não pode ser
aumentado ou estendido, mas pode ser diminuído ou deixar de existir, ou seja, apenas pode
ser alterada em sentido mais favorável ao trabalhador – art. 112º/5 CT OU regime jurídico da
cessação de contrato de trabalho que é uma norma imperativa – art. 339º/1 do CT). Art. 3º/3
CT estabeleceu uma lista de áreas em que só pode haver alterações em sentido mais favorável
para além das normas imperativas ou semi imperativas (é um elenco fechado).
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Fontes nacionais:
Art. 54º CRP fala sobre as comissões de trabalhadores, consagra o direito fundamental
da participação destas na elaboração de legislação de trabalho. Se não forem ouvidas, o
diploma vai ser inconstitucional. Vertida depois no CT nos arts. 469º a 475º. Diferente da
concertação social não é uma imposição, é uma negociação tripartida em que temos
representantes do governo, dos trabalhadores e dos empregadores que tentam chegar a um
acordo final que depois se traduza em lei. O poder legislativo compete ao PR e não aos
parceiros sociais, ou seja, estes acordos são simplesmente acordos e vai haver cedências de
todos os lados. Aqui não existe a obrigação de chegar a acordo, logo se não chegarem não
haverá inconstitucionalidade.
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Relativamente aos direitos e deveres económicos, temos aqui dentro alguns muito
importantes para o dto do trabalho. Art. 59º CRP: direitos fundamentais para os trabalhadores
(direito a férias periódicas pagas; direito à justa reparação por acidentes de trabalho; direito à
conciliação entre a vida pessoal e à vida profissional; direito ao repouso e ao lazer; direito ao
descanso semanal; dto à limitação da jornada máxima de trabalho, etc.).
Com o CT de 2009, no art. 3º/1 consagra-se como regra geral que as convenções
coletivas de trabalho podem afastar as normas no sentido menos favorável. Existem
exceções no art. 3º/3 do CT, quando a lei diz imperativamente ou semi imperativamente que
não pode ser alterada a não ser que seja em caso mais favorável para o trabalhador (ex.
período experimental que apesar de ser bilateral beneficia principalmente a parte do
empregador, no entanto, a sua norma é semi imperativa ao dizer que o período experimental
não pode ser aumentado ou estendido, mas pode ser diminuído ou deixar de existir, ou seja,
apenas pode ser alterada em sentido mais favorável ao trabalhador).
O Art. 3º/3 estabeleceu uma lista de áreas em que só pode haver alterações em
sentido mais favorável para além das normas imperativas ou semi imperativas (é um elenco
fechado).
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O art. 11º CT diz-nos que um contrato individual de trabalho é aquele pelo qual uma
pessoa singular se obriga, mediante retribuição, a prestar a sua atividade a outra ou outras
pessoas, no âmbito de organização e sob a autoridade destas.
Assim, dentro desta definição jurídica temos três elementos essenciais, sendo que se
faltar um destes elementos não podemos estar perante um contrato de trabalho, sendo eles:
Por vezes, pode ser difícil saber se estamos perante um contrato de trabalho naquelas
situações em que as partes não o celebraram, celebrando sim um contrato de prestação de
serviços, mas que na verdade é um contrato de trabalho. Temos de ver o que é um contrato de
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prestação de serviço e ver quando é que ele pode ser, na verdade, um contrato de trabalho
(art. 1154ºss do CC).
Traços distintivos:
Em teoria parece fácil delimitar as figuras, mas a verdade é que, na prática, a distinção
entre ambos os contratos revela-se espinhosa. Muitas vezes o contrato de prestação de
serviços é retribuído e há ordens a ser obedecidas e o trabalhador no contrato de trabalho
compromete-se a prestar uma atividade, mas no fundo também a apresentar um resultado,
isto faz com que se gerem dúvidas e então muitas vezes o que nos vai fazer distinguir é saber
se existe ou não subordinação jurídica.
Subordinação jurídica não é apenas a subordinação clássica de dar ordens, pode ser à
distância espaço temporal. E temos vários graus de subordinação, assim podemos ter
situações em que sejam zonas cinzentas entre o CT e os CPS e situações onde se trata de falsos
CPS, ou seja, são claramente CT, mas uma das partes pretende fugir às obrigações vinculativas
do mesmo.
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O art.12º do CT de 2003
O art.12º CT de 2003 veio consagrar uma presunção de laboralidade. Esta deveria
facilitar a prova da existência de um contrato de trabalho, mas a verdade é que
com a exigência de verificação cumulativa dos diversos factos indiciários, esta
tornou-se numa norma inútil, pois não dava resposta aos casos duvidosos. Em
suma, esta norma limitou-se a compilar os elementos indiciários habitualmente
utilizados pela jurisprudência, exigindo que todos eles apontassem para a
existência de um trabalho subordinado.
Esta presunção do art. 12º do CT foi buscar muito do método indiciário. O que é que o
prestador da atividade tem a provar? Que pelo menos duas destas características estão
cumpridas (facilita a prova a quem acha que tem um contrato de trabalho). Não quer dizer que
se provar estas duas caraterísticas estamos perante um contrato de trabalho, apenas que a
presunção está preenchida e agora cabe à contraparte provar o contrário. Por isso, é
conveniente alegar e provar mais do que 2 características, tornando mais difícil a prova da
contraparte, uma vez que quanto mais provar, mais fácil é contradizer. Temos de ter em
atenção que esta presunção é ilidível, ou seja, admite prova em contrário. Se o empregador
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não conseguir provar que estamos perante um CT, a presunção converte-se, com todos os
efeitos do mesmo. Esta presunção visa auxiliar as situações de falsos contratos de prestação
de serviços, ou seja, falsos recibos verdes. Por outro lado, pode vir a considerar-se um contrato
de trabalho mesmo que não se verifiquem provadas nenhuma das presunções do art. 12º do
CT, tendo de se conseguir provar outros indícios e aí o juiz recorrerá ao princípio do indício
(aqui não vai haver inversão do ónus da prova).
O que está agora a ser discutido a nível europeu e nacional é a existência de uma
alteração ao art. 12º a), que é uma presunção para os contratos nas plataformas digitais –
presunção de laboralidade para quem presta funções nas plataformas digitais. Porque apesar
de ser um contrato com a plataforma, esta determina qual o vestuário, a rota, etc. através de
um algoritmo e a retribuição é feita através da própria plataforma. Considera-se que aplicar o
art. 12º do CT a estes contratos de trabalho pode não ser o indicado, uma vez que está
condicionado a um tipo de atividade pré-tecnológica.
03.10.2022
Modalidades do contrato de trabalho
O que é uma relação laboral típica ou standard?
Trata-se de uma relação com vocação para perdurar no tempo, relação que preenche por
inteiro a “vida laboral” do cidadão, relação bilateral em que o trabalhador presta a respetiva
atividade em prol de um único sujeito bem definido, que o remunera e que conforma a sua
conduta emitindo ordens e instruções, relação que se desenvolve num quadro empresarial (a
fábrica, o escritório, o estabelecimento comercial, etc.).
No entanto, vivemos numa era de grande dinamismo e numa sociedade altamente volátil,
marcada pelo risco, pela incerteza e pela instabilidade. Também aqui a tradição vai deixando
de ser o que era, sendo cada vez mais numerosos os desvios à relação laboral típica. Ao lado
dos contratos de duração indeterminada vão crescendo os contratos de trabalho a prazo
(sujeitos a termo resolutivo). Dá-se uma expressão das empresas de trabalho temporário. As
figuras do emprego em part-time e do trabalho intermitente vão-se disseminando. O trabalho
no domicílio ganha uma nova vitalidade e o teletrabalho foi acelerado e expandido com a
pandemia.
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Por isso, é necessário fazer referência a algumas das modalidades atípicas de contrato de
trabalho, com especial destaque para o contrato de trabalho a termo, pois é aquele que tem
vindo a ter maior êxito.
O contrato a prazo parece ser um sonho para os empregadores, pois consiste num
instrumento de flexibilização jus laboral, sendo que o mesmo se trata de um pesadelo para os
trabalhadores, devido à sua precariedade.
Ora, o regime jurídico do contrato de trabalho a termo deverá tentar alcançar um ponto
de equilíbrio entre estas 2 posições, sendo que o ponto de partida não pode deixar de ser o
emprego típico, pois é isso que resulta do art.53º CRP.
É certo que o art.53º CRP, em lado algum se refere aos contratos a prazo. Mas é óbvio que
a garantia constitucional da segurança no emprego não pode deixar de se projetar, com
particular intensidade, neste regime. Desta forma, seria tão abusivo interpretar esta norma
como significando um atestado constitucional de ilicitude dos contratos a termo, como
interpretá-la no sentido de que a mesma nada revela para este regime jurídico. Qualquer uma
destas posições pecaria, ora por excesso ora por defeito.
Interpretação correta do art.53º CRP, segundo Gomes Canotilho e Vital Moreira: “Em
princípio, a relação de trabalho é temporalmente indeterminada, só podendo ficar sujeita a
prazo quando houver razões que o exijam, designadamente para ocorrer a necessidades
temporárias das entidades empregadoras e pelo período estritamente necessário à
satisfação dessas necessidades”.
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Nota: Porquê que não se considera o contrato de trabalho nulo? Porque, se assim o fosse, o
contrato extinguir-se-ia e, dessa forma, o trabalhador ficaria sem trabalho. Como vimos, a
função primacial do direito do trabalho é a função tuitiva ou tutelar, de proteção da parte mais
débil da relação laboral. Daí que o legislador teve de criar uma opção para que o trabalhador
não ficasse desprotegido.
a. Requisitos materiais
Art.140º/nº1 CT: “O contrato de trabalho a termo resolutivo só poderá ser celebrado para
a satisfação das necessidades temporárias, objetivamente definidas pela entidade
empregadora e apenas pelo período estritamente necessário à satisfação dessas
necessidades. Ora, o legislador, no nº2, tentou elencar situações que poderão constituir a
“necessidade temporária da empresa”, mas a título meramente exemplificativo.
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Exemplo de substituição indireta- Temos um A que trabalha para C, em que A está doente.
Temos agora um trabalhador B, que já era trabalhador de C e que vai substituir o A, no
entanto, o trabalho que o B fazia fica sem ninguém. Então a empresa C tem de contratar mais
alguém para substituir o B. Para isso contrata D.
Nesta lógica:
O legislador desmente-se quanto ao art.140º/nº1 CT, pois o art.140º prevê ainda o nº4.
Além das situações previstas no nº1 podem ser celebrados contratos a termo certo, conforme
as situações previstas no nº4. São necessidades temporárias? Não, são necessidades
permanentes. Para além das situações clássicas (art.140º/nº1 e 2), em que o contrato a prazo
surge como instrumento privilegiado de satisfação de necessidades temporárias, a nossa
ordem jurídica perspetiva esta modalidade contratual como um instrumento de dinamização
do investimento empresarial (art.140º/nº4 (a)) e como uma medida de fomento do emprego
(art.140º/nº4 (b)), em ambos os casos, permitindo a celebração de contratos a termo tendo
em vista a satisfação de necessidades permanentes de trabalho.
b. Requisitos formais
Art.141º CT: “O contrato de trabalho a termo está sujeito a forma escrita e deve conter
(…)”.
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Ora, segundo o art.141º/nº3, a lei impõe que o documento contratual seja revelador, que
não seja vago ou opaco, que permita um controlo externo da situação, sendo que este ónus de
transparência e de veracidade recai sobre o empregador (art.147º/nº1 (c)).
ii. A inobservância de forma escrita não implica a nulidade do contrato de trabalho, mas
apenas a nulidade da cláusula de termo resolutivo. As falhas revertem contra o
empregador, pois a sua consequência traduz-se na transformação do vínculo laboral,
que passará de temporário a estável. Motivo: função tuitiva do direito do trabalho
proteger a parte mais frágil da relação laboral. Art.147º/nº1 (c).
Contrato em que se que ele vai ocorrer e a data em que irá ocorrer. As partes
celebram o contrato, dispondo que ele terminará num certo e determinado dia.
a. Admissibilidade:
b. Duração:
O contrato dura pelo período convencionado, mas esse período acordado pelas partes
terá de respeitar a lei.
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No entanto, as partes podem acordar que o contrato de trabalho a termo certo não
fica sujeito a renovação (art.149º/nº1). Aqui, o contrato extingue-se pelo simples decurso
do prazo, ou seja, pela termino do termo resolutivo.
Note-se que a renovação contratual apenas ocorrerá caso, à data da mesma, ainda
subsista o motivo justificativo da contratação a termo (art.149º/nº3).
d. Caducidade:
Tal como o contrato de trabalho a termo, ele distingue-se do contrato de trabalho normal
por ser a tempo parcial. Há vários tipos, ou seja, 2 modalidades.
2 modalidades:
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As partes não preveem com exatidão a data em que o contrato se irá extinguir. O termo
incerto caracteriza-se por ser um evento certo quanto à sua verificação, mas incerto quanto à
data em que a mesma irá ocorrer.
a. Admissibilidade:
Só será admitida a celebração de contrato a termo incerto caso se verifique alguma das
situações comtempladas no art.140º/nº3. Apresenta um elenco taxativo.
b. Duração:
Este contrato durará, em princípio, por todo o tempo necessário para a substituição do
trabalhador ausente ou para a conclusão da atividade. No entanto, nos termos do art.
148º/nº5 a duração do contrato de trabalho a termo incerto não pode ser superior a 4 anos.
c. Caducidade:
Compreende-se que não haja aqui lugar a renovação do contrato. O contrato a termo
incerto caduca, automaticamente, aquando da verificação do respetivo termo resolutivo
(art.345º/nº1). A falta de cumprimento deste dever patronal de conceder pré-aviso não
implica qualquer renovação do vínculo contratual nem significa, por si só, que o contrato se irá
transformar num contrato sem termo (nº3).
d. Conversão:
O chamado part-time.
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Tudo dependerá da vontade das partes que deverá ser reduzida a escrito, sob pena de o
contrato se considerar celebrado a tempo completo (art.153º/nº3). Por outro lado, se for
respeitada a forma escrita, mas o documento não contiver a indicação do período normal de
trabalho diário e semanal, com referência comparativa a trabalho a tempo inteiro, presumir-
se-á que o contrato é celebrado a tempo completo (art.153º/nº2). No entanto, é uma
presunção ilidível.
Art.157º CT
Trata-se de uma modalidade contratual que poderá ser utilizada em empresas que
exerçam atividade com descontinuidade ou intensidade variável e que se caracteriza pela
circunstância de a prestação de trabalho ser intercalada por um período ou mais períodos de
inatividade.
Tendo em conta o disposto nos artigos 158º a 160º, afigura-se que é composto por 2
espécies. Com efeito, em qualquer das espécies este deverá conter a indicação do nº anual de
horas de trabalho ou do nº anual de dias de trabalho (art.158º/nº1 (b)), o que significa que o
quantum da prestação laboral terá de ser programado pelos sujeitos. Relativamente ao
quando da prestação, irá variar, na medida em que casos haverá em que ele será previamente
definido, sendo que as partes estabelecem no contrato o início e o termo de cada período de
trabalho (art.159º/nº1- 1ªparte); noutros casos ele já não é determinado previamente,
obrigando-se o trabalhador a responder às solicitações da entidade empregadora,
respondendo ao chamamento a efetuar pelo empregador (art.159º/nº1- 2ªparte).
Requisitos de admissibilidade
Forma e conteúdo
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Este contrato está sujeito a forma escrita e deve conter a indicação do nº anual de
horas de trabalho ou anual de dias de trabalho a tempo completo (art.158º/nº1). A falta de
redução a escrito ou a falta de indicação do volume anual de trabalho implica que o contrato
se tenha celebrado sem intermitência, sem período de inatividade (art.158º/nº2). Caso estes
requisitos sejam satisfeitos, mas o volume anual de trabalho seja inferior ao mínimo legal, é
este limite mínimo que será aplicável (5 meses por ano) - art.158º/nº3.
I. A prestação não pode ser inferior a 5 meses por ano, dos quais pelo menos 3 devem
ser consecutivos (nº2);
II. A antecedência da chamada patronal não deve ser fixada em menos de 30 ou 20 dias,
consoante o trabalhador exerça ou não outra atividade, no período contratual de
stand-by (nº3);
Tem direito a auferir uma compensação retributiva nos períodos de inatividade cujo
montante deverá ser estabelecido por IRCT, mas na sua falta, será o resultante do
art.160º/nº2, a pagar pelo empregador com periocidade igual à da retribuição. Mas as partes
podem acordar numa compensação superior aos 20% da retribuição base, nomeadamente nos
contratos de trabalho à chamada.
Art.161º ss CT
Consiste numa cláusula acessória que poderá ser aposta ao contrato de trabalho
quando esteja em causa certo tipo de funções caracterizadas por uma especial relação de
confiança interpessoal.
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Que tipo de funções admite a lei a utilização desta modalidade? O art.161º prevê 3
grandes grupos: os cargos de direção, as funções de secretariado e, se tal for previsto por IRCT,
outras funções cuja natureza também suponha especial relação de confiança em relação a
titular daqueles cargos e funções de chefia. Não será legítimo recorrer a esta modalidade para
o provimento de funções que exorbitem do círculo de situações prevista na lei ou pelo IRCT,
caso contrário a cláusula da comissão de serviço será nula, valendo o contrato como contrato
de trabalho típico.
No caso da comissão externa a lei estabelece que poderá ou não ser acordada a sua
permanência após o termo da comissão (art.162º/nº2 caso isso seja acordado
art.162º/nº3 (d)). Caso tal permanência não seja estipulada contratualmente então a cessação
da comissão implicará a extinção do contrato de trabalho. Ora, como a lei reconhece a ambas
as partes a faculdade de denunciar livremente a comissão de serviço segundo o art.163º/nº1,
vislumbra-se aqui um problema jurídico-constitucional: a livre extinção da comissão por
decisão unilateral do empregador viola o princípio da causalidade do despedimento, ou seja,
viola a garantia constitucional da segurança no emprego e a proibição dos despedimentos
sem justa causa, pondo em crise o art.53º CRP.
Com garantia
Sem garantia
Na comissão de serviço externa sem garantia, o trabalhador pode ser despedido pelo
empregador, através da simples via de denúncia. Nesta hipótese o trabalhador terá direito a
receber uma indemnização (art.164º/nº1 (c)), mas isso não basta para isentar estas normas de
censura constitucional. Na comissão se serviço externa com garantia (em que as partes
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Teletrabalho
Art.165º ss CT
Cada vez mais trabalhadores vão prestando a sua atividade, ainda que em moldes
heteroconformados, fora da empresa, inclusive no seu domicílio. Este fenómeno tem-se
acentuado nas sociedades pós-industriais em que vivemos, marcadas por um forte progresso
científico e tecnológico, através do teletrabalho.
Vantagens:
Inconvenientes:
Fruto do exposto, surgiram novos problemas, sendo que o legislador tentou enfrentá-
los através da lei nº83/2021, que veio estabelecer o novo regime jurídico do teletrabalho
(sendo o teletrabalho subordinado o que mais nos interessa).
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Art.166º/nº1- essa atividade tanto pode ser exercida por um trabalhador típico
(teletrabalho interno) como por um trabalhador admitido, ab initio, em regime de teletrabalho
(teletrabalho externo).
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O trabalhador temporário arrisca-se a servir a empresa que o emprega (mas que o não
emprega) e a empresa que o emprega (mas que não o contratou). O esquema contratual
atípico liga então 3 sujeitos através de 2 negócios jurídicos:
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Art.68º/nº1: em princípio, “só pode ser admitido a prestar trabalho o menor que tenha
completado a idade mínima de admissão (16 anos, nos termos do nº2), tenha concluído a
escolaridade obrigatória ou seja matriculado e a frequentar o nível secundário de educação e
disponha de capacidades físicas e psíquicas adequadas ao posto de trabalho”. A estreita
ligação entre a idade mínima de admissão e o cumprimento da escolaridade obrigatória
constitui um imperativo lógico com o art.69º/nº3 CRP (“é proibido o trabalho de menores em
idade escolar”).
Apesar de o legislador estabelecer 16 anos, não quer dizer que os menores de 16 não
possam trabalhar. “O menor com idade inferior a 16 anos que tenha completado a
escolaridade obrigatória ou esteja matriculado e a frequentar o ensino secundário de
educação pode prestar trabalhos leves que consistam em tarefas simples e definidas que, pela
sua natureza, pelos esforços físicos e mentais exigidos ou pelas condições específicas em que
são realizadas, não sejam suscetíveis de o prejudicar no que respeita à integridade física,
segurança e saúde, assiduidade escolar, participação em programas de orientação ou de
formação, capacidade para beneficiar da instrução ministrada, ou ainda ao seu
desenvolvimento físico, psíquico, moral, intelectual e cultural”- art.68º/nº3. Em sentido
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inverso, os trabalhos que sejam prejudiciais ao desenvolvimento dos menores são proibidos ou
condicionados (art.72º/nº2).
Desta forma, verificamos que o ordenamento jurídico varia, tendo em conta o tipo de
trabalho a prestar pelo menor. Se, em regra, o menor tem os 16 anos (adquire-se a capacidade
de gozo para ser titular de uma relação-jurídica laboral) a lei ora suaviza as exigências ao
admitir que um menor abaixo do limiar dos 16 anos preste trabalhos leves, ora endure o
regime quando proíbe a atividade a menores quando se trate de trabalhos prejudiciais.
Será que o menor pode, por ato próprio e exclusivo, celebrar um contrato de trabalho?
Art.70º (institui o sistema gradualista). Temos 2 situações:
nº1: O contrato celebrado diretamente com o menor que tenha completado 16 anos
de idade (…) é válido, salvo oposição escrita dos seus representantes legais.
nº2: O contrato celebrado diretamente com o menor que não tenha completado 16
anos de idade (trabalhos leves) (…) só é válido mediante autorização escrita dos seus
representantes legais.
Nos casos do nº2 o menor carece de capacidade negocial de exercício para celebrar o
contrato de trabalho, visto que ele, embora atue pessoalmente e por ato próprio, não atua
exclusiva e autonomamente. Ele carece da autorização dos seus representantes, sem a qual o
contrato não seria válido.
Já nos casos do nº1 do art.70º, fala-se em capacidade assistida por parte do menor, visto
que aqui ele celebra o contrato de trabalho pessoal e autonomamente dispondo, neste
sentido, de capacidade negocial de exercício, tendo uma certa tutela paternal que se mantem.
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Idoneidade do objeto
Art.102º
O contrato de trabalho não é definido por aquilo que se faz, mas sim pelo modo como
se faz. Com efeito, qualquer atividade humana, desde que lícita e apta para a satisfação de um
interesse do credor digno de tutela jurídica, pode constituir objeto deste contrato. Não existe,
na verdade, numerus clausus de atividades laborais, pelo que, quanto ao respetivo objeto
(quanto ao tipo de atividade prometida), valem para o contrato de trabalho os requisitos
gerais do objeto negocial, enunciados pelo art.280º CC: objeto física e legalmente possível,
conforme à lei, determinável, conforme à ordem pública e não ofensivo dos bons costumes.
Contrato promessa: convenção pela qual alguém se obriga a celebrar certo contrato
(art.410º/nº1 CC). O contrato promessa tem por objeto a celebração futura de um outro
contrato, o contrato prometido (no nosso caso, o contrato de trabalho), consistindo a
prestação devida em virtude daquele na emissão de uma declaração de vontade destinada a
realizar este último.
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Embora o nº1 do art.25º afirme que o empregador não pode praticar qualquer
discriminação, direta ou indireta, em razão dos fatores referidos no nº1 do art.24º, o nº2 não
deixa de esclarecer, prudentemente, que não constitui discriminação o comportamento
baseado em fator de discriminação que constitui um requisito justificável e determinante para
o exercício da atividade profissional, em virtude da natureza da atividade em causa ou do
contexto da sua execução, devendo o objetivo ser e o requisito proporcional. EX. o sexo revela
quando se pretende contratar um modelo ou ator.
É certo que, existem numerosas situações em que a lei do trabalho se afasta da regra,
sujeitando as declarações negociais a forma escrita. Serão os casos das modalidades atípicas
dos contratos de trabalho.
Quando a lei exige forma escrita para determinado contrato de trabalho, será que a
inobservância daquela implica a nulidade do contrato, nos termos do art.220ºCC?
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A invalidade do contrato
Invalidade parcial
Cláusula cujo conteúdo é desconforme com a CRP (ex. cláusula em que o trabalhador
renuncie ao direito de se sindicar).
Cláusula cujo conteúdo é desconforme com a lei (ex. estipulação de um período de
trabalho semanal superior ao máximo legal).
Cláusula cujo conteúdo é desconforme com convenção coletiva aplicável (ex. o
salário acordado é inferior ao previsto na correspondente tabela salarial).
Daí que o nº2 tenha vindo a acrescentar que “A cláusula do contrato de trabalho que
viole a norma imperativa considera-se substituída por esta”. Ou seja, quando a invalidade
parcial resultar do facto de haver cláusulas contratuais que violem normas imperativas
(constitucionais, legais ou convencionais), a lei prescinde do recurso à vontade hipotética,
optando por aplicar uma técnica de substituição automática das cláusulas inválidas pelas
normas invalidantes. Assim, eliminam-se as cláusulas viciadas e estas são substituídas pelas
normas que estavam a ser violadas. Chama-se a isto redução teleológica do contrato, sem
permitir que a invalidade parcial termine na invalidade total.
Invalidade total
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Período experimental
- Contratos por tempo indeterminado: art.112º/nº1 (a), (b), (c). Colocou-se em causa os 180
dias para trabalhadores que estejam à procura de primeiro emprego e desempregados de
longa duração. Ac. TC 318/2021, de 18 de maio não declara inconstitucional
Assim, durante o período experimental a lei permite aquilo que a CRP proíbe: o
despedimento sem justa causa. Assim, o período experimental não será inconstitucional, mas é
inegável que ele se encontra no limiar da inconstitucionalidade.
10.10.2022
O empregador e a empresa
Empresa e direito do trabalho
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Tal como resulta do nº3, dar-se-á uma sub-rogação ex lege do transmissário nas
relações contratuais laborais do transmitente, salvo se o transmitente, antes da transmissão,
tiver transferido o trabalhador para outro estabelecimento ou unidade económica ao abrigo
do art.194º (nº4 do art285º).
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(Enquadrando…)
No entanto surge a questão: Será que a transmissão do contrato é uma regra que se
impõe a todos os intervenientes, inclusive ao trabalhador?
Esta questão começou por ser suscitada ainda antes da codificação do direito laboral
(“caso Katsikas”) e autores como Júlio Gomes e Liberal Fernandes defenderam o
reconhecimento do direito de oposição no nosso ordenamento jurídico. No entanto, isto não
foi pacífico e a questão transitou para o CT de 2003, não tendo sido resolvido pelo CT de 2009.
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Os sujeitos têm direitos e deveres, sendo que o empregador tem poderes, tem direitos
e tem deveres. O trabalhador tem direito, tem deveres e tem garantias.
Nota: A lei nº14/2018 trouxe também uma modificação ao art.394º e 396º. Assim, quando um
trabalhador é confrontado com a transmissão da empresa e não queira que haja transmissão
automática do seu contrato, poderá invocar essa transmissão para fazer cessar imediatamente
o contrato, resolvendo-o com justa causa e terá direito a uma compensação.
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Princípio no bis in idem (art.330º/nº1- 2ªparte). O trabalhador não pode ser sancionado
duas vezes pela mesma infração. Não quer dizer que seja o mesmo tipo de infração, mas sim
uma nova infração disciplinar.
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punido pelo empregador. Todos os prazos mencionados nos subprincípios têm como função
proteger a posição do trabalhador quando for aplicada uma sanção disciplinar.
O exercício do poder disciplinar está sujeito a controlo jurisdicional a posteriori, pelo que,
caso o trabalhador entenda que foi alvo de uma sanção disciplinar injusta/ incorreta, tem o
direito de ação judicial (art.329º/nº7). O tribunal poderá confirmar ou anular a sanção
aplicada, mas já não poderá substituir-se ao empregador e aplicar ao trabalhador uma outra
medida punitiva que entenda mais adequada.
Deveres dos trabalhadores (art.128º). Podemos dividir entre o dever principal, deveres
secundários (acessórios do dever principais) e deveres laterais (deveres autónomos do dever
principal). O dever principal será a prestação de uma atividade de trabalho. O dever
secundário é o dever de obediência, dever de assiduidade e pontualidade, etc. Os deveres
autónomos da prestação da atividade é o dever de prestar lealdade ao empregador. A
violação destes deveres pode corresponder à prática de uma infração disciplinar por parte do
trabalhador, a não ser que estejam em causa direitos, liberdades e garantias do trabalhador.
Art.331º (sanções abusivas).
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A mobilidade funcional
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