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FINANCEIRO
A modulação da
legislação orçamentário
financeira
A modulaçãopara o
da legislação
combate aos efeitos da
orçamentáriofinanceira para o combate
aos efeitos da Covid-19
Covid-19
Considerações iniciais: paradigma normativo e
contexto do Direito Financeiro da Crise
Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, no caso da União, ou pelas Assembléias
Legislativas, na hipótese dos Estados e Municípios, enquanto perdurar a situação:
I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições estabelecidas nos arts. 23, 31 e 70;
II - serão dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a limitação de empenho prevista no art. 9o.
Do que se conclui, existir autorização temporária, pelo tempo que perdurar a calamidade, para o ente descumprir o teto
de gastos com pessoal sem a incidência das consequências legais de recondução.
A concessão da Medida Cautelar na ADI no 6.357
O Presidente da República do Brasil, através da Advocacia Geral da União (AGU), ajuizou, em 27/03/2020, ADI
com pedido Medida Cautelar, com o objetivo de:
“[...] conferir interpretação conforme à Constituição aos arts. 14, 16, 17 e 24 da Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF), e ao art. 114, caput, in fine, e § 14, da Lei de Diretrizes Orçamentárias do ano de 2020 (LDO/2020).”
Argumentou que o afastamento temporário do rigor de algumas normas da LRF se faz necessário ante a pandemia
de Covid-19 que atingiu o país e que a inteira aplicação das normas de equilíbrio fiscal à situação de
excepcionalidade vivida no Brasil impediria o governo de tomar medidas necessárias para combater de modo
eficaz a disseminação da doença.
Portanto, o Congresso Nacional não autorizou o descumprimento de todas as regras da LRF, mas apenas as
referidas no inciso II do artigo 65, ou seja, o atingimento dos resultados fiscais da LDO 2020 e da limitação de
empenho bimestral decorrente da potencial queda na receita. Com isso a União, no âmbito dos programas públicos
relacionados ao combate do Covid-19, não precisa, para criação ou expansão de despesa pública, amparar
suas decisões (1) em impacto orçamentário-financeiro no ano em que deva entrar em vigor e nos dois
subsequentes, (2) na declaração do ordenador de despesa de que o aumento de gasto tem sustentação na Lei
Orçamentária Anual.
Como terceiro alicerce da sistemática do Direito Financeiro da Crise, aponta-se a promulgação da EC no
106/2020, que estruturou um regime extraordinário fiscal com o intuito de implementar uma
maior flexibilização para o combate aos efeitos econômicos e sanitários oriundos da Covid-19.
A EC 106/2020 tem vigência temporária.
O art. 11 da emenda prevê expressamente que a EC 106/2020 “ficará automaticamente revogada na data
do encerramento do estado de calamidade pública reconhecido pelo Congresso Nacional.”
Durante a vigência do estado de calamidade pública nacional reconhecido pelo Congresso Nacional em razão da
pandemia do coronavírus, a União adotará regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para atender
às necessidades dele decorrentes.
Esse regime extraordinário somente deverá ser adotado naquilo em que, em virtude da urgência, não for possível
ser cumprido com o regime regular
. Processos simplificados de contratação (art. 2º da EC)
O Poder Executivo federal, no âmbito de suas competências, fica autorizado a
adotar processos simplificados para a:
• contratação de pessoal, em caráter temporário e emergencial; e para a
• contratação de obras, serviços e compras.
Vale ressaltar, no entanto, que esse processo simplificado de contratação deve assegurar, quando
possível, competição e igualdade de condições a todos os concorrentes.
Esses processos simplificados somente poderão ser realizados com propósito exclusivo de enfrentamento
do contexto da calamidade e de seus efeitos sociais e econômicos, no seu período de duração.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sem dúvidas, no primeiro semestre de 2020 confrontaram-se os limites da estrutura jurídico-orçamentária brasileira
que motivaram soluções dentro da institucionalidade. A proposta de solução de uma crise acaba ensejando a natural
ampliação dos poderes da função executiva de governo. Há necessidade de autorização das respectivas
Assembleias Legislativas para reconhecimento da calamidade pública decorrente da pandemia de Covid-19 no
território do ente solicitante.