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Com base nos motivos referidos, uma empresa com 60 trabalhadores pretende despedir 4.
Poderá recorrer ao despedimento coletivo?
Neste caso, não, uma vez que, conforme vimos, o despedimento coletivo numa média
empresa (de 50 a menos de 250 trabalhadores - art.º 100.º/1/c) terá de abranger, pelo menos,
5 trabalhadores.
Então, no exemplo dado, o requisito referido na alínea d) do art.º 368.º/1 verifica-se,
cabendo averiguar se os restantes requisitos referidos nas outras alíneas se verificam. Em
caso afirmativo pode ocorrer o despedimento por extinção de posto de trabalho.
Processo
Leia o art.º 372.º e repare que ao remeter, nomeadamente, para o art.º 364.º, o trabalhador
(à semelhança do que dissemos a propósito do despedimento coletivo), durante o prazo de
aviso prévio, tem direito à retribuição e a um crédito de horas correspondente a 2 dias de
trabalho por semana (art.º 364.º/1).
Ocorrido o despedimento, o mesmo art.º 372.º também remete para o art.º 366.º, ou seja,
o(s) trabalhador(es) tem direito a uma compensação igual à estabelecida para o despedimento
coletivo, cujo cálculo e limites de montante já referimos a propósito deste.
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Guia de estudo e reflexão - Direito do Trabalho – LGE – 2021/22_S2
De seguida, tem de conjugar esse n.º 1 com o n.º 1 do art.º 375.º onde se estabelecem os
requisitos cumulativos para este despedimento.
Lendo a alínea a) do art.º 375.º/1 verifica que a inadaptação do trabalhador resulta de
alterações nos processos de fabrico ou de comercialização ou da introdução de novas
tecnologias ou equipamentos.
Por exemplo, a informatização de um certo serviço sem que o trabalhador tenha qualquer
formação para trabalhar com essa tecnologia, tendo, até então, um trabalho essencialmente
manual. Temos, assim, um caso de inadaptação superveniente do trabalhador. Mas, tal não
chega para se proceder ao despedimento.
Com efeito, ao ler as alíneas b) a d) do art.º 375.º/1, são precisos outros requisitos:
- Ter sido ministrada formação profissional adequada (b);
- Após essa formação, ter sido facultado ao trabalhador um período de adaptação de, pelo
menos, 30 dias (c);
Por outro lado, o n.º 2 do art.º 374.º refere outra situação de inadaptação do trabalhador, no
caso de este desempenhar um cargo de complexidade técnica ou de direção e não cumpra os
objetivos previamente acordados, por escrito.
Mas, este nº 2 tem que ser conjugado com as duas alíneas do n.º 3 do art.º 375.º.
Assim, das duas uma:
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- ou, caso não se verifique essa modificação do posto de trabalho, se for cumprido o
disposto na alínea b) do art.º 375.º/2.
Processo
Ao ler o art.º 379.º pode concluir que, neste despedimento, o trabalhador tem os mesmos
direitos que no caso do despedimento coletivo.
ILICITUDE DOS DESPEDIMENTOS – art.º 381.º a 392.º (ct sem termo) e 393.º (ct a
termo)
Como já referimos, qualquer das modalidades de despedimento é da iniciativa do
empregador, sendo os respetivos processos extrajudiciais.
Ora, cabe, apenas, ao tribunal decidir se um despedimento foi lícito ou ilícito (art.º 387.º/1),
mediante ação intentada pelo trabalhador despedido.
Leia, agora, o art.º 381.º, cuja epígrafe refere “Fundamentos gerais de ilicitude do
despedimento”, ou seja, fundamentos que servem para demonstrar a ilicitude de qualquer
modalidade de despedimento.
Repare, também, que os art.º seguintes (art.º 382.º, 383.º, 384.º e 385.º - para eventual
consulta) se referem, especificamente, à ilicitude de cada uma das modalidades de
despedimento.
Direitos do(s) trabalhador(es) contratados sem termo no caso do tribunal considerar ilícito
qualquer despedimento – art.º 389.º a 392.º
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- o trabalhador tem direito a ser indemnizado por todos os danos causados, patrimoniais e
não patrimoniais – art.º 389.º/1/a) (chamo a atenção que este direito a uma indemnização nada
tem a ver com a indemnização em substituição da reintegração).
Antes de mais, convém referir que não são frequentes os despedimentos de trabalhadores
contratados a termo (certo ou incerto), considerando a natureza precária do vínculo. Mas, nada
impede que, neste caso, ocorra qualquer das modalidades de despedimento, sendo certo que,
quanto maior for a duração destes contratos, maior a probabilidade de ocorrerem
despedimentos, na medida em que o empregador poderá não estar disposto a esperar pela
ocorrência do termo do ct.
Quanto aos direitos do trabalhador, eles são idênticos aos do contratado sem termo, com as
alterações constantes no n.º 2 do art.º 393.º.
Assim:
Por último, refira-se que o empregador (quer o ct seja sem termo ou a termo) pode opor-se
à reintegração do trabalhador (obviamente, no caso de este pretender ser reintegrado) se se
verificar o disposto no art.º 392.º, ou seja:
- em caso de microempresa
1 Uma decisão do tribunal transitada em julgado significa que tal decisão não pode ser objeto de recurso para um
tribunal superior (ou, porque o valor monetário do processo não permite o recurso, ou porque o prazo para este já
decorreu).
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contenta com um regresso apenas prejudicial ou perturbador, é necessário que esse regresso,
seja gravemente prejudicial e perturbador).
Todavia, tal não acontece, uma vez que o art.º 392.º/3 refere uma indemnização, a fixar pelo
tribunal, entre 30 e 60 dias de retribuição base ... .
Repare que, apenas, na alínea a) do n.º 3, se refere uma situação que nada tem a ver com
comportamentos ou decisões do empregador.
Quanto ao procedimento que o trabalhador deve ter (art.º 395.º), bem como, à indemnização
a que este possa ter direito (art.º 396.º) remete-se, para eventual consulta.
Por último, refira-se que o empregador pode recorrer a tribunal, para que este considere a
resolução ilícita (art.º 398.º/1).
2 Obviamente, que esta justa causa nada tem a ver com a justa causa do despedimento por facto imputável ao
trabalhador.
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No caso da denúncia (ao contrário da resolução) o trabalhador não invoca qualquer justa
causa (art.º 400.º/1).
No caso de ct sem termo, o trabalhador deve comunicar, por escrito, ao empregador que
pretende denunciar o ct com a antecedência mínima de 30 dias se tiver até 2 anos de
antiguidade e com a antecedência mínima de 60 dias se tiver mais de 2 anos de antiguidade
(art.º 400.º/1).
Note-se que a lei se refere a uma antecedência mínima, o que significa que o trabalhador
pode comunicar a denúncia com maior antecedência.
No caso de o trabalhador comunicar a denúncia com tempo inferior ao mínimo (ou, nenhum,
no caso de comunicar a denúncia no próprio dia em que pretende cessar o ct), deve pagar ao
empregador uma indemnização de valor igual à retribuição base (mais eventuais diuturnidades)
correspondente aos dias em falta e, ainda, poderá ter que pagar uma indemnização pelos
prejuízos causados (art.º 401.º).
A este propósito, é frequente o trabalhador nada desembolsar, uma vez que o empregador
fará um “acerto de contas” nos valores que terá de pagar pela cessação do ct. A título de
exemplo, no valor do mês de férias, no valor dos subsídios de férias e/ou de Natal.
3 Este direito também se verifica, como vimos, no caso da revogação e no caso da resolução.
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A este propósito, refira-se que a lei presume o abandono do trabalho se, durante, pelo
menos, 10 dias úteis seguidos o empregador não for informado do motivo da ausência do
trabalhador.
Ou,
- em vez desse processo, aguardar os 10 dias úteis seguidos para funcionar a presunção do
abandono?
Cremos ser mais adequado o empregador evitar as fases do processo de despedimento
individual, esperando os 10 dias úteis para, depois, na carta que envia para a última morada do
trabalhador, invocar a presunção de abandono.
A referida presunção pode ser ilidida (contrariada) pelo trabalhador no caso de este invocar
e provar motivos de força maior que o impediram de comunicar ao empregador a causa da
ausência. Naturalmente, que esta situação muito raramente poderá acontecer.
Por último, e com base no art.º 403.º/5, o trabalhador, no caso de abandono do trabalho,
deve indemnizar o empregador nos termos do art.º 401.º. Artigo este que já referimos a
propósito da cessação do ct por denúncia. Em princípio, a diferença, em relação a esta, reside
no facto do trabalhador que abandonou o trabalho, não ter cumprido qualquer aviso prévio,
tendo, por isso, o empregador direito a uma indemnização correspondente ao total dos dias
mínimos de aviso prévio referidos no art.º 401.º.
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