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A nova redação do artigo 58, § 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) extinguiu o cômputo das
chamadas horas in itinere, isto é, o tempo de deslocamento do empregado até o local de trabalho de
difícil acesso e vice-versa, da jornada de trabalho, tornando obsoletas as Súmulas 90, 320 e 429 que
tratam sobre o tema, vide abaixo.
“Súmula nº 90 do TST HORAS “IN ITINERE”. TEMPO DE SERVIÇO (incorporadas as Súmulas nºs 324 e
325 e as Orientações Jurisprudenciais nºs 50 e 236 da SBDI-1) – Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I – O tempo despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo empregador, até o local de
trabalho de difícil acesso, ou não servido por transporte público regular, e para o seu retorno é
computável na jornada de trabalho. (ex-Súmula nº 90 – RA 80/1978, DJ 10.11.1978) II – A
incompatibilidade entre os horários de início e término da jornada do empregado e os do transporte
público regular é circunstância que também gera o direito às horas “in itinere”. (ex-OJ nº 50 da SBDI-1
– inserida em 01.02.1995) III – A mera insuficiência de transporte público não enseja o pagamento de
horas “in itinere”. (ex-Súmula nº 324 – Res. 16/1993, DJ 21.12.1993) IV – Se houver transporte público
regular em parte do trajeto percorrido em condução da empresa, as horas “in itinere” remuneradas
limitam-se ao trecho não alcançado pelo transporte público. (ex-Súmula nº 325 – Res. 17/1993, DJ
21.12.1993) V – Considerando que as horas “in itinere” são computáveis na jornada de trabalho, o
tempo que extrapola a jornada legal é considerado como extraordinário e sobre ele deve incidir o
adicional respectivo. (ex-OJ nº 236 da SBDI-1 – inserida em 20.06.2001).”
O artigo 11-A da CLT passou a prever expressamente a aplicação da prescrição intercorrente na Justiça
do Trabalho, autorizando a extinção processual após o prazo de dois anos a contar da inércia do
exequente em cumprir a determinação judicial no curso da execução, seja de ofício ou a requerimento
da parte contrária, inutilizando as Súmulas 114, 153, 275, item I e 452. Vejamos.
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“Súmula nº 153 do TST. PRESCRIÇÃO (mantida) – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. Não se
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prescrição nãoPrivacidade.
argüida na instância ordinária (ex-Prejulgado nº 27).”
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“Súmula nº 275 do TST. PRESCRIÇÃO. DESVIO DE FUNÇÃO E REENQUADRAMENTO (incorporada a
Orientação Jurisprudencial nº 144 da SBDI-1) – Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005. I – Na ação que
objetive corrigir desvio funcional, a prescrição só alcança as diferenças salariais vencidas no período
de 5 (cinco) anos que precedeu o ajuizamento.” (ex-Súmula nº 275 – alterada pela Res. 121/2003, DJ
21.11.2003).
A CNI sugeriu o cancelamento dos enunciados acima, além de recomendar a modificação da Súmula
294 para harmonização com o artigo 11-A da CLT, com a integração da expressão destacada abaixo.
A nova redação do artigo 614, § 3º, da CLT vedou a ultratividade, ou seja, a manutenção dos efeitos
mesmo após o fim da vigência, das normas coletivas, o que é previsto na Súmula 277. Essa questão
gerou polêmica e foi discutida no Supremo Tribunal Federal (STF), que declarou a inconstitucionalidade
da Súmula.
A nova redação do artigo 457, § 2º, da CLT dispõe expressamente que as diárias de viagem não
integram a remuneração do empregado, independentemente do valor pago, ao contrário da Súmula
101 que considera a natureza salarial das diárias que excedam 50% do salário.
Os itens I, III e IV da Súmula 437 perderam a validade, visto que a nova redação do artigo 71, §4º, da
CLT dispõe que a supressão parcial do intervalo intrajornada enseja o pagamento apenas do tempo
residual, atribuindo natureza indenizatória à verba.
O item II da referida Súmula também não subsiste, visto que o novo artigo 611-A, III, da CLT dispõe que
é permitida a redução do intervalo intrajornada por acordo ou convenção coletiva.
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“Súmula nº 437 do TST. INTERVALO INTRAJORNADA PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO. APLICAÇÃO DO
ART. 71 DA CLT (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-1) –
Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012. I – Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-
concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a
empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período correspondente, e não apenas
daquele suprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal
de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de
remuneração. II – É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a
supressão ou redução do intervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, saúde e
segurança do trabalho, garantido por norma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º, XXII, da
CF/1988), infenso à negociação coletiva. III – Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º,
da CLT, com redação introduzida pela Lei nº 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou
reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajornada para repouso e alimentação,
repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais. IV – Ultrapassada habitualmente a jornada
de seis horas de trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma hora, obrigando
o empregador a remunerar o período para descanso e alimentação não usufruído como extra,
acrescido do respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da CLT.”
Outros diversos temas também devem ser atualizados, valendo destacar que a revisão das Súmulas e
OJs já estava em discussão no Tribunal Superior do Trabalho. O TST, inclusive, já havia elaborado uma
lista com os textos em desacordo com a Reforma Trabalhista para tratar na sessão do Tribunal Pleno
então designada para o dia 06 de fevereiro de 2018.
No entanto, a referida sessão foi suspensa pelo então presidente da Comissão de Jurisprudência e
Precedentes Normativos, Ministro Walmir Oliveira da Costa, em razão da arguição de
inconstitucionalidade da nova redação do artigo 702, inciso I, alínea “f” da CLT, que alterou o
procedimento do Tribunal para criação ou alteração de Súmulas e outros enunciados de jurisprudência
uniforme na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 6188.
A ADI ainda está em trâmite no STF, que começou a analisar o tema no Plenário Virtual em junho de
2021, mas, embora o Relator, Ministro Ricardo Lewandowski, tenha entendido que referida alteração
do artigo 702 seria inconstitucional, a questão não foi resolvida pois foi tirado de pauta a pedido de
vistas do Ministro Gilmar Mendes. Sem definição do STF, o TST declarou a inconstitucionalidade do
referido artigo no processo do ArgInc-696-25.2012.5.05.0463, por configurar violação do princípio da
separação dos poderes, previsto no artigo 2º da Constituição Federal, não cabendo ao legislador
interferir nos regimentos internos dos Tribunais, determinando “o encaminhamento de cópia do
presente acórdão à Comissão de Regimento Interno, para que avalie a conveniência e oportunidade
de elaborar Proposta de Emenda Regimental (RITRT, 58 c/c 352, I) a ser deliberada por este Tribunal
Pleno (RITST, 68, §1º), a respeito da edição e revogação de súmulas e orientações jurisprudenciais”,
valendo ressaltar que a decisão ainda não é definitiva.
Embora o procedimento para alteração das Sumulas e OJs esteja pendente de julgamento na Corte
Suprema, fato é que o TST precisa revisar e atualizar os textos superados pela Reforma Trabalhista,
visto que eles tratam de questões relevantes alteradas há cinco anos.
Lado outro, embora estejam em vigor, cumpre esclarecer que os enunciados do TST têm a função de
orientar as decisões judiciais em questões semelhantes e não são de observância obrigatória pelas
instâncias inferiores. De toda a forma, a revisão dos entendimentos contrários à nova legislação
trabalhista pela Corte Superior é de suma importância, a fim de evitar eventuais discussões
protelatórias de temas já superados, bem como, para dar maior segurança jurídica aos jurisdicionados.
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