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DIREITO TRABALHO I

ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO


Alteração do Contrato Individual de Trabalho.

O tema “alteração contratual” está regulado no Título IV da CLT que dispõe sobre
o contrato individual do trabalho, mais especificamente no Capítulo III “Da
alteração”, regulado pelos artigos 468 a 470 da CLT.

Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das


respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não
resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de
nulidade da cláusula infringente desta garantia.
1º- Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para
que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado,
deixando o exercício de função de confiança.
Alteração do Contrato Individual de Trabalho.

Art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência,


para localidade diversa da que resultar do contrato, não se considerando
transferência a que não acarretar necessariamente a mudança do seu domicílio.
§ 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que
exerçam cargo de confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição,
implícita ou explícita, a transferência, quando esta decorra de real necessidade de
serviço.
§ 2º - É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que
trabalhar o empregado.
Alteração do Contrato Individual de Trabalho.

 §3º - Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir


o empregado para localidade diversa da que resultar do contrato, não
obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse caso, ficará obrigado
a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por
cento) dos salários que o empregado percebia naquela localidade,
enquanto durar essa situação.
 Art. 470 - As despesas resultantes da transferência correrão por conta do
empregador.
Alteração do Contrato Individual de Trabalho.

Princípio da inalterabilidade contratual prejudicial ou lesiva ao empregado


Alteração lícita do contrato depende do preenchimento de dois requisitos
cumulativos:
a) mútuo consentimento: tem que ter anuência obreira (regra: alteração bilateral);
b) ausência de prejuízos diretos ou indiretos ao empregado sob penade nulidade da
cláusula infringente desta garantia (arts.9º e 444, CLT).

Mesmo que o trabalhador concorde com a alteração do contrato de emprego, se for


prejudicial não será admitido.
Alteração do Contrato Individual de Trabalho.

Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo


de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos
na presente Consolidação.
Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre
estipulação das partes interessadas em tudo quanto não
contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos
coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades
competentes.
Alteração do Contrato Individual de Trabalho.

 Segundo Maurício Godinho Delgado, “os contratos, de maneira geral,


podem alterar-se subjetiva ou objetivamente.
Alterações contratuais subjetivas são aquelas que atingem os sujeitos
contratuais, substituindo-os ao longo do desenrolar do contrato.
Alterações contratuais objetivas são aquelas que atingem as cláusulas do
contrato (o Conteúdo contratual), alterando tais cláusulas so longo do
desenvolvimento do pacto.”(DELGADO, 2013)

As alterações subjetivas (que atingem as partes do contrato), restringem-se


apenas ao polo passivo da relação de emprego, ou seja, o empregador,
através da sucessão trabalhista. (DELGADO, 2013)
Jus Variandi e Jus Resistentiae
Delgado ensina em sua obra que três diretrizes justrabalhistas aplicam-se à
dinâmica das alterações objetivas do contrato: princípio da inalterabilidade
contratual lesiva; princípio do direito de resistência do obreiro (jus
resistentiae); e princípio do jus variandi empresarial.
O Jurista explica que o princípio da inalterabilidade dos contratos sofreu forte e
complexa adequação ao entrar no Direito do trabalho – tanto que passou a se
melhor enunciar, aqui, através de uma diretriz específica, a da
inalterabilidade contratual lesiva. (DELGADO, 2013)
Jus Variandi e Jus Resistentiae
O jus variandi é corolário do poder diretivo, concentrado no empregador no
contexto da relação de emprego, configurando-se, ao mesmo tempo, como
concretização desse poder diretivo (caput do art. 2º da CLT: o empregador
dirige a prestação de serviços).
(DELGADO, 2013)
O jus variandi ordinário concerne à alteração unilateral de aspectos da
prestação laborativas não regulados quer por norma jurídica heterônoma ou
autônoma, quer pelas cláusulas do respectivo contrato de trabalho.
(DELGADO, 2013)
Pelo jus variandi ordinário, de maneira geral, ajustam-se, modulam-se, ou
se alteram aspectos não essenciais da relação entre as partes.
Jus Variandi e Jus Resistentiae
O jus variandi extraordinário, concerne à alteração unilateral de cláusulas do
contrato de trabalho, provisoriamente ou não, em situações genéricas ou
especificamente autorizadas pela ordem judicial heterônoma ou autônoma
trabalhista. Atua em campo e
matérias previamente reguladas pelo contrato ou norma jurídica.
(DELGADO, 2013)

 - ordinário: significa a implementação de pequenas alterações contratuais.


Exemplos: 1) alteração do horário de entrada e saída; 2)
obrigatoriedade de uso de uniforme
 - extraordinário: significa alterações substanciais (grande monta) do contrato
(normalmente vem em súmulas).
Jus Variandi e Jus Resistentiae
Como exemplo do jus variandi, temos o art. 468, parágrafo único, da CLT, que permite que
o empregador, no exercício do jus variandi, determine que o empregado deixe cargo de
confiança, voltando ocupar o cargo anterior, não sendo considerada alteração ilícita.

Porém, continuará a receber a gratificação de função se percebia esta por 10 anos ou


mais, conforme inteligência da Súmula 372 do TST. – REFORMA TRABALHISTA
(ver art. 468, CLT nova redação).
O princípio do jus resistentiae é a prerrogativa de o empregado opor-se, validamente, a
determinações ilícitas oriundas do empregador no contexto da prestação laborativa.
(DELGADO, 2013)

Assim, se o empregador abusar do exercício do jus variandi, o empregado poderá opor-se


às modificações implementadas pelo empregador, podendo ingressar com pedido de
rescisão indireta na Justiça do Trabalho, conforme o art. 483, da CLT.
Alterações contratuais unilaterais lícitas
 Exceções no direito do trabalho.
 - “Jus Variandi”: É o direito ou prerrogativa conferida ao empregador para
implementar alterações unilaterais lícitas nos contratos de seus empregados
 Fundamentos que justificam o “Jus Variandi”: - alteridade: art. 2º, “caput”,
CLT
 Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que,
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a
prestação pessoal de serviço.
 poder empregatício, especificamente o poder de direção.
Exemplos de “Jus Variandi” extraordinário - REVERSAO

 Reversão art. 468, parág. único, CLT:


 Art. 468 Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das
respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não
resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade
da cláusula infringente desta garantia.
 Parágrafo único - Não se considera alteração unilateral a determinação do
empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo,
anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança.
 Conceito de reversão: é a determinação unilateral do empregador para que o
empregado retorne ao cargo efetivo anteriormente ocupado deixando o exercício
da função de confiança. Atenção: Este instituto NÃO se confunde com
rebaixamento que é proibido pelo direito do trabalho brasileiro.
Exemplos de “Jus Variandi” extraordinário -
REVERSAO
 Obs.: E a gratificação de função? Súmula 372, I, TST, traz o princípio da
estabilidade financeira. Se o empregado receber gratificação de função por
dez anos ou mais, ela é incorporada definitivamente no salário. Súmula nº
372 do TST GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO. SUPRESSÃO OU
REDUÇÃO. LIMITES (conversão das Orientações Jurisprudenciais nos 45
e 303 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - Percebida a
gratificação de função por dez ou mais anos pelo empregado, se o
empregador, sem justo motivo, revertê-lo a seu cargo efetivo, não poderá
retirar-lhe a gratificação tendo em vista o princípio da estabilidade
financeira. (ex-OJ nº 45 da SBDI-1 - inserida em 25.11.1996)
Exemplos de “Jus Variandi” extraordinário -
mudança de turno de trabalho
 Do período noturno para o período diurno. - “Vantagens” (art. 7º, IX, CF
e at. 73, CLT – empregados urbanos):

 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros


que visem à melhoria de sua condição social: X - remuneração do
trabalho noturno superior à do diurno;
Exemplos de “Jus Variandi” extraordinário -
mudança de turno de trabalho
 a) horário noturno: 22:00h às 05:00h b) hora noturna ficta ou reduzida: 52
minutos e 30 segundos c) adicional noturno: mínimo de 20% sobre a hora
diurna
Súmula nº 265 do TST ADICIONAL NOTURNO. ALTERAÇÃO DE TURNO
DE TRABALHO. POSSIBILIDADE DE SUPRESSÃO (mantida) - Res.
121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A transferência para o período diurno de
trabalho implica a perda do direito ao adicional noturno.
Alterações quanto à função desempenhada pelo

Quanto aos ocupantes de cargos de confiança, permite-se a reversão ao cargo


anterior, com supressão da gratifiCação de função:

Problema: pode o empregador promover unilateralmente o empregado?


Segundo entendimento dominante, não – precisa do consentimento do
trabalhador (pois a nova função pode lhe acarretar desgaste exacerbado).
Porém, se a empresa for organizada em quadro de carreira, há
questionamentos sobre a possibilidade de o empregado recusar a promoção.
Alterações quanto à função desempenhada pelo

 OBS: Tema importante para o direito do trabalho, a substituição de


empregados vem regida pela Súm. 159 do TST: 

SUM-159, TST. SUBSTITUIÇÃO DE CARÁTER NÃO EVENTUAL


E VACÂNCIA DO CARGO.
 I - Enquanto perdurar a substituição que não tenha caráter meramente
eventual, inclusive nas férias, o empregado substituto fará jus ao salário
contratual do substituído. 
II - Vago o cargo em definitivo, o empregado que passa a ocupá-lo não
tem direito a salário igual ao do antecessor
Alterações quanto ao local de trabalho 

b) Alterações quanto ao local de trabalho 


A transferência do empregado para outra localidade vem regulada no art. 469 da
CLT e segue a regra geral do art. 468 (validade condicionada à bilateralidade e
à inocorrência de prejuízo).
Alterações quanto ao local de trabalho 
 Transferência que não acarrete mudança de domicílio do empregado
(entendida a transferência para outra localidade do mesmo Município ou
região metropolitana – denominada pela doutrina “remoção”). Nesse caso, o
trabalhador tem direito a suplemento salarial correspondente ao acréscimo
de despesas com transporte: 

SUM-29, TST. TRANSFERÊNCIA



Empregado transferido, por ato unilateral do empregador, para local mais
distante de sua residência, tem direito a suplemento salarial correspondente
ao acréscimo da despesa de transporte.
  
Alterações quanto ao local de trabalho 

 Transferência de empregados que exerçam cargo de confiança ou cujos


contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência (e.g.,
empregado contratado para a implantação de novas filiais), desde que
comprovada a real necessidade de serviço (Súmula nº 43, TST);
 Extinção do estabelecimento no local em que o empregado trabalha; 
Alterações quanto ao local de trabalho 

OJ-SDI1-113, TST ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA. CARGO DE


CONFIANÇA  OU PREVISÃO CONTRATUAL DE TRANSFERÊNCIA.
DEVIDO. DESDE QUE A  TRANSFERÊNCIA SEJA PROVISÓRIA. 

O fato de o empregado exercer cargo de confiança ou a existência de


previsão de transferência no contrato de trabalho não exclui o direito ao
adicional. O pressuposto
legal apto a legitimar a percepção do mencionado adicional é a
transferência provisória. 
Alterações quanto ao local de trabalho 
 Não há, entretanto, determinação do que seria transferência provisória
para fins de aplicação desse dispositivo – assim, a jurisprudência tem
entendido que esta pode perdurar por até um ano (interpretação analógica
do art. 478, §1º da CLT). 

Regra geral: segundo o art. 470 da CLT, as despesas resultantes da


transferência correrão por conta do empregador – trata-se da denominada
“ajuda de custo”.

OBS: A transferência abusiva do empregado pode ser obstada por liminar,


nos termos do art. 659, IX da CLT: 
Estrutura do artigo 469, CLT: -“caput”: está a regra; - §1º, §2º e §
3º: estão as exceções.

 Regra(art. 469, “caput”, CLT) Transferência definitiva bilateral lícita:


Como regra, depende da anuência do empregado. Para ser
transferência tem como requisito mudança de domicílio.
Art. 70, Código Civil: residência com ânimo definitivo.
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua
residência com ânimo definitivo.
1ª exceção (§1º, art. 469, CLT)
Transferência definitiva unilateral lícita. Isto, independe da anuência obreira.
É possível em duas hipóteses:
a) cargo de confiança;
b) previsão contratual implícita (ex. empregados de circo) ou explícita (ex.
aeronatua; jogador de futebol).
Nos dois casos, o empregador deverá comprovar a real necessidade do serviço
sob pena da transferência ser considerada abusiva. Súmula 43, TST: Súmula
nº 43 do TST TRANSFERÊNCIA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003 Presume-se abusiva a transferência de que trata o § 1º do art.
469 da CLT, sem comprovação da necessidade do serviço.
2ª exceção (§2º, art. 469, CLT)
 Transferência definitiva unilateral lícita.
Quando houver extinção do estabelecimento em que trabalha o empregado.
Exemplo: força maior (art. 501, CLT) a base é o princípio da continuidade da
relação de emprego.
Art. 501 - Entende-se como força maior todo acontecimento inevitável, em
relação à vontade do empregador, e para a realização do qual este não
concorreu, direta ou indiretamente.
Exemplo: quando ocorre a extinção do estabelecimento em que trabalha o
empregado (incêndios, inundações, catástofres...)
3ª exceção (§ 3º, art. 469, CLT)

Transferência provisória unilateral lícita. O empregador deverá comprovar a


real necessidade do serviço. - adicional de transferência: no mínimo 25%
sobre o salário efetivo (contratual).
 Obs.: Uma empresa decide transferir o seu empregado que exerce cargo
de confiança de forma provisória e unilateral. Precisará pagar o
adicional de transferência?
Resposta: Sim. OJ 113 SDI- 1, TST: o pressuposto legal apto a legitimar o
pagamento do adicional é a transferência ser provisória.
 Obs. Final: Todas as despesas com a transferência correrão por conta
do empregador (art. 470, CLT e S. 29, TST).
 Art. 470 - As despesas resultantes da transferência correrão por conta
do empregador.
 Súmula nº 29 do TST TRANSFERÊNCIA (mantida) - Res.
121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Empregado transferido, por ato
unilateral do empregador, para local mais distante de sua residência,
tem direito a suplemento salarial correspondente ao acréscimo da
despesa de transporte.
Alterações quanto ao salário
Princípio geral: irredutibilidade salarial, salvo mediante negociação coletiva
(art. 7º, VI da CF/88). Portanto, em regra, alterações para melhor são
permitidas, pois mais favoráveis ao empregado. 

Art. 7º, CF/88. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) 

VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo


coletivo; (...) 

Modificação unilateral da data de pagamento: permitida, desde que não


contrarie contrato ou instrumento normativo e que o salário seja pago até o
quinto dia útil seguinte ao mês vencido. 
Alterações quanto ao salário
Nesse sentido, a OJ-SDI I nº 159, do TST:

OJ-SDI1-159 DATA DE PAGAMENTO. SALÁRIOS. ALTERAÇÃO 


Diante da inexistência de previsão expressa em contrato ou em
instrumento normativo, a alteração de data de pagamento pelo
empregador não viola o art. 468, desde que observado o parágrafo
único, do art. 459, ambos da CLT.

OBS: A jurisprudência tem entendido ser inválida a alteração de


condições oferecidas pelo empregador na divulgação do anúncio de
emprego, nos termos do art. 30 do CDC.

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