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ROTINA
TRABALHISTA E
PREVIDENCIÁRIA
Miriany Stadler Ilanes
Alteração das condições
de trabalho
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Um dos princípios básicos do Direito do Trabalho é o princípio da inaltera-
bilidade do contrato de trabalho. Com base nesse princípio, há a garantia
de prevenção da cláusula contratual mais benéfica ao empregado, que
se reveste de um direito adquirido. No entanto, o contrato de trabalho
tende a sofrer inúmeras modificações durante a sua vigência, o que pode
motivar alterações funcionais, salariais, relativas ao horário de serviço na
empresa etc. Diante dessas situações, o contrato de trabalho flexibiliza-se
para adaptar-se às novas alterações, que podem ser obrigatórias, quando
instituídas por lei, ou advindas de acordo ou convenção coletivos.
Neste capítulo, estudaremos sobre o conceito do princípio da imodifica-
bilidade, também chamado de princípio na inalterabilidade contratual lesiva,
para sermos capazes de entender a diferença existente entre a alteração
das condições de trabalho e a alteração do contrato de trabalho. Por fim,
analisaremos o jus variandi nas situações de alteração do contrato de trabalho.
Princípio da imodificabilidade
Também chamado de princípio da inalterabilidade contratual lesiva, o
princípio da imodificabilidade consiste em afirmar que nos contratos indi-
viduais de trabalho só é válida a alteração das condições de trabalho por
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O princípio da inalterabilidade contratual lesiva deve ser tratado como diretriz es-
pecial do Direito do Trabalho. Contudo, sua origem é claramente exterior ao ramo
justrabalhista, inspirado no princípio geral do Direito Civil da inalterabilidade
dos contratos. Tanto que normalmente é estudado como exemplo de princípio
geral do Direito (ou de seu ramo civilista) aplicável ao segmento juslaboral.
De fato, um dos mais importantes princípios gerais do Direito que foi im-
portado pelo ramo justrabalhista é o da inalterabilidade dos contratos, que
se expressa, no estuário civilista originário, pelo conhecido aforismo pacta
sunt servanda (“os pactos devem ser cumpridos”). Informa tal princípio, em
sua matriz civilista, que as convenções firmadas pelas partes não podem ser
unilateralmente modificadas no curso do prazo de sua vigência, impondo-se
ao cumprimento fiel pelos pactuantes.
Art. 468 Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das res-
pectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não
resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade
da cláusula infringente desta garantia (BRASIL, 1943, documento on-line).
Alterações qualitativas
São alterações qualitativas as alterações no corpo do contrato de trabalho
que atingem a natureza das prestações pactuadas, isto é, a estrutura cons-
titutiva dessas prestações. À medida que a prestação central do obreiro é a
concretização do trabalho, tais alterações concentram-se na modificação do
trabalho contratado, compreendendo o tipo de trabalho, função etc. Como
principal alteração qualitativa que se apresenta no Direito Trabalhista, temos
a alteração de função.
A esse respeito, Delgado (2017, p. 1161) afirma que:
Alterações quantitativas
São modificações no escopo do contrato de trabalho que abrangem o total
das prestações pactuadas. Como exemplo mais significativos desse tipo de
alteração, temos a alteração da duração do trabalho (alteração da jornada)
e a alteração de salário.
As alterações abrangentes da jornada consistem na ampliação da duração
laborativa obreira para além do padrão fixado por contrato ou regra jurídica.
Podem ser lícitas ou ilícitas, conforme correspondam ou não a certo fator
autorizante que conste no nosso ordenamento jurídico.
Segundo Delgado (2017, p. 1173):
Fique atento!
BRASIL. Decreto-lei nº. 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Traba-
lho. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 9 ago. 1943. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 16
jul. 2018.
DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2017.
MARTINS, S. P. Direito do Trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
NASCIMENTO, A. M. Curso de Direito do Trabalho: história e teoria geral do direito do
trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.