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09/05/2018 Boletim Trabalhista

Boletim Trabalhista n° 06 - Março/2018 - 2ª Quinzena

Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações
legais.

DIREITO DO TRABALHO

INTERVALO INTERJORNADA E INTERVALO INTRAJORNADA - REFORMA TRABALHISTA


Conceitos, Redução, Reforma Trabalhista, Falta de Concessão, Intervalos Especiais

ROTEIRO

1. INTRODUÇÃO
2. INTERVALO INTRAJORNADA
3. INTERVALO INTERJORNADA
4. INTERVALO INTRAJORNADA E INTERJORNADA NÃO COMPUTADOS NA JORNADA
5. REDUÇÃO DO INTERVALO INTRAJORNADA
5.1. Procedimentos da Portaria MTE n° 1.095/2010
6. FALTA OU CONCESSÃO PARCIAL DOS INTERVALOS INTRAJORNADA E
INTERJORNADA
6.1. Descumprimento do Intervalo Intrajornada
6.2. Descumprimento do Intervalo Interjornada
7. INTERVALOS INTRAJORNADA ESPECIAIS
8. REFORMA TRABALHISTA - NÃO CONSIDERADO TEMPO À DISPOSIÇÃO DO
EMPREGADOR

1. INTRODUÇÃO

Os intervalos intrajornada e interjornada do empregado consistem em períodos destinados ao descanso, os quais não
são custeados pela empresa, com a finalidade de repouso e alimentação do empregado.

De acordo com o entendimento do doutrinador jurídico Sérgio Pinto Martins, o intervalo tem natureza jurídica de repouso
e alimentação do empregado, bem como o empregador não poderá exigir trabalho do empregado nesse período. Isto
porque é considerado norma de ordem pública absoluta e interesse do Estado em manter e proteger a saúde do
trabalhador.

Considerando o entendimento acima, o intervalo, é necessário para evitar fadiga física e mental do empregado, a fim de
evitar acidentes de trabalho. Ou seja, é um direito do empregado, mas consequentemente, uma atitude de prevenção
para o empregador.

Nota ECONET: Matéria em atualização em virtude do encerramento do prazo de vigência da MP n° 808/2017 pelo Ato
do Presidente da Mesa do Congresso Nacional n° 22/2018 (DOU de 25.04.2018) que retornou a Reforma Trabalhista aos
ditames da Lei n° 13.467/2017.

2. INTERVALO INTRAJORNADA

O artigo 71, caput da CLT determina que para prestação de serviços contínuos, cuja duração exceda a 06 horas, o
empregador deverá conceder obrigatoriamente um intervalo intrajornada, para descanso e alimentação, de no mínimo 1
hora, e salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder a 02 horas, devendo ser observada
alteração trazida pela Lei n° 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), o que será discutido a seguir, neste boletim.

Contudo, o artigo 71, § 1° da CLT estabelece que para jornadas não excedente a 06 horas diárias, mas superior a 04
horas, o intervalo deverá ser de 15 minutos.

3. INTERVALO INTERJORNADA

Já o intervalo interjornada é aquele entre duas jornadas de trabalho, destinado ao descanso e sono do empregado. O
intervalo interjornada está previsto no artigo 66 da CLT, o qual determina que entre duas jornadas de trabalho, deverá
haver um período mínimo de 11 horas consecutivas de descanso. Portanto, encerrada a jornada de trabalho do dia, o
empregado somente poderá retornar ao posto de trabalho decorridas as 11 horas de descanso.

O intervalo de descanso entre jornadas inicia a partir do período em que o empregado deixa de prestar serviços ao
empregador, portanto, não está mais à sua disposição, de acordo com o artigo 4° da CLT. Retoma-se a contagem no
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momento do retorno das atividades laborais.

Exemplo:

- Um empregado que trabalha até às 22:00 horas, cumprido o seu intervalo interjornada, só poderia retornar ao trabalho
às nove horas da manhã do dia seguinte.

4. INTERVALO INTRAJORNADA E INTERJORNADA NÃO COMPUTADOS NA JORNADA

Importante destacar que, em regra, os intervalos intrajornada e interjornada não são computados na jornada de trabalho
do empregado, nos termos do artigo 71, § 2° da CLT e, por analogia à Súmula n° 118 do TST, não conta como tempo
efetivo de serviço para o dia laborado.

Apenas não contam para a jornada de trabalho os intervalos obrigatórios previstos nos artigos 66 e 71 da CLT,
ressalvadas as hipóteses do item “5” deste boletim, considerando os intervalos especiais.

Já os intervalos concedidos por mera liberalidade do empregador, serão computados normalmente na jornada do
empregado, como determina a Súmula n° 118, do TST. Esta norma determina que os intervalos concedidos pelo
empregador na jornada de trabalho, que não estiverem previstos em lei, representam tempo à disposição do
empregador, e deverão ser remunerados como jornada extraordinária, se acrescidos ao final da jornada de trabalho do
empregado.

São exemplos de intervalos computados na jornada de trabalho aqueles concedidos para o café de 10, 15 minutos ou
mais, previstos em norma coletiva ou combinado entre as partes.

Dessa forma, quando o empregador conceder intervalos, além daqueles previstos em lei como obrigatórios, estes
deverão ser remunerados como se fossem períodos trabalhados e integrarão a jornada do empregado. Nesse caso, o
empregador não poderá exigir que o empregado trabalhe a mais para compensar o intervalo que computou na sua
jornada.

5. REDUÇÃO DO INTERVALO INTRAJORNADA

Anteriormente à vigência da Reforma Trabalhista, em 11.11.2017, havia divergência de entendimento se poderia ou não
ser reduzido o intervalo intrajornada.

O primeiro entendimento, de acordo com a Súmula n° 437, inciso II, do TST, determinava que não poderia ser objeto de
Acordo ou Convenção Coletiva a supressão ou redução do intervalo intrajornada, por tratar-se de norma de ordem
pública.

Isto porque o artigo 7°, inciso XXII da Constituição Federal traz como direito do trabalhador, o qual visa à melhoria de sua
condição social, a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por normas de saúde, higiene e segurança.

Contudo, o outro posicionamento consiste no artigo 71, § 3° da CLT, o qual estabelece que o intervalo intrajornada de no
mínimo uma hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido desde que por intermédio do Ministério do Trabalho e
Emprego, quando ouvido o Serviço de Alimentação de Previdência Social, desde que o estabelecimento obedeça às
exigências de organização dos refeitórios, e quando os empregados não estiverem sob prorrogação de horas
suplementares.

Sendo assim, a Portaria MTE n° 1.095/2010, a qual determina a possibilidade de redução do intervalo intrajornada desde
que cumpridos os requisitos previstos nesta Portaria.

Diante do exposto, antes de 11.11.2017, havia divergência de posicionamentos se seria possível reduzir o intervalo
intrajornada, pois de um lado eram consideradas a Súmula n° 437 e a Constituição Federal, e de outro, o artigo 71 da
CLT e a Portaria MTE n° 1.095/2010.

Porém, com a Reforma Trabalhista, o art. 611-A, inciso III da CLT pôs fim a esta discussão, pois estabelece que a
Convenção Coletiva ou Acordo Coletivo de Trabalho têm prevalência sobre a lei quando dispuser sobre intervalo
intrajornada, desde que seja respeitado o limite mínimo de 30 minutos para jornadas superiores a 06 horas diárias.

Destarte, desde que previsto em Acordo ou Convenção Coletiva, o intervalo intrajornada, para empregados que
trabalham mais de 6 horas diárias, poderá ser reduzido para até 30 minutos, no mínimo.

5.1. Procedimentos da Portaria MTE n° 1.095/2010

A Lei n° 13.467/2017 não alterou o artigo 71, § 3° da CLT, portanto ainda existe a possibilidade de redução de intervalo
intrajornada, desde que essa redução seja autorizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

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Desta forma, o Ministério do Trabalho e Emprego publicou a Portaria MTE n° 1.095/2010 que determina em seu artigo 1°
que poderá ser deferida a redução do intervalo intrajornada por ato de autoridade do Ministério do Trabalho e Emprego
quando prevista em convenção ou acordo coletivo de trabalho, desde que cumpridos os requisitos abaixo:

- previsão em convenção ou acordo coletivo de trabalho (artigo 1°);

- a empresa deve atender integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios (artigo 1°);

- empregados não estejam sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares (artigo 1°);

- o instrumento coletivo que estabelecer a possibilidade de redução intervalar deverá especificar o período do intervalo
intrajornada (artigo 1°, § 2°);

- deverá ser respeitado o limite mínimo de trinta minutos (artigo 1°, § 3°);

- o pedido de redução do intervalo intrajornada deverá ser acompanhado de cópia da Portaria MTE n° 1.095/2010 e
dirigidos ao Superintendente Regional do Trabalho e Emprego com a individualização dos estabelecimentos que
atendam aos requisitos da Portaria (artigo 2°);

- Deverá também instruir o pedido, conforme modelo previsto no anexo da Portaria MTE n° 1.095/2010, documentação
que ateste o cumprimento dos requisitos da Portaria.

Contudo, tendo em vista que o artigo 611-A, inciso III da CLT dá poder ao Acordo ou Convenção Coletiva para
estabelecer a redução do intervalo intrajornada, dessa forma, se previsto em norma coletiva, a redução do intervalo
poderá ocorrer de acordo com os procedimentos previstos no próprio sindicato da categoria.

6. FALTA OU CONCESSÃO PARCIAL DOS INTERVALOS INTRAJORNADA E INTERJORNADA

Em regra, os intervalos intrajornada e interjornada não serão remunerados pelo empregador.

Contudo, caso descumpridos os intervalos interjornada e intrajornada, integral ou parcialmente, o empregador deverá
custear esse período para o empregado.

Nesse sentido, o doutrinador trabalhista Maurício Godinho Delgado preconiza que desrespeitados os intervalos previstos
no Capítulo II (Da Duração do Trabalho) da CLT, além das indenizações previstas a seguir para cada intervalo, será
devida a multa administrativa prevista no artigo 75 da CLT, de R$ 40,25 até R$ 4.025,33, mediante fiscalização do
Ministério do Trabalho e Emprego.

6.1. Descumprimento do Intervalo Intrajornada

Entretanto, caso a empresa não forneça esse intervalo, ou conceda somente de forma parcial, será devido o pagamento,
de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com adicional de 50% sobre o valor da remuneração da hora
normal do trabalho, de acordo com o artigo 71, § 4°, da CLT, alterado pela Lei n° 13.467/2017, com efeitos a partir de 11
de novembro de 2017.

Importante lembrar, que com a antiga redação do artigo 71, § 4° da CLT, corroborado com a Súmula n° 437, item III, do
TST, possuía natureza salarial a parcela paga pelo empregador ao empregado relativo ao intervalo não concedido ou
concedido de forma parcial. Além disso, o pagamento era no valor do período integral do intervalo, o que atualmente,
será devido apenas o pagamento do período que faltou para a concessão integral.

Portanto, atualmente, se o empregador não conceder integral ou parcialmente o intervalo intrajornada do empregado,
deverá remunerá-lo com a indenização de 50% sobre o valor da hora normal, em relação ao período total ou que faltou
do intervalo.

6.2. Descumprimento do Intervalo Interjornada

Ademais, em relação ao intervalo interjornada, este também possuir cunho obrigatório em virtude de lei. Portanto, a
Súmula n° 110 do TST determina que na escala de revezamento, as horas trabalhadas que prejudiquem o intervalo
mínimo de 11 horas consecutivas de descanso entre as jornadas, deverão ser remuneradas como horas extras, com o
devido adicional.

Diante do exposto, caso descumprido o intervalo interjornada, ou seja, o empregador exigir prestação de serviços do
empregado dentro do seu intervalo de descanso de 11 horas entre uma jornada e outra, também será devido o
pagamento desse período com remuneração equivalente às horas extras.

7. INTERVALOS INTRAJORNADA ESPECIAIS

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Existem alguns casos em que há previsão de intervalos diferenciados, a depender da atividade exercida pelo
empregado, qual seja:

- Mecanografia (datilografia, escrituração ou cálculo): o artigo 72 da CLT determina que, para este cargo, deve existir um
intervalo de 10 minutos, a cada 90 minutos de trabalho consecutivo, o qual integrará a jornada do empregado.

Importante lembrar que a Súmula n° 346 do TST define que por analogia ao artigo 72 da CLT, os empregados com
funções de datilografia, escrituração ou cálculo são equiparados à atividade mecanografia, e, portanto, possuem o
mesmo direito de intervalo.

- Frigorífico: o artigo 253 da CLT determina que para empregados que prestam serviços no interior de câmaras
frigoríficas e para aqueles empregados que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-
versa, será devido o intervalo de 20 minutos de repouso depois de 01 hora e 40 minutos de trabalho contínuo,
computando esse período na jornada de trabalho.

Cumpre destacar que o item 36.13.1.1 da NR - 36, determina que é considerado artificialmente frio, o que for inferior, na
primeira, segunda e terceira zonas climáticas a 15°C, na quarta zona a 12°C, e nas zonas quinta, sexta e sétima, a 10°C,
conforme mapa oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.

- Minas no subsolo: o artigo 298 da CLT determina que os mineiros terão direito a intervalo de 15 minutos a cada 3 horas
consecutivas de trabalho, o qual será considerado tempo de serviços a disposição do empregador.

- Intervalo para amamentação: o artigo 396 da CLT determina que serão devidos 2 intervalos especiais de 30 minutos
cada um para a empregada amamentar seu filho, até que ele complete 6 meses de idade. O período de concessão do
intervalo poderá ultrapassar os 6 meses da criança, a critério da autoridade competente. Além disso, os horários dos
descansos para a amamentação deverão ser definidos em acordo individual entre a mulher e o empregador.

- Prorrogação da jornada para mulheres e menores: antes da Reforma Trabalhista havia a realização de horas extras, é
obrigatório que a empresa conceda um intervalo de no mínimo 15 minutos antes do início da prorrogação da jornada
extraordinária, nos termos da redação antiga do artigo 384 da CLT para empregadas mulheres e artigo 413, parágrafo
único da CLT para os empregados menores.

Contudo, importante lembrar que essa obrigatoriedade se aplica apenas até a vigência da Lei n° 13.467/2017, em
11.11.2017, pois a partir desta data o artigo 384 da CLT foi revogado e atualmente não possui mais efeitos.

- Empregado doméstico: o artigo 13 da Lei Complementar n° 150/2015 determina que é obrigatório o intervalo
intrajornada do empregado doméstico na mesma forma dos demais empregados, contudo admite-se a redução a 30
minutos, mediante prévio acordo escrito entre empregador e empregado, sem a necessidade de previsão em norma
coletiva.

Caso o empregado doméstico resida no local de trabalho do seu empregador, o intervalo poderá ser desmembrado em
02 períodos, desde que cada um deles tenha, no mínimo, 1 hora, até o limite de 04 horas ao dia (artigo 13, § 1° da LC n°
150/2015).

8. NÃO SE CONSIDERA TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR - REFORMA TRABALHISTA

Com a Reforma Trabalhista, foi acrescentado ao artigo 4° da CLT, o § 2°, o período que exceder a jornada normal,
quando o empregado, por conta própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más
condições climáticas, ou ainda permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades particulares:

I - práticas religiosas;

II - descanso;

III - lazer;

IV - estudo;

V - alimentação;

VI - atividades de relacionamento social;

VII - higiene pessoal;

VIII - troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa.

ECONET EDITORA EMPRESARIAL LTDA


Autor: Sabrina Verbinnen

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