Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das alterações
legais.
DIREITO DO TRABALHO
ROTEIRO
1. INTRODUÇÃO
2. INTERVALO INTRAJORNADA
3. INTERVALO INTERJORNADA
4. INTERVALO INTRAJORNADA E INTERJORNADA NÃO COMPUTADOS NA JORNADA
5. REDUÇÃO DO INTERVALO INTRAJORNADA
5.1. Procedimentos da Portaria MTE n° 1.095/2010
6. FALTA OU CONCESSÃO PARCIAL DOS INTERVALOS INTRAJORNADA E
INTERJORNADA
6.1. Descumprimento do Intervalo Intrajornada
6.2. Descumprimento do Intervalo Interjornada
7. INTERVALOS INTRAJORNADA ESPECIAIS
8. REFORMA TRABALHISTA - NÃO CONSIDERADO TEMPO À DISPOSIÇÃO DO
EMPREGADOR
1. INTRODUÇÃO
Os intervalos intrajornada e interjornada do empregado consistem em períodos destinados ao descanso, os quais não
são custeados pela empresa, com a finalidade de repouso e alimentação do empregado.
De acordo com o entendimento do doutrinador jurídico Sérgio Pinto Martins, o intervalo tem natureza jurídica de repouso
e alimentação do empregado, bem como o empregador não poderá exigir trabalho do empregado nesse período. Isto
porque é considerado norma de ordem pública absoluta e interesse do Estado em manter e proteger a saúde do
trabalhador.
Considerando o entendimento acima, o intervalo, é necessário para evitar fadiga física e mental do empregado, a fim de
evitar acidentes de trabalho. Ou seja, é um direito do empregado, mas consequentemente, uma atitude de prevenção
para o empregador.
Nota ECONET: Matéria em atualização em virtude do encerramento do prazo de vigência da MP n° 808/2017 pelo Ato
do Presidente da Mesa do Congresso Nacional n° 22/2018 (DOU de 25.04.2018) que retornou a Reforma Trabalhista aos
ditames da Lei n° 13.467/2017.
2. INTERVALO INTRAJORNADA
O artigo 71, caput da CLT determina que para prestação de serviços contínuos, cuja duração exceda a 06 horas, o
empregador deverá conceder obrigatoriamente um intervalo intrajornada, para descanso e alimentação, de no mínimo 1
hora, e salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder a 02 horas, devendo ser observada
alteração trazida pela Lei n° 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), o que será discutido a seguir, neste boletim.
Contudo, o artigo 71, § 1° da CLT estabelece que para jornadas não excedente a 06 horas diárias, mas superior a 04
horas, o intervalo deverá ser de 15 minutos.
3. INTERVALO INTERJORNADA
Já o intervalo interjornada é aquele entre duas jornadas de trabalho, destinado ao descanso e sono do empregado. O
intervalo interjornada está previsto no artigo 66 da CLT, o qual determina que entre duas jornadas de trabalho, deverá
haver um período mínimo de 11 horas consecutivas de descanso. Portanto, encerrada a jornada de trabalho do dia, o
empregado somente poderá retornar ao posto de trabalho decorridas as 11 horas de descanso.
O intervalo de descanso entre jornadas inicia a partir do período em que o empregado deixa de prestar serviços ao
empregador, portanto, não está mais à sua disposição, de acordo com o artigo 4° da CLT. Retoma-se a contagem no
http://www.econeteditora.com.br/# 1/5
09/05/2018 Boletim Trabalhista
Exemplo:
- Um empregado que trabalha até às 22:00 horas, cumprido o seu intervalo interjornada, só poderia retornar ao trabalho
às nove horas da manhã do dia seguinte.
Importante destacar que, em regra, os intervalos intrajornada e interjornada não são computados na jornada de trabalho
do empregado, nos termos do artigo 71, § 2° da CLT e, por analogia à Súmula n° 118 do TST, não conta como tempo
efetivo de serviço para o dia laborado.
Apenas não contam para a jornada de trabalho os intervalos obrigatórios previstos nos artigos 66 e 71 da CLT,
ressalvadas as hipóteses do item “5” deste boletim, considerando os intervalos especiais.
Já os intervalos concedidos por mera liberalidade do empregador, serão computados normalmente na jornada do
empregado, como determina a Súmula n° 118, do TST. Esta norma determina que os intervalos concedidos pelo
empregador na jornada de trabalho, que não estiverem previstos em lei, representam tempo à disposição do
empregador, e deverão ser remunerados como jornada extraordinária, se acrescidos ao final da jornada de trabalho do
empregado.
São exemplos de intervalos computados na jornada de trabalho aqueles concedidos para o café de 10, 15 minutos ou
mais, previstos em norma coletiva ou combinado entre as partes.
Dessa forma, quando o empregador conceder intervalos, além daqueles previstos em lei como obrigatórios, estes
deverão ser remunerados como se fossem períodos trabalhados e integrarão a jornada do empregado. Nesse caso, o
empregador não poderá exigir que o empregado trabalhe a mais para compensar o intervalo que computou na sua
jornada.
Anteriormente à vigência da Reforma Trabalhista, em 11.11.2017, havia divergência de entendimento se poderia ou não
ser reduzido o intervalo intrajornada.
O primeiro entendimento, de acordo com a Súmula n° 437, inciso II, do TST, determinava que não poderia ser objeto de
Acordo ou Convenção Coletiva a supressão ou redução do intervalo intrajornada, por tratar-se de norma de ordem
pública.
Isto porque o artigo 7°, inciso XXII da Constituição Federal traz como direito do trabalhador, o qual visa à melhoria de sua
condição social, a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por normas de saúde, higiene e segurança.
Contudo, o outro posicionamento consiste no artigo 71, § 3° da CLT, o qual estabelece que o intervalo intrajornada de no
mínimo uma hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido desde que por intermédio do Ministério do Trabalho e
Emprego, quando ouvido o Serviço de Alimentação de Previdência Social, desde que o estabelecimento obedeça às
exigências de organização dos refeitórios, e quando os empregados não estiverem sob prorrogação de horas
suplementares.
Sendo assim, a Portaria MTE n° 1.095/2010, a qual determina a possibilidade de redução do intervalo intrajornada desde
que cumpridos os requisitos previstos nesta Portaria.
Diante do exposto, antes de 11.11.2017, havia divergência de posicionamentos se seria possível reduzir o intervalo
intrajornada, pois de um lado eram consideradas a Súmula n° 437 e a Constituição Federal, e de outro, o artigo 71 da
CLT e a Portaria MTE n° 1.095/2010.
Porém, com a Reforma Trabalhista, o art. 611-A, inciso III da CLT pôs fim a esta discussão, pois estabelece que a
Convenção Coletiva ou Acordo Coletivo de Trabalho têm prevalência sobre a lei quando dispuser sobre intervalo
intrajornada, desde que seja respeitado o limite mínimo de 30 minutos para jornadas superiores a 06 horas diárias.
Destarte, desde que previsto em Acordo ou Convenção Coletiva, o intervalo intrajornada, para empregados que
trabalham mais de 6 horas diárias, poderá ser reduzido para até 30 minutos, no mínimo.
A Lei n° 13.467/2017 não alterou o artigo 71, § 3° da CLT, portanto ainda existe a possibilidade de redução de intervalo
intrajornada, desde que essa redução seja autorizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
http://www.econeteditora.com.br/# 2/5
09/05/2018 Boletim Trabalhista
Desta forma, o Ministério do Trabalho e Emprego publicou a Portaria MTE n° 1.095/2010 que determina em seu artigo 1°
que poderá ser deferida a redução do intervalo intrajornada por ato de autoridade do Ministério do Trabalho e Emprego
quando prevista em convenção ou acordo coletivo de trabalho, desde que cumpridos os requisitos abaixo:
- a empresa deve atender integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios (artigo 1°);
- empregados não estejam sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares (artigo 1°);
- o instrumento coletivo que estabelecer a possibilidade de redução intervalar deverá especificar o período do intervalo
intrajornada (artigo 1°, § 2°);
- deverá ser respeitado o limite mínimo de trinta minutos (artigo 1°, § 3°);
- o pedido de redução do intervalo intrajornada deverá ser acompanhado de cópia da Portaria MTE n° 1.095/2010 e
dirigidos ao Superintendente Regional do Trabalho e Emprego com a individualização dos estabelecimentos que
atendam aos requisitos da Portaria (artigo 2°);
- Deverá também instruir o pedido, conforme modelo previsto no anexo da Portaria MTE n° 1.095/2010, documentação
que ateste o cumprimento dos requisitos da Portaria.
Contudo, tendo em vista que o artigo 611-A, inciso III da CLT dá poder ao Acordo ou Convenção Coletiva para
estabelecer a redução do intervalo intrajornada, dessa forma, se previsto em norma coletiva, a redução do intervalo
poderá ocorrer de acordo com os procedimentos previstos no próprio sindicato da categoria.
Contudo, caso descumpridos os intervalos interjornada e intrajornada, integral ou parcialmente, o empregador deverá
custear esse período para o empregado.
Nesse sentido, o doutrinador trabalhista Maurício Godinho Delgado preconiza que desrespeitados os intervalos previstos
no Capítulo II (Da Duração do Trabalho) da CLT, além das indenizações previstas a seguir para cada intervalo, será
devida a multa administrativa prevista no artigo 75 da CLT, de R$ 40,25 até R$ 4.025,33, mediante fiscalização do
Ministério do Trabalho e Emprego.
Entretanto, caso a empresa não forneça esse intervalo, ou conceda somente de forma parcial, será devido o pagamento,
de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com adicional de 50% sobre o valor da remuneração da hora
normal do trabalho, de acordo com o artigo 71, § 4°, da CLT, alterado pela Lei n° 13.467/2017, com efeitos a partir de 11
de novembro de 2017.
Importante lembrar, que com a antiga redação do artigo 71, § 4° da CLT, corroborado com a Súmula n° 437, item III, do
TST, possuía natureza salarial a parcela paga pelo empregador ao empregado relativo ao intervalo não concedido ou
concedido de forma parcial. Além disso, o pagamento era no valor do período integral do intervalo, o que atualmente,
será devido apenas o pagamento do período que faltou para a concessão integral.
Portanto, atualmente, se o empregador não conceder integral ou parcialmente o intervalo intrajornada do empregado,
deverá remunerá-lo com a indenização de 50% sobre o valor da hora normal, em relação ao período total ou que faltou
do intervalo.
Ademais, em relação ao intervalo interjornada, este também possuir cunho obrigatório em virtude de lei. Portanto, a
Súmula n° 110 do TST determina que na escala de revezamento, as horas trabalhadas que prejudiquem o intervalo
mínimo de 11 horas consecutivas de descanso entre as jornadas, deverão ser remuneradas como horas extras, com o
devido adicional.
Diante do exposto, caso descumprido o intervalo interjornada, ou seja, o empregador exigir prestação de serviços do
empregado dentro do seu intervalo de descanso de 11 horas entre uma jornada e outra, também será devido o
pagamento desse período com remuneração equivalente às horas extras.
http://www.econeteditora.com.br/# 3/5
09/05/2018 Boletim Trabalhista
Existem alguns casos em que há previsão de intervalos diferenciados, a depender da atividade exercida pelo
empregado, qual seja:
- Mecanografia (datilografia, escrituração ou cálculo): o artigo 72 da CLT determina que, para este cargo, deve existir um
intervalo de 10 minutos, a cada 90 minutos de trabalho consecutivo, o qual integrará a jornada do empregado.
Importante lembrar que a Súmula n° 346 do TST define que por analogia ao artigo 72 da CLT, os empregados com
funções de datilografia, escrituração ou cálculo são equiparados à atividade mecanografia, e, portanto, possuem o
mesmo direito de intervalo.
- Frigorífico: o artigo 253 da CLT determina que para empregados que prestam serviços no interior de câmaras
frigoríficas e para aqueles empregados que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-
versa, será devido o intervalo de 20 minutos de repouso depois de 01 hora e 40 minutos de trabalho contínuo,
computando esse período na jornada de trabalho.
Cumpre destacar que o item 36.13.1.1 da NR - 36, determina que é considerado artificialmente frio, o que for inferior, na
primeira, segunda e terceira zonas climáticas a 15°C, na quarta zona a 12°C, e nas zonas quinta, sexta e sétima, a 10°C,
conforme mapa oficial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
- Minas no subsolo: o artigo 298 da CLT determina que os mineiros terão direito a intervalo de 15 minutos a cada 3 horas
consecutivas de trabalho, o qual será considerado tempo de serviços a disposição do empregador.
- Intervalo para amamentação: o artigo 396 da CLT determina que serão devidos 2 intervalos especiais de 30 minutos
cada um para a empregada amamentar seu filho, até que ele complete 6 meses de idade. O período de concessão do
intervalo poderá ultrapassar os 6 meses da criança, a critério da autoridade competente. Além disso, os horários dos
descansos para a amamentação deverão ser definidos em acordo individual entre a mulher e o empregador.
- Prorrogação da jornada para mulheres e menores: antes da Reforma Trabalhista havia a realização de horas extras, é
obrigatório que a empresa conceda um intervalo de no mínimo 15 minutos antes do início da prorrogação da jornada
extraordinária, nos termos da redação antiga do artigo 384 da CLT para empregadas mulheres e artigo 413, parágrafo
único da CLT para os empregados menores.
Contudo, importante lembrar que essa obrigatoriedade se aplica apenas até a vigência da Lei n° 13.467/2017, em
11.11.2017, pois a partir desta data o artigo 384 da CLT foi revogado e atualmente não possui mais efeitos.
- Empregado doméstico: o artigo 13 da Lei Complementar n° 150/2015 determina que é obrigatório o intervalo
intrajornada do empregado doméstico na mesma forma dos demais empregados, contudo admite-se a redução a 30
minutos, mediante prévio acordo escrito entre empregador e empregado, sem a necessidade de previsão em norma
coletiva.
Caso o empregado doméstico resida no local de trabalho do seu empregador, o intervalo poderá ser desmembrado em
02 períodos, desde que cada um deles tenha, no mínimo, 1 hora, até o limite de 04 horas ao dia (artigo 13, § 1° da LC n°
150/2015).
Com a Reforma Trabalhista, foi acrescentado ao artigo 4° da CLT, o § 2°, o período que exceder a jornada normal,
quando o empregado, por conta própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más
condições climáticas, ou ainda permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades particulares:
I - práticas religiosas;
II - descanso;
III - lazer;
IV - estudo;
V - alimentação;
VIII - troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa.
http://www.econeteditora.com.br/# 4/5
09/05/2018 Boletim Trabalhista
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Nos termos da Lei n° 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que regula os direitos autorais, é proibida a reprodução total ou parcial, bem como a produção de
apostilas a partir desta obra, por qualquer forma, meio eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos reprográficos, fotocópias ou gravações - sem
permissão por escrito, dos Autores. A reprodução não autorizada, além das sanções civis (apreensão e indenização), está sujeita as penalidades que trata
artigo 184 do Código Penal.
http://www.econeteditora.com.br/# 5/5