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Férias: Alterações promovidas pela Reforma Trabalhista

Marcelo Maciel Martins1

A nossa CLT, Consolidações das Leis do Trabalho, se


transformou em uma grande colcha de retalhos que precisava de ajustes, pois, a
época a qual ela foi aprovada, atendia um padrão de profissional, típico daquele
tempo. Com as evoluções e adventos advindos sobre a sociedade, e das suas
relações, houve a necessidade de se promover ajustes, a fim de tentar equilibrar e
alcançar uma nova sociedade que se apresentava para uma Lei (CLT) já
desgastada e ultrapassada.

Sendo assim, o Congresso aprovou a Reforma Trabalhista,


por intermédio da Lei nº 13.467, de 13/07/2017, que promoveu algumas
alterações na forma de concessão das férias aos trabalhadores, ponte específico
deste artigo.

Antes da reforma da trabalhista, as férias na CLT eram


usufruídas de uma única vez pelo trabalhador, e, somente em situações
excepcionais, ou em períodos de férias coletivas, a concessão daquelas poderiam
ocorrer em dois períodos.

Conforme o art. 130 do Texto Consolidado (CLT), será


concedido ao empregado o direito às férias, sempre que alcançar o período de
doze meses de vigência do contrato de trabalho (período aquisitivo) e a data para
a sua concessão (período concessivo) será definida pelo empregador a partir dos
12 meses subseqüentes ao período aquisitivo, sob pena da paga em dobro, ou seja,
o pagamento das férias de forma dobrada, observado o terço constitucional (1/3
que deve ser pago ao trabalhador sobre o valor das férias).

Com a vigência da nova lei (que modificou a CLT),


as férias poderão ser concedidas ao trabalhador, em até 3 (três) períodos e de
forma parcelada, desde que haja a concordância do empregador e
trabalhador.Veja, nesta reforma busca-se priorizar as composições, acordo entre

1
Advogado e professor da UFRRJ/UAB/CEDERJ, Polícia Militar do Rio de Janeiro (CFSD) e Exército Brasileiro
(CGAEM).
patrão e empregado, com menos interferência do poder estatal nas relações
privadas.

Para que haja o fracionamento no gozo das férias, deverão


ser observadas as seguintes regras:

a) Concessão de um período de férias com pelo menos 14 dias; e

b) os demais períodos não poderão ser inferiores a 5 dias.

Já em relação ao dia designado para início das férias, este não


poderá ocorrer nos dois dias que antecedem a feriados ou ao dia do repouso
semanal remunerado (DSM) do empregado.

Quanto aos menores de 18 (menor aprendiz) e os maiores de


50 anos de idade, o parágrafo 2° do art. 134 da CLT que outrora proibia o
parcelamento das férias, foi revogado pela reforma. Dessa forma, esses
empregados também poderão gozar das férias parceladas, observando-se as
mesmas condições previstas para os demais trabalhadores.

Vale lembrar que as férias do trabalhador contratado


pelo regime de tempo parcial também serão concedidas conforme estabelecido
no art. 130 da CLT, ou seja, o período para o gozo das férias passou a ser de 30
(trinta) dias. O trabalhador também poderá converter em abono pecuniário, o
equivalente a um terço (1/3) das suas férias.

Por último, em conformidade com a Portaria nº 349, de 23


de maio de 2018 do Ministério do Trabalho, o trabalhador Intermitente poderá
também usufruir as suas férias em até três períodos, como o trabalhador
tradicional. Para tanto, será necessário firmar um acordo prévio com o
empregador, com observância das regras previstas dos §§ 1º e 3º do artigo 134
da CLT. No que concerne aos demais direitos sobre as férias, bem como a forma
de realização do seu cálculo, condições estas devidamente previstas na legislação,
não foram modificadas e poderão ser consultadas na Norma Consolidada (CLT).

Espero que todos tenham ótima percepção quanto as alterações.

Bons estudos e abraços a todos.

Prof. Marcelo Martins

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