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ORIENTAÇÃO
JORNADA DE TRABALHO - Intervalos
Como o trabalho ininterrupto leva o homem à fadiga física e ao esgotamento mental, o empregado terá,
obrigatoriamente, de dispor de tempo para repor as energias despendidas durante a jornada de trabalho.
Para tanto, o empregador deve conceder ao empregado períodos para repouso ou alimentação, bem como
para descanso entre as jornadas de trabalho, não sendo essas interrupções computadas na duração do
trabalho.
Neste Comentário, vamos analisar os intervalos obrigatórios que o empregador está obrigado a conceder
aos empregados.
1. JORNADA DE TRABALHO
A Constituição Federal/88 fixa em 44 horas a duração da jornada de trabalho semanal e em 8 horas a
jornada de trabalho diária, além de repouso semanal remunerado, com duração de 24 horas ininterruptas,
preferencialmente aos domingos.
Já na CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, temos a fixação dos intervalos obrigatórios:
a) Descansos intrajornada: que ocorrem dentro da jornada de trabalho e
b) Descanso entre jornadas: que ocorre entre as jornadas diárias de trabalhando, separando uma da outra.
(Constituição Federal/88 – Art. 7º, Inciso XIII; Lei 605/49 – Art. 1º; CLT – Arts. 66, 67 e 71)
2. INTERVALO INTRAJORNADA
É o lapso temporal no transcorrer da própria jornada, isto é, dentre o início e término da prestação de
serviços.
(CLT – Art. 71)
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2.1.1. Intervalo Superior a Duas Horas
O intervalo somente poderá ser superior a duas horas, se houver previsão no acordo ou convenção coletiva
neste sentido. Se tais requisitos não forem atendidos, o que exceder duas horas irá configurar tempo à
disposição do empregador e será remunerado como horas extras.
Por exemplo: Empresa com jornada regular de 8h diárias, acordou com o sindicato da categoria dos
empregados redução do horário de intervalo para 45 minutos diários. Assim, teremos a seguinte alteração de
jornada:
a) Jornada de trabalho antes da redução do intervalo
Das 8h30 às 12h30 – 4 horas trabalhadas
Das 12h30 às 13h30 – 1 hora de intervalo
Das 13h30 às 17h30 – 4 horas trabalhadas
Total = 8 horas trabalhadas
Exemplo:
8:00h às 11:00h (1º período)
11:00h às 11:15h (intervalo para descanso)
11:15h às 14:15h (2º período)
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2.4. AUSÊNCIA OU CONCESSÃO PARCIAL DO INTERVALO
O empregador que não conceder o intervalo para repouso ou alimentação ou conceder parcialmente o
intervalo mínimo, fica sujeito ao pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido, com
acréscimo de 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.
Assim, se o empregado foi contratado para trabalhar 8 horas por dia, com salário-hora de R$ 20,00, e a
empresa não concedeu o intervalo mínimo de uma hora para descanso ou alimentação, ele terá direito a
receber, pelo intervalo de uma hora não concedido:
a) Intervalo suprimido (1 hora) = R$ 20,00
b) Adicional de 50% = R$ 20,00 x 1,5 = R$ 10,00
Total = R$ 30,00
Agora supondo que esse mesmo empregado, retornou do horário para descanso ou alimentação com 30
minutos de antecedência, ou seja, só gozou 30 minutos. Neste caso, o empregado terá direito a receber,
pelo período de intervalo suprimido:
a) Intervalo suprimido (30 minutos) = R$ 10,00
b) Adicional de 50% = R$ 10,00 x 1,5 = R$ 5,00
Total = R$ 15,00
3. INTERVALOS ESPONTÂNEOS
Os intervalos concedidos de forma espontânea pelo empregador, ou por força de convenção ou acordo
coletivo, devem ser computados na jornada diária do empregado, ou seja, este período deverá ser
remunerado normalmente.
Se o intervalo não está previsto na legislação, e pelo seu tempo a jornada normal de trabalho é prorrogada,
define-se como tempo à disposição do empregador, impondo-se sua remuneração como hora extra, não
sendo admissível incluí-lo no espaço de tempo destinado a repouso e alimentação.
Isto normalmente ocorre nas empresas que espontaneamente concedem lanche a seus empregados e não
computam o tempo deste na jornada de trabalho. Neste caso, como o tempo gasto com o lanche é somado
ao da jornada normal de trabalho, acaba havendo a prorrogação desta, com o consequente pagamento do
período extraordinário.
Por exemplo: Jornada de trabalho de 8h diárias, com início às 7h30m. Às 10h o empregador concede 10min
de intervalo para café e às 15h concede 10min de intervalo para lanche. O intervalo de almoço ocorre das
12h às 13h. Esta é a maneira correta de computar esta jornada:
a) Das 7h30 às 12h = 4h30 trabalhadas
b) Das 13h às 16h30 = 3h30 trabalhadas
c) Total da jornada = 8h trabalhadas
Observe que os intervalos de café/lanche foram computados normalmente na jornada, como horas
trabalhadas. Caso os intervalos de café/lanche não fossem computados na jornada, teríamos, ao final do
dia, 20 minutos de horas extras a serem pagos a estes empregados.
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(Lei 13.467/2017 – Art. 5º, Inciso I, Alínea “i”; CLT – Art. 384; Recurso Extraordinário 658.312 do STF)
4.1. MENORES
Considerando que o artigo 384 da CLT foi expressamente revogado em novembro/2017 pela Lei
13.467/2017 (Lei da Reforma Trabalhista), entendemos que para os menores de até 18 anos de idade, do
sexo masculino ou feminino, deve ser observada a mesma regra estabelecida no item 4, desta Orientação.
A empresa também deve observar a convenção coletiva de trabalho, que poderá trazer regras específicas
sobre o assunto.
(Lei 13.467/2017 – Art. 5º, Inciso I, Alínea “i”; CLT – Arts. 413, Parágrafo Único e 611-A; Recurso Extraordinário 658.312 do STF)
5. DESCANSOS DIFERENCIADOS
Determinados tipos de atividades, por levarem mais rapidamente os empregados à fadiga, asseguram
descansos especiais durante a jornada de trabalho.
Estes descansos, diferentemente do assegurado para repouso e alimentação, serão computados na jornada
de trabalho, sendo considerados como de serviço efetivo.
Assim, enquanto o intervalo para repouso e alimentação não é computado na duração da jornada de
trabalho, o descanso especial é computado, não podendo, portanto, ser acrescido ao final da jornada normal
de trabalho.
O descanso especial será concedido sem prejuízo do intervalo para repouso e alimentação que é
assegurado a todos os empregados.
Nos subitens a seguir destacaremos algumas atividades com descanso especial.
5.1. MECANOGRAFIA
Nos serviços permanentes de mecanografia (datilografia, escrituração ou cálculo), a cada período de 90
minutos de trabalho consecutivo corresponderá um repouso de 10 minutos.
(CLT – Art.72)
5.2. DIGITAÇÃO
A NR-17, com o texto fixado pela Portaria 3.751 MTPS/90, previa, que nos serviços de digitação, deveria
haver uma pausa de 10 minutos para cada 50 minutos trabalhados.
Entretanto a NR-17, ao ser atualizada pela Portaria 423 MTP/2021, não mais estabeleceu a pausa especial
de 10 minutos para cada 50 minutos trabalhados com entrada de dados.
Contudo, cabe esclarecer, que o artigo 72 da CLT assegura a concessão de uma pausa de 10 minutos a
cada 90 minutos de trabalho consecutivos aos empregados que prestem serviços permanentes de
mecanografia (datilografia, escrituração ou cálculo), e que o TST, por meio da Súmula 346, determinou a
aplicação analógica do artigo 72 da CLT aos digitadores, equiparando-os aos trabalhadores nos serviços de
mecanografia (datilografia, escrituração ou cálculo), razão pela qual, tem direito ao intervalo de descanso de
10 minutos a cada 90 de trabalho consecutivo.
Desta forma, concluímos que a pausa especial dos digitadores a partir de 3-1-2022 (data da atualização
da NR-17), passou a ser 10 minutos a cada 90 de trabalho consecutivo com entrada de dados.
Ressaltamos que os sindicatos da categoria, têm fixado, em suas cláusulas relativas a intervalos na entrada
de dados, que aos trabalhadores que realizarem a atividade de digitação, será concedido, no mínimo, uma
pausa de 10 minutos a cada 50 minutos trabalhados, não deduzidas da jornada normal de trabalho. Assim,
nota-se, nas normas coletivas, a manutenção da previsão anterior à alteração da NR-17.
Neste sentido, é fundamental a observância da norma coletiva da categoria, a fim de evitar problemas
futuros e fixar corretamente o intervalo dos empregados que exercem cargo de digitador.
(CLT - Art. 72; Súmula 346 do TST)
5.5. MÉDICOS
Aos médicos é assegurado um descanso de 10 minutos para cada 90 minutos de trabalho. Em face da
omissão da lei, há o entendimento de que para os médicos o intervalo não é computado na jornada, não
sendo, portanto, remunerado. Sobre o assunto cabe verificar as regras junto ao sindicato da categoria.
(Lei 3.999/61 – Art.8º, §1º)
5.6. TELEATENDIMENTO/TELEMARKETING
Para os empregados que trabalham nos serviços de teleatendimento/telemarketing sejam eles nas
modalidades ativo ou receptivo em centrais de atendimento telefônico e/ou centrais de relacionamento com
clientes (call centers), para prestação de serviços, informações e comercialização de produtos, cujo tempo
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de trabalho efetivo é de, no máximo, 6 horas diárias, deve ser concedido um intervalo para repouso e
alimentação de 20 minutos.
(Portaria 423 MTP/2021 – NR-17 – Itens 6.3 e 6.4.2)
6. DESCANSO SEMANAL
A todo empregado é assegurado um descanso semanal de 24 horas consecutivas, o qual, salvo motivo de
conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deve coincidir com o domingo, no todo ou em
parte.
A não concessão do descanso semanal implica a obrigação de o empregador remunerá-lo em dobro.
A Súmula 146 do TST - Tribunal Superior do Trabalho firmou entendimento que o trabalho prestado em
domingos e feriados, não compensado, deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao
repouso semanal.
Portanto, ocorrendo o trabalho em dia de feriado, sem que haja uma folga compensatória, o empregado
deverá receber o valor de 2 dias de salário, sem considerar o dia que já está incluído no salário.
Exemplificando, se o empregado recebe R$ 2.520,00 por mês de salário, e veio a trabalhar no feriado, sem
uma folga compensatória, ele terá o repouso remunerado (o feriado trabalhado) pago da seguinte forma:
R$ 2.520,00 ÷ 30 dias = R$ 84,00
R$ 84,00 x 2 dias = R$ 168,00 (feriado trabalhado)
Por exemplo: O empregado terminou sua jornada de trabalho no sábado, às 23h. A contagem do intervalo e
do repouso semanal será a seguinte:
a) Das 23h de sábado às 10h de domingo: intervalo de 11h entre jornadas;
b) Das 10h de domingo às 10h de segunda-feira: 24h consecutivas do repouso semanal remunerado.
Assim, o empregado que trabalhou até às 23h de sábado somente poderá retornar ao trabalho, depois de
seu repouso semanal, após às 10h da segunda-feira.
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Isso acontece, por exemplo, quando o empregado que terminou o primeiro turno é convocado para retornar
no terceiro turno.
Nessa situação, o empregado somente terá como intervalo o período correspondente a uma jornada normal
de trabalho (trabalhou no primeiro, descansou no segundo e voltou a trabalhar no terceiro), que é inferior às
11 horas, como impõe a legislação.
Outra situação em que não se respeita o intervalo é a troca de turno após o retorno do repouso remunerado.
Neste caso, o Tribunal Superior do Trabalho, através da Súmula 110, firmou posição, determinando que:
“No regime de revezamento, as horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24 horas, com
prejuízo do intervalo mínimo de 11 horas, devem ser remuneradas como extraordinárias, inclusive com o
respectivo adicional.”
Essa tese está reforçada pela SIT – Secretaria de Inspeção do Trabalho quando da aprovação do
Precedente Administrativo 84, cujo teor é o seguinte:
“O intervalo interjornada corresponde ao lapso temporal de 11 horas consecutivas que deve separar uma
jornada e outra de trabalho. Tal intervalo não se confunde ou se compensa com o descanso semanal
remunerado, de 24 horas consecutivas. Entre módulos semanais somam-se os dois intervalos: 11 horas
(entre dias) e 24 horas (entre semanas), totalizando, pois, 35 horas.”
Assim, em qualquer situação, a empresa deve observar o intervalo mínimo de 11 horas entre uma jornada e
outra e o intervalo mínimo de 35 horas na concessão do repouso semanal remunerado.
9. PENALIDADES
O não cumprimento das normas relativas à duração do trabalho sujeitará a empresa, segundo a natureza da
infração, sua extensão e a intenção de quem a praticou, à penalidade que varia de R$ 40,25 a R$ 4.025,33.
Em caso de reincidência e oposição à fiscalização ou desacato à autoridade, a multa será aplicada em
dobro.
FUNDAMENTAÇÃO LEGAL: Constituição Federal – 1988 – artigo 7º, inciso XIII; Lei 3.999, de 15-12-
61; Decreto-Lei 5.452, de 1-5-43 – Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – artigos 66, 67, 71, 72, 75,
235-C, 235-D, 235-E, 253, 298 e 413; Portaria 423 MTP, de 7-10-2021; Portaria 667 MTP, de 8-11-
2021; Portaria 671 MTP, de 8-11-2021; Portaria 3.214 MTb, de 8-6-78 – Segurança e Medicina do Trabalho –
NR-17 – Anexo II; Ato Declaratório 10 SIT, de 3-8-2009 – Precedentes Administrativos 73, 79, 82 e
84; Resolução 121 TST, de 28-10-2003 – Súmulas 110, 118, 146 e 346; Resolução 174 TST, de 24-5-2011 –
Súmula 291; Resolução 185 TST, de 25-9-2012 – Súmula 437; Recurso Ordinário 1.118 TRT; Solução de
Consulta 108, de 7-6-2023; Recurso Extraordinário 658.312, de 13-6-2022.
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