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DIREITO DO TRABALHO
CONTRATO DE JORNADA INTERMITENTE
A LEGALIZAÇÃO DA JORNADA INTERMITENTE E OS
REFLEXOS NO DIA A DIA NA VIDA DO TRABALHADOR
Campinas
2018
KARINA REIS REZENDE DE FREITAS
RA: 142892911380
Campinas
2018
CONTRATO DE TRABALHO INTERMITENTE
A LEGALIZAÇÃO DA JORNADA INTERMITENTE E OS
REFLEXOS NO DIA A DIA NA VIDA DO TRABALHADOR
TÍTULO DO TRABALHO:
SUBTÍTULO DO TRABALHO, SE HOUVER
(Título em caixa alta, fonte Arial 14, em negrito; subtítulo em caixa alta, fonte Arial
16, sem negrito)
CAMPINAS
2018
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Faculdade Anhanguera de Campinas, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Direito
BANCA EXAMINADORA
RESUMO
ABSTRACT
The present study will address the new modality of employment contract, inserted in
the CLT, through the Labor Reform, The Intermittent Journey, focusing on possible
damages to the physical, mental and financial health of the worker, in light of the
Federal Constitution and the Consolidation of Laws of Labor (CLT).
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
2. O CONTEXTO HISTÓRICO E O DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL.........15
2.2 CONTRATOS 16
3. JORNADA INTERMITENTE .............................................................................. 18
4. A REALIDADE DA APLICAÇÃO DA JORNADA INTERMITENTE .................. 23
5. A QUEDA DA MEDIDA PROVISÓRIA..................................................................26
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................28
7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................29
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1. INTRODUÇÃO
O objeto do presente estudo fora a nova modalidade de contrato, inserida
através da Reforma Trabalhista na Consolidação das Leis do Trabalho, a jornada
intermitente, à luz da Constituição Federal e da CLT. Com a aprovação da Reforma
Trabalhista (Lei nº 13.467 de 13 de julho de 2017), a Consolidação das Leis de
Trabalho (CLT) foi alterada consideravelmente, trazendo polêmicas e muitas
discussões jurídicas. E uma das inovações trazidas, foi a legalização da jornada
intermitente.
A sociedade brasileira tem um grande histórico de exploração de
trabalhadores por parte dos empregadores, a relação entre empregador e empregado
sempre foi e ainda continua sendo muita delicada, mas, na grande maioria das vezes
os beneficiados nessa relação sempre foram os empregadores, e a legalização da
jornada intermitente colocará empregos em risco, pois o que o pode vir a acontecer é
uma migração de contratos protegidos em contratos precários
Outra questão que foi levantada nesse estudo, fora, quais os efeitos que a
legalização da jornada intermitente trará para vida do trabalhador? Até que ponto o
excesso de empoderamento do empregador não prejudicará a condição de
hipossuficiente do empregado?
Investigou-se nesta pesquisa acadêmica qual a importância da legalização
do contrato de jornada intermitente, na vida diária do trabalhador, contrato esse que
fora criado e defendido pelos seus legisladores, através da Reforma Trabalhista como
uma “modernização sem precarização”, mas que na realidade irá apenas legalizar o
popularmente conhecido “bico”.
Fora analisado que as condições de trabalho nas quais os trabalhadores
serão submetidos, como excesso de jornada, para poder ter uma renda em que ele e
sua família possa sobreviver poderá trazer vários problemas de saúde, e que também,
a dificuldade de locomoção de um emprego ao outro poderá afetar não somente a
sua saúde física, e sim a mental, o que poderá trazer grandes reflexos para a
sociedade, como mais afastamentos por motivos de doença e um aumento maior de
reclamações na justiça do trabalho.
Restou claro que a imprevisibilidade e a expectativa de prestação de serviço
e recebimento de salário poderão afetar a saúde física, mental e financeira do
trabalhador, como consequência ele precisará de ter mais empregos para se manter,
estudado será como ficará a condição de locomoção de um emprego a outro.
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2.1 HISTÓRICO
A História do direito do trabalho no Brasil, está marcada por um contexto de
exploração de trabalhadores, com condições precárias que ficaram mais visíveis ainda
durante a Revolução Industrial, momento em que movimentos sociais passaram a
questionar essa relação de trabalho tão arcaica.
Os marcos históricos que culminaram para a construção do Direito do
Trabalho no Brasil, começaram através de movimentos operários grevistas entre os
anos de 1800 e 1900, a Constituição Brasileira de 1824, decretou o fim das
corporações de oficio, garantindo a liberdade no exercício das profissões.
A Lei Áurea de 13 de maio de 1888, aboliu a escravidão no Brasil, esse foi um
grande momento em nossa história de transformação de nossa sociedade. O fim da
primeira guerra mundial, trouxe grandes mudanças na Europa, que acabou por
influenciar o Brasil à ingressar na OIT (Organização Internacional do Trabalho), criada
pela Tratado de Versalhes em 1919.
A Revolução Industrial trazida pós primeira guerra, foi com toda certeza o
maior influenciador de leis trabalhistas esparsas, devido a grande exploração dos
trabalhadores escravos por trabalho assalariado, com péssimas condições de
trabalho, jornadas excessivas e exploração do trabalho da mulher e do menor, o que
culminou com uma questão social gravíssima, então os trabalhadores começaram a
se organizar exigindo melhorias na condição de trabalho, tudo através de Sindicatos.
A primeira Constituição Brasileira a ter previsão expressa sobre as relações
de trabalho, foi a de 1934. A Constituição de 1937, se inspirou na CARTA DEL
LAVORO de 1927, da Itália, que tinha como característica principal, o corporativismo,
na qual o Estado intervinha nas relações entre empregado e empregador, nesse
modelo os sindicatos não tinham nenhuma autonomia.
Foi nesse contexto, na década de 1930 e 1940, que surgiram legislações que
passaram a reger a relação de emprego no Brasil. Delgado nos explica:
“O Direito do Trabalho é, pois, produto cultural do século XIX e das
transformações econômico-sociais e políticas ali vivenciadas.
Transformações todas que colocam a relação de trabalho subordinado como
núcleo motor do processo produtivo característico daquela sociedade. Em
fins do século XVIII e durante o curso do século XIX é que se maturaram, na
Europa e Estados Unidos, todas as condições fundamentais de formação do
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2.2 CONTRATOS
No Brasil, a primeira vez que se ouviu a denominação contrato de trabalho, foi
na lei n. 62 de 1935. A primeira Constituição Brasileira que a tratar sobre a relação de
emprego no Brasil é de 1934, a Consolidação das Leis do Trabalho de 1943, traz a
expressão “contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso,
correspondente à relação de emprego”.2
A expressão “contrato” é muito utilizado e conhecida no ramo do direito civil,
porém no âmbito das relações de trabalho, ela também é usada e está presente em
inúmeros artigos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), e para ter validade
esse contrato de trabalho, é necessário preencher alguns requisitos necessários
presentes código civil em seu artigo 104.
Assim contrato de trabalho é um negócio jurídico, bilateral, que determina a
relação de trabalho de uma pessoa, o trabalhador, em favor de outra, o empregador,
e as contraprestações deste para aquele.
As relações de trabalho são várias, mas, as mais conhecidas são, as de trabalho
temporário, avulso, voluntário, estagiário e eventual, este último, é considerado por
3 MOURA, Marcelo. Curso de direito do trabalho. 1ª Edição. Saraiva, 12/2013. VitalSource Bookshelf Online. P. 123
4 GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Manual de Direito do Trabalho. 7º Edição. Gen.2015.pag 60.
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3. A JORNADA INTERMITENTE
O contrato de trabalho pode ser firmado de forma expressa ou tácita, sendo
que o primeiro não deixa nenhum tipo de dúvida entre o que as partes pactuaram, e
pode ser verbal ou escrito, agora o tácito decorre de um comportamento entre as
partes envolvidas.
O contrato pode ser firmado por prazo determinado, que é a exceção ou
indeterminado que é a regra, a primeira modalidade trás muitas vantagens ao
Empregador, como: a impossibilidade de se adquirir estabilidade, em regra não
precisa conceder aviso prévio, e não precisa depositar a multa dos 40% sobre o FGTS.
O artigo 443 § 3º prevê três hipóteses em que se pode firmar contrato de
trabalho por praz determinado; serviços, atividades empresariais de caráter transitório
e contrato de experiência. A Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017) inseriu um novo
parágrafo nesse mesmo artigo, o contrato de trabalho intermitente:
“Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação
de serviços, com subordinação, não é continua ocorrendo com alternância de
períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas,
dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do
empregador, exceto para aeronautas, regidos por legislação própria”. 5
O texto já vem alguns vícios, o art. 443 § 3º, faz a habitualidade desaparecer
aos poucos, pois a alternância de prestação de serviço, a imprevisibilidade de quando
terá que comparecer para trabalhar e o tempo de inatividade, colabora com o
desparecimento desse requisito essencial para a relação de trabalho.
Na Jornada Intermitente, a prestação de serviços se dá com subordinação, mas
não é continua, tem alternâncias de períodos de labor e de inatividade podendo
ocorrer em horas, dias ou meses.
A Lei 13.467, da Reforma Trabalhista, em seu artigo 452-A, determina que o
contrato de jornada intermitente deve ser celebrado por escrito, devendo conter o valor
da hora de trabalho, e essa quantia não deve ser inferior ao salário mínimo ou o
mesmo valor pago aos demais empregados que exerce a mesma função no
estabelecimento.
Mas logo na sequência, a medida provisória 808/2017, acrescentou alguns
artigos e parágrafos no dispositivo que regula a jornada, como: além do ser contrato
ser escrito, tem que ser registrado na ctps, com identificação, assinatura e domicílio
5 SCALÉRCIO, Marcos; Pinto, Tulio Martinez..CLT comparada com a Reforma Trabalhista. LTR,2017.
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6 SCALÉRCIO, Marcos; Pinto, Tulio Martinez..CLT comparada com a Reforma Trabalhista. LTR,2017.
7 Correia, Henrique. Comentários a MP 808/2017. Editora Juspodivim,2017.
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8 SCALÉRCIO, Marcos; Pinto, Tulio Martinez..CLT comparada com a Reforma Trabalhista. LTR,2017.
9 SCALÉRCIO, Marcos; Pinto, Tulio Martinez..CLT comparada com a Reforma Trabalhista. LTR,2017.
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14 OIT. Jornada intermitente tem de prever proteção ao trabalhador. Jornal o Globo. 2017
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que aliás foi feita de propósito pelo Congresso, agiram com total descaso, mais ainda
do que eles costumam ter com a população, a MP era a esperança que se tinha de
não haver tantos direitos tolhidos.
O Presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho
( ANAMATRA), juiz Guilherme Feliciano avaliou que :
“A caducidade da MP por decurso de prazo representa claro descaso para
com a preservação do patrimônio jurídico social legado pela Constituição
Federal de 1988 e confirma o epílogo funesto do processo de desconstrução
do Estado Social que segue caminhando, agora com braços abertos para a
própria tese do ‘enxugamento’ da Justiça do Trabalho, que já volta a ser
entoado por parte da grande mídia. O cidadão deve estar alerta para isto”. 16
O que essa situação trás para o cenário atual é insegurança jurídica e
incertezas ao empregado, e em relação a Jornada Intermitente ficará um grande
vácuo, pois a Reforma é uma Lei muito malfeita e mal-acabada.
16Anamatra. Reforma trabalhista: queda da MP 808 indica descaso com o legado social da
Constituição e traz insegurança jurídica
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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse estudo fora feito para trazer a tona a situação do trabalhador brasileiro, um
povo sofrido, que lutou muito para conseguir chegar a ter leis que o protejam, tem um
passado de muita exploração de mão de obra de homens, mulheres e crianças, não
foi nada fácil chegar a ser um povo que tenha leis que funcionem, como a nossa carta
máxima, que é a Constituição Federal, e a CLT, a nossa Consolidação das Leis do
Trabalho.
Fora feito questionamentos em relação a saúde física e mental do trabalhador, o
que ficou demonstrado que a imprevisibilidade de ser convocado ou não para
trabalhar, o valor recebido servirá para garantir uma vida digna para o trabalhador e
sua família, isso gerará muitas expectativas, que afetará diretamente a vida de todos.
Essa situação acabou ficando clara com esse estudo, que não há condições
dignas de trabalho. O trabalhador se verá em uma situação de desrespeito a normas
trabalhistas e direitos garantidos pela Constituição Federal, e sem saber para quem
recorrer, pois até nossos representantes, que nós elegemos fazem leis que vai contra
toda a população. A solução é buscar o Judiciário para tentar mudanças em relação
a isso.
A Reforma Trabalhista fora criada não para ser uma modernização, mas sim, um
retrocesso total a sociedade, um desrespeito a nossa história, e para tentar modificar
um pouco esse cenário, o Presidente da República editou uma Medida Provisória, que
regulava situações de violação a Constituição Federal, como o trabalho das gestantes
em lugar insalubre, e deixava claro as regras em relação a Jornada Intermitente, que
era vazia e sem contexto. E o quando era para ela virar uma lei o congresso virou as
costas e não quis fazer aquilo no qual eles se comprometeram, que era deixar mais
clara a Reforma Trabalhista com a Medida Provisória.
Os objetivos elencados no início desse estudo foram alcançados, o que se
percebeu foi, é que realmente a Jornada Intermitente não fora criada para beneficiar
o trabalhador, ela causará muitos prejuízos a sua saúde financeira, física, mental e
social. Esse tema precisa ser mais debatido e questionado pela sociedade, pelos
especialistas e com mais estudos em relação a essa matéria, pois só com debates e
discussão é que poderemos ter uma sociedade evoluída e que garanta e proteja
aqueles que precisa de proteção.
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REFERÊNCIAS
Artigos de internet:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452compilado.htm. Acesso em
17/03/2018.
http://www.tst.jus.br/pmnoticias/-/asset_publisher/89Dk/content/id/22614834.
Acesso em 17/04/2018.
Paulo, o Estado de São. Com a nova lei, trabalhador intermitente pode ficar sem
os benefícios do INSS. Disponível em:
http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,com-nova-lei-trabalhador-intermitente-
pode-ficar-sem-beneficios-do-inss,70002085933. Acesso em 17/04/2018.
https://www.cartacapital.com.br/economia/reforma-trabalhista-joga-contra-qualquer-
projeto-de-desenvolvimento . Acesso em 17/04/2018
https://www.anamatra.org.br/imprensa/noticias/26384-reforma-trabalhista-
caducidade-da-medida-provisoria-808-2017-indica-descaso-com-legado-social-da-
constituicao. Acesso em 10/05/2018.