Você está na página 1de 184

Segurança do

Trabalho e Saúde
Ocupacional
Segurança do
Trabalho e Saúde
Ocupacional
ISBN 978-85-7697-152-8

1ª Edição.

© 2009, ULBRA.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser


reproduzida por qualquer meio, sem autorização prévia dos autores,
por escrito. O Código Penal Brasileiro determina, no Artigo 184, pena e
sanções a infratores por violação de direitos autorais. Qualquer seme-
lhança é mera coincidência.

C172s Camargo, Miria Elisabete Bairros de

Segurança do trabalho e saúde ocupacional / Miria Elisabete Bairros de


Camargo. – Porto Alegre : Imprensa Livre, 2010.
104 p.

ISBN 978-85-7697-152-8

1. Segurança do trabalho. 2. Saúde ocupacional. 3. Medicina do trabalho.


4. Prevenção de acidentes. I. Título.

CDU 331.4

Catalogação elaborada por: Evelin Stahlhoefer Cotta – CRB 10/1563

Coordenação Editorial
Karla Viviane

Editora Imprensa Livre®


Rua Comandaí, 801
Porto Alegre/RS – CEP 90830-530
(51) 32497146
www.imprensalivre.net
imprensalivre@imprensalivre.net
Apresentação

Os modos como o trabalho afeta a vida e a saúde das


pessoas é uma das grandes questões da Saúde Pública deste
século, resultando em uma abordagem que abrange diferen-
tes áreas do conhecimento, seja nos campos de atuação dos
profissionais e serviços de saúde ou fora deles. Na atualidade,
o fluxo das informações e a organização da sociedade em re-
des transformam aceleradamente a economia e as relações de
trabalho, salientando-se neste contexto as condições de saúde
dos trabalhadores, cujas especificidades já vinham merecendo
atenção desde os primeiros tratados médicos. A compreensão
de seus determinantes, assim como sua história e a evolução
de sua prática estão diretamente ligadas ao desenvolvimento
da economia e das relações político-sociais.
Conforme Sanchez et al. (2009, p. 38)1 as ações de Saú-
de do Trabalhador tornaram-se uma competência do Sistema
Único de Saúde (SUS) em 1988, devido a promulgação da
Constituição do Brasil (art. 200). Em seguida, em 1990, de
acordo com o regulamento da Constituição, foi aprovada a Lei
1
SANCHEZ, Mariana de Oliveira; REIS, Márcia Araújo; CRUZ, Ana Laura Spirandeli; FER-
REIRA, Maercy Perón. Atuação do Cerest nas ações de vigilância em saúde do trabalhador
no setor canavieiro. Saude soc. [online], v. 18, suppl 1, p. 37-43, 2009. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v18s1/06.pdf. Acesso em: 18 ago. 2009.
Orgânica da Saúde, nº 8080 de 19/09/1990, que dispõe em
seu artigo 6º a atuação do SUS na área de Saúde do Trabalha-
dor, sendo entendida como um conjunto de atividades que se
destinam, por meio das ações de vigilância epidemiológica e
sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores,
assim como a recuperação e reabilitação daqueles submetidos
aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho.
Assim, referem ainda os mesmos autores que a deman-
da em Saúde do Trabalhador deve abranger toda a rede de
serviços de saúde, desde o mais simples até o serviço de alta
complexidade. O processo de expansão da saúde do traba-
lhador no SUS representa a conquista de direitos da saúde
do usuário/trabalhador. Os Centros de Referência em Saúde
do Trabalhador (CEREST) correspondem ao resultado dos es-
forços empreendidos na busca de uma política sanitária go-
vernamental, decorrente de um processo reivindicatório entre
diferentes atores: trabalhadores, sindicalistas, profissionais
interessados na preservação da saúde. Atualmente devem ser
compreendidos como polos irradiadores, no âmbito de um de-
terminado território, da cultura especializada subentendida na
relação processo de trabalho/processo saúde/doença, assu-
mindo a função de suporte técnico e científico, deste campo
do conhecimento e tem como um dos objetivos atender às
demandas decorrentes do quadro epidemiológico do Estado, a
partir de uma cooperação técnica interinstitucional.
As ações dos CEREST são desenvolvidas em equipe mul-
tidisciplinar, envolvendo: médicos do trabalho, assistentes so-
ciais, psicólogos, enfermeiros, fisioterapeutas, engenheiros de
segurança no trabalho, fonoaudiólogos, entre outros. Voltados
para esta visão, suas atividades consistem em atendimento
ambulatorial, fiscalização das condições de saúde do trabalha-
dor, avaliação e diagnóstico de ambiente de trabalho, realiza-
ção de projetos específicos a partir da demanda dos sindica-
tos e da rede de saúde, cursos de capacitação, orientação e
educação em saúde. Na vertente da vigilância, a construção
do perfil epidemiológico dos trabalhadores envolve esforços
interinstitucionais, sendo, portanto uma ação complexa.
É neste contexto que o presente material educativo abor-
da conteúdos referentes da saúde do trabalhador sendo divi-
dido em 10 capítulos.
O capítulo 1 aborda a evolução do trabalho, contextuali-
zado a evolução histórica do significado do trabalho na vida do
homem, a evolução do trabalho e posteriormente a união en-
tre os conceitos de trabalho e saúde até se chegar a concepção
de segurança e saúde no trabalho.
Em continuidade, o capítulo 2 apresenta as normas re-
gulamentadoras que fornecem parâmetros e instruções sobre
saúde e segurança do trabalho constituindo a espinha dorsal
da legislação de segurança do trabalho e saúde ocupacional
no Brasil.
O capítulo 3, em complementação à temática das normas
regulamentadoras aborda a legislação que oferece suporte le-
gal para que o trabalhador tenha preservados os seus direitos
de segurança e saúde.
No capítulo 4 são contextualizados os conteúdos relativos
à ergonomia na promoção a saúde dos trabalhadores.
O capítulo 5 aborda o conceito de biossegurança, apre-
sentando as bases do conhecimento de biossegurança, e al-
guns aspectos legais desta temática.
No capítulo 6 são apresentados os conteúdos referentes
as doenças ocupacionais, e o capítulo 7 aborda o estresse, que
é um dos efeitos nocivos do trabalho no âmbito psicossocial.
O capítulo 8 aborda os primeiros socorros, apresentando
as diferenças conceituais de emergência e urgência e fazendo
uma explanação sobre alguns eventos em que os primeiros
socorros são realizados, trazendo orientação em relação aos
cuidados necessários quando do primeiro atendimento.
Já no capítulo 9 aborda-se a qualidade de vida no traba-
lho, apresentando o histórico e os conceitos relativos a esta
temática.
Finalizando, no décimo capítulo desenvolve-se o tema a
prevenção da saúde do trabalhador, onde se trás as ações em
relação ao tema.
Sumário

Capítulo I
Histórico e Relação da Saúde e Trabalho, 13

Capítulo II
Normas Regulamentadoras
NR’s de Segurança e Saúde no Trabalho, 27

Capítulo III
Legislação e Segurança do Trabalhador, 51

Capítulo IV
Ergonomia na Promoção da
Saúde dos Trabalhadores, 65

Capítulo V
Biossegurança, 79

Capítulo VI
Doenças Ocupacionais, 93

Capítulo VII
Estresse e as Relações no Trabalho, 113

Capítulo VIII
Primeiros Socorros, 127
Capítulo IX
Qualidade de Vida no Trabalho, 161

Capítulo X
Promoção da Saúde do Trabalhador, 171
Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Cap. I
Histórico e Relação da
Saúde e Trabalho

História 13

Histórico e Relação da Saúde e Trabalho


A palavra trabalho vem do latim “Tripalium”, e refere-se
a um instrumento de tortura, utilizado para punição dos in-
divíduos que, ao perderem a liberdade, eram submetidos ao
trabalho forçado. Do ponto de vista religioso, o homem foi
condenado ao trabalho, porque Adão e Eva constituíram o pe-
cado. Em Gênesis1, o trabalho é referido como o castigo, no
qual o homem terá que trabalhar e com o suor conseguir o seu
alimento para sobreviver (DEJOURS, 1993).
Da pré-história ao período atual o trabalho sempre esteve
presente em várias civilizações. Todavia, diversificadas trans-
formações em sua estrutura e relações aconteceram durante
a evolução humana. Assim diferentes formas de trabalho de-
senvolveram-se variando nas sociedades primitivas, passando
pelo período da escravidão, inserção do capitalismo e chegan-
1
Gênese é o primeiro livro da Bíblia. Faz parte do Pentateuco, os cinco primeiros livros
bíblicos, cuja autoria é, tradicionalmente, atribuída a Moisés. Fonte Dicionário Aurélio
Eletrônico, versão 2003.
do a atualidade com uma nova configuração e significado a
partir do aparecimento da tecnologia (RIBEIRO, 2005).
Na Grécia, o trabalho foi desenvolvido de acordo com a
ideia de que a diferença social entre os homens era natural
e não havia qualquer contradição na sua divisão. Ao cidadão
grego de maior ascensão estava proibido o trabalho braçal,
pois ele deveria ter o tempo livre para dedicar-se à reflexão,
Míria Elisabete Bairros de Camargo

ao exercício da cidadania e
do bem governar, enquan-
to os gregos provenientes
das camadas mais baixas
era reservada a escravi-
dão (RIBEIRO, 2005).

Figura 1: La Fragua de Vulcano,


1630.
Fonte: Disponível em: <http://ca-
fehistoria.ning.com/>. Acesso em: 23
maio 2009.

Na Idade Média, o conceito de trabalho não sofre altera-


ções significativas. Organizada numa economia de subsistên-
cia e em uma crença de purificação da mente, grande parcela
14 da população encontrava-se presa a terra. Nesse contexto,
a Igreja católica defendia o desapego às riquezas terrenas e
condenava o trabalho como forma de enriquecimento. Dessa
forma, servia como instrumento de dominação social e de con-
denação a qualquer ato de rebeldia contra a ordem instituída
(RIBEIRO, 2005).
Já na sociedade capitalista, o trabalho era aceito como
fator de enriquecimento pessoal; legitimava-se como tábua de
salvação divina. A riqueza deixa de ser vista como pecado e
passa a significar a vontade de Deus. O trabalho é visto como
o gerador da acumulação dessa riqueza.
Verifica-se assim que a relação entre o homem e o traba-
lho se dá desde o início da existência daquele. Contudo, com
a necessidade de acúmulo de capital e com a evolução de fa-
tores tecnológicos como também do homem e do processo de
trabalho em si, novos conceitos foram surgindo e modificando
a maneira como o homem observa o trabalho no seu cotidiano
(RIBEIRO, 2005; CORREIA, 2000).
Figura 2: Condições de Trabalho na
Revolução Industrial.
Fonte: Disponível em: <http://www.
planetaeducacao.com.br/novo/artigo.
asp?ar....>. Acesso em: 22 maio 2009.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Uma série de mudanças
se processou no mundo do
trabalho ao longo dos tem-
pos. O sentido do trabalho
evoluiu de uma conotação
negativa de sacrifício, para
um sentido de instrumento
de sustento. Durante a revolução industrial o homem tornou-
se apenas uma peça do processo produtivo, como se fizesse
parte de uma engrenagem e deixou de se perceber como ser.
Posteriormente, percebendo-se como ser que adoece e
sofre e não apenas como ser produtivo, surge os conceitos
de segurança, saúde ocupacional, acidente de trabalho, ris-
co ocupacional e qualidade de vida e o trabalho assume um
significado mais abrangente (BASTOS, 2005; GOMES, 2000;
RIBEIRO, 2005).
No bojo dessas mudanças, percebe-se um movimento
crescente de envolvimento das pessoas com o seu trabalho e 15
a vida profissional. Nesta transformação o trabalho na vida do
homem adquire o significado de elemento que contribui para

Histórico e Relação da Saúde e Trabalho


sua evolução, sua aprendizagem, sua dignificação tornando-se
um fator importante para a sua satisfação, crescimento pes-
soal e processo de evolução de uma forma integral (CORREIA,
2005).
Neste contexto, são percebidos os efeitos do trabalho na
saúde do homem. As grandes mudanças no cenário político,
econômico e social ocorridas em todo o planeta a partir da
segunda metade do século XX resultam em uma verdadeira
crise de paradigmas.
O processo saúde-trabalho foi identificado e passou a ser
analisado, não simplesmente como indicador do impacto do
trabalho sobre os trabalhadores, mas como decorrência da
relação de produção, “determinada socialmente pela dialéti-
ca entre capital e trabalho”. Na atualidade, as condições de
ambiente, saúde e segurança no trabalho passam a ser com-
Figura 3: Representação do tra-
balho.
Fonte: Disponível em: <http://www.
pe_do_rio.blogs.sapo.pt/14686.html>.
Acesso em: 24 maio 2009.

preendidas como garantias


essenciais para a qualidade
de vida dos homens e di-
Míria Elisabete Bairros de Camargo

reito de cidadania (FRIAS


JÚNIOR, 1999).
Em paralelo com a
existência do mundo do
trabalho o acidente sempre fez parte do cotidiano dos traba-
lhadores, porém, foi a partir do século XIX que ganhou visibi-
lidade devido ao avanço do processo de industrialização e das
lutas operárias dele decorrente (MACHADO, 1991).
De acordo com Freitas (1996) o acidente de trabalho
como fenômeno que rompe com a lógica do trabalho sempre
existiu, e mediante a característica de constante transforma-
ção da dinâmica da sociedade os acidentes representam um
fator considerado como inerente a este contínuo processo mu-
tacional, podendo-se dizer que sempre fará parte do mundo
16 do trabalho. Mediante esta constatação, e como resultado do
processo evolutivo, os homens passaram a criar instrumentos
legais visando proteger o trabalhador, educá-lo para a promo-
ção da saúde, prevenção dos acidentes, evidenciarem respon-
sabilidades quanto ao provisionamento de recursos financeiros
no caso de incapacitações decorrentes do trabalho.

Evolução do Trabalho

A evolução e desenvolvimento do trabalho humano ini-


ciaram sua história a partir do momento em que o próprio
homem procurou maneiras de satisfazer suas necessidades,
buscando a melhori a de sua vida material. Desta feita, no de-
curso da humanidade, a busca da satisfação das necessidades
inerentes à vida material ocorreu em todas as partes do mun-
do, porém de maneiras distintas (THEODORO, 2008).
Figura 4: Revolução industrial.
Fonte: Disponível em: <http://apro-
vadonovestibular.com/page/16>.
Acesso em: 22 maio 2009.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Até o século XVII
o trabalho dos artesãos
ocorreu em oficinas co-
letivas e os trabalhado-
res participavam de todo
o processo de confecção.
O mestre ensina um aprendiz, que anos depois se torna um
novo mestre. Os artesãos foram a primeira forma de produção
organizada, pois eles estabeleciam prazos de entrega, con-
sequentemente, estabelecendo prioridades, especificações e
preços para suas encomendas. A decadência da Era Artesanal
começou com o advento da Era Industrial (MARTINS, 1998).
A máquina a vapor de James Watt foi o arauto dos primei-
ros movimentos da Revolução Industrial. O inicio da utilização
da energia a vapor coincidiu com o nascimento da indústria
têxtil. A Revolução Industrial no século XVII surgiu em função
de dois elementos principais: a substituição da força humana
e da água pela força mecanizada e o estabelecimento do sis-
tema fabril. Surge a mecanização dos processos de produção. 17
A mão de obra é formada principalmente por artesãos e cam-

Histórico e Relação da Saúde e Trabalho


poneses. Condições de trabalho precárias, salários baixos e
jornadas de até 80 horas semanais sufocam os trabalhadores
(ESCORSIM et al., 2005).
A partir da Revolução Industrial, instaura-se um modelo
de trabalho mecanizado, que implica na alienação ao trabalho.
Há uma perda do direito à propriedade do produto e a sepa-
ração entre a concepção e a execução do trabalho. Há uma
perda de investimento afetivo, uma vez que, o trabalhador
perde o acesso ao sentido de sua tarefa no todo da produção.
O homem é simplesmente um executor de tarefas nessa Era
Capitalista, onde o administrador dita as regras. Mas, o capita-
lismo avança para um modelo liberal, que preconiza à abertura
de mercado e o aumento da competitividade (ALVIM, 2007).
Figura 5: As condições de tra-
balho na revolução industrial.
Fonte: Disponível em: <historia-
sehistora.blogspot.com/2008/08/
as-con...>. Acesso em 22 maio
2009.

De acordo com
Theodoro (2008) no
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Brasil, “a prestação do
trabalho originou-se em
um cenário ocupado
pelas civilizações colo-
nial e imperial luso-bra-
sileira, o autor destaca que Pinto (2001) refere esse período
como que marcado por intermináveis sucessões de violência,
abusos, erros, excessos e fracassos”. Para o autor, além disso,
cumpre-se mencionar a exploração, sem limites éticos e hu-
manos, da mão de obra negra e indígena.
O trabalho constitui, também, fonte de progresso do ser
humano, seja referente ao seu conhecimento ou à sua cultura,
além das realizações pessoal e profissional. O trabalho tam-
bém proporciona dignidade àquele que o desenvolve, pelo fato
18 de se sentir valorizado e capaz e, acima de tudo, inserido no
mercado de trabalho (THEODORO, 2008).
Um dos fatores mais relevantes do desenvolvimento do
homem está associado ao aproveitamento das contribuições
individuais, como dinâmica interior, que impulsiona o querer
e o assumir determinada ação. Há uma relação positiva entre
o grau de participação e os sentimentos de satisfação, res-
ponsabilidade e comprometimentos. As pessoas dão valor e
tendem a apoiar o que elas ajudam a criar. Produtividade não
vem de trabalho árduo e sim de participação e confiança (ES-
CORSIM et al., 2005).
Os modelos administrativos evoluem para posturas mais
participativas, que buscam envolver o trabalhador nas deci-
sões. A palavra de ordem é comprometimento. Premissa do
século XX, a contribuição para a finalização leva o homem à
condição de coadjuvante no crescimento das empresas.
Na Era do Conhecimento, o mundo fica mais exigente e
as empresas tem de se preocupar não só em se manter, mas
em incrementar a qualidade e a produtividade. A Era do Co-
nhecimento trouxe consigo a necessidade de modificar a visão
empreendedora e priorizar a valorização do principal capital

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
das empresas: seus funcionários (ESCORSIM et al., 2005).
O reconhecimento do capital humano no trabalho passa
a ser um novo momento
para a civilização. Che-
gou-se enfim a conclusão,
que são as pessoas que
detêm a capacidade de
acumular experiências e
conhecimentos e a capaci-
dade de criação (ESCOR-
SIM et al., 2005).

Figura 6: Tecido memória.


Fonte: Universidade Federal de Campina Grande.

Os modelos administrativos evoluem novamente, desta


vez para posturas mais participativas, que buscam envolver
o trabalhador nas decisões da empresa. A palavra de ordem,
agora, é o comprometimento organizacional, que pode ser de- 19
finido como a força relativa da identificação e envolvimento

Histórico e Relação da Saúde e Trabalho


de um indivíduo com uma organização particular. A partir dis-
so, as organizações passam a incluir em seus planejamentos
estratégicos, os elementos centrais e o linguajar da cultura
organizacional, iniciando uma prática de compartilhar com os
funcionários os credos, os valores, a missão, os objetivos e
as metas. Em tal prática, o segredo deixa de ser a alma do
negócio. Para que as pessoas ficassem comprometidas com a
organização era necessário, em primeiro lugar, que elas a co-
nhecessem e tivessem dela uma visão mais sistêmica.
Os trabalhadores são os fatores mais importantes da or-
ganização e da gestão dos processos de produção. Por muito
tempo, os trabalhadores foram relegados a um segundo plano,
porque eram vistos como máquinas, que tinham que produzir
e dar-se por satisfeitos por terem um emprego. Com o de-
senvolvimento da era pós-industrial, os empresários começa-
ram a entender que as pessoas são elementos preciosos das
organizações, o que levou consequentemente a necessidade
de uma gestão voltada aos aspectos sociais. A competência
das empresas está relacionada a uma condição diferenciada
de qualificação e capacitação das pessoas, para executar seu
trabalho e desenvolver suas funções.
Na Era do Conhecimento, as empresas devem investir nas
relações humanas e na satisfação laboral, desenvolvendo em
Míria Elisabete Bairros de Camargo

seus colaboradores o senso da iniciativa e da eficácia, com


treinamentos e persistência, preparando-os para o exercício
da profissão e promovendo o desenvolvimento e o progresso
das empresas.

20
Figura 7: Tecnologia.
Fonte:Disponível em: <http://www.candex.us/portuguese/bioenergia.html>. Acesso
em: 23 maio 2009.

A evolução do trabalho do homem está associada a um


passado de submissão, de desenvolvimento e ao triunfo da ra-
zão. A Era do Conhecimento é, sem dúvida, a mais importante
etapa da história humana, sendo marcada pela autonomia da
cultura. Da submissão à participação, a trajetória do homem
e sua relação com o trabalho, mostram o desenvolvimento de
sua capacidade de obter conhecimentos para gerar ideias, ino-
vações e tecnologia em seu beneficio e da humanidade (ES-
CORSIM et al., 2005).

O Trabalho e a Saúde

A palavra Trabalho, de acordo com a definição do Dicioná-


rio da Língua Portuguesa, é a aplicação das forças e faculdades
humanas para alcançar um determinado fim. É uma ativida-
de coordenada, de caráter físico e/ou intelectual, necessária
à realização de qualquer tarefa, serviço ou empreendimento

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
(FERREIRA, 2008).
Para que essas atividades sejam desenvolvidas é necessá-
rio que o ser humano tenha ou esteja em perfeitas condições
de saúde. A concepção de saúde, sempre é uma concepção li-
gada ao contexto histórico e social que um povo está vivendo.
Devemos ter em mente também que a concepção sobre saúde
não é hegemônica dentre as pessoas de um mesmo período
histórico e social.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1946 definiu
a saúde desta forma: “A saúde é um estado de bem-estar fí-
sico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou
enfermidade”.
A Lei nº. 8080 de 19 de setembro de 1990, no art. 3º re-
fere que “A saúde tem como fatores determinantes e condicio-
nantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento
básico, o meio ambiente, o
trabalho, a renda, a edu-
cação, o transporte, o la-
zer e o acesso aos bens e 21
serviços essenciais”.

Histórico e Relação da Saúde e Trabalho


Figura 8: Saúde ocupacional.
Fonte: Disponível em: <http://www.
britanite.com/saude_ocupacional.
asp>. Acesso em: 24 maio 2009.

A mesma lei diz que a saúde do trabalhador é: “um con-


junto de atividades que se destina, através das ações de vi-
gilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e
proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recu-
peração e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos
aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho” (Lei
nº. 8080/90).
Para Chiavenato (2002), a saúde e a segurança dos em-
pregados constituem uma das principais bases para a preser-
vação da força de trabalho adequada para o crescimento da
empresa.
Ainda, de acordo com Chiavenato, a saúde e a segurança
do trabalho, referem-se ao conjunto de normas e procedimen-
tos que visam à proteção da integridade física e mental do
trabalhador, preservando-o dos riscos de saúde inerentes às
tarefas da função e ao ambiente físico onde estas tarefas são
executadas. Estão diretamente relacionadas com o diagnós-
tico e com a prevenção de doenças ocupacionais, a partir do
estudo e controle de duas variáveis: o homem e seu ambiente
Míria Elisabete Bairros de Camargo

de trabalho (2002).
O mesmo autor refere que, saúde e segurança do traba-
lho, são atividades que repercutem diretamente sobre a conti-
nuidade da produção e sobre o moral dos trabalhadores. Seus
principais objetivos são a manutenção de ambientes de tra-
balho saudáveis e a valorização do elemento humano, como
parte primordial para o sucesso de qualquer empreendimento
organizacional (CHIAVENATO, 2002).
A preocupação com a saúde do trabalhador vem de longa
data. Ou pelo menos, a constatação de que as atividades labo-
rativas poderiam influenciar na sua saúde e segurança.

Figura 9: Segurança no tra-

22 balho.
Fonte: Disponível em: <http://
www.segassessoria.com.br/Page/
Page.aspx?Guid=...>. Acesso em:
23 maio 2009.

Em 1556, um ano
após a morte de Ge-
orgius Agrícola foi pu-
blicado o livro “De Re
Metallica”, com estudos
de diversos problemas
relacionados à extração
de minerais argentíferos (que contêm prata, e auríferos que
contêm ou produz ouro, conforme dicionário Luft, 2001) e a
fundição de prata e ouro. Nesta obra, há destaque para a cha-
mada “asma dos mineiros” provocada por poeiras que Agrícola
denominava “corrosivas”; a descrição dos sintomas e a rápi-
da evolução da doença demonstram, sem sombra de dúvida,
trata-se de casos de silicose (HISOS, 20072).
2
A autora solicitou junto ao portal HISOS, a autoria do artigo, porém não obteve resposta
Em 1697, Paracelso elaborou a primeira monografia rela-
cionando a doença ao trabalho, “VON Der Birgsucht Und Ande-
ren Heiten”. São numerosas as suas observações relacionando

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
métodos de trabalho ou substâncias manuseadas, com doen-
ças, sendo de destacar-se, por exemplo, que, em relação à in-
toxicação pelo mercúrio, os principais sintomas dessa doença
profissional ali se encontram assinalados (HISOS, 2007, p. 1).
Portanto, “Segurança e Saúde no Trabalho” não é apenas
uma obrigação legal, pois se trata de uma questão de vital
importância para o sucesso e sobrevivência das organizações
(JESUS, 2007).

Atividades
1. Marque a alternativa correta:

a) ( ) A palavra trabalho vem do latim “Tripalium”, e


refere-se a um instrumento de tortura, utilizado para pu-
nição dos indivíduos que, ao perderem a liberdade, eram
submetidos ao trabalho forçado.
b) ( ) A palavra trabalho vem do grego “Tripalium”, e
refere-se a um instrumento de tortura, utilizado para pu-
23
nição dos indivíduos que, ao perderem a liberdade, eram

Histórico e Relação da Saúde e Trabalho


submetidos ao trabalho forçado.
c) ( ) A palavra trabalho vem do latim “Tripalium”,
e refere-se a um instrumento de pesquisa, utilizado para
punição dos indivíduos que, ao perderem a liberdade,
eram submetidos ao trabalho forçado.
d) ( ) Todas as alternativas estão incorretas.

2. A saúde do trabalhador é: “um conjunto de atividades


que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica
e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos
trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação
da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos
advindos das condições de trabalho”. Qual é a lei que define a
até o momento da finalização deste capitulo. Sendo relevante as informações ali presta-
das, faz-se esclarecimento aos leitores pela falta de indicação de autoria. Disponível em:
<http://www.hisos.com.br/artigos.php?>. Acesso em: maio de 2009. Trata-se a partir
deste momento como HISOS.
saúde do trabalhador?

a) ( ) Lei de nº 8.142 de 1990.


b) ( ) Lei de nº 8.080 de 1990.
c) ( ) Lei de nº 8.689 de 1993.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Referências
CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos. Edição Com-
pacta. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.

ESCORSIM, Sérgio; KOVALESKI, João Luiz; PILATTI, Luiz Al-


berto; CARLETTO, Balduir. A evolução do trabalho do homem
no contexto da civilização: da submissão à participação [in-
ternet]. IX Simpósio internacional processo civilizador.
24 a 26 de novembro de 2005. Anais. Disponível em: <http://
www.fef.unicamp.br/sipc/anais9/artigos/mesa_debates/
art26.pdf>. Acesso em: março de 2009.
24 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda; ANJOS, Margarida
dos; FERREIRA, Marina Baird. Aurélio Edição Especial. 2ª
ed. Rio de Janeiro: Editora Positivo, 2008.

FRIAS JÚNIOR, Mário Ferreira. Saúde no trabalho: temas


básicos para o profissional que cuida da saúde dos trabalha-
dores. São Paulo: Roca, 2002.

GOMES, Ângela de Castro Correia. Um instante de reflexão


sobre o homem e o trabalho. Caderno de Pesquisas em Admi-
nistração, São Paulo: PPGA/FEA/USP, v. 1, n. 11, p. 12-17,
jan.-mar. 2000.

JESUS, José Ernesto da Costa Carvalho. Segurança e Saúde


no Trabalho. Janeiro 2005. Artigo disponível em: <http://
www.hisos.com.br/artigos.php?PHPSESSID=7961aa022b39c
610b61953aa0033d615>. Acesso em: 19 mar. 2009.
MARTINS, P. G.; LAUGENI, F.P. Administração da Produção.
São Paulo: Editora Saraiva, 1998.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
RIBEIRO, Fernanda A. O Papel do Trabalho na História do
Homem. Cientifico, v. 2. 2005. [revista eletrônica]. Facul-
dade Ruy Barbosa. Disponível em: <http://www.frb.br/cien-
te/2005.2/PSI/PSI.RIBEIRO.F3.pdf>. Acesso em: 20 mar.
2009.

SUS É LEGAL. Legislação Federal e Estadual – 2008. Secreta-


ria Estadual da Saúde/RS. Conselho Estadual de Saúde.

THEODORO, Eduardo Machado. Assédio moral na relação


de emprego: responsabilidade civil do empregador por ato
de seu preposto. Disponível em: <http://www.unisul.br/con-
tent/navitacontent_/userFiles/File/pagina_dos_cursos/direi-
to_tubarao/monografias_2008a/Eduardo_Machado_Theodo-
ro.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2009.

25

Histórico e Relação da Saúde e Trabalho


Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Cap. II
Normas
Regulamentadoras
NR’s de Segurança e
Saúde no Trabalho
27
Há homens que lutam um dia e são bons.

Segurança e Saúde no Trabalho


Normas Regulamentadoras NR’s de
Há outros que lutam um ano e são melhores.
Há os que lutam muitos anos e são muito bons.
Porém, há os que lutam toda a vida. Esses são os imprescindíveis.
(BERTOLT BRECHT).

As Normas Regulamentadoras (NR’s) são normas que re-


gulamentam e fornecem parâmetros e instruções sobre saú-
de e segurança do trabalho. Constituem a espinha dorsal da
legislação de segurança do trabalho e saúde ocupacional no
Brasil. São de observância obrigatória pelas empresas priva-
das e públicas e pelos órgãos públicos de administração direta
e indireta, bem como, pelos órgãos dos Poderes Legislativo
e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consoli-
dação das Leis do Trabalho (CLT). A observância das Normas
Regulamentadoras, no entanto, não desobriga as empresas do
cumprimento de outras disposições que, com relação à ma-
téria sejam incluídas em códigos de obras ou regulamentos
sanitários dos Estados ou Municípios, e outras, oriundas de
convenções e acordos coletivos de trabalho.
As Normas são elaboradas por uma comissão Tripartite,
composta por representantes do governo, dos empregadores
e dos empregados. Em 11 de abril de 1996, a Portaria SSST/
MTb nº 02 criaram a Comissão Tripartite Paritária Permanen-
Míria Elisabete Bairros de Camargo

te (CTPP) composta por cinco representantes da bancada do


governo: (SSST e FUNDACENTRO), cinco representantes da
bancada dos empregadores (CNC, CNI, CNA, CNT, CNF) e cin-
co representantes da bancada dos trabalhadores; (FS, CUT,
CGT), contando com representantes dos Ministérios da Saúde
e Previdência e Assistência Social. Os membros da CTPP têm
direito a voz e voto em igualdade de condições, num mandato
de dois anos, podendo ser reconduzidos. As principais vanta-
gens da elaboração e revisão de uma norma de forma tripar-
tite são: transparência, corresponsabilidade, engajamento e
harmonização dos interesses.
As disposições contidas nas Normas Regulamentadoras
aplicam-se, no que couber, aos trabalhadores, às entidades ou
empresas que lhes tomem o serviço e aos sindicatos represen-
28 tativos das respectivas categorias profissionais. Para fins de
aplicação das NR’s, considera-se:

Empregador: empresa individual ou coletiva, que assu-


me os riscos da atividade econômica, admitindo, assa-
lariando e dirigindo a prestação pessoal de serviços. Os
profissionais liberais, as instituições de beneficência, as
associações sem fins lucrativos, que admitam emprega-
dos, equiparam-se aos empregadores;

Empregado: a pessoa física que presta serviços de natu-


reza não eventual a empregador, sob a dependência deste
e mediante salário;

Empresa: estabelecimento ou conjunto de estabeleci-


mentos, canteiros de obra, frentes de trabalho, locais de
trabalho e outros, constituindo a organização de que se
utiliza o empregador para atingir seus objetivos.
De acordo com o Departamento de segurança e saúde no
trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a fis-
calização da aplicação das Normas Regulamentadoras é feita

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
atualmente por cerca de três mil auditores fiscais do trabalho,
espalhados pelo país (CAVALCANTE, 2007). Os auditores fis-
cais do trabalho, no ato da fiscalização, verificando a existên-
cia de uma infração às Normas Regulamentadoras na empresa
auditada, podem conceder um prazo para que a mesma se
regularize, podem lavrar um auto de infração, ou propor a
interdição daquele estabelecimento. Se houver uma condição
de grave e iminente risco à integridade física do trabalhador,
o auditor fiscal poderá propor a interdição legal do estabeleci-
mento (UNITRABALHO, 2007).
Nas empresas, há ainda o trabalho das Comissões Inter-
nas de Prevenção de Acidentes (CIPA’s), que são órgãos pró-
prios de cada empresa, e tem a finalidade de observar e rela-
tar as condições de risco nos ambientes de trabalho e solicitar
medidas para reduzir e até eliminar os riscos existentes ou
neutralizar os mesmos.
Em 08 de junho de 1978 a Portaria nº. 3.214, do Ministé-
rio do Trabalho estabeleceu 28 Normas Regulamentadora so-
bre Higiene, Segurança e Medicina do Trabalho. Em 1988 são 29
aprovadas as cinco Normas Regulamentadoras Rurais (NRR’s).
No Brasil existem as Normas Regulamentadoras, criadas

Segurança e Saúde no Trabalho


Normas Regulamentadoras NR’s de
para identificação de riscos aos quais os trabalhadores estão
expostos, e em como controlar tais riscos.
A seguir será apresentando e comentado as normas re-
gulamentadoras que tem relação direta com a Segurança e
Saúde do Trabalhador.
NR-4 – Serviços
Especializados
em Engenharia de
Segurança e em
Medicina do Trabalho
Míria Elisabete Bairros de Camargo

A Norma Regulamentadora nº. 04 foi aprovada pela Por-


taria nº. 3.214 de 08 de junho de 1978 e publicada no suple-
mento do Diário Oficial da União de 06 de julho de 1978.
As Empresas privadas ou públicas, que possuam empre-
gados regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas, mante-
rão obrigatoriamente Serviços Especializados em Engenharia
de Segurança e em Medicina do Trabalho, com a finalidade de
promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no
local de trabalho, vinculados à graduação do risco da ativida-
de principal e do número total de empregados do estabeleci-
mento. A fundamentação legal, ordinária e específica, que dá
embasamento jurídico à existência desta NR, é o artigo 162
30 da CLT.
Em conformidade com a
referida norma os Serviços
Especializados em Engenharia
de Segurança e em Medicina
do Trabalho deverão ser inte-
grados por médico do traba-
lho, engenheiro de segurança
do trabalho, técnico de segu-
rança do trabalho, enfermeiro
do trabalho e auxiliar de en-
fermagem do trabalho.

Figura 1: trabalhador.
Fonte: Disponível em: http://www.seconci-pr.com.br/seconcipr/?author=2&paged=2.
Acesso em: 23 maio 2009.

O técnico de segurança do trabalho e o auxiliar de en-


fermagem do trabalho deverão dedicar 8 (oito) horas por dia
para as atividades dos Serviços Especializados em Engenharia
de Segurança e em Medicina do Trabalho.
O engenheiro de segurança do trabalho, o médico do tra-

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
balho e o enfermeiro do trabalho deverão dedicar no mínimo
3 (três) horas (tempo parcial), ou 6 (seis) horas (tempo in-
tegral) por dia para as atividades dos Serviços Especializados
em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho.
O número de profissionais que irão compor o SESMT será
de acordo com o número de empregados. No anexo da NR-4
encontra-se o dimensionamento de pessoal necessário para a
equipe.
Entre as suas várias atribuições destaca-se:

a) Aplicar os conhecimentos de engenharia de segurança


e de medicina do trabalho ao ambiente de trabalho e a
todos os seus componentes, inclusive máquinas e equi-
pamentos, de modo a reduzir até eliminar os riscos ali
existentes à saúde do trabalhador;

b) Determinar, quando esgotados todos os meios conhe-


cidos para a eliminação do risco e este persistir, mesmo
reduzido, a utilização, pelo trabalhador, de Equipamentos 31
de Proteção Individual (EPI), de acordo com o que deter-
mina a NR-6, desde que a concentração, a intensidade ou

Segurança e Saúde no Trabalho


Normas Regulamentadoras NR’s de
característica do agente assim o exija;

c) Responsabilizar-se tecnicamente, pela orientação


quanto ao cumprimento do disposto nas NR’s aplicáveis
às atividades executadas pela empresa e/ou seus estabe-
lecimentos;

d) Manter permanente relacionamento com a CIPA, va-


lendo-se ao máximo de suas observações, além de apoiá-
la, treiná-la e atendê-la, conforme dispõe a NR-5;

e) Promover a realização de atividades de conscientiza-


ção, educação e orientação dos trabalhadores para a pre-
venção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais,
tanto através de campanhas quanto de programas de du-
ração permanente;
f) Esclarecer e conscientizar os empregadores sobre
acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, estimulan-
do-os em favor da prevenção.

São também atribuições o registro e análise de todos os


acidentes ocorridos na empresa ou estabelecimento, com ou
sem vítima e em todos os casos de doença ocupacional. Ela-
Míria Elisabete Bairros de Camargo

borar planos de controle de catástrofes, de disponibilidade de


meios que visem ao combate a incêndios e ao salvamento e
atenção de imediato a vítimas de qualquer outro tipo de aci-
dente.

NR-5 – CIPA (Comissão


Interna de Prevenção
de Acidentes)
Esta norma foi criada pelo Decreto-Lei nº 5.432, de
01/05/1943. Refere que todas as empresas privadas e públi-
cas e os órgãos governamentais que possuam empregados
32 regidos pela ConsoIidação das Leis do Trabalho (CLT) ficam
obrigados a organizar e manter em funcionamento, por esta-
belecimento, uma Comissão Interna de Prevenção de Aciden-
tes (CIPA).
A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)
tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decor-
rentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanente-
mente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da
saúde do trabalhador.

À preservação da vida e promoção


da saúde dos trabalhadores

A CIPA deverá abordar as relações entre o homem e o


trabalho, objetivando a constante melhoria das condições de
trabalho para prevenção de acidentes e doenças decorrentes
do trabalho.
A CIPA será composta de representantes do empregador
e dos empregados. Os representantes dos empregadores, ti-
tulares e suplentes serão por eles designados. Os represen-
tantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em
escrutínio secreto, do qual participem, independentemente de

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
filiação sindical, exclusiva-
mente os empregados inte-
ressados.

Figura 2: Símbolo do CIPA.


Fonte: Disponível em: <http://www.cipa.
uem.br/informativo3.php>. Acesso em:
25 maio 2009.
O mandato dos mem-
bros eleitos da CIPA terá a
duração de um ano, permiti-
da uma reeleição. É vedada
a dispensa arbitrária ou sem
justa causa do empregado
eleito para cargo de direção
de Comissões Internas de Prevenção de Acidentes, desde o
registro de sua candidatura até um ano após o final de seu
mandato.

DAS ATRIBUIÇÕES
33
A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes terá por
atribuição:

Segurança e Saúde no Trabalho


Normas Regulamentadoras NR’s de
a) Identificar os riscos do processo de trabalho, e elabo-
rar o mapa de riscos, com a participação do maior número
de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde hou-
ver;

b) Elaborar plano de trabalho que possibilite a ação pre-


ventiva na solução de problemas de segurança e saúde no
trabalho;

c) Participar da implementação e do controle da qualida-


de das medidas de prevenção necessárias, bem como da
avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho;

d) Realizar, periodicamente, verificações nos ambientes


e condições de trabalho visando a identificação de situa-
ções que venham a trazer riscos para a segurança e saúde
dos trabalhadores;

e) Realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento


das metas fixadas em seu plano de trabalho e discutir as
situações de risco que foram identificadas;
Míria Elisabete Bairros de Camargo

f) Divulgar aos trabalhadores informações relativas à


segurança e saúde no trabalho;

g) Participar, com o SESMT, onde houver, das discussões


promovidas pelo empregador, para avaliar os impactos de
alterações no ambiente e processo de trabalho relaciona-
do à segurança e saúde dos trabalhadores;

h) Requerer ao SESMT, quando houver, ou ao emprega-


dor, a paralisação de máquina ou setor onde considere
haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos
trabalhadores;

i) Colaborar no desenvolvimento e implementação do


34 PCMSO e PPRA e de outros programas relacionados à se-
gurança e saúde no trabalho;

j) Divulgar e promover o cumprimento das Normas Re-


gulamentadoras, bem como cláusulas de acordos e con-
venções coletivas de trabalho, relativas à segurança e
saúde no trabalho;

k) Participar, em conjunto com o SESMT, onde houver,


ou com o empregador da análise das causas das doenças
e acidentes de trabalho e propor medidas de solução dos
problemas identificados;

l) Requisitar ao empregador e analisar as informações


sobre questões que tenham interferido na segurança e
saúde dos trabalhadores;

m) Requisitar à empresa as cópias da Comunicação de


Acidentes de Trabalhos emitidas;
n) Promover, anualmente, em conjunto com o SESMT,
onde houver a Semana Interna de Prevenção de Aciden-
tes do Trabalho – SIPAT;

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
o) Participar, anualmente, em conjunto com a empresa,
de Campanhas de Prevenção da AIDS.

NR-6 – EPI/EPC
(Equipamentos de
Proteção Individual
e Coletiva)
A fundamentação legal, ordinária e específica, que dá em-
basamento jurídico à existência desta NR, são os artigos 166 e
167 da CLT. Esta norma estabelece e define os tipos de EPI’s a
que as empresas estão obrigadas a fornecer aos seus empre-
gados, sempre que as condições de trabalho o exigir, a fim de
resguardar a saúde e a integridade física dos trabalhadores.
Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora
(NR), considera-se Equipamento de Proteção Individual (EPI),
todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo 35
trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de

Segurança e Saúde no Trabalho


Normas Regulamentadoras NR’s de
ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
Figura 3: Equipamentos de Proteção Individual.
Fonte: Disponível em: <http://bredam.com.br/assemetra/servicos/nr6.htm>. Acesso
em: 21 maio 2009.

Entende-se como
Equipamento Conjugado
de Proteção Individual,
todo aquele composto por
vários dispositivos, que
o fabricante tenha asso-
ciado contra um ou mais
riscos que possam ocor-
rer simultaneamente e
que sejam suscetíveis de
ameaçar a segurança e a
saúde no trabalho.
Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) são aqueles que
protegem duas ou mais pessoas de um agente agressor, ao
mesmo tempo.
São meios de proteção coletiva: ventilação; enclausu-
ramento de máquina ou equipamento para isolar a condição
nociva; isolar a fonte de condição nociva em local especial e
afastado; aterramento elétrico; chuveiro de emergência; pa-
Míria Elisabete Bairros de Camargo

ra-raios.
O equipamento de proteção individual, de fabricação na-
cional ou importada, só poderá ser posto à venda ou utilizado
com a indicação do Certificado de Aprovação (CA), expedido
pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e
saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. A em-
presa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,
EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e
funcionamento, nas seguintes circunstâncias:

a) Sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam


completa proteção contra os riscos de acidentes do traba-
lho ou de doenças profissionais e do trabalho;
b) Enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem
36 sendo implantadas; e,
c) Para atender a situações de emergência.

Compete ao Serviço Especializado em Engenharia de Se-


gurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), ou a Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), nas empresas de-
sobrigadas de manter o SESMT, recomendar ao empregador
o EPI adequado ao risco existente em determinada atividade.
Nas empresas desobrigadas de constituir CIPA, cabe ao
designado, mediante orientação de profissional tecnicamente
habilitado, recomendar o EPI adequado à proteção do traba-
lhador.
Compete ao empregador quanto ao EPI:

a) Adquirir o adequado ao risco de cada atividade;


b) Exigir seu uso;
c) Fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo ór-
gão nacional competente em matéria de segurança e saú-
de no trabalho;
d) Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado
guarda e conservação;
e) Substituir imediatamente, quando danificado ou extra-

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
viado;
f) Responsabilizar-se pela higienização e manutenção pe-
riódica; e,
g) Comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.

Compete ao empregado quanto ao EPI:

a) Usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se


destina;
b) Responsabilizar-se pela guarda e conservação;
c) Comunicar ao empregador qualquer alteração que o
torne impróprio para uso; e,
d) Cumprir as determinações do empregador sobre o uso
adequado.

Os tipos de EPI’s utilizados podem variar dependendo do


tipo de atividade ou de riscos que poderão ameaçar a segu-
rança e a saúde do trabalhador e da parte do corpo que se
pretende proteger, tais como: 37
» Proteção auditiva: abafadores de ruídos ou protetores

Segurança e Saúde no Trabalho


Normas Regulamentadoras NR’s de
auriculares;
» Proteção respiratória: máscaras e filtro;
» Proteção visual e facial: óculos e viseiras;
» Proteção da cabeça: capacetes;
» Proteção de mãos e braços: luvas e mangotes;
» Proteção de pernas e pés: sapatos, botas e botinas;
» Proteção contra quedas: cintos de segurança e cinturões.

Os Equipamentos de Proteção Individual além de essen-


ciais à proteção do trabalhador, visando à manutenção de sua
saúde física e proteção contra os riscos de acidentes do traba-
lho e/ou de doenças profissionais e do trabalho, podem tam-
bém proporcionar a redução de custos ao empregador.
NR-7 – PCMSO
(Programa de Controle
Médico de Saúde
Ocupacional)
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Esta Norma Regulamentadora entrou em vigor desde ja-


neiro de 1995, ela estabelece a obrigatoriedade de elaboração
e implementação, por parte de todos os empregadores e ins-
tituições que admitam trabalhadores como empregados, do
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO),
com o objetivo de promoção e preservação da saúde do con-
junto dos seus trabalhadores.
Através do PCMSO se realizam os controles de saúde dos
empregados, bem como o monitoramento de eventuais expo-
sições a riscos ocupacionais, ou seja, controla-se e previne-se
o aparecimento de eventuais doenças ocasionadas ou agra-
vadas pelo trabalho. Além disso, é possível monitorar outras
doenças, não relacionadas ao trabalho, mas que podem oca-
sionar problemas quando não controladas (diabetes, hiperten-
38 são, etc.).
O PCMSO determinará, ainda, a necessidade da realiza-
ção de exames médicos e laboratoriais e sua periodicidade,
bem como a realização de campanhas de prevenção ou pales-
tras de orientação sobre determinados assuntos.
O PCMSO deverá considerar as questões incidentes sobre
o indivíduo e a coletividade de trabalhadores, privilegiando o
instrumental clínico-epidemiológico na abordagem da relação
entre sua saúde e o trabalho.
O PCMSO deverá ter caráter de prevenção, rastreamento
e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao
trabalho, inclusive de natureza subclínica, além da constata-
ção da existência de casos de doenças profissionais ou danos
irreversíveis à saúde dos trabalhadores.
O PCMSO deverá ser planejado e implantado com base
nos riscos à saúde dos trabalhadores, especialmente os iden-
tificados nas avaliações previstas nas demais NR.
Figura 4: Ambulatório.
Fonte: <http://www.ergomed.com.br/oque.
htm>. Acesso; 23 maio 2009.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
O PCMSO deve incluir, entre
outros, a realização obrigatória dos
exames médicos: admissionais; pe-
riódico; de retorno ao trabalho; de
mudança de função; demissional.
Os exames que deverão ser reali-
zados incluem: avaliação clínica,
abrangendo anamnese ocupacio-
nal e exame físico e mental; exa-
mes complementares, realizados de
acordo com os termos específicos
nesta NR e seus anexos.
O exame médico admissional, deverá ser realizado antes
que o trabalhador assuma suas atividades:
Em se tratando do exame médico periódico, será de acor-
do com os intervalos mínimos de tempo discriminados na NR.
No exame médico de retorno ao trabalho, deverá ser re-
alizada obrigatoriamente no primeiro dia da volta ao traba-
lho de trabalhador ausente por período igual ou superior a 30 39
(trinta) dias por motivo de doença ou acidente, de natureza

Segurança e Saúde no Trabalho


Normas Regulamentadoras NR’s de
ocupacional ou não, ou parto.
O exame médico de mudança de função será obrigatoria-
mente realizado antes da data da mudança. Entende-se por
mudança de função toda e qualquer alteração de atividade,
posto de trabalho ou de setor que implique a exposição do tra-
balhador a risco diferente daquele a que estava exposto antes
da mudança.
E o exame médico demissional, será obrigatoriamente re-
alizado até a data da homologação da demissão.
Os dados de prontuário médico dos empregados são de
acesso exclusivo do médico do trabalho responsável pela exe-
cução do programa e do próprio empregado, não podendo fi-
car à disposição da empresa, sob qualquer alegação. Eventu-
almente podem ser solicitadas informações ou relatórios por
parte de autoridades competentes, devendo tais respostas se-
rem fornecidas sempre pelo médico do trabalho. A lei obriga
que se mantenham esses dados por, no mínimo, 20 (vinte)
anos após o desligamento do empregado.
A mesma norma também determina que em relação aos
primeiros socorros que:

Todo estabelecimento deverá estar equipado com material ne-


cessário à prestação dos primeiros socorros, considerando-se as
Míria Elisabete Bairros de Camargo

características da atividade desenvolvida; manter esse material


guardado em local adequado e aos cuidados de pessoa treinada
para esse fim.

NR-9 – PPRA (Programa


de Prevenção de
Riscos Ambientais)
A fundamentação legal, ordinária e específica, que dá em-
basamento jurídico à existência desta NR, são os artigos 175
a 178 da CLT.
Esta Norma Regulamentadora (NR) estabelece a obrigato-
40 riedade da elaboração e implementação, por parte de todos os
empregadores e instituições que admitam trabalhadores como
empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambien-
tais (PPRA), visando à preservação da saúde e da integridade
dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento,
avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos am-
bientais existentes ou que venham a existir no ambiente de
trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente
e dos recursos naturais.
Todas as Empresas que tenham empregados em regime
de CLT (a partir de 01 empregado registrado) serão obrigadas
a ter o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA).
O PPRA é parte integrante do conjunto mais amplo das
iniciativas da empresa no campo de preservação da saúde e
da integridade dos trabalhadores, devendo estar articulado
com o disposto nas Normas Regulamentadoras, em especial
com o Programa de Controle Médico da Saúde Ocupacional
(PCMSO) previsto na NR-7.
Para efeito desta NR consideram-se riscos ambientais os
agentes físicos, químicos e biológicos, existentes nos ambien-
tes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
ou imensidade e tempo de exposição, são capazes de causar
danos à saúde do traba-
lhador.
Figura 5: Risco ambiental.
Fonte: Disponível em: <http://novalu-
zservicos.com.br/Saude.php>. Acesso
em: 26 maio 2009.

Consideram-se agen-
tes físicos as diversas
formas de energia a que
possam estar expostos os
trabalhadores, tais como:
ruído, vibrações, pressões
anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, ra-
diações não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom.
Consideram-se agentes químicos as substâncias, compos-
tos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via
respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas,
gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de ex- 41
posição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo

Segurança e Saúde no Trabalho


Normas Regulamentadoras NR’s de
através da pele ou por ingestão.
Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos,
bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros.

Visa exclusivamente à preservação da saúde e da


integridade física dos trabalhadores, através da antecipação,
reconhecimento, avaliação e consequente controle dos
riscos ambientais. Além disso, é uma proteção legal para
a empresa no caso de eventuais processos trabalhistas.

O PPRA tem diversas fases e recomenda-se a elaboração


de um laudo inicial por profissional da área de segurança no
trabalho. Este laudo registrará a antecipação do reconheci-
mento dos riscos existentes, e, no caso de não serem identi-
ficados, dispensará as demais etapas, resumindo-se apenas
num relatório de registro e divulgação dos dados recolhidos.
A comprovação de existência de riscos obrigará o pros-
seguimento do programa nas fases seguintes com avaliação,
controle, implantação de medidas corretivas e monitoramento
dos riscos.
A estrutura do PPRA se resume em:

Antecipação e Reconhecimento dos Riscos


Estabelecimento de Prioridades e Metas de Avaliação e Controle
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Avaliação dos Riscos e da Exposição dos Trabalhadores


Implantação de Medidas de Controle e Avaliação de sua eficácia
Monitoramento da Exposição aos Riscos
Registro e Divulgação dos Dados

A elaboração, implementação, acompanhamento e avalia-


ção do PPRA poderão ser feitas pelo Serviço Especializado em
Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT)
ou por pessoa ou equipe de pessoas que, a critério do empre-
gador, sejam capazes de desenvolver o disposto nesta NR.
O conhecimento e a percepção que os trabalhadores têm
do processo de trabalho e dos riscos ambientais presentes,
incluindo os dados consignados no Mapa de Riscos, previsto
na NR-5, deverão ser considerados para fins de planejamento
42 e execução do PPRA em todas as suas fases.
O empregador deverá garantir que, na ocorrência de ris-
cos ambientais nos locais de trabalho, que coloquem em situ-
ação de grave e iminente risco, um ou mais trabalhadores, os
mesmos possam interromper de imediato as suas atividades,
comunicando o fato ao superior hierárquico direto para as de-
vidas providências.

NR-17 – Ergonomia
A atual redação da Norma Regulamentadora 17 – Ergono-
mia4 foi estabelecida pela Portaria nº. 3.751, de 23 de novem-
4
A palavra “Ergonomia” vem de duas palavras Gregas: “ergon” que significa trabalho, e
“nomos” que significa leis. Hoje em dia, a palavra é usada para descrever a ciência de
“conceber uma tarefa que se adapte ao trabalhador, e não forçar o trabalhador a adaptar-
se à tarefa”. “A ergonomia é o estudo científico da relação entre o homem e seus meios,
métodos e espaço de trabalho. Seu objetivo é elaborar, mediante a contribuição de di-
versas disciplinas científicas que a compõem, um corpo de conhecimentos que, dentro
de uma perspectiva de aplicação, deve resultar numa melhor adaptação ao homem dos
meios tecnológicos e dos ambientes de trabalho e de vida”. (Congresso Internacional de
Ergonomia, 1969).
bro de 1990. O Ministério do Trabalho e Emprego, no ano de
2000, realizou treinamentos para auditores-fiscais do trabalho
com especialização em Saúde e Segurança no Trabalho em

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
todo o país, analisando a aplicação desta Norma pela fiscaliza-
ção de trabalho, e à própria organização do trabalho.
Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâ-
metros que permitam a
adaptação das condições
de trabalho às caracterís-
ticas psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a
proporcionar um máximo
de conforto, segurança e
desempenho eficiente.

Figura 6: Ginástica laboral.


Fonte: Disponível em: <http://novalu-
zservicos.com.br/Saude.php>. Acesso
em: 26 maio 2009.

As condições de trabalho incluem aspectos relacionados


ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mo-
biliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto
de trabalho, e à própria organização do trabalho. 43
Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às ca-

Segurança e Saúde no Trabalho


Normas Regulamentadoras NR’s de
racterísticas psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao em-
pregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a
mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho, confor-
me estabelecido nesta Norma Regulamentadora.

NR-32 – Segurança e
Saúde no trabalho em
estabelecimentos de
Assistência à Saúde
As Normas existem, são muitas como visto anteriormen-
te, algumas bem específicas, porém, a primeira Norma a con-
templar exclusivamente o trabalhador da saúde é a Norma
Regulamentadora de nº. 32 (NR-32), a proteção da saúde de
quem cuida da nossa saúde.
A NR-32 (Norma Regulamentadora para Segurança e
Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde), publicada no Diário
Oficial em 16 de novembro de 2005, a NR-32 traz importante
reforço às legislações do Ministério da Saúde, da Agência Na-
cional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e da Comissão Nacio-
Míria Elisabete Bairros de Camargo

nal de Energia Nuclear (CNEN). É especifica para os estabele-


cimentos que prestam serviços de assistência à saúde.
As diretrizes da NR-32 visam resguardar os profissionais
de saúde que se expõem aos riscos biológicos, químicos, ra-
diações ionizantes, inclusive os trabalhadores que cuidam da
limpeza dos ambientes, da lavanderia e manutenção.
A NR-32 possui três grandes eixos que são: a capacitação
dos trabalhadores, a definição dos programas que tratam os
riscos e a determinação das medidas de proteção contra os
riscos.
O setor de saúde está em quinto lugar na escala de aci-
dentes de trabalho, superando áreas consideradas de alto ris-
co, como a construção civil, da eletricidade e as indústrias
extrativas. A saúde só perde para setores como a indústria de
44 transformação, agricultura e transporte (SOARES, 2006).
A NR-32 é bastante extensa e em algumas questões, mi-
nuciosa. Antes da NR-32 não havia normatização nem padro-
nização que dessem resposta a inúmeros casos de riscos de
acidentes em estabelecimentos de saúde. Com o objetivo de
reduzir os acidentes de trabalho, a norma determina que todo
trabalhador dos serviços de saúde seja informado dos riscos
a que está submetido e tenha direito, gratuitamente, a imuni-
zação contra doenças transmissíveis. A NR-32 foi estruturada
para estabelecer diretrizes diretamente relacionadas aos ris-
cos inerentes ao profissional de saúde, no cumprimento de
suas atividades (SOARES, 2006).
De acordo com a NR-32, risco biológico é a probabilida-
de de exposição ocupacional a microrganismos, culturas de
células, parasitas, toxinas e príons5. Todo o local onde exista
a possibilidade de exposição a agente biológico deve ter lava-
5
Príons. Agente infeccioso não vivo, formado por uma molécula proteica auto-replicável
e, supostamente, sem ácido nucléico, e que se presume que seja forma modificada da
proteína pr-P (FERREIRA, 1999).
tório exclusivo para higiene das
mãos, com água corrente, sabo-
nete liquido, toalha descartável e

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
lixeira com sistema de abertura
sem contato manual.

Figura 7: Cabine de segurança biológica.


Fonte: Disponível em: <http://www.biosse-
gurancablog.blogspot.com/>. Acesso em: 21
maio 2009.

Dentre as recomendações
da NR-32, quanto a riscos quími-
cos, consta que devem ser man-
tidas as embalagens originais dos
produtos químicos utilizados em
serviços de saúde. Os recipientes
contendo produto químico manipulado ou fracionado devem
ser identificados, de forma legível, com etiqueta com o nome
do produto, composição química, concentração, data de enva-
se e validade, além do nome do responsável pela manipulação
ou fracionamento. É vedado o procedimento de reutilização
de embalagens de produtos químicos. Os equipamentos para
administração de gases e vapores anestésicos devem passar 45
por manutenção preventiva.

Segurança e Saúde no Trabalho


Normas Regulamentadoras NR’s de
Em relação às radiações ionizantes, a NR-32 determina
que mesmo cumpridas às exigências desta NR, isto não de-
sobriga o empregador de observar as disposições estabeleci-
das pelas normas especificas da Comissão Nacional de Energia
Nuclear (CNEN) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA). Determina ainda, que é obrigatório manter no local
de trabalho e a disposição, o Plano de Proteção Radiológica
(PPR), aprovado pela CNEN, e para os serviços de radiodiag-
nóstico aprovado pela Vigilância Sanitária (MTE, 2005).
Atividades
1. Marque a resposta correta.

a) ( ) Equipamento de Proteção Individual é todo


dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo
Míria Elisabete Bairros de Camargo

trabalhador. E tem a função à proteção de riscos suscetí-


veis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
b) ( ) Equipamento de Proteção Coletiva é todo dis-
positivo ou produto, de uso individual utilizado pelo tra-
balhador. E tem a função à proteção de riscos suscetíveis
de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
c) ( ) Equipamento de Proteção Individual são al-
guns dispositivo ou produto, de uso coletivo utilizado pelo
trabalhador. E tem a função à proteção de riscos suscetí-
veis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
d) ( ) Todas as respostas estão corretas.

2. A CIPA tem como objetivo:

46 a) ( ) A Comissão Interna de Prevenção de Aciden-


tes (CIPA), tem como objetivo a prevenção de acidentes e
doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar com-
patível permanentemente o trabalho com a preservação
da vida e a promoção da saúde do trabalhador.
b) ( ) A Comissão Interna de Prevenção de Aciden-
tes (CIPA), tem como objetivo a assistência nos aciden-
tes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar
compatível permanentemente o trabalho com a preserva-
ção da vida e a promoção da saúde do trabalhador.
c) ( ) A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(CIPA), tem como objetivo a prevenção de acidentes do
trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente
o trabalho com a preservação da vida e a promoção da
saúde do trabalhador.
d) ( ) Nenhuma alternativa está correta.
Referências
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 17. Dispo-

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
nível em: <http://www.novotec.com.br/moveis/moveis_
industriais/nr17_parcial.html>. Acesso em: 29 abr. 2009.

—————. NR 09. Disponível em: <http://www.novotec.


com.br/moveis/moveis_industriais/nr09_parcial.html>.
Acesso em: 29 abr. 2009.

—————. Normas Regulamentadoras. Disponível em:


<http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamen-
tadoras/default.asp>. Acesso em: 28 abr. 2009.

LIVESeg – Aproximando Prevencionistas. Disponível em:


<http://www.liveseg.com/noticias_alter_nr4.html>.
Acesso em: 19 maio 2009.

MANUAL de Rotinas Trabalhistas. Disponível em: <http://


www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr4.htm-aces-
so maio de 2009>. Acesso em: 19 abr. 2009.
47
MANUAL do CIPA. Disponível em: <http://www1.puc-

Segurança e Saúde no Trabalho


Normas Regulamentadoras NR’s de
minas.br/imagedb/documento/DOC_DSC_NOME_AR-
QUI20081104143646>. Acesso em: 20 maio 2009.

NORMA Regulamentadora. Disponível em: <http://www.


normaslegais.com.br/legislacao/trabalhista/nr/nr5.htm>.
Acesso em: 19 maio 2009.

NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacio-


nal. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/legislacao/
normas_regulamentadoras/nr_07_at.pdf>. Acesso em:
30 abr. 2009.

SERVIÇOS especializados em engenharia de segurança e


em medicina do trabalho. Disponível em: <http://www.
recursoshumanos.sp.gov.br/qualidadedevida/arquivos/
servicos/NR_04_%20Servi%C3%A7o%20Especializa-
do%20em%20Engenharia%20e%20Medicina%20do%20
Trabalho.pdf>. Acesso em: 19 maio 2009.

Anexo IV – Mapa de
Riscos
Míria Elisabete Bairros de Camargo

1. O Mapa de Riscos tem como objetivos:

a) reunir as informações necessárias para estabelecer o


diagnóstico da situação de segurança e saúde no trabalha-
dor na empresa;
b) possibilitar, durante a sua elaboração, a troca e divul-
gação de informações entre os trabalhadores, bem como
estimular sua participação nas atividades de prevenção.

2. Etapas de elaboração

a) conhecer o processo de trabalho no local analisado:


– os trabalhadores: número sexo, idade, treinamento pro-
fissional e de segurança e saúde;
48 – os instrumentos e materiais de trabalho;
– as atividades exercidas;
– o ambiente.
b) identificar os riscos existentes no local analisado, con-
forme a classificação da Tabela;
c) identificar as medidas preventivas existentes e sua efi-
cácia:
– medidas de proteção coletiva;
– medidas de organização do trabalho;
– medidas de proteção individual;
– medidas de higiene e conforto: banheiro, lavatórios, ves-
tiários, armários, bebedouro, refeitório.
d) identificar os indicadores de saúde:
– queixas mais frequentes e comuns entre os trabalhado-
res expostos aos mesmos riscos;
– acidentes de trabalho ocorridos;
– doenças profissionais diagnosticadas;
– causas mais frequentes de ausência ao trabalho:
e) conhecer os levantamentos ambientais já realizados no
local;
f) elaborar o Mapa de Riscos, sobre o layout da empresa,

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
indicando através de círculo:
– o grupo a que pertence o risco, de acordo com a cor pa-
dronizada na Tabela I;
– o número de trabalhadores expostos ao risco, o qual
deve ser anotado dentro do círculo;
– a especificação do agente (por exemplo: químico – sílica,
hexano, ácido clorídrico; ou ergonômico – repetitividade,
ritmo excessivo), que deve ser anotada também dentro do
círculo;
– a intensidade do risco, de acordo com a percepção dos
trabalhadores, que deve ser representada por tamanhos
diferentes de círculos.

3. Após discutido e aprovado pela CIPA, o Mapa de Ris-


cos, completo ou setorial, deverá ser afixado em cada local
analisado, de forma claramente visível e de fácil acesso
para os trabalhadores.

4. No caso das empresas da indústria da construção, o 49


Mapa de Riscos do estabelecimento deverá ser realizado
por etapa de execução dos serviços, devendo ser revisto

Segurança e Saúde no Trabalho


Normas Regulamentadoras NR’s de
sempre que um fato novo e superveniente modificar a si-
tuação de riscos estabelecida.
Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Cap. III
Legislação e Segurança
do Trabalhador

Acidente de Trabalho 51
A origem do Direito do Trabalho remonta à época da Re-

Legislação e Segurança do Trabalhador


volução Industrial, ocorrida no século XVIII. Esse marco histó-
rico provocou uma significativa degradação do meio ambiente
natural e laboral, que redundou no incremento de doenças
ocupacionais e acidentes de trabalho (ALMEIDA, 2007).
Acidente conforme o Dicionário da Língua Portuguesa é
um acontecimento casual, imprevisto, ou então acontecimen-
to infeliz que resulta em ferimento, dano, estrago, prejuízo,
etc. Nesse sentido, é importante observar que um acidente
não é obra do acaso e pode trazer consequências indesejáveis.
Em outras palavras acidentes pode ser previstos. Se pude-
rem ser previstos podem ser evitados. Os acidentes em geral
são os resultados de uma combinação de vários fatores, entre
eles, falhas humanas e falhas materiais.
Segundo Falcão e Rousselet (1999), o acidente do tra-
balho, na sua grande parte poderia ser evitado, se houvesse
uma maior atenção desde o planejamento, gerenciamento e
processos adequados de execução.
O artigo 19 de Lei nº. 8.213 de 24 de julho de 1991 de-
fine: “o acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do
trabalho a serviço da empresa, ou pelo exercício do trabalho
do segurado especial, provocando lesão corporal ou pertur-
bação funcional de caráter temporário ou permanente”. Pode
Míria Elisabete Bairros de Camargo

causar desde um simples afastamento, a perda ou a redu-


ção da capacidade para o trabalho, até mesmo a morte do
segurado. São elegíveis aos benefícios concedidos em razão
da existência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos
ambientais do trabalho: o segurado empregado, o trabalhador
avulso e o segurado especial, no exercício de suas atividades.
O conceito técnico de Acidente do Trabalho é toda a cir-
cunstância não prevista ao andamento normal da atividade do
trabalho, que poderão resultar danos físicos e/ ou funcionais,
ou morte e perdas materiais e econômicos (XAVIER, 2002).
Também são considerados como acidentes do trabalho:

a) o acidente ocorrido no trajeto entre a residência e o


local de trabalho do segurado6;
52 b) a doença profissional, assim entendida a produzida ou
desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a deter-
minada atividade; e
c) a doença do trabalho, adquirida ou desencadeada em
função de condições especiais em que o trabalho é reali-
zado e com ele se relacione diretamente.

Importante ressaltar, que os acidentes sofridos pelos tra-


balhadores, no horário e local de trabalho, devidos a agressões,
sabotagens ou atos de terrorismo praticados por terceiros ou
colegas de trabalho, também são considerados acidentes de
trabalho. Também aqueles acidentes sofridos fora do local e
horário de trabalho, desde que o trabalhador esteja execu-
tando ordens ou serviços sob a autoridade da empresa. Outra
situação seria o acidente que ocorre durante viagens a servi-
6
Entende-se como percurso o trajeto da residência ou do local de refeição para o traba-
lho ou deste para aqueles, independentemente do meio de locomoção, sem alteração ou
interrupção voluntária do percurso habitualmente realizado pelo segurado. O empregado
será considerado no exercício do trabalho no período destinado à refeição ou descanso,
ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou
durante este.
ço, mesmo que seja com fins de estudo, desde que financiada
pela empresa.
Para que o acidente, ou a doença, seja considerado como

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
acidente do trabalho é imprescindível que seja caracterizado
tecnicamente pela Perícia Médica do INSS, que fará o reconhe-
cimento técnico do nexo causal entre o acidente e a lesão; a
doença e o trabalho; e a causa mortis e o acidente. Na con-
clusão da Perícia Médica, o médico-perito pode decidir pelo
encaminhamento do segurado para retornar ao trabalho ou
emitir um parecer sobre o afastamento (BRASIL, MPS, 2009).

Comunicação de
Acidente do Trabalho
A Lei nº 8.213 de 1991 determina em seu artigo 22 que
todo o acidente do trabalho ou doença profissional deverá ser
comunicado pela empresa ao Instituto Nacional de Seguro So-
cial INSS), sob pena de multa em caso de omissão (BRASIL,
MPS, 2009a).
Destaca-se a importância da CAT, principalmente o com-
pleto e exato preenchimento do formulário, tendo em vista 53
as informações nele contidas, não apenas do ponto de vista

Legislação e Segurança do Trabalhador


previdenciário, estatístico e epidemiológico, mas também tra-
balhista e social (BRASIL, MPS, 2009a).
Deverão ser comunicadas ao INSS, mediante formulário
“Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT”, as seguintes
ocorrências:
OCORRÊNCIAS TIPOS DE CAT
a) Acidente do trabalho, típico CAT inicial.
ou de trajeto, ou doença profis-
sional ou do trabalho.
b) Reinício de tratamento e/ou CAT reabertura.
afastamento por agravamento
de lesão de acidente do traba-
lho, ou doença profissional ou
do trabalho, já comunicado an-
teriormente ao INSS.
c) Falecimento decorrente de CAT comunicação de óbito.
acidente ou doença profissional
ou do trabalho, ocorrido após a
emissão da CAT inicial.
Fonte: Ministério da Previdência Social. Disponível em: <http://www1.previdencia.gov.
br/pg_secundarias/paginas_perfis/perfil_Empregador_10_04-A3.asp>. Acesso em: 15
abr. 2009.
Míria Elisabete Bairros de Camargo

A CAT é apresentada em três tipos, a saber de acordo com


o quadro acima:

Tipo 1 – inicial: quando corresponder ao registro do


evento acidente do trabalho, típico ou de trajeto, ou doença
profissional ou do trabalho;
Tipo 2 – reabertura: a correspondente ao reinício de tra-
tamento ou afastamento por agravamento de lesão de aci-
dente do trabalho ou doença profissional ou do trabalho, já
comunicado anteriormente ao INSS;
Tipo 3 – óbito: a correspondente a falecimento decorren-
te de acidente ou doença profissional ou do trabalho, ocorrido
após a emissão da CAT inicial. As CATs de reabertura e de
54 comunicação de óbito vinculam-se, sempre, as CATs iniciais,
a fim de evitar-se a duplicação na captação das informações
relativas aos registros.

A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho,


ocorrido com seu empregado, havendo ou não afastamento
do trabalho, até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência
e, em caso de morte, de imediato à autoridade competente,
sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o teto má-
ximo do salário-de-contribuição, sucessivamente aumentada
nas reincidências, aplicada e cobrada na forma do artigo 109
do Decreto nº. 2.173/97 (BRASIL, MPS, 2009a).

Os Benefícios
A Previdência Social oferece dez modalidades de benefí-
cios além da aposentadoria. A finalidade da Previdência Social
é proteger e oferecer segurança aos trabalhadores nos mo-
mentos difíceis. Para ter direito aos benefícios, o trabalhador
deve estar em dia com as contribuições. A seguir será descrito
os benefícios acidentários.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Benefício Acidentário

Os benefícios acidentários relacionam-se à ocorrência de


acidentes do trabalho, típicos ou de trajeto, e a doenças cau-
sadas ou relacionadas ao exercício de atividades laborais. Isto
se encontra em conformidade com a Constituição Federal de
1988, que garante aos trabalhadores o seguro de acidentes
do trabalho, a cargo do empregador (Inciso XXVIII do Art. Nº.
70), para os que têm vinculação empregatícia, consolidando o
domínio da esfera pública sobre esta atuação, já prevista na
Lei No. 5.316 de 1967 (SANTANA, 2005).
Auxilio Acidente: benefício pago ao trabalhador que sofre
um acidente e fica com sequelas que reduzem sua capaci-
dade de trabalho. É concedido para segurados que recebiam
auxílio-doença. Têm direito ao auxílio-acidente o trabalhador
empregado, o trabalhador avulso e o segurador especial. O
empregado doméstico, o contribuinte individual e o facultativo
não recebem o benefício. Para concessão do auxílio-acidente 55
não é exigido tempo mínimo de contribuição, mas o trabalha-
dor deve ter qualidade de segurado e comprovar a impossibi-

Legislação e Segurança do Trabalhador


lidade de continuar desempenhando suas atividades, por meio
de exame da perícia médica da Previdência Social. O benefício
deixa de ser pago quando o funcionário se aposenta (BRASIL,
MPS, 2005).

Auxílio Doença Acidentário

Esse benefício é concedido ao segurado impedido de tra-


balhar por doença ou acidente por mais de 15 dias consecu-
tivos. No caso dos trabalhadores com carteira assinada, os
primeiros 15 dias são pagos pelo empregador, e a Previdência
Social paga a partir do 16º dia de afastamento do trabalho.
No caso do contribuinte individual (empresário, profissionais
liberais, trabalhadores por conta própria, entre outros), a Pre-
vidência paga todo o período da doença ou do acidente (desde
que o trabalhador tenha requerido o benefício).
Para concessão de auxílio-doença é necessária a compro-
vação da incapacidade em exame realizado pela perícia médi-
ca da Previdência Social. O trabalhador que recebe auxílio-do-
ença é obrigado a realizar exame médico periódico e participar
do programa de reabilitação profissional prescrito e custeado
pela Previdência Social, sob pena de ter o benefício suspenso
(BRASIL, MPS, 2009b).
Míria Elisabete Bairros de Camargo

O auxílio-doença deixa de ser pago quando o segurado


recupera a capacidade e retorna ao trabalho ou quando o be-
nefício se transforma em aposentadoria por invalidez.Para ter
direito ao benefício, o trabalhador tem de contribuir para a
Previdência Social por, no mínimo, 12 meses.

Auxílio-Doença

Terá direito ao benefício sem a necessidade de cumprir o


prazo mínimo de contribuição, desde que tenha qualidade de
segurado, o trabalhador acometido de tuberculose ativa, han-
seníase, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, para-
lisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de
Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave,
56 doença de Paget (osteíte deformante) em estágio avançado,
síndrome da deficiência imunológica adquirida (Aids) ou con-
taminado por radiação (comprovada em laudo médico) (BRA-
SIL, MPS, 2009b).
Aposentadoria Especial
Benefício concedido ao segurado que tenha trabalha-
do em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física.
Para ter direito à aposentadoria especial, o trabalhador deverá
comprovar, além do tempo de trabalho, efetiva exposição aos
agentes físicos, biológicos ou associação de agentes prejudi-
ciais pelo período exigido para a concessão do benefício (15,
20 ou 25 anos) (BRASIL, MPS, 2009b).

Aposentadoria por Invalidez

Benefício concedido aos trabalhadores que, por doença


ou acidente, forem considerados pela perícia médica da Pre-
vidência Social incapacitados para exercer suas atividades ou
outro tipo de serviço que lhes garanta o sustento. Quem re-
cebe aposentadoria por invalidez tem que passar por perícia
médica de dois em dois anos, se não, o benefício é suspenso.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
A aposentadoria deixa de ser paga quando o segurado recu-
pera a capacidade e volta ao trabalho (BRASIL, MPS, 2009b).

Pensão por Morte

Benefício pago à família do trabalhador quando ele morre.


Para concessão de pensão por morte, não há tempo mínimo
de contribuição, mas é necessário que o óbito tenha ocorrido
enquanto o trabalhador tinha qualidade de segurado. Se o óbi-
to ocorrer após a perda da qualidade de segurado, os depen-
dentes terão direito a pensão desde que o trabalhador tenha
cumprido, até o dia da morte, os requisitos para obtenção
de aposentadoria, concedida pela Previdência Social (BRASIL,
MPS, 2009b).
No Brasil ocorre cerca de 1 morte a cada 3 horas, motiva-
das pelo risco decorrentes dos fatores ambientais do trabalho
e ainda cerca de 14 acidentes ocorrem a cada 15 minutos na
jornada diária (Fonte: MPS).
57
Saúde e Segurança Ocupacional

Legislação e Segurança do Trabalhador


Conforme Frias Júnior (2002), a história da organização
das ações de Saúde e Segurança no Trabalho pelos empre-
gadores confunde-se com a própria história da Medicina do
Trabalho, tanto no Brasil, quanto em outros países. Tem como
marcos a Primeira Revolução Industrial ocorrida na Inglater-
ra, nos séculos XVII e XIX e a Segunda Revolução Industrial
ocorrida nos EUA, que coincide com a emergência da Saúde
Ocupacional (p. 21).
A partir da Revolução Industrial,na Inglaterra,no início do
século XIX,quando a fábrica passa a ocupar o espaço das rela-
ções produtivas, o serviço médico de empresa,absorveu,grande
parte das atenções médicas voltadas ao trabalhador. Assim em
1830 surgiu o primeiro serviço de medicina do trabalho nas
empresas, preconizado por Robert Baker (SEGRE e ZAHER,
2002).
No Brasil, podemos fixar por volta de 1930 a nossa revo-
lução industrial e, embora tivéssemos já a experiência de ou-
tros países, em menor escala, é bem verdade, atravessamos
os mesmos percalços.
Saúde Ocupacional é o ramo das atenções de saúde que
visam ao trabalhador. Tem por objetivo a preservação da saú-
de do homem que trabalha, melhorando suas condições de
Míria Elisabete Bairros de Camargo

ambiente laborativo e atenuando as consequências do traba-


lho que lhe são prejudiciais (SEGRE e ZAHER, 2002).
Para Segre e Zaher (2002), a Saúde Ocupacional é uma
atividade em que o médico detêm apenas uma parte das res-
ponsabilidades, as outras partes competem ao engenheiro, ao
psicólogo, ao enfermeiro, ao técnico de segurança do trabalho,
ao administrador. Destaca oa autores que a Saúde Ocupacional
abrange não somente a atenção com as doenças provenientes
do trabalho, bem como, a preservação da saúde do trabalha-
dor como um todo, incluindo os aspectos extraprofissionais.
As áreas de atuação em Saúde Ocupacional são: na fábri-
ca, na empresa comercial, no sindicato, no centro de saúde,
na instituição hospitalar, na secretaria de Governo. A forma de
atução se dá nos três de níveis de atenção: primária, secun-
58 dária e terciária. No nível de atenção primária se dá impor-
tância a prevenção, seja ela realizada mediante cuidados com
o ambiente de trabalho ou através de controles periódicos da
população exposta, visando ao diagnóstico precoce das enfer-
midades. No nível de atenção secundária o atendimento é por
exemplo laboratorial, na atenção terciária se dá a nível hospi-
talar o tratamento das doenças ou em centros especializados
(SEGRE e ZAHER, 2002).
Para Segre e Zaher (2002) é recente e bem vinda, a cons-
cientização de muitos empresários para o fato de que os cui-
dados de saúde ocupacional prestados aos seus trabalhadores
revertem no final, em benefício da própria empresa, com um
aumento e melhora da produção.

Legislação da Atenção Básica

Cuidar da saúde do trabalhador é cuidar do seu ambiente


de trabalho. As questões da saúde, um ambiente de trabalho
sadio, adequação do trabalho ao homem, controlar e eliminar
os riscos inerentes ao trabalho é algumas das questões con-
templadas na legislação apresentada a seguir. O termo saúde

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
do trabalhador refere-se a um campo do saber que visa com-
preender as relações entre o trabalho e o processo saúde/
doença.
No art. 200 da Constituição Federal de 1988, fica estabe-
lecido que o Sistema Único de Saúde (SUS) deverá executar
as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como
as de saúde do trabalhador, colaborando na proteção do meio
ambiente, nele compreendido o ambiente do trabalho (RIO
GRANDE DO SUL, 2000).
A Constituição de 1988 consagra ainda, no artigo 6º, a
saúde e o trabalho como direitos sociais, inseridos no conceito
de direitos fundamentais. Elenca também, como direito dos
trabalhadores urbanos e rurais a redução dos riscos inerentes
ao trabalho, por meio de normas de saúde, hi-
giene e segurança (art. 7. XXII), referindo ainda,
que o direito à saúde deve ser garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem reduzir
os riscos de doença e outros agravos no art. 196.
A saúde, como direito universal e dever do 59
Estado, é uma conquista do cidadão brasileiro, ex-
pressa como foi apresentado na Constituição Fe-

Legislação e Segurança do Trabalhador


deral e regulamentada pela Lei Orgânica da Saú-
de. No âmbito deste direito encontra-se a saúde
do trabalhador.
Figura 1: Xilogravura de trabalhadores no corte de cana, no
computador, no trator e na construção.
Fonte: Brasil, MS, 2009.

Conforme a Lei nº. 8080/90 art. 6 parágrafo


3, as atividades destinadas a promoção e prote-
ção da saúde dos trabalhadores,assim como a re-
cuperação e reabilitação da saúde abrangem:

I) asistência ao trabalhador vítima de acidentes de traba-


lho ou portador de doença profissional e do trabalho;
II) participação, no âmbito de competência do Sistema
Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação
e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde exis-
tentes no processo de trabalho;

III) participação, no âmbito de competência do Sistema


Único de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e
controle das condições de produção, extração, armazena-
mento, transporte, distribuição e manuseio de substân-
Míria Elisabete Bairros de Camargo

cias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que


apresentem riscos à saúde do trabalhador;

IV) avaliação do impacto que as tecnologias provocam á


saúde;

V) informação ao trabalhador e à sua respectiva entida-


de sindical e a empresas sobre os riscos de acidente de
trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os
resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exa-
mes de saúde, de admissão, periódicos e de demissão,
respeitados os preceitos da ética profissional;

VI) participação na normatização, fiscalização e controle


60 dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e
empresas públicas e privadas;

VII) revisão periódica da listagem oficial de doenças origi-


nadas no processo de trabalho, tendo na sua elaboração,
a colaboração das entidades sindicais;

VIII) a garantia ao sindicato dos trabalhadores de reque-


rer ao órgão competente a interdição de máquina, de se-
tor de serviço ou de todo o ambiente de trabalho, quando
houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde
dos trabalhadores (BRASIL, MS, 2009).

A Portaria de nº. 1.125 de 6 de julho de 2005, dispõe so-


bre os propósitos da política de saúde do trabalhador para o
Sistema Único de Saúde (SUS), no artigo 1º está proposto a
promoção da saúde e a redução da mobimortalidade dos tra-
balhadores, mediante ações integradas. No art. 2º estabelece
que as ações em saúde do trabalhador sejam organizadas em
todos os níveis de atenção com as seguintes diretrizes:

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
I) atenção integral da saúde dos trabalhadores, envol-
vendo a promoção de ambientes e processos de trabalho
saudáveis, o fortalecimento da vigilância de ambientes,
os processos e agravos relacionados ao trabalho, a assis-
tência integral à saúde dos trabalhadores e a adequação
e ampliação da capacidade institucional;

II) articulação Intra e Intersetorial;

III) estruturação de Rede de Informações em Saúde do


Trabalhador;

IV) apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas em


Saúde do Trabalhador;

V) desenvolvimento e Capacitação de Recursos Humanos;

VI) e participação da comunidade na Gestão das Ações


em Saúde do Trabalhador. 61
Com relação à saúde dos trabalhadores devem-se consi-

Legislação e Segurança do Trabalhador


derar os mais variados riscos ambientais e organizacionais aos
quais estão expostos, em função da sua inserção nos proces-
sos de trabalho. Desta forma as ações de saúde do trabalha-
dor devem ser incluídas formalmente na agenda da empresa,
da indústria, da fábrica, no comércio, entre outros, na medida
em que passa a olhá-los como sujeitos ao adoecimento espe-
cífico que exige estratégias também específicas.
Exercícios
1. Marque a alternativa correta. “O acidente de trabalho
é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empre-
sa, ou pelo exercício do trabalho do segurado especial, pro-
vocando lesão corporal ou perturbação funcional de caráter
temporário ou permanente”. Qual a lei que regulamenta esta
Míria Elisabete Bairros de Camargo

definição?

a) ( ) A Lei nº. 8.213 de 24 de julho de 1991.


b) ( ) A Lei nº. 8.213 de 24 de julho de 1993.
c) ( ) A Lei nº. 8.215 de 24 de julho de 1991.
d) ( ) Todas as alternativas estão incorretas.

2. Os três tipos de CAT a saber são:

a) ( ) Tipo 1 – inicial: quando corresponder ao regis-


tro do evento acidente do trabalho, típico ou de trajeto,
ou doença profissional ou do trabalho.
b) ( ) Tipo 2 – reabertura: a correspondente ao rei-
62 nício de tratamento ou afastamento por agravamento de
lesão de acidente do trabalho ou doença profissional ou
do trabalho, já comunicado anteriormente ao INSS.
c) ( ) Tipo 3 – óbito: a correspondente a falecimento
decorrente de acidente ou doença profissional ou do tra-
balho, ocorrido após a emissão da CAT inicial.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

Referências
ALMEIDA, Marcos Antônio Ferreira. Tutela jurídica da saú-
de e segurança do trabalhador: estratégias para sua efetivi-
dade. Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1424, 26 maio
2007. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.
asp?id=9890>. Acesso em: 18 mar. 2009.
BRASIL. Ministério da Previdência Social. Disponível em:
<http://www.previdenciasocial.gov.br/conteudoDinamico.
php?id=635>. Acesso em: 28 mar. 2009.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
—————. Ministério da Previdência Social. Disponível em:
<http://www.mps.gov.br/conteudoDinamico.php?id=297>.
Acesso em: 28 mar. 2009a.

—————. Ministério da Previdência Social. Disponível em:


<http://www.previdenciasocial.gov.br/conteudoDinamico.
php?id=20>. Acesso em: 28 mar. 2009b.

—————. Ministério da Previdência Social. Saiba como utili-


zar o seu seguro social. Guia do Trabalhador. 3. ed. Brasília:
MPS, 2005. Disponível em: <http://www.previdenciasocial.
gov.br/arquivos/office/3_081014-104341-442.pdf>. Acesso
em: 28 mar. 2009.

—————. Ministério da Saúde. Diretrizes Básicas. Dis-


ponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/area.
cfm?id_area=1146>. Acesso em: 29 abr. 2009.
63
FALCÃO, C.; ROUSSELET, E. S. A segurança na obra. Rio de
Janeiro: Editora Interciência LTDA, 1999.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda; ANJOS, Margarida Legislação e Segurança do Trabalhador


dos; FERREIRA, Marina Baird. Aurélio Edição Especial. 2º.
Ed. Rio de Janeiro: Editora Positivo, 2008.

FRIAS JÚNIOR, Mário Ferreira. Saúde no trabalho: temas


básicos para o profissional que cuida da saúde dos trabalha-
dores. São Paulo: Roca, 2002.

MATOS, U. A. O. et al. Novas tecnologias, organização do tra-


balho e seus impactos na saúde e no meio-ambiente. In: Saú-
de, meio-ambiente e condições de trabalho – conteúdo
básico para uma ação. São Paulo: CUT/Fundacentro, 1995.
p. 27-53.
RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de Saúde. SUS é Legal.
Legislação Federal e Estadual. Conselho Estadual de Saúde,
2000. Disponível em: <http://www.saude.rs.gov.br/>.

SANTANA, Vilma Sousa. Bases epidemiológicas do Fator Aci-


dentário Previdenciário. Rev. bras. epidemiol. [online].
2005, v. 8, n. 4, p. 440-53.
Míria Elisabete Bairros de Camargo

SEGRE, Marco; ZAHER, Vera Lúcia. Ética e Responsabilidade


dos Profissionais que cuidam da Saúde dos Trabalhadores. In:
FRIAS JÚNIOR, Mário Ferreira (Org.). Saúde no trabalho:
temas básicos para o profissional que cuida da saúde dos tra-
balhadores. São Paulo: Roca, 2002.

SILVA, Clara Teixeira da. Saúde do trabalhador: um desafio


para qualidade total no Hemorio. [Mestrado] Fundação Oswal-
do Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública. Rio de Janeiro:
[s.n.], 2000.

XAVIER, A. A. P. Introdução à engenharia do trabalho.


Apostila do Curso de Especialização de Engenharia de Segu-
64 rança do Trabalho. Pato Branco: UTFPR, 2002.
Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Cap. IV
Ergonomia na
Promoção da Saúde
dos Trabalhadores

Introdução 65
Desde os tempos do Homem das Cavernas, a Ergonomia
Trabalhadores
Ergonomia na Promoção da Saúde dos
já existia e era aplicada. Quando se descobriu que uma pe-
dra poderia ser afiada até ficar pontiaguda e transformar-se
numa lança ou num machado, ali estava se aplicando a Ergo-
nomia. Quando se posicionavam galhos ou troncos de árvores
sob rochas ou outros
obstáculos, como
alavanca ali estava a
Ergonomia.

Figura 1: Evolução pos-


tural.
Fonte: Acervo da autora.

O médico italiano Bernardino Ramazzini (1633-1714)


foi o primeiro a escrever sobre doenças e lesões relaciona-
das ao trabalho, em sua publicação de 1700 “De Morbis Ar-
tificum” (Doenças ocupacionais). Ramazzini foi discriminado
por seus colegas médicos por visitar os locais de trabalho de
seus pacientes a fim de identificar as cau-
sas de seus problemas. O termo ergono-
mia, derivado das palavras gregas ergon
(trabalho) e nomos (lei natural), entraram
para o léxico moderno quando Wojciech
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Jastrzębowski o usou em um artigo em


1857 (PEGATIN, 2008).

Figura 2: Bernardino Ramazzini.


Fonte: BEDRIKOW, 1956.

Frederick Winslow Taylor engenheiro americano, nasceu


em Germantown, no subúrbio de Filadélfia, estado de Pen-
silvânia, nos Estados Unidos, lançou no ano de 1911 o livro
“Princípios de Administração Científica”, com uma abordagem
que buscava a melhor maneira de executar um trabalho e suas
tarefas. Mediante aumento e redução do tamanho e peso de
uma pá de carvão, até que a melhor relação fosse alcançada,
Taylor triplicou a quantidade de carvão que os trabalhadores
poderiam carregar em um dia (Pegatin, 2008).
66 No início do ano de 1900, Frank Bunker Gilbreth com a sua
esposa/colaboradora Lilian Moller Gilbreth, buscou compreen-
der os hábitos de trabalho de empregados de indústrias e en-
contrar meios de argumentar a produção deles. Expandiram
os métodos de Taylor para desenvolver “Estudos de Tempos e
Movimentos” o que ajudou a melhorar a eficiência, eliminando
passos e ações desnecessárias. Ao aplicar tal abordagem, Gil-
breth reduziu o número de movimentos no assentamento de
tijolos de 18 para 4,5 permitindo que os operários aumentas-
sem a taxa de 120 para 350 tijolos por hora (Pegatin, 2008).
A segunda Guerra Mundial marcou o advento de máqui-
nas e armas sofisticadas, criando demandas cognitivas jamais
vistas antes por operadores de máquinas, em termos de to-
mada de decisão, atenção, análise situacional e coordenação
entre mãos e olhos.
Alphonse Chapanis foi um dos fundadores da ergonomia.
Ele foi muito ativo na melhoria da segurança na aviação na
época da Segunda Guerra Mundial. Uma de suas contribui-
ções mais conhecidas foi a codificação de formato, quando
ele, que na época era tenente da Força Aérea Americana, re-
solveu o problema de um dos controles de uma aeronave se-

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
rem confundidos com outro, parcialmente por serem próximos
um ao outro. Foi observado que aeronaves em perfeito estado
de funcionamento, conduzidas pelos melhores pilotos, ainda
caíam. Em 1943, Alphonse Chapanis, mostrou
que o “erro do piloto” poderia ser muito redu-
zido quando controles mais lógicos e diferen-
ciáveis, substituíram os confusos projetos das
cabinas dos aviões (Disponível em: <http://
translate.google.com.br/translate?hl=pt->.
Acesso em: 19 jun. 2009).

Figura 3: Alphonse Chapanis.


Fonte: Acervo da autora.

Em 1949, K. F. H. Murrel, engenheiro inglês, começou a


dar um conteúdo mais preciso a este termo, e fez o reconheci-
mento desta disciplina científica criando a primeira associação
nacional de Ergonomia, a Ergonomic Research Society, que
reunia fisiologistas, psicólogos e engenheiros que se interes-
savam pela adaptação do trabalho ao homem. E foi a partir 67
daí que a Ergonomia se desenvolveu em outros países indus-
trializados e em vias de desenvolvimento (EVARISTO, 2009).
Trabalhadores
Ergonomia na Promoção da Saúde dos
Nas décadas seguintes à guerra e até os dias atuais, a
ergonomia continuou a desenvolver-se e a diversificar-se. A
era espacial criou novos problemas de ergonomia, tais como
a ausência de gravidade e forças gravitacionais extremas. Até
que ponto poderia este ambiente ser tolerado e que efeito te-
ria sobre a mente e o corpo? A era da informação chegou ao
campo da interação homem-computador, enquanto o cresci-
mento de demanda e a competição
entre bens de consumo e produtos
eletrônicos, resultou em mais em-
presas levando em conta fatores
ergonômicos no projeto de produ-
tos.

Figura 4: Dor referente à má postura.


Fonte: Acervo da autora.
O termo Ergonomia foi adotado nos principais países eu-
ropeus, onde se fundou em 1959 em Oxford, a Associação
Internacional de Ergonomia (IEA – International Ergonomics
Association), e foi em 1961 que esta associação realizou o
seu primeiro congresso em Estocolmo, na Suécia. Nos Estados
Unidos foi criada a Human Factors Society em 1957, e até
hoje o termo mais frequente naquele país continua a ser Hu-
Míria Elisabete Bairros de Camargo

man Factors & Ergonomics (Fatores Humanos e Ergonomia) ou


simplesmente Human Factors, embora Ergonomia tenha sido
aceita como sinônimo desde a década de 1980. Isto ocorreu
porque no princípio a Ergonomia tratava apenas dos aspectos
físicos da atividade de trabalho.
A ergonomia baseia-se em muitas disciplinas em seu es-
tudo dos seres humanos e seus ambientes, incluindo antropo-
metria, biomecânica, engenharia, fisiologia e psicologia.
Pode-se aplicar estudos ergonômicos no lar, no transpor-
te, no lazer, na escola e principalmente, no trabalho, ou seja,
em qualquer lugar.

Definição
68 A Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1960
definiu a ergonomia como: “Aplicação das ciências biológicas
conjuntamente com as ciências da engenharia para conseguir
o ótimo ajustamento do ser humano ao seu trabalho, e asse-
gurar, simultaneamente, eficiência e bem-estar”.
Figueiredo e Mont’Alvão (2005) apresentam a definição
oficial de ergonomia declarada em agosto de 2000, pela Inter-
national Ergonomics Association (IEA):

[...] a ergonomia é uma disciplina científica relacionada ao en-


tendimento das interações entre seres humanos e outros ele-
mentos ou sistemas e à aplicação de teorias, princípios, dados e
métodos a projetos a fim de otimizar o bem-estar humano e o
desempenho global do sistema (p. 90).

Passados quatro anos, a Internacional Ergonomics Asso-


ciation resume a definição dizendo que “ergonomia é a deriva-
ção da palavra grega ergon (trabalho) e nomos (normas, re-
gras, leis), ou seja, trata-se de uma disciplina orientada para
uma abordagem sistêmica de todos os aspectos da atividade
humana”.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
No Brasil, existe uma Norma Regulamentadora específica
da ergonomia. Criada em 23 de novembro de 1990, pelo Minis-
tério do Trabalho e Previdência Social através da Portaria nº.
3751 – NR-17. Esta Norma visa estabelecer parâmetros que
permitam a adaptação das condições de trabalho às caracte-
rísticas dos trabalhadores, de modo
a propiciar um máximo de conforto,
segurança e desempenho eficiente
e à própria organização do trabalho
(MINISTÉRIO DO TRABALHO E EM-
PREGO, 2007).

Figura 5: Postura laboral.


Fonte: Acervo da autora.

Barros (2006) descreve que a organização do trabalho


cabe ao próprio trabalhador, coordenar individual e coletiva-
mente o seu conteúdo, a divisão das tarefas, a divisão dos
homens e as relações que mantém entre si.
Em 1975, mesmo antes da explosão do advento tecnoló- 69
gico, surgem os primeiros postos informatizados. E de acordo

Trabalhadores
Ergonomia na Promoção da Saúde dos
com Costa (2007), surgem os primeiros maus sinais na saúde
dos digitadores desencadeados pelas condições do ambiente
de trabalho. A partir deste momento se percebeu que ergono-
mia e Ginástica Laboral deveriam caminhar juntas, tentando
prevenir as consequências que estavam começando a acome-
ter esses profissionais.
Martins (2005) através de suas pesquisas na internet so-
bre um centro de pesquisas canadense de ergonomia (Cana-
dian Center for Occupacional Health and Safety), pressupõem
que essas más condições, quando ergonômicas, serão inade-
quadas se o trabalho for desproporcional com a estrutura do
trabalhador e/ou com sua capacidade de continuar trabalhan-
do. Mas como nada nessa vida é impossível, a autora insiste
que se o local de trabalho e sua organização estiverem ajus-
tados, será possível prevenir lesões e doenças relacionadas às
condições ergonômicas inadequadas.
Figura 6: Postura incorreta.
Fonte: Acervo da autora.

Para Polito e Bergamaschi


(2002), em concordância com os es-
tudos de Rio (1998) postos de tra-
balho adequados, ergonomicamente
explicando, devem proporcionar ao
Míria Elisabete Bairros de Camargo

indivíduo posturas anatomicamente


corretas, dentro dos limites aceitáveis. As autoras destacam,
ainda, a importância da postura no trabalho por representa-
rem o estado de acomodação do sistema músculo-esquelético,
principalmente nos casos de digitadores que passam a maior
parte do tempo na mesma posição (sentados, com os braços
semiflexionados) por causa do uso do computador.
Costa (2007) em seu trabalho – Ergonomia para digita-
dores – cita quatro objetivos considerados principais da ergo-
nomia:

a) Exigência técnica – adequação do ambiente de tra-


balho às capacidades biomecânicas do homem (capaci-
dade de suportar forças internas e externas que atuam
70 sobre o corpo humano e os efeitos que elas produzem),
pela organização do mesmo e utilização de equipamentos
adequados a cada tarefa e a medida antropométrica (ta-
manho) de cada pessoa;
b) Exigência econômica – aumentar a produtividade do
trabalhador com o passar do tempo, pois trabalhador le-
sionado não gera capital e sim prejuízo;
c) Exigência social – prevenir LER/DORT e promover a
saúde;
d) Diminuir a fadiga e o desconforto físico e mental do
trabalhador.

A empresa tem grande responsabilidade na tarefa de


adaptar o trabalho ao homem, como está escrito no item 17.4
da NR-17: “todos os equipamentos que compõem um posto
de trabalho devem estar adequados às características psico-
fisiológicas7 dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser
executado” e, cabe ao trabalhador, preparar-se tecnicamente
e buscar adequação dentro de seus limites fisiológicos.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Figura 7: Comparação de posturas.
Fonte: Acervo da autora.

Os erros ergonômicos
das tarefas resultam no
surgimento de lesões os-
teoarticulares (lesões nas
articulações que envolvem
os ossos), de tendões ou
músculos, conhecidos como LER/DORT. Muitas empresas co-
metem esses erros ergonômicos, e continuam a cometê-los,
muitas vezes por falta de informação ao exigir do seu funcio-
nário o que não está previsto nas leis, que mantém ou que
procuram manter um estado de saúde aceitável.
Wilson (2000) refere que qualquer definição aceitável de
Ergonomia deve enfatizar a necessidade de um entendimento
fundamental sobre as pessoas e as suas interações e a prática
de melhorar essas interações. O autor destaca que a Ergono-
mia deve estar relacionada a experiência do mundo moderno 71
com interações múltiplas e complexas.
Conforme Moraes e Soares (1989) o atendimento aos re-
Trabalhadores
Ergonomia na Promoção da Saúde dos
quisitos ergonômicos possibilita:

• Maximizar o conforto, a satisfação e o bem-estar;


• Garantir segurança;
• Minimizar constrangimentos, custos humanos e carga
cognitiva, psíquica e física do operador e/ou usuário;
• Evitar doenças profissionais,lesões e mutilações do tra-
balhador;
• Otimizar o desempenho da tarefa, o rendimento de tra-
balho e a produtividade do sistema homem-máquina.
7
Prefere escolher livremente a sua postura de trabalho; utiliza de forma alternada toda
a musculatura corporal, evitando determinados segmentos corporais; não aceita realizar
atividades, cujas tarefas sejam partidas, não interage bem com máquinas; como ser
humano, é compelido a acelerar a cadência das tarefas, daí a dificuldade de interagir
com máquinas; responde melhor a tarefa, quando é estimulado a resolver os problemas
ligados a execução das tarefas; em um grupo de funcionários as capacidades sensitivas
e motoras funcionam dentro de certos limites, variando de pessoa para pessoa; com a
idade sua capacidade sensomotora sofrem modificações, em função do envelhecimento.
Tipos de Ergonomia
Alguns autores dividem a ergonomia em:

a) Ergonomia de correção: procura melhorar as


condições de trabalho já existentes, normalmente
tem eficácia limitada e é onerosa do ponto de vista
Míria Elisabete Bairros de Camargo

econômico;

b) Ergonomia de concepção: procura introduzir os


conhecimentos sobre o homem desde o projeto
do posto de trabalho, instrumento, máquina ou
sistemas de produção (SANTOS, 1999).

Há também aqueles autores que citam também a “ergo-


nomia de sistemas”, que trata das interações dos diferentes
elementos humanos e materiais
de um sistema produção, procu-
rando definir: a divisão das tare-
fas entre os operadores, instru-
mentos e máquinas; as condições
72 de funcionamento ótimo desse
conjunto de elementos e a carga
de trabalho para cada operador
(LAVILLE, 1977).

Figura 8: Raio-X da espinha humana.


Fonte: Acervo da autora.

A origem e o objetivo da ergonomia de sistemas estão


relacionados com a tarefa de cada um dos operadores. A er-
gonomia de sistemas e a ergonomia dos postos de trabalho
convergem em torno dos problemas sócio-técnicos relativos
às tecnologias e as características das populações no trabalho.
Importância da
Ergonomia

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
A complexidade da atenção a saúde do trabalhador pode
ser avaliada quantitativamente pela população a ser atendi-
da, atualmente tem cerca de setenta milhões de pessoas que
integram a força de trabalho. Diante deste quadro e conside-
rando a complexidade do objeto da saúde do trabalhador que
requer uma abordagem inter e transdisciplinar, várias áreas
do conhecimento tem contribuído com teorias, instrumentos e
metodologias, para mudar o olhar, melhorar a compreensão e
ampliar a intervenção nos problemas que afetam esses traba-
lhadores, dentre elas destaca-se a ergonomia (DIAS, 2002).
Conhecida comumente como estudo científico da relação
entre o homem e seus ambientes de trabalho, a ergonomia
tem três objetivos básicos que são:

1. Possibilitar o conforto ao indivíduo;


2. A prevenção de acidentes;
3. Ajudar a evitar o aparecimento de patologias
73
específicas para determinado tipo de trabalho.

Trabalhadores
Ergonomia na Promoção da Saúde dos
(PORTAL FISIOTERAPIA, 2009).
Figura 9: Trabalho e postura.
Fonte: Portal Fisioterapia, 2009.

O trabalho de ergonomia
na qualidade de vida dos tra-
balhadores de uma empresa
faz diferença. Avaliar e enca-
rar os desafios existentes no
ambiente de trabalho, buscar
e corrigir as situações que
podem causar dor, descon-
forto, dificuldade e fadiga,
irá melhorar a qualidade de
vida dos trabalhadores evitando o afastamento provocado por
doença e/ou lesões. Alguns exemplos:
Eliminar a dor ou desconforto na realização das
atividades laborais;

Prevenir tratamentos médicos e a dependência de


medicamentos, comuns aos transtornos músculos-
esqueléticos crônicos e aos distúrbios mentais;

Possibilitar que o trabalhador deixe o local de


Míria Elisabete Bairros de Camargo

trabalho sem fadiga excessiva etc. (PORTAL


Laborquality, 2009).

Ergonomia e Saúde
A ergonomia se preocupa com as condições gerais de tra-
balho, tais como, a iluminação, os ruídos e a temperatura, a
duração das tarefas, os horários, as pausas no trabalho, peso
dos instrumentos, dimensão do posto de trabalho, entre ou-
tros, que geralmente são conhecidas como agentes causadores
de males na área de saúde física e mental, mas que o estudo
procura traçar os caminhos para a correção. O seu objetivo é
aumentar a eficiência humana através de dados que permitam
74 que se tomem decisões lógicas (PORTAL Fisioterapia, 2009).
Os Riscos Ergonômicos são aqueles que podem advir de:

a) Levantamento e transporte manual inadequado de


peso;
b) Mobiliário inadequado;
c) Equipamentos faltantes ou incompatíveis nos locais
de trabalho;
d) Condições ambientais de trabalho inadequadas;
e) Problemas de organização no local de trabalho; e
f) Outras situações causadoras de stress físico ou psí-
quico.

A ergonomia se preocupa com todos esses fatores obje-


tivando a segurança, a saúde, a satisfação e bem estar dos
trabalhadores em seus relacionamentos com os sistemas pro-
dutivos (PINHEIRO e MARZIALE, 2000).
Saúde é para cada homem, mulher ou criança ter meios
de traçar um caminho pessoal e original, em direção ao bem-
estar físico, psíquico e social (DEJOUR, 1992).

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Para Rudge (2001) a noção de saúde é antes de tudo uma
atitude, um comportamento.
Para os autores Picolli e Guas-
telli (2002) a conservação de
uma boa saúde depende es-
pecialmente da cultura e dos
hábitos de cada pessoa.

Figura 10: Hábitos saudáveis.


Fonte: Acervo da autora.

Os hábitos de cada pes-


soa, o estilo de vida, é a forma com que o indivíduo conduza
as suas atividades diárias, as quais irão refletir diretamente na
sua saúde física e mental. Do mesmo modo, o estilo de vida
engloba o trabalho, o lazer, enfim tudo o que cerca as pessoas
no seu cotidiano (ALVAREZ, 2002).
Assim uma empresa que investe na ergonomia terá cola-
boradores com saúde, pois irá garantir a segurança dos seus
trabalhadores, irão prevenir doenças ocupacionais, lesões por 75
esforços repetitivos além de melhorar o rendimento do traba-
lho.
Trabalhadores
Exercícios Ergonomia na Promoção da Saúde dos

1. Marque a alternativa correta.


A OIT definiu em 1960 a ergonomia:

a) ( ) “Aplicação das ciências biológicas conjunta-


mente com as ciências da engenharia para conseguir o
ótimo ajustamento do ser humano ao seu trabalho, e as-
segurar, simultaneamente, eficiência e bem-estar”.
b) ( ) “Aplicação das ciências da engenharia para
conseguir o ótimo ajustamento do ser humano ao seu tra-
balho, e assegurar, simultaneamente, eficiência e bem-
estar”.
c) ( ) “Aplicação das ciências da engenharia para
conseguir o ótimo ajustamento do ser humano ao seu tra-
balho”.
d) ( ) Todas as alternativas estão incorretas.

2. Qual a NR que trata da ergonomia?


Míria Elisabete Bairros de Camargo

a) ( ) NR 06.
b) ( ) NR 17.
c) ( ) NR 32.
d) ( ) NR 07.

Referências
ALVAREZ, B. R. Estilo de vida e hábitos de lazer de traba-
lhadores, após dois anos de aplicação de um programa
de ginástica laboral e saúde. (Tese Doutorado em Enge-
nharia de Produção). Florianópolis: Universidade Federal de
Santa Catarina-UFSC, 2002.

76 BEDRIKOW, B. Ramazzini. O Pai da Medicina do Trabalho.


CIPA Jornal, 7 (74): 2-3, 1956.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Disponível em:


<http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentado-
ras/nr_17.asp>. Acesso em: 19 jul. 2009.

DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatolo-


gia do trabalho. 5º. ed. São Paulo: Cortez-Oboré, 1992.

Dias, Elizabeth Costa. Organização da Atenção à Saúde no


Trabalho. In: Saúde no trabalho: temas básicos para o pro-
fissional que cuida da saúde dos trabalhadores. Mário Ferreira
Júnior (Org.). São Paulo: Roca, 2002.

Evaristo, M. Ergonomia. Disponível em: <http://pt.shvoong.


com/medicine-and-health/1670610-que-%C3%A9-ergono-
mia/>. Acesso em: 19 jun. 2009.
FIGUEIREDO, Fabiana; MONT’ALVÃO, Cláudia. Ginástica La-
boral e Ergonomia. Rio de Janeiro: Sprint, 2005.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
IEA. International Ergonomics Association. Disponível em:
<http://www.iea.cc/ergonomics/>. Acesso em: 23 jun. 2009.

LAVILLE, Antoine. Ergonomia. São Paulo: EPU, 1977.

MARTINS, Caroline de Oliveira. Repercussão de um progra-


ma de ginástica laboral na qualidade de vida de traba-
lhadores de escritório. Florianópolis; 2005; 184 p.

Moraes, A; Soares, M. M. Ergonomia no Brasil e no Mundo:


um quadro, uma fotografia. Rio de Janeiro: Univerta/Abergo/
UERJ-ESDI, 1989.

Pegatin, Thiago. Disponível em: <http:// topergonomia.wor-


dpress.com/2008/03/27/o-que-e-ergonomia/>. Publicado em
março 27, 2008. Acesso em: 23 jun. 2009.

POLITO, Eliane. Ginástica laboral: teoria e prática. Rio de


Janeiro: Sprint, 2002. 77
SANTOS, Carlos Maurício Duque dos. Móveis ergonômicos.
Trabalhadores
Ergonomia na Promoção da Saúde dos
Revista proteção. São Paulo: MPF Publicações. ed. 93, ano
XII, p. 62-5. set.1999.

Wilson, J. R. Fundamentals of ergonomics in Theory and Prac-


tice. Applied Ergonomics. v. 13, p. 557-67, 2000.

Sites
Disponível em: <http://www.interaction-design.org/references/authors/
alphonse_chapanis.html>. Acesso em: 11 jun. 2009.

Ginástica Laboral. Abordagem ergonômica: sedentarismo entre fun-


cionários da Faculdade São Francisco de Barreiras. 2007. Disponível
em: <http:// www.wgate.com.br/fisioweb/variedades.asp>. Aces-
so em: 20 jun. 2009.
PORTAL Fisioterapia. Ergonomia e Saúde. Disponível em: <http://
www.portalfisioterapia.com.br/fisioterapia/principal/conteu-
do.asp?id=1412>. Acesso em: 19 jul. 2009.

PORTAL Laborquality. A importância da ergonomia. Disponível em:


<http:// www.laborquality.com.br/ergonomia.html>. Acesso em:
20 jun. 2009.
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Vídeos
Ergonomia adaptação do trabalho ao homem. Disponível em: <http://
www.youtube.com/watch?v=72NRHF1E3NE>. Acesso em: 03 jul.
2009.

Disponível em: <www.sosyaldevlet.com>. Acesso em: 03 jul. 2009.

78
Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Cap. V
Biossegurança

Introdução 79
Em 1844, o médico Ignaz Semmelweis, fez uma importan-

Biossegurança
te observação, as infecções puerperais eram três vezes mais
comuns quando os médicos faziam o parto, do que quando o
parto era realizado pelas parteiras. Os médicos faziam autóp-
sias e passavam diretamente do contato com cadáveres, para
o atendimento dos partos sem a lavagem das mãos. Concluin-
do que a infecção estaria sendo carregada
pelos médicos, Semmelweis instituiu no
hospital a prática junto a estes profissio-
nais de lavarem as mãos ao sair das au-
tópsias, mais tarde introduzindo abluções
com um composto antisséptico.
A mortalidade das gestantes atendi-
das pelos médicos caiu rapidamente, fi-
cando abaixo das pacientes de parteiras.
Figura 1: Médico Húngaro (1818-1865).
Fonte: Acervo da autora.
Em 1866, o professor de cirurgia da Universidade de
Glasgow, Joseph Lister, depois de conhecer as experiências do
francês Louis Pasteur, um químico que descobriu o processo de
fermentação e putrefação e que verificou que, submetendo as
matérias fermentadas à ebulição, cessava o desenvolvimen-
to dos seus microscópios, pesquisou uma forma de impedir a
proliferação dos microrganismos no organismo humano.
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Joseph Lister foi, na história da medicina, o primeiro


cirurgião que praticou com êxito a amputação da mama com
escarificação da axila, sob a proteção da compressa de fe-
nol. Lister, cirurgião bri-
tânico, queria descobrir
a causa da alta mor-
talidade pós-cirúrgica.
Conseguiu mostrar que,
através de uma descon-
taminação do ambiente
com compostos fenó-
licos diminuiu, significa-
tivamente, o índice de
infecções e mortes após
80 cirurgias, no final do
séc. XlX.

Figura 2: Foto de Joseph


Lister.
Fonte: Disponível em: <http://
ebooks.adelaide.edu.au/l/lister/
joseph/portrait.jpg>.

A Origem do Conceito
A biossegurança é uma ciência que surgiu no século XX,
formada pelo conjunto de ações voltadas para a prevenção,
minimização ou eliminação dos riscos inerentes às atividades
de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e
prestação de serviços, riscos que podem comprometer a saú-
de do homem, dos animais, das plantas e do meio ambiente.
A biossegurança é uma área de conhecimento relativa-
mente nova, que impõe desafios não somente à equipe de
saúde, mas também a empresas investem em pesquisa. A
biossegurança designa um campo de conhecimento e um con-
junto de práticas e ações técnicas, com preocupações sociais e

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
ambientais, destinados a conhecer e controlar os riscos que o
trabalho pode oferecer ao ambiente e à vida (ALMEIDA, 2000).
Para Andrade e Sanna (2007), é importante considerar
que, com o surgimento da AIDS (Síndrome da Imunodefici-
ência Adquirida) em 1981, e o primeiro
relato de contágio acidental ocupacio-
nal em profissionais da saúde em 1984,
surgiu maior preocupação com a bios-
segurança.

Figura 4: Símbolo biossegurança.


Fonte: Disponível em: <http://www. cpqam.fiocruz.br/
aggeu/biosseguranca.php>.
Acesso em: 26 maio 2009.

A biossegurança no Brasil só se estruturou, como área


específica, nas décadas de 1970 e 1980, mas desde a institui-
ção das escolas médicas e da ciência experimental, no século
XIX, vêm sendo elaboradas noções sobre os benefícios e riscos
inerentes à realização do trabalho científico, em especial nos
ambientes laboratoriais. 81
O lógico da construção do conceito de biossegurança teve

Biossegurança
seu início na década de 70, na reunião de Asilomar na Cali-
fórnia, onde a comunidade científica iniciou a discussão sobre
os impactos da engenharia genética na sociedade. De acordo
com Goldim (1997), esta reunião passou a ser “um marco na
história da ética aplicada a pesquisa, pois foi a primeira vez
que se discutiu os aspectos de proteção aos pesquisadores e
demais profissionais envolvidos nas áreas onde se realiza o
projeto de pesquisa”. A partir daí o termo biossegurança, vem,
ao longo dos anos, sofrendo alterações.
Na década de 70, o foco de atenção voltava-se para a
saúde do trabalhador frente aos riscos biológicos no ambiente
ocupacional. De acordo com a Organização Mundial da Saúde
(WHO, 1993) as “práticas preventivas para o trabalho com
agentes patogênicos para o homem”.
Já na década de 80, a própria OMS (WHO, 1993), incor-
porou a essa definição os chamados riscos periféricos, presen-
tes em ambientes laboratoriais que trabalhavam com agentes
patogênicos para o homem, como os riscos químicos, físicos,
radioativos e ergonômicos.
Nos anos 90, verifica-se que a definição de biossegurança
sofre mudanças significativas. Em seminário realizado no Ins-
tituto Pasteur em Paris (INSERM, 1991), observam a inclusão
de temas como ética em pesquisa, meio ambiente, animais e
Míria Elisabete Bairros de Camargo

processos envolvendo tecnologia de DNA recombinante, em


programas de biossegurança.
Outra definição nessa linha diz que:

[...] a biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a


prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às
atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tec-
nológico e prestação de serviços, visando à saúde do homem,
dos animais, a preservação do meio ambiente e a qualidade dos
resultados (TEIXEIRA e VALLE, 1996).

Este foco de atenção retorna ao ambiente ocupacional e


amplia-se, para a proteção ambiental e a qualidade. Biosse-
gurança, etimologicamente, provém do radical grego bio, que
82 significa vida e da palavra segurança, vida livre de perigo.
Genericamente, pode ser considerada como ações que contri-
buem para a segurança das pessoas (COSTA, 2005).
A biossegurança está vinculada à diversos ciclos produ-
tivos, não se restringindo apenas às áreas consideradas de
saúde- biologia, biomedicina, fisioterapia, fonoaudiologia, me-
dicina, medicina veterinária, nutrição,
odontologia, psicologia, serviço social
e terapia ocupacional, pela Resolução
287/98 do Conselho Nacional de Saú-
de (COSTA e COSTA, 2007).

Figura 5: Biossegurança.
Fonte: Disponível em: <http://www.protecao.com.br/
novo/template/page.asp?me...>.
Acesso em: 25 mai. 2009.
As Bases de
Conhecimento da

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Biossegurança
Em termos epistemológicos, o conceito de biossegurança
pode ser definido, segundo a abordagem, como módulo, como
processo ou como conduta (COSTA e COSTA, 2002).
Como módulo, porque a biossegurança não possui identi-
dade própria, não sendo, portanto, uma ciência, mas sim, uma
interdisciplinaridade que se expressa nas matrizes curriculares
dos seus cursos e programas. Esses conhecimentos diversos
oferecem a biossegurança uma diversidade de opções pedagó-
gicas, que a tornam extremamente atrativa (COSTA e COSTA,
2002).
Como processo, porque a biossegurança é uma ação edu-
cativa, e como tal pode ser representada por um sistema en-
sino-aprendizagem. Nesse sentido, podemos entendê-la como
um processo de aquisição de conteúdos e habilidades, com o
objetivo de preservação da saúde do Homem, das plantas dos
animais e do meio ambiente. 83
Como conduta, quando a analisamos como um somató-
rio de conhecimentos, hábitos, comportamentos e sentimen-

Biossegurança
tos, que devem ser incorporados ao homem, para que esse
desenvolva, de forma segura, sua atividade. Neste contexto,
também devemos incorporar a questão da comunicação e da
percepção do risco nos diversos segmentos sociais (COSTA e
COSTA, 2002).
Segundo Costa e Costa (2002), exatamente, a partir desse
enfoque interdisciplinar, da sua atração curricular e do seu po-
der de mídia, a biossegurança passou a frequentar ambientes
ocupacionais, antes ocupados pela engenharia de segurança,
medicina do trabalho, saúde do trabalhador e até mesmo da
infecção hospitalar, atuando em forma conjunta, e, em muitos
casos, incorporando e suplantando essas outras atividades.
Por outro lado, a palavra biossegurança, também aparece
em ambientes onde a moderna biotecnologia não está presen-
te, como, indústrias, hospitais, laboratórios de saúde pública,
laboratórios de análises clínicas, hemocentros, universidades,
etc., no sentido da prevenção dos riscos gerados pelos agen-
tes químicos, físicos e ergonômicos, envolvidos em processos
onde o risco biológico se faz presente ou não. Esta é a ver-
tente da biossegurança, que na realidade, confunde-se com
a engenharia de segurança, a medicina do trabalho, a saúde
do trabalhador, a higiene industrial, a engenharia clínica e a
Míria Elisabete Bairros de Camargo

infecção hospitalar (COSTA, 1999; 1998).

A Biossegurança Legal
A biossegurança no Brasil está formatada legalmente para
os processos envolvendo organismos geneticamente modifica-
dos, de acordo com a Lei de Biossegurança nº. 8974 de 05 de
Janeiro de 1995, que cita no seu art. 1º:

Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de


fiscalização no uso das técnicas de engenharia genética na
construção, cultivo, manipulação, transporte, comercialização,
consumo, liberação e descarte de organismo geneticamente

84 modificado (OGM), visando a proteger a vida e a saúde do ho-


mem, dos animais e das plantas, bem como o meio ambiente.

O foco de atenção dessa Lei são


os riscos relativos as técnicas de ma-
nipulação de organismos genetica-
mente modificados. O órgão regula-
dor dessa Lei é a Comissão Técnica
Nacional de Biossegurança (CTNBio),
integrada por profissionais de diver-
sos ministérios e indústrias biotecno-
lógicas.

Figura 6: Células-tronco.
Fonte: Disponível em: <http://www. ciencianews.
com.br/unicel/5pg.htm>.
Acesso em: 2 jun. 2009.

A Portaria nº. 343 do Gabinete do Ministro da Saú-


de, foi sancionada em 19 de fevereiro de 2002, institui
no âmbito do Ministério da Saúde, a Comissão de Bios-
segurança em saúde com as seguintes atribuições:

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
I. participar e acompanhar, nos âmbitos nacional e in-
ternacional, a elaboração e reformulação de normas de
biossegurança;
II. proceder ao levantamento e à análise das questões
referentes a biossegurança, visando identificar seus im-
pactos e suas correlações com a saúde humana;
III. propor estudos para subsidiar o posicionamento do
Ministério da Saúde na tomada de decisões sobre temas
relativos à biossegurança;
IV. subsidiar representantes do Ministério da Saúde nos
Grupos Interministeriais relacionados ao assunto, inclusi-
ve na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTN-
Bio);
V. enviar aos órgãos e entidades deste Ministério os rela-
tórios finais e encaminhamentos resultantes de suas ati-
vidades;
VI. propiciar debates públicos sobre biossegurança, por
intermédio de reuniões e eventos abertos à comunidade.
85
A Comissão de Biossegurança em Saúde será composta
por representantes dos seguintes órgãos e entidades: Secre-

Biossegurança
taria de Políticas de Saúde; Secretaria de Assistência à Saúde;
Assessoria de Assuntos Internacionais de Saúde; Fundação
Oswaldo Cruz; Fundação Nacional de Saúde; e pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária.
Outra lei em destaque é a Lei de nº. 11.105 de 24 de mar-
ço de 2005, em seu artigo 1º. estabelece: normas de seguran-
ça e mecanismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo,
a produção, a manipulação, o transporte, a transferência, a
importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a
comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e
o descarte de organismos geneticamente modificados – OGM
e seus derivados, tendo como diretrizes o estímulo ao avanço
científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção
à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância
do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente.
A referida lei buscou regulamentar duas polêmicas de uma só
vez: a produção e comercialização de organismos genetica-
mente modificados (OGM’s) e a pesquisa com células-tronco.

Definição de Termos
em Biossegurança
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Os profissionais com visão estratégica e empreendedora


para a área de Recursos Humanos, deverão estar habilitados
para o uso correto de termos técnicos utilizados na área de
biossegurança. Este conhecimento irá proporcionar ao traba-
lhador, um atendimento focado na prevenção de doenças e na
promoção da saúde. A seguir serão abordados os principais
termos utilizados nesta área.

a) Antissepsia: é a eliminação das formas vegetativas


de bactérias patogênicas e grande parte da flora,
residente da pele ou mucosa, através da ação de
substâncias químicas (anti-sépticos);

86 b) Antisséptico: substância ou produto capaz de


deter ou inibir a proliferação de microrganismos
patogênicos, à temperatura ambiente, em tecidos
vivos;

c) Assepsia: método empregado para impedir que


um determinado meio seja contaminado. Quando
este meio for isento de bactérias chamamos de
meio asséptico;

d) Bactérias: forma vegetativa; quando estão


realizando todas as suas atividades metabólicas,
como respiração, multiplicação e absorção. Os
microrganismos, na cavidade bucal, estão na
forma vegetativa;

e) Degermação: é a remoção de detritos, impurezas,


sujeira e microrganismos da flora transitória
e alguns da flora residente depositados sobre
a pele do cliente ou das mãos, através da ação
mecânica de detergente, sabão ou pela utilização
de substâncias químicas (antissépticos);

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
f) Descontaminação: tem por objetivo a função
dos microrganismos sem eliminação completa,
devido à presença de matéria orgânica, realizado
em instrumentais e superfícies;

g) Desinfecção: é a eliminação de microrganismos


patogênicos, na forma vegetativa de clínicas de
estéticas, geralmente é feita por meio químicos
(desinfetantes);

h) Desinfestação: exterminação ou destruição de


insetos, roedores e outros seres, que possam
transmitir infecções ao homem;

i) Desinfetantes: substância ou produto capaz de


deter ou inibir a proliferação de microrganismos
patogênicos, em ambientes e superfícies do
consultório, à temperatura ambiente;
87
j) Detergente: substância e/ou preparação quí-
mica que produz limpeza; possui uma ou mais

Biossegurança
propriedades: tensoatividade, solubilização, dis-
persão, emulsificação e umectação;

k) Equipamento de proteção individual (EPI):


são equipamentos de proteção utilizados pe-
lo profissional, pessoal auxiliar, cliente e equi-
pamentos, a fim de evitar contaminação e aci-
dentes (gorro, máscara, avental, luvas, óculos de
proteção, [...]);

l) Esterilização: é a destruição dos microrganismos


nas formas vegetativas e esporuladas. A
esterilização pode ser por meio físico (calor) ou
químico (soluções esterilizantes);

m) Esterilizante: agente físico (estufa, autoclave)


ou químico (glutaraldeído 2%, formaldeído
38%), capaz de destruir todas as formas de
microrganismos, inclusive as esporuladas;

n) Infecção cruzada: é a infecção ocasionada pela


transmissão de um microrganismo, de um paciente
para outro, geralmente pelo pessoal, ambiente ou
um instrumento contaminado;
Míria Elisabete Bairros de Camargo

o) Infecção endógena: é um processo infeccioso


decorrente da ação de microrganismos já
existentes, naquela região ou tecido de um
paciente. Medidas terapêuticas que reduzem a
resistência do indivíduo, facilitam a multiplicação
de bactéria em seu interior, por isso é muito
importante, a antissepsia pré-cirúrgica;

p) Infecção exógena: é aquela causada por micror-


ganismos estranhos ao paciente. Para impedir essa
infecção, que pode ser gravíssima, os instrumentos
e demais elementos que são utilizados devem
ser esterilizados. A infecção exógena significa
88 um rompimento da cadeia asséptica, o que é
muito grave, pois, dependendo da natureza dos
microrganismos envolvidos, a infecção exógena
pode ser fatal, como é o caso da AIDS, Hepatite
B e C;

q) Infecção nosocomial (Hospitalar): toda


infecção contraída em um estabelecimento hos-
pitalar. Essas infecções são adquiridas geralmente,
a partir do ambiente e/ou pessoal hospitalar, do
equipamento inadequadamente esterilizado, ou
da própria microflora do paciente. São germes
adaptados e ultrarresistentes;

r) Infecção comunitária: infecções não originarias


de ambiente hospitalar, sendo adquiridas no meio
social da comunidade. Em geral os germes não
apresentam uma resistência considerável;
s) Procedimento crítico: é todo procedimento em
que existe a presença de sangue, pus ou matéria
contaminada pela perda de continuidade;

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
t) Procedimento semi-crítico: todo procedimento
em que existe a presença de secreção orgânica
(saliva), sem perda de continuidade do tecido;

u) Procedimento não crítico: todo procedimento


onde não há presença de sangue, pus ou outra
secreção orgânica (saliva).

A biossegurança, como já foi dito durante este capítulo,


tem o intuito de minimizar os riscos de transmissão de doen-
ças adquiridas pelo contato com sangue e mucosas, durante
as atividades profissionais. A prevenção das doenças, atra-
vés de bons processos de esterilização, usar luvas durante
o atendimento aos clientes, manter as vacinas em dia, entre
outras, são práticas recomendadas pela biossegurança, ga-
rantindo assim aos profissionais um atendimento seguro e de
qualidade.

89
Exercícios

Biossegurança
1. Marque (V) se a alternativa for verdadeira, ou (F) se
for Falsa.

a) ( ) Em 1844 o médico Semmelweis instituiu as


lavagem das mãos como forma de prevenir, a infecção
puerperal e reduzir a mortalidade materna.
b) ( ) Joseph Lister foi, na história da medicina, o
primeiro cirurgião que praticou com êxito a amputação
da mama com escarificação da axila, sob a proteção da
compressa de fenol.
c) ( ) A biossegurança no Brasil só se estruturou,
como área específica, nas décadas de 1950 e 1960.
2. Marque a alternativa correta:

a) ( ) A biossegurança é uma ciência que surgiu no


século XX, formada pelo conjunto de ações voltadas para
a prevenção, minimização ou eliminação dos riscos ine-
rentes as atividades de pesquisa, produção, ensino, de-
senvolvimento tecnológico e prestação de serviços, riscos
Míria Elisabete Bairros de Camargo

que podem comprometer a saúde do homem, dos ani-


mais, das plantas e do meio ambiente.
b) ( ) A biossegurança é uma ciência que surgiu no
século XXI, formada pelo conjunto de ações voltadas para
a prevenção, minimização ou eliminação dos riscos ine-
rentes as atividades de pesquisa, produção, ensino, de-
senvolvimento tecnológico e prestação de serviços, riscos
que podem comprometer a saúde do homem, dos ani-
mais, das plantas e do meio ambiente.
c) ( ) A biossegurança no Brasil, está formatada le-
galmente para os processos, envolvendo organismos ge-
neticamente modificados, de acordo com a Lei de Biosse-
gurança nº. 8.974 de 05 de Janeiro de 1985.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
90
Referências
ANDRADE, Andréia de Carvalho; SANNA, Maria Cristina. En-
sino de Biossegurança na Graduação em Enfermagem: uma
revisão da literatura. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 60, n.
5, Oct. 2007. Available from <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672007000500016&lng
=en&nrm=iso>. Acesso em: 30 maio 2009.

ALBUQUERQUE, M. B. M., ALMEIDA, A. B. S. Biossegurança:


um enfoque histórico através da história oral. História, Ciên-
cia, Saúde. Manguinhos. v. VII n. I, mar/jun-2000.

COSTA, M. A. F. Qualidade em Biossegurança. Rio de Janei-


ro: Ed. Qualitymark, 2000.
—————. Protegendo a Vida. Revista Proteção, n. 86, fev,
46-47, 1999.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
—————. Qualidade e Biossegurança: uma necessidade de
integração. Revista Biotecnologia, n. 4, jan/fev, 32-33,
1998.

—————. Biossegurança: segurança química básica para


ambientes biotecnológicos e hospitalares. São Paulo: Santos,
1996.

COSTA, M.A.F.; COSTA, M. F. B.; LEITE, S. Q. M.; LIMA, M. C.


A. B. A construção do conhecimento através de imagens: con-
tribuições para o ensino de ciências. Revista Electrónica de
Enseñanza de las Ciencias, 6 (1), 20-31, 2007.

COSTA, M. A. F.; COSTA, M. F. B.; MELO, N. S. F. O. Biosse-


gurança: ambientes hospitalares e odontológicos. São Paulo:
Santos, 2000.

COSTA, M. A. F. Transgênicos, nada se cria tudo se copia.


Disponível em: <http://www.isegnet.com.br>. Acesso em: 21 91
jun. 2009.
GOLDIM, J. R. Conferência de Asilomar. 1997. Disponível

Biossegurança
em: <http:// www.ufrgs.br/HCPA/gppg/asilomar.htm>. Aces-
so em: 19 mai. 2009.

FONTES, E.; VARELLA, M. D.; ASSAD, A. L. D. Biosafety in


Brazil and it´s Interface with other Laws. 1998. Dispo-
nível em: <http:// www.bdt.org.br/bdt/oeaproj/biosseguran-
ça>. Acesso em: 26 jun. 2009.

INSERM. Les Risques Biologiques en Laboratoire de Re-


cherche. Paris: Institut Pasteur, 1991.

SOUZA, M. Controle de riscos nos serviços de saúde. Acta


Paul Enferm., 2000; 13 (esp-pt I): 197-202. Disponível em:
<http:// cienciahoje.uol.com.br/137715>. Acesso em: 19
mai. 2009.
TEIXEIRA, P.; VALLE, S. Biossegurança: uma abordagem
multidisciplinar. Rio de Janeiro: Ed. FIOCRUZ, 1996.

VALLE, S. Regulamentação da Biossegurança em Biotec-


nologia. Rio de Janeiro: Gráfica Auriverde, 1998.

WHO. Laboratory Biosafety Manual. Geneva: Seconde Edi-


Míria Elisabete Bairros de Camargo

tion, 1993.

92
Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Cap. VI
Doenças Ocupacionais

Introdução 93
As doenças do trabalho e/ou doenças ocupacionais/pro-

Doenças Ocupacionais
fissionais, são aquelas decorrentes da exposição dos traba-
lhadores aos riscos ambientais, ergonômicos ou de acidentes.
Elas se caracterizam quando se estabelece o nexo causal entre
os danos observados na saúde do trabalhador e a exposição
a determinados riscos ocupacionais. Dessa forma, se o risco
está presente, uma consequência é a atuação sobre o orga-
nismo humano exposto, alterando sua qualidade de vida. Essa
alteração pode ocorrer de diversas formas, dependendo dos
agentes atuantes, do tempo de exposição, das condições ine-
rentes a cada indivíduo e de fatores do meio em que se vive
(BRASIL-MS, 2001).
Doenças ocupacionais são os males provocados pelas
condições e/ou pelo exercício da atividade diária de trabalho,
sem levar em conta aspectos físicos, mentais e emocionais dos
trabalhadores. As causas podem ser movimentos repetitivos,
carga excessiva, situações
de estresse elevado e con-
tinuado, pressão abusiva
por parte da organização
do trabalho na empresa e
outros (BRASIL-MS, 2001).
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Figura 1: Exercícios diários repe-


titivos.
Fonte: Acervo da autora.

As doenças ocupacionais ou doenças relacionadas ao tra-


balho manifestam-se de forma lenta, insidiosa, podendo levar
anos, às vezes até mais de 20, para manifestarem o que, na
prática, tem demonstrado ser um fator dificultador no esta-
belecimento da relação entre uma doença sob investigação e
o trabalho. Também são consideradas as doenças provenien-
tes de contaminação acidental no exercício do trabalho e as
doenças endêmicas quando contraídas por exposição ou con-
tato direto, determinado pela natureza do trabalho realizado
(BRASIL-MS, 2001).
Tradicionalmente, os riscos presentes nos locais de traba-
94 lho são classificados em:

Agentes físicos – ruído, vibração, calor, frio, lu-


minosidade, ventilação, umidade, pressões anor-
mais, radiação etc.;

Agentes químicos – substâncias químicas tóxi-


cas, presentes nos ambientes de trabalho nas for-
mas de gases, fumo, névoa, neblina e/ou poeira;

Agentes biológicos – bactérias, fungos, parasi-


tas, vírus, etc.;

Organização do trabalho – divisão do trabalho,


pressão da chefia por produtividade ou disciplina,
ritmo acelerado, repetitividade de movimento,
jornadas de trabalho extensas, trabalho noturno
ou em turnos, organização do espaço físico, esfor-
ço físico intenso, levantamento manual de peso,
posturas exposições inadequadas, entre outros.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
É importante destacar que no processo de investigação
de determinada doença e sua possível relação
com o trabalho, os fatores de risco presentes
nos locais de trabalho não devem ser compre-
endidos de forma isolada e estanque. Ao con-
trário, é necessário apreender a forma como
eles acontecem na dinâmica global e cotidiana
do processo de trabalho (BRASIL-MS, 2001).

Figura 2: Processo de trabalho.


Fonte: Acervo da autora.

Nesse contexto será apresentado a seguir um resumo que


trata das doenças do trabalho consideradas pela Área Técni-
ca de Saúde do Trabalhador, do Ministério da Saúde, como
prioridades para notificação e investigação epidemiológica, vi-
sando à intervenção sobre a situação provocadora do evento
(BRASIL-MS, 2001).

Asma Ocupacional 95

Doenças Ocupacionais
Enquanto a asma convencional é causada por ácaros co-
mumente presentes no ambiente, a asma ocupacional aconte-
ce com trabalhadores que, durante suas atividades profissio-
nais, entram em contato com produtos químicos ou agentes
biológicos que causam alergia ou irritação no aparelho respi-
ratório.
É a obstrução difusa e aguda das vias aéreas, de caráter
reversível, causada pela inalação de substâncias alergênicas,
presentes nos ambientes de trabalho, como, por exemplo, po-
eiras de algodão, linho, borracha, couro, sílica, madeira ver-
melha etc. (BRASIL-MS, 2001).
Os primeiros sintomas são a tosse seca, falta de ar e o
chiado no peito, acompanhados de rinorréia, espirros e lacri-
mejamento relacionados com as exposições ocupacionais a
poeiras e vapores; o efeito é o mesmo da asma convencional:
contração dos brônquios (canais por onde passa o ar) que fe-
cha as vias aéreas, causando a dificuldade de respirar. Embora
as crises possam aparecer em casa, depois do trabalho, é mais
comum que elas aconteçam durante o horário de trabalho e
que diminuam nos períodos em que o trabalhador se afasta,
como nos finais de semana e períodos de
férias. Em alguns casos uma tosse notur-
Míria Elisabete Bairros de Camargo

na persistente é a única queixa dos pa-


cientes.

Figura 3: Pintura automotiva.


Fonte: Acervo da autora.

A melhor forma de prevenir a asma ocupacional é por


meio da utilização de equipamentos de proteção que impeçam
o contato do trabalhador com o agente causador da alergia.
Quando o trabalhador já esta adoecido, o tratamento clínico é
o mesmo realizado para a asma convencional, portanto, é ne-
cessário que o trabalhador seja afastado do agente causador,
isto é, o mais indicado é que o trabalhador mude seu local de
trabalho, ou seja, realocado na empresa, o que nem sempre é
possível (FERREIRA JÚNIOR, 2002).
96
Pneumoconioses
As pneumoconioses são doenças que provocam uma fi-
brose ou endurecimento do tecido pulmonar em razão do acú-
mulo de poeira tóxica nos pulmões. São patologias resultantes
da deposição de partículas sólidas no parênquima pulmonar,
levando a um quadro de fibrose, ou seja, ao endurecimento
intersticial do tecido pulmonar.
As pneumoconioses mais importantes são aquelas cau-
sadas pela poeira de sílica, configurando a doença conhecida
como silicose, e aquelas causadas pelo asbesto, configurando
a asbestose.

Asbestose
O Brasil é um dos grandes produtores mundiais de asbes-
to, também conhecido como amianto.
Por ser uma substância indiscutivelmente cancerígena,
observa-se, atualmente, grande polêmica em torno de sua
utilização. Há uma corrente que defende o uso do asbesto

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
em condições ambientais rigidamente
controladas; outra que defende a subs-
tituição do produto nos diversos pro-
cessos produtivos.

Figura 4: Radiografia pulmão.


Fonte: Acervo da autora.

O amianto – ou asbesto – é uma fibra mineral bastan-


te usada na fabricação de caixa d’água, lonas e pastilhas de
freio dos carros, telhas e pisos, tintas e tecidos antichamas.
Altamente tóxica e cancerígena, a fibra é proibida em vários
países do mundo.
Os trabalhadores expostos ocupacionalmente a esses
produtos são aqueles vinculados à indústria extrativa ou à in-
dústria de transformação. Também estão expostos os traba-
lhadores da construção civil e os trabalhadores que se ocupam
da colocação e reforma de telhados, isolamento térmico de
caldeiras, tubulações e manutenção de fornos (tijolos refratá-
rios). 97
A asbestose é a pneumoconiose associada ao asbesto ou

Doenças Ocupacionais
amianto, sendo uma doença eminentemente ocupacional. A
doença, de caráter progressivo e irreversível, tem um período
de latência superior a 10 anos, podendo se manifestar alguns
anos, depois de cessada à exposição. Clinicamente, caracteri-
za-se por dispnéia de esforço, estertores crepitantes nas ba-
ses pulmonares, baqueteamento digital, alterações funcionais
e pequenas opacidades irregulares na radiografia de tórax. A
asbestose é uma doença respiratória causada pela inalação
do pó amianto, que se aloja nos pulmões e, em longo prazo,
compromete a capacidade respiratória e pode levar à morte,
além de estar associada ao câncer de pulmão. Os doentes são
geralmente trabalhadores de indústrias que usam o amianto
como matéria prima, além daqueles que trabalham na cons-
trução civil.
O diagnóstico é realizado a partir da história clínica e ocu-
pacional, do exame físico e das alterações radiológicas. Raios
X de tórax, assim como sua leitura, deverá ser realizada de
acordo com as normas preconizadas pela OIT.
Não existe tratamento para a asbestose, ela é uma doen-
ça crônica e progressiva, razão pela qual, se discute a proibi-
ção do uso do amianto e sua substituição por outras fibras no
Brasil.
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Silicose

É a principal pneumoconiose no Brasil, causada por inala-


ção de poeira de sílica livre cristalina (quartzo). Caracteriza-se
por um processo de fibrose, com formação de nódulos isola-
dos nos estágios iniciais e nódulos conglomerados e disfunção
respiratória nos estágios avançados. Atinge trabalhadores in-
seridos em diversos ramos produtivos: na
indústria extrativa (mineração subterrânea
e de superfície); no beneficiamento de mi-
nerais (corte de pedras, britagem, moagem,
lapidação); em fundições; em cerâmicas;
em olarias; no jateamento de areia; na es-
cavação de poços; polimentos e limpezas de
98 pedras.
Figura 5: Trabalhadores sem máscara.
Fonte: Acervo da autora.

A doença é progressiva e irreversível (piora ao longo dos


anos), e seus sintomas aparecem após muitos anos de expo-
sição: começam com tosses e escarros, passando por dificul-
dade para respirar e fraqueza no organismo, chegando, nos
casos mais graves, a insuficiência respiratória. O quadro pode
evoluir para a cor pulmonale crônico. A forma aguda, conhe-
cida como silicose aguda, é uma doença extremamente rara,
estando associada à exposição à alta concentração de poeira
de sílica.
O diagnóstico está fundamentado na história clínico-ocu-
pacional, na investigação do local de trabalho, no exame físi-
co e nas alterações encontradas em radiografias de tórax, as
quais deverão ser realizadas de acordo com técnica preconiza-
da pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Também a leitura da radiografia deverá ser feita de acor-
do com a classificação da OIT, que, entre outros parâmetros,
estipula que a leitura deve ser realizada por três diferentes

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
profissionais. As provas de função pulmonar não têm aplicação
no diagnóstico da silicose, sendo úteis na avaliação da capaci-
dade funcional pulmonar (BRASIL-MS, 2001).

Dermatoses Ocupacionais
As dermatoses ocupacionais, embora benignas em sua
maioria, constituem problema de avaliação difícil e complexa.
Referem-se a todas as alterações da pele, mucosas e anexos,
direta ou indiretamente causada, condicionada, mantida ou
agravada pela atividade de trabalho.

As dermatoses ocupacionais são lesões que afligem a pele


dos trabalhadores que durante suas atividades precisam en-
trar em contato com produtos e agentes que causam irritação
e alergia, mas não têm acesso à proteção adequada. Na maior
parte dos casos tais dermatoses são
causadas pelo contato frequente com
agentes químicos, muito comuns em
99
indústrias e também no trabalho do-

Doenças Ocupacionais
méstico (por meio dos produtos de
limpeza).

Figura 6: Dermatoses ocupacionais.


Fonte: Acervo da autora.

Os sintomas são: ressecamento, vermelhidão, descama-


ção, fissuras, crostas, inchaço, inflamação, unhas quebradi-
ças, verrugas, erupções, queimaduras, etc.
O diagnóstico é realizado a partir da anamnese clínico-
ocupacional e do exame físico. O teste de contato deve ser
realizado quando se suspeita de quadro do tipo sensibilizante,
visando identificar o(s) agente(s) alergênico(s).
A melhor forma de prevenir este tipo de dermatose é pro-
teger a pele por meio de luvas e roupas impermeáveis ou que
impeçam o contato com o agente causador.
LER/DORT
No mundo contemporâneo, as Lesões por Esforços Repeti-
tivos/Doenças Osteomusculares Relacionadas com o Trabalho
(LER/DORT), têm representado importante fração do conjunto
dos adoecimentos relacionados com o trabalho. Acometendo
homens e mulheres em plena fase produtiva (inclusive ado-
Míria Elisabete Bairros de Camargo

lescentes), essa doença, conhecida como doença da moder-


nidade, tem causado inúmeros afastamentos
do trabalho, cuja quase totalidade evolui para
incapacidade parcial, e, em muitos casos, para
a incapacidade permanente, com aposentado-
ria por invalidez.

Figura 7: Musculatura comprometida.


Fonte: Acervo da autora.

As lesões por esforços repetitivos (LER) são movimentos


repetidos de qualquer parte do corpo que podem provocar le-
sões em tendões, músculos e articulações, principalmente dos
membros superiores, ombros e pescoço, devido ao uso repeti-
100 tivo ou a manutenção de posturas inadequadas resultando no
declínio do desempenho profissional. As vítimas
mais comuns são os digitadores, datilógrafos,
bancários, telefonistas, secretárias e trabalha-
dores de linhas de montagem.

Figura 8: Movimento repetitivo.


Fonte: Acervo da autora.

As principais causas de LER são: posto de trabalho inade-


quado, mal projetado ou ergonomicamente errado; atividades
no trabalho que exijam força excessiva com as mãos; posturas
inadequadas e desfavoráveis às articulações; repetição siste-
mática de um mesmo padrão de movimento; ritmo intenso de
trabalho; jornada de trabalho prolongada; falta de possibilida-
de de realizar tarefas diferentes; falta de orientação e desco-
nhecimento sobre os riscos do LER.
Os sintomas principais sintomas são: formigamentos,
dores, fadiga, perda da força muscular e inchaço nas partes
afetadas. Geralmente os diagnósticos médicos são de tenossi-
novites, tendinites, epicondilite, bursites, etc.
A melhor forma de combater a LER é através da preven-

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
ção, isto é, evitar que o trabalhador se torne um lesionado,
oferecendo condições de trabalho adequadas e que não o dei-
xe exposto às causas do LER. O trabalhador
portador de LER deve ser reaproveitado em
outra função em que não sua lesão não seja
agravada.

Figura 9: Dor e fraqueza muscular.


Fonte: Acervo da autora.

Intoxicação por
Metais Pesados
Os metais pesados, quando absorvidos pelo corpo huma-
no, se depositam no tecido ósseo e gorduroso, ocupando o
lugar de minerais nobres. Lentamente liberados no organismo,
eles podem provocar uma série de doenças.
Saiba mais sobre estes metais, onde estão presentes e
que doenças podem provocar: 101

Doenças Ocupacionais
Alumínio
Onde é encontrado: Produção de artefatos de alumínio;
serralheria; soldagem de medicamentos (antiácidos) e trata-
mento convencional de água.
Efeitos: anemia por deficiência de ferro; intoxicação crô-
nica.

Arsênio
Onde é encontrado: metalurgia; manufatura de vidros e
fundição.
Efeitos: câncer (seios paranasais).

Cádmio
Onde é encontrado: soldas; tabaco; baterias e pilhas.
Efeitos: câncer de pulmões e próstata; lesão nos rins.
Chumbo
Onde é encontrado: fabricação e reciclagem de baterias
de autos; indústria de tintas; pintura em cerâmica; soldagem.
Efeitos: saturnismo (cólicas abdominais, tremores, fra-
queza muscular, lesão renal e cerebral).

Cobalto
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Onde é encontrado: preparo de ferramentas de corte e


furadoras.
Efeitos: fibrose pulmonar (endurecimento do pulmão) que
pode levar à morte.

Cromo
Onde é encontrado: indústrias de corantes, esmaltes, tin-
tas, ligas com aço e níquel; cromagem de metais.
Efeitos: asma (bronquite); câncer.

Fósforo amarelo
Onde é encontrado: veneno para ba-
ratas; rodenticidas (tipo de inseticida usa-
do na lavoura) e fogos de artifício.
102 Efeitos: náuseas; gastrite; odor de
alho; fezes e vômitos fosforescentes; dor
muscular; torpor; choque; coma e até
morte.

Figura 10: Acondicionamento.


Fonte: Acervo da autora.

Mercúrio
Onde é encontrado: moldes industriais; certas indústrias
de cloro-soda; garimpo de ouro; lâmpadas fluorescentes.
Efeitos: intoxicação do sistema nervoso central.

Níquel
Onde é encontrado: baterias; aramados; fundição e ni-
quelagem de metais; refinarias.
Efeitos: câncer de pulmão e seios paranasais.
Fumos metálicos
Onde é encontrado: vapores (de cobre, cádmio, ferro,
manganês, níquel e zinco) da soldagem industrial ou da galva-

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
nização de metais.
Efeitos: febre dos fumos metálicos (febre, tosse, cansaço
e dores musculares), parecido com pneumonia.

A melhor forma de combater a intoxicação por metais pe-


sados é impedir que eles sejam absorvidos pelo corpo.

Perda Auditiva
Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR)

A perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR) é a diminuição


gradual da capacidade de ouvir em razão de uma longa expo-
sição a ruídos sem a devida proteção. A exposição repetida ao
ruído excessivo pode levar, ao cabo de alguns anos, à perda
irreversível e permanente da audição. Como sua instalação
é lenta e progressiva, a pessoa só se dá conta da deficiência
quando as lesões já estão avançadas.
Os trabalhadores que sofrem com a PAIR começam a ter
103
dificuldades para perceber os sons agudos (como os de telefo-

Doenças Ocupacionais
nes, apitos, tique-taque do relógio, campainhas, etc.), e caso
continuem se expondo à altos ruídos, poderão comprometer
ainda as frequências que afetam o reco-
nhecimento da fala. Além da diminuição da
audição, também são identificados como
sintomas PAIR a presença de zumbidos e
de tonturas.

Figura 11: Audição.


Fonte: Acervo da autora.

A perda da audição, ainda que parcial, tem uma influencia


negativa muito grande na qualidade de vida do ser humano,
causando danos ao seu comportamento individual, social e
psíquico, como: perda da autoestima, insegurança, ansieda-
de, inquietude, estresse, depressão, alterações do sono, maior
irritabilidade, isolamento, etc.
A perda de audição também esta relacionada ao tempo
de exposição ao ruído e a outros fatores como predisposição
e idade.
O diagnóstico da PAIR só pode ser estabelecido por meio
de um conjunto de procedimentos: anamnese clínica e ocu-
pacional, exame físico, avaliação audiológica e, se necessário,
outros testes complementares (BRASIL-MS, 2001).
Míria Elisabete Bairros de Camargo

A perda auditiva induzida pelo ruído relacionada ao tra-


balho pode ser prevenida com o uso constante de protetores
auditivos individuais, que devem ser fornecidos pela própria
empresa (de acordo com a portaria Nº. 3.214 do Ministério do
Trabalho, que trata de Equipamentos de Proteção Individual).

Distúrbios Psíquicos
A forma como o trabalho está organizado, a duração das
jornadas, a intensidade, monotonia, repetitividade, alta res-
ponsabilidade e principalmente a forte pressão por produtivi-
dade que levam as pessoas para muito
além dos limites saudáveis são fatores
104 que podem provocar distúrbios psíqui-
cos nos trabalhadores.

Figura 12: Distúrbio.


Fonte: Acervo da autora.

Podem ser sinais de distúrbios psíquicos relacionados ao


trabalho: modificação do humor, fadiga, irritabilidade, cansa-
ço por esgotamento, isolamento, distúrbio do sono (falta ou
excesso), ansiedade, pesadelos com o trabalho, intolerância,
descontrole emocional, agressividade, tristeza, alcoolismo e
falta ao trabalho. Estes sinais podem vir acompanhados de
sintomas físicos como: dores (de cabeça ou no corpo todo),
perda do apetite, mal estar geral, tonturas, náuseas, sudore-
se, taquicardia, etc. As tensões, angústias e conflitos presen-
tes no ambiente de trabalho sobrecarregam o corpo e podem
levar também a acidentes e contribuir para agravar outras do-
enças profissionais.
É sempre importante ressaltar que o trabalhador tem di-
reito a um tratamento digno, de ser reconhecido como ser
humano com qualidades e limites, e o empregador precisa en-
tender que, embora pague pela força de trabalho durante o

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
período da jornada (de até 44 horas semanais), não comprou
o corpo ou à saúde do trabalhador, que devem ser sempre
preservados.

Assédio Moral
Apesar de não estar classificado como uma doença ocupacional
é importante se estar atento à ocorrência do assédio moral dentro das
empresas, instituições públicas, escolas, universidades entre outros
locais. Este fenômeno caracteriza “uma doença organizacional que
degrada as condições de trabalho, a saúde mental dos indivíduos e as
relações sociais no trabalho”. Trata-se de um “problema organizacional
que tem uma amplitude importante n as organizações contemporâne-
as” (REVISTA PARTES, 2009).
O assédio moral, conforme Alkimin (2005) também co-
nhecido como “[...] terrorismo psicológico”, constitui uma for-
ma de agressão psíquica exercitada no local de trabalho, e
que consiste na prática de atos, palavras, ges-
tos e comportamentos vexatórios, degradan-
105
tes, humilhantes e constrangedores. De modo

Doenças Ocupacionais
ordenado e prolongado, pode ser considerado
um abuso emocional no trabalho, destruindo a
autoestima do empregado.

Figura 13: A dúvida.


Fonte: Acervo da autora.

Para Ferreira (2004) o assédio moral:

[...] é um processo composto por ataques repetitivos que


se prolongam no tempo, permeados por artifícios psicoló-
gicos que atingem a dignidade do trabalhador, consistindo
em humilhações verbais, psicológicas, públicas, tais como
o isolamento, a não-comunicação ou a comunicação hostil,
o que acarreta sofrimento ao trabalhador, refletindo-se na
perda de sua saúde física e psicológica.
Caracteriza-se pela degradação deliberada das con-
dições de trabalho em que prevalecem atitudes e condutas
negativas dos chefes em relação a seus subordinados, consti-
tuindo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práti-
cos e emocionais para o trabalhador e a organização. A vítima
escolhida é isolada do grupo sem explicações, passando a ser
hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desa-
Míria Elisabete Bairros de Camargo

creditada diante dos pares. Estes, por medo do desempre-


go e a vergonha de serem também humilhados associado ao
estímulo constante à competitividade, rompem os laços afe-
tivos com a vítima e, frequentemente, repro-
duzem e reatualizam ações e atos do agressor
no ambiente de trabalho, instaurando o ’pac-
to da tolerância e do silêncio’ no coletivo,
enquanto a vitima vai gradativamente se de-
sestabilizando e fragilizando, ’perdendo ’ sua
autoestima (BARRETO, 2000).

Figura 14: Assédio moral.


Fonte: Acervo da autora.

O assédio moral pressupõe:


106
1. Repetição sistemática;
2. Intencionalidade (forçar o outro a abrir mão do
emprego);
3. Direcionalidade (uma pessoa do grupo é escolhida
como bode expiatório);
4. Temporalidade (durante a jornada, por dias e me-
ses);
5. Degradação deliberada das condições de trabalho.

Entretanto, quer seja um ato ou a repetição deste ato,


devemos combater firmemente por constituir uma violência
psicológica, causando danos à saúde física e mental, não so-
mente daquele que é excluído, mas de todo o coletivo que
testemunha esses atos (BARRETO, 2000).
Como consequência o trabalhador humilhado pode sofrer
de angustia, entrar em depressão e até mesmo pensar em
suicídio. São muito comuns distúrbio do sono (falta ou ex-
cesso), descontrole emocional, crises de choro, irritabilidade,
aparecimento de dores (de cabeça e por todo o corpo), perda
de apetite, tonturas, taquicardia, aumento da pressão arte-

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
rial, problemas digestivos e, em alguns casos, fuga por meio
de álcool e drogas. Isto significa que o assédio moral produz
reflexos muito sérios na vida daqueles que passam por isso.

Como identificar

O trabalhador O agressor

São isolados dos demais Age através de gestos e


colegas; condutas abusivas e cons-
É impedido de se expres- trangedoras;
sar sem justificativa; Busca inferiorizar, ame-
É fragilizado, ridicularizado drontar, menosprezar, difa-
e menosprezado na frente mar, ironizar, dá risinhos,
dos colegas; suspiros, e faz brincadeiras
É chamado de incapaz; de mau gosto;
Torna-se emocional e Ignora, não cumprimenta
profissionalmente abalado,
o que leva à perder a auto-
e é indiferente à presença
do outro;
107
confiança e o interesse pelo Dá tarefas sem sentido e

Doenças Ocupacionais
trabalho; que jamais serão utilizadas;
Torna-se mais propenso à Controla o tempo de idas
doenças; ao banheiro, impõe horário
É forçado a pedir demis- absurdo de almoço, etc.
são.

Quadro: Comparativo.
Fonte: Barreto (2000).

Como lutar contra o assédio moral:

Tomar nota das humilhações sofridas com data,


hora, local, quem foi o agressor, quem testemu-
nhou, o que aconteceu, o que foi falado, etc.;
Procurar ajuda de colegas, em especial daqueles
que testemunharam e os que também já sofreram
humilhações;

Evitar conversar com o agressor sem testemu-


nhas;

Caso seja uma empresa grande, onde o chefe di-


Míria Elisabete Bairros de Camargo

reto não é o dono da empresa, relate o que vem


acontecendo ao RH (Recursos Humanos) ou DP
(Departamento Pessoal);

Procurar ajuda de diretores, médicos ou advoga-


dos do sindicato ao qual é filiado;

Relatar o que vem ocorrendo ao Ministério Públi-


co;

Buscar auxílio da Justiça do Trabalho;

Buscar apoio em Comissões de Direitos Humanos;

Caso o assédio moral esteja gerando danos à sua


108 saúde, procure um centro de referência em saúde
do trabalhador;

Não se cale e comente o que ocorre com familia-


res e amigos. Nestas situações a solidariedade é
fundamental.

O Brasil ainda não tem uma lei específica que trata desta
matéria (tanto no âmbito federal, quanto em várias cidades e
estados, existem projetos de lei em elaboração para coibir o
assédio moral). Ainda assim, o trabalhador vítima de assédio
moral, pode processar seus chefes e empregadores por danos
morais em virtude de humilhações sofridas. Para isso é muito
importante reunir o maior número de provas que caracterizam
o assédio, como troca de e-mails, testemu-
nhas dispostas a falar, etc. e procurar a jus-
tiça comum.

Figura 15: Humilhação.


Fonte: Acervo da autora.
Procedimentos a serem adotados frente a diagnósticos de
doenças relacionadas ao trabalho pelo nível local de saúde:
Afastar o trabalhador imediatamente da exposi-

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
ção – o afastamento deverá ser definitivo para as
doenças de caráter progressivo;

Realizar o tratamento nos casos de menor com-


plexidade;

Encaminhar os casos de maior complexidade para


a rede de referência, acompanhá-los e estabelecer
a contra-referência;

Notificar o caso nos instrumentos do SUS;

Investigar o local de trabalho, visando estabelecer


relações entre a doença sob investigação e os fa-
tores de risco presentes no local de trabalho;

Desenvolver ações de intervenção, considerando


os problemas detectados nos locais de trabalho.
109
Para trabalhadores inseridos no mercado formal de traba-
lho, acrescentar:

Doenças Ocupacionais
Acompanhar a emissão da CAT pelo empregador;

Preencher o item II da CAT, referente a informa-


ções sobre diagnóstico, laudo e atendimento;

Encaminhar o trabalhador para perícia do INSS,


fornecendo-lhe o atestado médico referente ao
afastamento do trabalho dos primeiros quinze
dias;

Orientar sobre direitos trabalhistas e previdenci-


ários.
Exercícios
1. Marque a alternativa correta:

a) ( ) Doenças ocupacionais são os males provoca-


dos pelas condições e/ou pelo exercício da atividade diária
de trabalho, sem levar em conta aspectos físicos, mentais
Míria Elisabete Bairros de Camargo

e emocionais dos trabalhadores.


b) ( ) As doenças do trabalho, ou doenças ocupacio-
nais/profissionais, são aquelas decorrentes da exposição
dos trabalhadores aos riscos ambientais, ergonômicos ou
de acidentes.
c) ( ) As doenças ocupacionais ou doenças relacio-
nadas ao trabalho manifestam-se de forma lenta, insidio-
sa, podendo levar anos, às vezes até mais de 20, para
manifestarem o que, na prática, tem demonstrado ser
um fator dificultador no estabelecimento da relação entre
uma doença sob investigação e o trabalho
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

110 2. Marque a ou as alternativas corretas: tradicionalmen-


te, os riscos presentes nos locais de trabalho são classificados
em:

a) ( ) agentes físicos;
b) ( ) agentes químicos;
c) ( ) agentes biológicos;
d) ( ) organização do trabalho.

Referências
ALKIMIN, Maria Aparecida. Assédio moral na relação de
emprego. Curitiba: Juruá, 2005.

BARRETO, M. Uma jornada de humilhações. São Paulo: Fa-


pesp; PUC, 2000.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde.


Departamento de Atenção Básica. Área Técnica de Saúde do
Trabalhador. Departamento de Ações Programáticas e Estraté-
gicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
FERREIRA, Hadassa Dolores Bonilha. Assédio moral nas re-
lações de trabalho. São Paulo: Russel, 2004.

FERREIRA JÚNIOR, Mário. Saúde no Trabalho. Temas Básicos


para o profissional que cuida da saúde dos trabalhadores. São
Paulo: Roca, 2002.

REVISTA Partes. Especial sobre Assédio Moral. O risco (ain-


da) invisível no mundo dos enfermeiros. Disponível em:
<http://www.partes.com.br/assediomoral/assediomorale-
menfermagem.asp>. Acesso em: 19 jun. 2009.

111

Doenças Ocupacionais
Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Cap. VII
Estresse e as Relações
no Trabalho

113
Estudos nos levam a formar um entendimento que viver

Estresse e as Relações no Trabalho


em sociedade é estar constantemente em interação com o ou-
tro, concordar ou discordar, e isso gera conflitos, tensões e
estresse (FRANÇA e RODRIGUES, 1999).
Segundo França e Rodrigues (1999), no livro Stress e Tra-
balho, “viver em sociedade complexa, de forma realizadora,
criativa e relativamente independente, é uma tarefa árdua e
muitas vezes difícil de ser realizada”.
Convivemos com pessoas de diferentes temperamentos,
tanto no convívio social como profissional, e esse fato pode
configurar um desafio à sobrevivência do modo de ser, de pen-
sar e de manter nosso bem estar biológico, psicológico e so-
cial. Além disso, ter de cumprir metas, executar, multiplicar
tarefas e atender funções nem sempre compatíveis com nos-
sos desejos profissionais e, ao mesmo tempo, preservar nos-
sa necessidade de autoestima e realização compatibilizando
com a cultura da empresa pode ser um desafio a nossa saúde
(FRANÇA e RODRIGUES, 1999).
O trabalho ocupa papel fundamental na representativida-
de do indivíduo, frequentemente, podem-se citar passagens
em que quando somos apresentados a alguém, as perguntas
surgem automáticas: onde trabalha? O
que faz? O trabalho representa nossa
Míria Elisabete Bairros de Camargo

autoestima, através dele conhecemos


pessoas, tecemos círculos de amizades
e proporcionamos o sustento familiar. É
também através dele que experimenta-
mos satisfações e desafios (MASLACH e
LEITER, 1999).

Figura 1: Estresse.
Fonte: Acervo da autora.

As condições adversas são fatores que podem exercer im-


pacto estressante, mas são muitos os aspectos do ambien-
te de trabalho que podem desencadear o estresse (COOPER,
2000).
114 Conforme Cataldi (2002):

[...] as relações de trabalho ao longo do tempo, foram se


tornando cada vez mais complexas, na medida em que os
métodos de trabalho vão se sofisticando, pois refletem a
evolução que experimenta o desenvolvimento de produção
capitalista. Deste modo constatamos as profundas modifica-
ções do processo produtivo, que representam sobre a ótica
de produção de bens e serviços (p. 11).

O processo da globalização e da informatização permite


uma mobilidade no fluxo de capital e intensifica a competiti-
vidade entre países e profissionais, em busca da qualidade de
bens e serviços (CATALDI, 2002).
Ainda de acordo com o autor (op. cit.), os empresários e os
trabalhadores estão expostos a novos desafios. As empresas
estão expostas a uma pressão competitiva muito mais forte.
Elas enfrentam os riscos de serem absorvidas pelos grandes
líderes do mercado mundial. Por sua vez, os trabalhadores se
submetem a grande pressão, em razão da exigência de maior
produtividade e de manter o emprego (2002).
As consequências geram aumento da car-

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
ga de trabalho e redução da mão de obra,
transformando em desafio para o trabalhador
que para manter o emprego, deve produzir em
grande escala com menos recurso e menos
custo para empresa. Esses desafios interferem
na saúde do trabalhador, gerando situações de
estafa e estresse.

Figura 2: Tristeza.
Fonte: Acervo da autora.

Os trabalhadores estressados têm maiores dificuldades em


se integrar ao mercado de trabalho. Estamos vivendo a
época em que sob a égide de uma sociedade moderna, os
empregados cada vez mais vêm perdendo os seus direitos,
renunciando inclusive, aos direitos de preservarem a sua
saúde (CATALDI, 2002, p. 22).

Sobre outro aspecto, o trabalho tem muita influência so-


bre a vida das pessoas e das empresas, como aborda Chiave- 115
nato (1999), destacando a importância do trabalho na vida do

Estresse e as Relações no Trabalho


indivíduo, pois significa o meio pelo qual eles podem alcançar
seus objetivos pessoais. Ao mesmo tempo as organizações,
que são constituídas de pessoas, necessitam da mão de obra
para o desenvolvimento das atividades que se propõe.

Termos como empregabilidade e empresabilidade são usa-


dos para mostrar de um lado, a capacidade das pessoas de
conquistar e manter seus empregos e, de outro a capacida-
de das empresas para desenvolver e utilizar as habilidades
intelectuais e competitivas de seus membros (CHIAVENATO,
1999, p. 5).

Se de um lado o empregado depende da empresa, essas


não existiriam sem os trabalhadores que a impulsionariam.
Segundo Chiavenato (1999): “é uma relação de mútua de-
pendência na qual há benefícios recíprocos a uma relação de
duradoura simbiose entre pessoas e organizações”.
O crescimento das organizações ocasiona novas neces-
sidades tanto em tecnologia, como recursos humanos que se
espera em novas habilidades da eficiência e eficácia (CHIAVE-
NATO, 1999).
Chiavenato (1999), diz que as organizações atuam atra-
vés de seus funcionários, das pessoas cuja denominação pode
variar de empresa para empresa como, recursos humanos,
Míria Elisabete Bairros de Camargo

pessoal, empregados, funcionários, colaboradores, capital hu-


mano, etc. Mas que independente de como chamamos, a rela-
ção não se baseia em quem ganha ou quem perde, e sim em
uma relação horizontal.
Para o autor, se a organização quer
alcançar os seus objetivos, da melhor ma-
neira possível, ela precisa saber canalizar
os esforços das pessoas para que também
estas atinjam os seus objetivos individu-
ais e que ambas as partes saiam ganhan-
do (CHIAVENATO, 1999).

Figura 3: O isolamento.
Fonte: Acervo da autora.

116 Dentro deste contexto, Chiavenato (1999) refere que, as


empresas tendem a alterar suas práticas e investir em seu
capital humano: “Em vez de investirem diretamente nos pro-
dutos e serviços, elas estão investindo nas pessoas que os
atendem e que sabem como criá-los e desenvolvê-los, produ-
zi-los e melhorá-los. Em vez de investirem diretamente nos
clientes”.
Na contemporaneidade, as empresas vêem investindo em
seu potencial humano e trazendo-as a se sentirem parte in-
tegrante da empresa, chamando-as de parceiras. Segundo o
autor, as pessoas como parceiras, possibilitam a motivação ca-
paz de conduzir a empresa ao sucesso, através do investimen-
to da sua força de trabalho com maior responsabilidade, com-
prometimento e dedicação na expectativa de colher retornos
salariais, incentivos financeiros, investimento profissional, etc.
Abaixo apresenta-se a Figura 4, onde mostra-se a dife-
rença, tendo a empresa seus funcionários: como recursos ou
como parceiros.
Pessoas como
Pessoas como Recursos
Parceiras

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Empregados isolados nos Colaboradores agrupa-
cargos dos em equipes
Horário rigidamente es- Metas negociadas e
tabelecido compartilhadas
Preocupação com nor- Preocupação com resul-
mas e regras tados
Subordinação ao chefe Atendimento e satisfação
Fidelidade à organização do cliente
Dependência da chefia Vinculação a missão e a
Alienação em relação a visão
organização Interdependência entre
Ênfase especialização colegas e equipes
Executoras de tarefas Participação e compro-
Ênfase nas destrezas metimento
manuais Ênfase na ética e na res-
Mão de obra ponsabilidade
Fornecedoras de ativi-
dade
Ênfase no conhecimento 117
Inteligência e talento

Estresse e as Relações no Trabalho


Figura 4: Quadro comparativo.
Fonte: Chiavenato (1999, p. 7).

Para um melhor entendimento do conceito de gestão de


pessoas, destaca-se a visão de Chiavenato:

A gestão de pessoas é uma área muito sensível à mentalidade


que predomina nas organizações. Ela é contingencial e situa-
cional, pois depende de vários aspectos como a cultura que
existe em cada organização, a estrutura organizacional ado-
tada as características do contexto ambiental, o negócio da
organização a tecnologia utilizada, os processos internos e
uma infinidade de outras variáveis importantes (1999, p. 6).

O resultado externo está relacionado com a preocupação


que a empresa dispensa ao seu capital humano. Para o refe-
rido autor, a organização que investe diretamente no funcio-
nário está na realidade investindo indiretamente no cliente,
a gestão da qualidade total nas organizações depende fun-
damentalmente da otimização do potencial humano, e isto
depende de quão bem as pessoas se sentem trabalhando na
organização (CHIAVENATO, 1999).
A seguinte relação é uma sugestão para se criar e sus-
Míria Elisabete Bairros de Camargo

tentar um clima de trabalho positivo (LONDOÑO et al., 2003):

Conheça ao máximo o seu pessoal;

Leve em conta as necessidades de segurança;

Leve em conta as necessidades sociais;

Trabalhe com grupos de funcionários;

Premie o seu pessoal;

Desenvolva o potencial máximo das pessoas;

Busque melhorar e renovar o ambiente de traba-


lho;
118 Coloque a pessoa certa no lugar certo;

Faça com que o trabalho seja interessante e evite


a monotonia;

Dê sempre bons exemplos;

Estabeleça um clima de honestidade;

Dê ao trabalho um ambiente de segurança, con-


fiança e estabilidade.

Afinal, o que é Estresse?


O termo estresse vem da física, e neste campo do co-
nhecimento tem o sentido de grau de deformidade que uma
estrutura sofre quando é submetida a um esforço (França e
Rodrigues, 1997).
Foi Hans Selye em 1936 que utilizou este termo pela pri-
meira vez, e que denominou de estresse um conjunto de rea-
ções que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma
situação que exige um esforço para a ela se adaptar.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Fisiologicamente, o estresse é o resultado de uma reação
que o organismo tem quando estimulado por fatores exter-
nos desfavoráveis. A primeira reação do organismo, nestas
circunstâncias, é uma descarga de adrenalina, sendo que os
órgãos que mais sentem são os aparelhos circulatório e res-
piratório.
No aparelho circulatório, a adrenalina promove a acelera-
ção dos batimentos cardíacos, taquicardia, e uma diminuição
do tamanho dos vasos sanguíneos periféricos. Neste sentido,
o sangue circula mais rapidamente para uma melhor oxigena-
ção, principalmente, dos músculos e do cérebro, já que ficou
pouco sangue na periferia, o que também diminui sangramen-
tos em caso de ferimentos superficiais.
No aparelho respiratório, a adrenalina promove a dilata-
ção dos brônquios, broncodilatação, e induz o aumento dos
movimentos respiratórios, taquipnéia, para que haja maior
captação de oxigênio, que vai ser mais rapidamente transpor-
tado pelo sistema circulatório, também devidamente prepara-
do pela adrenalina. 119
Quando o perigo passa, o organismo pára com a super
produção de adrenalina e tudo volta ao normal. No mundo de

Estresse e as Relações no Trabalho


hoje, percebe-se que as situações não são tão simples assim,
e o perigo e a agressão estão sempre à volta. É diante disso
que a reação do organismo frente ao estresse é de taquicardia,
palidez, sudorese e respiração ofegante. Pode haver também
um descontrole da pressão arterial, provocando um aumento
da pressão à níveis bem altos, mas não significa que a pessoa
seja hipertensa.
Ao se tratar de estresse ocupacional, França e Rodrigues
(1997) estes mesmos autores, consideram-no como aquelas
situações em que o indivíduo percebe seu ambiente de traba-
lho como ameaçador, quando suas necessidades de realização
pessoal e profissional, e/ou sua saúde física ou mental, preju-
dicam a interação desta com o trabalho e este ambiente tenha
demandas excessivas a ela, ou que ela não contenha recursos
adequados para enfrentar tais situações.
O estresse ocupacional é decorrente das tensões associa-
das ao trabalho e à vida profissional. Os agentes estressantes
ligados ao trabalho têm origens diversas:
condições externas (economia política) e
exigências culturais (cobrança social e fa-
miliar). No entanto, Silva e Marchi (1997)
salientam que a mais importante fonte de
Míria Elisabete Bairros de Camargo

tensão é a condição interior.

Figura 5: Sofrimento no trabalho.


Fonte: Acervo da autora.

Peiró (1986), explicita como estressores do ambiente fí-


sico: ruído, iluminação, temperatura, higiene, intoxicação, cli-
ma, e disposição do espaço físico para o trabalho (ergono-
mia); e como principais demandas estressantes: trabalho por
turnos, trabalho noturno, sobrecarga de trabalho, exposição a
riscos e perigos.
Assim, o trabalho, além de possibilitar crescimento, trans-
formações, reconhecimento e independência pessoal e profis-
sional também causa problemas de insatisfação, desinteresse,
apatia e irritação. Dejours (1994) afirmava que não existe tra-
120 balho sem sofrimento.
Neste sentido Silva e Marchi (1997), afirmam que o es-
tresse é um estado intermediário entre saúde e doença, um
estado durante o qual o corpo luta contra o agente causador
da doença. Quando se confronta com um agressor (estressor)
o corpo reage. Essa reação tem três estágios: alarme, resis-
tência e exaustão.
A fase de Alarme consiste em uma fase muito rápida de
orientação e identificação do perigo, preparando o corpo para
a reação propriamente dita, ou seja, a fase de resistência. Lipp
(1990) acrescenta que às vezes as sensações não se identifi-
cam como de estresse, é por isso que muitos não se dão conta
de que estão neste estado.
A fase de Resistência é uma fase que pode durar anos. É
a maneira pela qual o corpo se adapta à nova situação. É parte
do estresse total do indivíduo e se processa de dois modos bá-
sicos: sintóxico (tolerância e aceitação) e catotóxica (contra,
não aceitação). Para Lipp (1990), isto ocorre quando a pessoa
tenta se adaptar à nova situação, restabelecendo o equilíbrio
interno.
A fase de Exaustão consiste em uma extinção da resistên-

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
cia, seja pelo desaparecimento do estressor, o agressor, seja
pelo cansaço dos mecanismos de resistência. Então, é neste
caso que o resultado será o da doença ou mesmo um colapso.
As desordens psicológicas no trabalho constituem uma
das dez frequentes categorias de “doença” ocupacional. Diver-
sos trabalhos têm evidenciado uma diversidade de variáveis
organizacionais, que contribuem para situações provocadoras
de reações psicológicas e psicossomáticas.
O estresse apresenta um alto custo para as empresas,
pois refletem diretamente na produtividade através de faltas,
horas de trabalho perdidas, desperdício de material de traba-
lho e custos elevados em assistência médica e, além disso,
pode prejudicar a imagem da empresa.
Assim, o interesse atual pelos efeitos e consequências do
estresse nos contextos de trabalho responde a várias razões,
mas principalmente aos custos econômicos derivados, tanto
para os indivíduos como para as organizações (IZQUIERDO,
1993).
A relação do homem com a organização do trabalho é 121
origem da carga psíquica do trabalho. Quando o rearranjo da
organização do trabalho não é mais possível, quando a relação

Estresse e as Relações no Trabalho


do trabalhador com a organização é bloqueada, o sofrimento
começa (DEJOURS, 1994).

Fatores Estressores
O estresse, em si, não constitui uma doença, é um fator
causador de doenças. Ainda há poucas pesquisas sobre o as-
sunto, mas de acordo com estudiosos da área, nos próximos
anos o nível de estresse vai dobrar. Assim, torna-se impor-
tante identificar quais são os primeiros sinais, quais são as
causas e as consequências do estresse, e, além disso, como
combatê-lo.
Segundo França e Rodrigues (1999), a palavra estresse é
mostrada de forma parcial e distorcida, diz que se realizarmos
um concurso com a intenção de escolher o maior vilão da atu-
alidade dos infortúnios pessoais e de saúde, o estresse leva-
ria o grande prêmio, pois se tem responsabilizado o estresse
por inúmeros acontecimentos, desde a úlcera do executivo, ao
acidente de automóvel de uma personalidade, ao baixo rendi-
mento de um atleta, ou mesmo de uma equipe esportiva, da
incapacidade de uma pessoa de desfrutar uma relação íntima
com seu parceiro, e assim por diante. Não raro ouvi-se: “[...]
Míria Elisabete Bairros de Camargo

que a situação em nossa sociedade está cada vez pior e, em


consequência disso temos um incremento importante do es-
tresse com uma dramática diminuição da qualidade de vida”.
O estresse no ambiente de trabalho, tornou-se assunto de
relevância. Percebe-se que em face das profundas e velozes
transformações, que o curso inabalável da revolução tecnoló-
gica impõe a cada dia às relações capital/trabalho. Maslach e
Leiter (1999) referem que:

O local de trabalho, hoje, é um ambiente frio, hostil, que exi-


ge muito, econômica e psicologicamente. As pessoas estão
emocionais, física e espiritualmente exaustas. As exigências
diárias do trabalho, da família e de tudo o que se encontra
entre eles corroem a energia e o entusiasmo do individuo

122 (p. 13).

As tarefas e as metas do trabalho, não podem ser con-


duzidas como as faces negativas do dia a dia do trabalhador,
pois essa atitude converte toda a disposição em esgotamento
e todo o otimismo em angústia, o que abre caminho para do-
enças, lesões físicas e psíquicas, comprometendo a saúde do
trabalhador. Maslach e Leiter (1999), dizem que o desgaste
físico e emocional, no local de trabalho, está aumentando e,
que a propensão, é onde há um maior desencontro entre natu-
reza do trabalho e a natureza da pessoa que realiza o trabalho.
Os autores destacam que:

[...] trabalhamos em ambientes nos quais os valores huma-


nos ocupam um distante segundo lugar atrás dos valores
econômicos. [...] quando a distância entre as pessoas e as
exigências do trabalho é tão grande, o progresso custa um
alto preço humano. Sentimos esse desequilíbrio em varias
áreas da vida organizacional (p. 25).
Segundo Maslach e Leiter (1999), o excesso de trabalho
pode ser o grande causador do desequilíbrio entre indivíduo e
trabalho, ao qual tem que fazer muito com poucos recursos.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Sendo esse desequilíbrio um desencadeador do estresse. A
redução de pessoal em uma empresa, raramente inclui a re-
dução de suas atribuições, assim menos pessoas têm de fazer
à mesma quantidade de trabalho, em menos tempo. O ritmo
aumenta, ainda mais, quando os trabalhadores arrumam um
segundo emprego e/ou fazem ‘biscates’ à noite, numa tentati-
va de atender as pressões financeiras e de manter aberta sua
opção de trabalho.
Em seu estudo, os autores mostram que muitos são os
fatores que levam o indivíduo a situações de desequilíbrio,
desencadeadora do estresse, a falta de equidade, de ética pro-
fissional pode auferir ao individuo um desgaste físico e emo-
cional que venha ocasionar o estresse (MASLACH e LEITER,
1999).
Para Figueroa et al. (2001), as doenças ocupacionais,
mentais e físicas, refletem, em termos monetários, o custo
oculto do estresse no trabalho, se não se procurar criar o âm-
bito de trabalho propício para o bem-estar e para a produtivi-
dade. Segundo os autores, é muito provável que “as patolo- 123
gias associadas à atividade de trabalho apresentem um maior
índice de incidência em países em desenvolvimento como o

Estresse e as Relações no Trabalho


nosso e que, por esta razão, influam sobre o bem-estar e a
qualidade de vida dos trabalhadores”. Numerosas pesquisas
refletem este fenômeno. Ainda citando Figueroa et al. (2001),
que destacam o trabalho de Spielberger e Reheiser (1994),
onde os mesmos afirmam textualmente que: “o stress no local
de trabalho resulta em custos muito elevados para indivídu-
os, organizações empresárias e a sociedade em geral, pelos
seus efeitos deletérios sobre a produtividade, absenteísmo,
absentismo, saúde e bem-estar”. Fica clara a importância do
bem-estar e a saúde do indivíduo no trabalho, pois é no traba-
lho que passa-se a maior parte do tempo, se não houver uma
atenção voltada a saúde do trabalhador a empresa terá sérios
problemas.
Exercícios
Marque a alternativa correta:

1. O estresse de acordo com Selye é constituido de três


fases, sendo elas:
Míria Elisabete Bairros de Camargo

a) ( ) Reação de alarme,fase de adaptação e fase de


exaustão.
b) ( ) Reação de estresse,fase de adaptação e fase
de exaustão.
c) ( ) Reação de alarme,fase de adaptação e fase de
relaxamento.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

2. Os sintomas do estresse no aparelho circulatório são:

a) ( ) a adrenalina promove a aceleração dos bati-


mentos cardíacos, taquicardia, e uma diminuição do ta-
manho dos vasos sanguíneos periféricos.
124 b) ( ) A adrenalina promove a dilatação dos brôn-
quios, broncodilatação, e induz o aumento dos movimen-
tos respiratórios, taquipnéia, para que haja maior captação
de oxigênio, que vai ser mais rapidamente transportado
pelo sistema circulatório, também devidamente prepara-
do pela adrenalina.
c) ( ) Nenhuma alternativa está correta.
d) ( ) As alternativas A e B estão corretas.

Referências
CATALDI, Maria José Giannella. O stress no meio ambiente
de trabalho. São Paulo: LTr, 2002.

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel


dos recursos humanos nas organizações. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 2004.
COOPER, Cary; STRAW, Alison. Como controlar o estresse
de maneira eficaz. Tradução Liliana da Silva Lopes. São Pau-
lo: Planeta do Brasil, 2005.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatolo-
gia do trabalho. 6º ed. São Paulo: Cortez-Oboré, 1994.

FIGUEROA, N. et al. Um instrumento para avaliação de estres-


sores psicossociais no contexto do emprego. Reviste Psico-
logia: reflexão e crítica. Buenos Aires, p.653-659, 2001.

FRANÇA, A. C. L.; RODRIGUES, A. L. Stress e trabalho:


guia básico com abordagem psicossomática. São Paulo: Atlas,
1997.

IZQUIERDO, M. Garcia. El estrés en contextos laborales: efec-


tos psicológicos de los nuevos estresores. In: B. Vidal (coord.).
Estrés y psicopatología. Madrid: Pirámide, 1993.

LIMONGI, França Ana Cristina; RODRIGUES, Avelino Luiz.


Stress e Trabalho: uma abordagem psicossomática. 2º. ed.
São Paulo: Atlas, 1999. 125
LIPP, M. N. Como enfrentar o stress. São Paulo: Ícone, 1990.

LIPP, M. N.; MALAGRIS, L. N. Manejo do estresse. In: B. Rangé Estresse e as Relações no Trabalho
(Org.). Psicoterapia comportamental cognitiva: pesquisa,
prática, aplicações e problemas. São Paulo: Psy, 1995.

LONDOÑO, Malagón; MORERA, Galán; LAVERDE, Pontón. Ad-


ministração Hospitalar. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2003.

PEIRÓ, J. M. Psicología de la organización. Madrid: UNED,


1986.

PSI-REVISTA DE PSICOLOGIA SOCIAL E INSTITUCIONAL. Dis-


ponível em: <http:// www2.uel.br/ccb/psicologia/revista/tex-
tov2n15.htm>. Acesso em: 19 jul. 2009.
SILVA, M.; MARCHI, R. Saúde e qualidade de vida no tra-
balho. São Paulo: Best Seller, 1997.
Míria Elisabete Bairros de Camargo

126
Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Cap. VIII
Primeiros Socorros

Introdução 127
Os primeiros socorros são caracterizados por todo tipo

Primeiros Socorros
de atendimento emergencial que é dado a uma vítima de mal
súbito ou de acidente, seja de automóvel, de motocicleta ou
de trabalho, de forma imediata e provisória. É imediato por-
que deve ser iniciado o mais breve possível e o tratamento
definitivo será feito no hospital pela equipe médica. Os primei-
ros socorros são procedimentos básicos e simples que muitas
vezes salvam a vida do acidentado, a exemplo de uma víti-
ma que apresenta um sangramento intenso, quando se deve
interromper esta hemorragia colocando uma toalha em cima
do ferimento e fazendo uma compressão firme e constante.
Também evita o agravamento de lesões e reduz o sofrimento
da vítima, como no caso de uma fratura, quando uma imobi-
lização correta e eficiente irá diminuir sobremaneira a dor e
evitará uma possível hemorragia interna por lesão vascular
(Zimmermann, 2009).
De acordo com Bortolotti
(2009) “a prestação imediata de
primeiros socorros pode deter-
minar o prognóstico do aciden-
tado, e diferenciar entre a recu-
peração e a incapacitação”.
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Figura 1: Primeiros Socorros.


Fonte: Acervo da autora.

Em qualquer atividade de socorro as principais metas de


assistência são:
Preservar a vida;

Prevenir complicações antes que possa ser admi-


nistrado tratamento definitivo;

Dar suporte emocional (BORTOLOTTI, 2009).

Durante o atendimento de primeiros socorros nenhuma


manobra invasiva, como uma punção venosa, uma injeção in-
tramuscular, ou o uso de medicações é permitido no Brasil por
128 parte dos socorristas. Tais manobras só podem ser realizadas
por médicos. Uma característica importante dos primeiros so-
corros é a perspicácia, bom senso e capacidade de improvisa-
ção da pessoa que está prestando o atendimento. O socorrista
apto é aquele que sabe dominar as técnicas, tem espírito de
liderança, mantém a calma e apresenta sensatez. A educação
em primeiros socorros e a prevenção de acidentes é a forma
mais efetiva e econômica de evitar tais transtornos (ZIMMER-
MANN, 2009).
Segundo o artigo 135 do Código Penal, a omissão de so-
corro consiste em “Deixar de prestar assistência, quando pos-
sível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou ex-
traviada, ou à pessoa inválida ou ferida, em desamparo ou em
grave e iminente perigo; não pedir, nesses casos, o socorro da
autoridade pública”.
Pena – detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Parágrafo único: A pena é aumentada de metade, se da
omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada,
se resulta em morte.
Importante: o fato de chamar o socorro especializado,
nos casos em que a pessoa não possui um treinamento espe-

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
cífico ou não se sente confiante para atuar, já descaracteriza a
ocorrência de omissão de socorro.

Emergência e Urgência
Emergência é uma propriedade que uma dada situação
assume quando um conjunto de circuns-
tâncias a modifica. Tomados de forma
isolada, seus elementos não justificariam
uma medida imediata, mas o conjunto e
a interação entre seus constituintes sim.

Figura 2: Acidente.
Fonte: <http://negocios.maiadigital.pt/hst/sinalizacao_se-
guranca/sinalizacao_perigo?set_language=en&cl=en>.

A assistência em situações de emergência e urgência se


caracteriza pela necessidade de um paciente ser atendido em
um curtíssimo espaço de tempo. A emergência é caracterizada
com sendo a situação onde não pode haver uma protelação 129
no atendimento, o mesmo deve ser imediato. Nas urgências o

Primeiros Socorros
atendimento deve ser prestado em um período de tempo que,
em geral, é considerado como não superior a duas horas.
Segundo o Conselho Federal de Medicina, em sua Reso-
lução CFM n°. 1.451 de 10/3/1995 (CONSELHO FEDERAL DE
MEDICINA, 1995), temos:

Urgência: ocorrência imprevista de agravo à saú-


de com ou sem risco potencial de vida, cujo por-
tador necessita de assistência médica imediata;

Emergência: constatação médica de condições de


agravo à saúde que impliquem em risco iminente
de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto,
tratamento médico imediato (BRASIL-MS, 2006).

Considera-se emergência médica a situação na qual é ne-


cessário tomar ações e decisões médicas imediatas, devido à
sua importância e gravidade. São quadros que colocam a vida
em risco. E urgência médica a situação que requer assistência
médica dentro de um reduzido espaço de tempo. Nesses casos
não há risco de vida para o paciente, nem de agravamento da
situação, por isso se tem mais tempo para transportar e aten-
der o enfermo.
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Choque
Definição

A palavra choque deriva do francês choc: parada e scoc:


sacudida. É um distúrbio caracterizado pelo insuficiente supri-
mento sanguíneo para os tecidos e células do corpo. Choque
é uma desordem no sistema circulatório. Em um estado de
saúde normal, o coração bombeia o sangue através das arté-
rias, veias e capilares, para alimentar os órgãos e tecidos do
corpo com oxigênio e nutrientes. Mais importante, o sistema
circulatório irriga o cérebro, o que nos mantém vivos. Algumas
130 vezes, o corpo não consegue fazer com que o sangue chegue
aos órgãos e tecidos, levando ao choque. Isto pode ocorrer,
por um dos motivos abaixo:

1. Falha no mecanismo que bombeia o sangue (co-


ração);

2. Problemas nos vasos sanguíneos;

3. Baixo nível de fluídos no corpo (sangue, água).

Existem quatro hipovolêmico, cardiogênico, vascular e


anafilático, como será visto a seguir.

Choque Hipovolêmico

O sistema circulatório é responsável por levar a todas as


células o oxigênio e os nutrientes e deles retirar o gás carbôni-
co e os produtos do metabolismo (BORTOLOTTI, 2009).
O choque hipovolêmico se dá quando existe uma dimi-
nuição do volume de fluidos no corpo. De uma maneira geral,
isto é causado por grande perda de sangue (hemorragias) ou

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
grande perda de fluidos corporais, através da transpiração ex-
cessiva, vômitos, queimaduras ou diarréia.

Causas

A perda de aproximadamente um quinto do volume san-


guíneo normal, por qualquer causa, pode causar choque hipo-
volêmico. Isto inclui sangramento do intestino ou estômago,
outros sangramentos internos, sangra-
mentos externos (por cortes ou lesões) ou
perda de volume sanguíneo e líquidos do
corpo (como pode ocorrer com diarréia,
vômitos, obstrução intestinal, inflamações,
queimaduras e outros).

Figura 3: Paciente em choque.


Fonte: Socorrista de Terceira Classe/Adm.

Sintomas
131
Pulso pode estar fraco e pulso rápido (geralmente

Primeiros Socorros
maior que 110bpm);

Respiração rápida e curta;

Ansiedade, nervosismo;

Pele fria com cianose;

Fraqueza, cansaço excessivo;

Palidez;

Sudorese, pele úmida;

Micção reduzida ou ausente;


Pressão sanguínea baixa, com isso a pessoa apre-
senta: tonturas, náuseas e vômitos;

Pupilas dilatadas (isso ocorre devido à diminuição


da oxigenação do cérebro) (BORTOLOTTI, 2009).

Cuidados
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Procure assistência médica imediatamente! Mantenha a


vítima aquecida com cobertores. Mantenha a vítima deitada.
Não administre líquidos por via oral. Dê suporte emocional,
tranquilize e conforte a vitima.

Choque Cardiogênico

O coração localiza-se no tórax e é o responsável por bom-


bear o sangue a todo o corpo depois que este recebeu nos
pulmões o oxigênio, necessário para que todos os tecidos do
corpo cumpram suas funções.
O coração possui quatro vál-
vulas:

132 1. a válvula aórtica;


2. a válvula mitral;
3. a válvula tricúspide;
4. a válvula pulmonar.

Figura 4: Coração e válvulas.


Fonte: Acervo da autora.

Estas válvulas permitem controlar a direção do fluxo san-


guíneo através do coração e sua abertura e fechamento suces-
sivos, produzem os sons do batimento cardíaco.
Este tipo de choque está relacionado a problemas com o
sistema de bombeamento do sangue através do sistema cir-
culatório, ou seja, o coração. Ataque cardíaco, atingimento por
raio e trauma podem causar uma diminuição significativa na
perfusão sanguínea, mesmo não havendo perda de volume.
Forma de choque causada quando o coração não consegue su-
prir sangue suficiente ao organismo, sendo que a causa prin-
cipal do choque está dentro do próprio coração.
Causas

O choque cardiogênico pode resultar de distúrbios do


músculo cardíaco, das válvulas ou do sistema de condução

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
elétrica do coração. Alguns dos distúrbios relacionados in-
cluem IM (Insuficiência Mitral) aguda, insuficiência cardíaca,
cardiomiopatia, ruptura do coração, arritmias, e problemas
nas válvulas (especialmente as regurgitações).

Sintomas

Pulso acelerado;

Pulso pode estar fraco (fibrilando);

Respiração acelerada;

Ansiedade, nervosismo;

Pele fria ao toque;

Fraqueza, letargia, fadiga;

Estado mental em deterioração:


 Perda do estado de alerta; 133
 Perda da capacidade de concentração;

Primeiros Socorros
Inquietação, agitação, confusão;

Coma;

Pele pálida;

Sudorese abundante, pele úmida;

Pouca ou nenhuma urina;

Preenchimento capilar comprometido.

Cuidados

O choque cardiogênico é uma emergência médica! O tra-


tamento requer hospitalização. O objetivo do tratamento é
salvar a vida do paciente e tratar a causa do choque. Dê su-
porte emocional, tranquilize e conforte a vítima.
Choque Vascular ou Neurogênico

O corpo humano tem um intricado sistema de comuni-


cação interna, que tem como parte principal, o sistema ner-
voso. O cérebro está conectado a este sistema e é quem nos
diz quando respirar, quanto respirar, quando bater o coração,
quanto sangue bombear e quão largos os vasos sanguíne-
Míria Elisabete Bairros de Camargo

os devem estar para permitir que o sangue passe com uma


determinada pressão. Quando este sistema é interrompido,
como acontece em traumas espinhais, o controle do sistema
circulatório é perdido. Os vasos aumentam em diâmetro (va-
sodilatação), o que faz com que a pressão do sistema circula-
tório caia, resultando em choque vascular.

Causas

As causas são:

Lesão da medula espinal;

Anestesia espinal;
134
Lesão do sistema nervoso;

Efeito depressor de medicamentos;

Uso de drogas e ainda estados hipoglicemiantes.

Sintomas

Pele seca e quente;

Hipotensão;

Bradicardia.

Cuidados

Restauração do tônus simpático, através da estabilização


da medula espinal, no caso de anes-
tesia espinal ou posicionar o paciente
corretamente. Procure assistência mé-

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
dica imediatamente!

Figura 5: Choque circulatório.


Fonte: Disponível em: <http:// www.colegiosaofrancis-
co>. Acesso em: 19 jun. 2009.

Choque Anafilático

Inúmeras pessoas são alérgicas a


várias coisas. Umas a comida, microrganismos, outras a pica-
das de insetos, como abelhas. Ser ferroado por uma abelha,
pode levar muitas pessoas a um estado de choque vascular,
resultante de uma reação alérgica. Neste caso, a histamina li-
berada pelo corpo com o objetivo de combater a alergia, causa
uma vasodilatação, levando a um choque anafilático.

Sintomas

Os sintomas começam imediatamente ou quase sempre


nas 2 horas subsequentes à exposição à substância agressora. 135
O indivíduo pode sentir-se mal, tornar-se agitado e apresentar
palpitações, formigamento,

Primeiros Socorros
prurido e hiperemia cutânea,
pulsação nos ouvidos, tosse,
espirro, urticária, edema ou
uma maior dificuldade respi-
ratória devida à asma ou à
obstrução da traquéia.

Figura 6: Edema.
Fonte: Disponível em: <http:// dermis.
net>. Acesso em: 20 jul. 2009.

A anafilaxia pode apresentar uma evolução tão rápida que


pode acarretar colapso, convulsões, perda do controle vesical,
inconsciência ou acidente vascular cerebral em 1 a 2 minutos.
A anafilaxia pode ser fatal a menos que o indivíduo receba o
tratamento de emergência imediatamente.
Cuidados

Qualquer indivíduo que esteja apresentando uma reação


anafilática deve procurar o serviço de emergência de um hos-
pital assim que possível, pois pode ser necessária uma moni-
torização rigorosa dos sistemas cardiovascular e respiratório e
a disponibilidade de um tratamento rápido e sofisticado.
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Crise Convulsiva
Definição

Crise convulsiva é um quadro caracterizado pela contra-


tura involuntária da musculatura com movimentos desordena-
dos, generalizados ou localizados, acompanhada de perda dos
sentidos. Uma convulsão é a resposta a uma descarga elétrica
anormal no cérebro. O termo crise convulsiva descreve várias
experiências e comportamentos e não é o mesmo que uma
convulsão, embora os termos sejam às vezes utilizados como
sinônimos. Qualquer coisa que irrite o cérebro pode produzir
uma crise convulsiva. O que ocorre exatamente durante uma
convulsão depende da parte do cérebro que é afetada pela
136 descarga elétrica anormal. A descarga elétrica pode envolver
uma área mínima do cérebro, fazendo apenas que o indivíduo
perceba um odor ou sabor estranho, ou pode envolver grandes
áreas, acarretando uma convulsão (abalos e espasmos mus-
culares generalizados). Além disso, o indivíduo pode apresen-
tar episódios breves de alteração da consciência; pode perder
a consciência, o controle muscular
ou o controle vesical; e pode apre-
sentar confusão mental.
As convulsões frequentemente
são precedidas por auras – sensa-
ções incomuns de odores, sabores
ou visões, ou uma sensação inten-
sa de que uma crise convulsiva está
prestes a ser desencadeada. Uma
crise convulsiva pode durar de 2 a
5 minutos.
Figura 7: Crise convulsiva.
Fonte: Disponível em: <http://www. mentalhealth.com.br/epilepsia/index.htm>. Acesso
em: 13 jul. 2009.

Causas de Convulsões

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Febre alta, insolação, infecção, infecções do cérebro,
AIDS, Malária, Meningite, raiva, sífilis, tétano, toxoplasmose,
encefalite viral.
Distúrbios metabólicos: hipoparatireoidismo, novéis altos
de açúcar ou de sódio no sangue, níveis baixo de açúcar, cál-
cio, magnésio ou sódio.
Outras doenças: eclâmpsia, encefalopatia hipertensiva,
lúpus eritematoso, entre outras.
Exposição a drogas ou substâncias tóxicas: álcool (gran-
des quantidades), anfetaminas, cânfora, cloroquina, overdose
de cocaína etc.
Reações adversas a medicamentos de receita obrigatória:
ceftazidima, clorpromazina, meperidina, fenitoína, teofilina,
entre outras.

Sintomas:

Movimentos musculares repetidos; 137

Primeiros Socorros
Cianose nos lábios;

Olhos virados para cima;

Perda dos sentidos;

Salivação abundante;

Eliminação de urina e fezes durante a crise;

Após o cessamento da crise o paciente apresenta-


se inconsciente e com perda do tônus muscular
(musculatura flácida).

Cuidados

A primeira medida é avaliar o local onde está a vitima e


manter a tranquilidade, não se desespere:
Colocar a vítima deitada de costas em um local
plano, confortável, afastada de toda fonte de ris-
co, por exemplo: tomadas elétricas, fios, objetos
perfurantes;

Proteger a cabeça da vítima para que não bata no


chão;
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Lateralizar a cabeça (se não houver suspeita de


lesão de coluna) para que a vítima não venha se
asfixiar com a saliva;

Afrouxe a roupa da vítima;

Retire pulseiras, colares, relógios, óculos para evi-


tar traumas para o paciente;

Observe se a vítima possui alguma placa de iden-


tificação (pulseira, medalha ou cartão) que pos-
sam identificá-lo ou estabeleçam diagnóstico da
causa da crise;
138
Não impeça os movimentos do paciente, apenas
se preocupe de que não ocorram traumatismos;

Não tracionar a língua ou colocar objetos na boca


a fim de segurá-la (uso de colher, canetas, os de-
dos etc.);

Se a vítima estiver com febre, pode seu usado


compressas com uma toalha molhada para res-
friá-la;

Quando a crise passar evite estimular demasiada-


mente o paciente, para impedir o desenvolvimen-
to de novas crises;

Encaminhe o paciente a um serviço de emergên-


cia.
Crise Hipertensiva
Crise hipertensiva é a elevação, repentina, rápida, seve-

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
ra, inapropriada e sintomática da pressão arterial, em pessoa
normotensa ou hipertensa. Os órgãos alvo da crise hipertensi-
va são: os olhos, rins, coração e cérebro.
A crise hipertensiva apresenta sinais e sintomas agudos
de intensidade severa e grave com possibilidades de deterio-
ração rápida dos órgãos alvo. Pode haver risco de vida poten-
cial e imediato, pois os níveis tensionais estarão muito eleva-
dos, superiores a 110 mmHg de pressão arterial diastólica ou
mínima.

Sintomas

A crise hipertensiva inicia repentinamente e a pessoa


pode apresentar:
Sensação de mal estar;

Ansiedade e agitação;

Cefaléia severa;
139

Primeiros Socorros
Tontura;

Borramento da visão;

Dor no peito;

Tosse e falta de ar.

Figura 8: Representação do coração hipertenso.


Fonte: Acervo da autora.

A crise vem acompanhada de sintomas em outros órgãos:

No rim, surge hematúria, proteinúria e edema;

No sistema cardiovascular, falta de ar, dor no pei-


to, angina, infarto, arritmias e edema agudo de
pulmão;

No sistema nervoso, acidente vascular do tipo is-


quêmico ou hemorrágico, com convulsões, dificul-
dade da fala e da movimentação;
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Na visão, borramento, hemorragias e edema de


fundo de olho.

Cuidados

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) acompanhada de


grande e repentina elevação da pressão arterial requer que os
pacientes sejam protegidos de lesão dos órgãos alvo: olhos,
rins, coração e cérebro.
Encaminhe o paciente a um serviço de emergência.
Os níveis de pressão arterial devem ser imediatamente
diminuídos com medicações especiais orais e intravenosas,
usadas pelos médicos sob controle rigoroso em unidades de
tratamento intensivo.
140
Queimaduras
Definição

Para a área de cosmetologia e estética muitos são os tra-


tamentos de beleza que poderão ocorrer queimadura caso não
tenham muitos cuidados. Queimaduras por depilação a laser,
eletroterapia (corrente galvânica aplicada com eletrodo fixo
por tempo excessivo, ou com intensidade alta, ou os dois jun-
tos podem queimar a pele), queimaduras de couro cabeludo
por produtos químicos, etc.
As queimaduras estão entre os mais comuns acidentes
domésticos. Caracterizam-se por lesões nos tecidos que en-
volvem as diversas camadas do corpo como a pele, cabelos,
pêlos, o tecido celular subcutâneo, músculos, olhos etc. Ge-
ralmente são causadas através do contato direto com objetos
quentes como brasa, fogo, chamas, vapores quentes, sólidos
superaquecidos ou incandescentes. Podem também ser cau-
sadas por substâncias químicas como ácidos, soda cáustica
e outros. Emanações radioativas como as radiações infraver-

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
melhas e ultravioletas, ou ainda a eletricidade, também são
fatores desencadeantes das queimaduras.
Queimaduras são lesões dos tecidos orgânicos em decor-
rência de trauma de origem térmica resultante da exposição
a chamas, líquidos quentes, superfícies quentes, frio, subs-
tâncias químicas, radiação, atrito ou fricção. As queimaduras
podem ser de origem:

Queimaduras térmicas;

Queimaduras químicas;

Queimaduras elétricas;

Queimaduras por radiação;

Queimaduras por atrito;

Outras. 141
Classificação das Lesões

Determinar o grau da lesão é determinar a profundida- Primeiros Socorros


de da queimadura (se atingiu epiderme, derme ou outros te-
cidos). Muitas vezes a diferenciação
entre os graus de lesão pode ser difí-
cil e o diagnóstico de certeza só pode
ser realizado através de histopatolo-
gia do tecido.

Figura 9: Pele normal.


Fonte: Acervo da autora.

Lesão de Primeiro Grau

Atinge a epiderme (camada mais externa) e não provoca


alterações na hemodinâmica. Clinicamente caracteriza-se por
eritema e dor local sem a presença de
bolhas ou flictenas. Um bom exemplo é a
queimadura solar.

Figura 10: Pele com lesão de 1º. Grau.


Fonte: Acervo da autora.

Lesão de Segundo Grau


Míria Elisabete Bairros de Camargo

Queimadura que atinge tanto a derme quanto a epider-


me. A característica mais marcante é a presença de bolhas.

Lesão de Segundo Grau Superfi-


cial: atinge epiderme e superfície da der-
me apresentando lesões bolhosas erite-
matosas.

Figura 11: Pele com lesão de 2º. Grau.


Fonte: Acervo da autora.

Lesão de Segundo Grau Profunda: acomete também


uma porção mais profunda da derme. As bolhas apresentam
fundo de coloração violácea ou esbranquiçada. O diagnóstico
142 diferencial principal é com a lesão de terceiro grau (queima-
duras de segundo grau são dolorosas e as de terceiro grau
não costumam doer). Como exemplo, figuram as lesões por
escaldadura (líquido superaquecido).

Lesão de Terceiro Grau

É uma queimadura que acomete todas as camadas da


pele e pode atingir também outros tecidos (subcutâneos mús-
culos e ossos). A lesão característica apresenta-se com as-
pecto duro, inelástico, esbranquiçado ou
marmóreo, perda de sensibilidade no lo-
cal e presença de vasos trombosados. As
queimaduras de terceiro grau podem ter
causa elétrica ou térmica.

Figura 12: Pele com lesão de 3º. Grau.


Fonte: Acervo da autora.
Cuidados

Se a queimadura for de pouca extensão, resfrie o local

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
com água fria imediatamente.
Seque o local delicadamente com um pano limpo ou chu-
maços de gaze. Cubra o ferimento com compressas de gaze.
Em queimaduras de 2º grau, apli-
que água fria e cubra a área afetada
com compressas de gaze embebida
em vaselina estéril.

Figura 13: Cuidados com queimadura.


Fonte: Acervo da autora.

Mantenha a região queimada mais elevada do que o resto


do corpo, para diminuir o inchaço. Dê bastante líquido para a
pessoa ingerir e, se houver muita dor, um analgésico.
Se a queimadura for extensa ou de 3º grau, procure um
médico imediatamente.
Atenção: se as roupas também estiverem em chamas,
não deixe a pessoa correr. Se necessário, derrube-a no chão
e cubra-a com um tecido como cobertor, tapete ou casaco, ou
chão. Em seguida, procure auxílio médico imediatamente. 143
Fraturas
É quando ocorre a quebra de um osso, causada por uma pancada Primeiros Socorros
muito forte, uma queda ou esmagamento.
Há dois tipos de fraturas: as fechadas, que apesar do choque,
deixam à pele intacta, e as expostas, quando o osso fere e atravessa a
pele. As fraturas expostas exigem cuidados especiais,
portanto, cubra o local com um pano limpo ou gaze e
procure socorro médico imediato.

Figura 14: Tipos de fratura.


Fonte: Acervo da autora.

Sintomas

Os sintomas podem ser:


Dor ou grande sensibilidade em um osso ou arti-
culação;

Incapacidade de movimentar a parte afetada,


além do adormecimento ou formigamento da re-
gião;
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Inchaço e pele arroxeada, acompanhado de uma


deformação aparente do membro machucado.

Cuidados

Deve-se os seguintes cuidados:

Não movimente a vítima até imobilizar o local


atingido;

Não dê qualquer alimento ao ferido, nem mesmo


água;

Solicite assistência médica, enquanto isso mante-


144 nha a pessoa calma e aquecida;

Verifique se o ferimento não interrompeu a circu-


lação sanguínea;

Imobilize o osso ou articulação atingido com uma


tala;

Mantenha o local afetado em nível mais elevado


que o resto do corpo e aplique compressas de gelo
para diminuir o inchaço, a dor e a progressão do
hematoma.

Desmaio
O desmaio, também conhecido como síncope, pode ser
definido como uma momentânea perda da consciência, que
geralmente não dura mais que alguns minutos e é causada
pela diminuição temporária do fluxo sanguíneo que nutre o
cérebro.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Causas

O desmaio pode ser uma reação à dor ou ao medo, ou


resultante de perturbação emocional, exaustão ou falta de ali-
mentação, entretanto, o restabelecimento da vítima é normal-
mente rápido e completo.
Os sinais e sintomas são:
A palidez;

O pulso fraco e lento;

A falta de equilíbrio;

A inconsciência.

Diante de uma vítima que sofreu um desmaio ou que sen-


te que vai desmaiar, deve-se buscar aumentar o fluxo san-
guíneo no cérebro e tranquilizar a vítima, mantendo-a numa
posição confortável. O socorro pré-hospitalar consiste em: 145
Deitar a vítima com as pernas elevadas e manter

Primeiros Socorros
as vias aéreas desobstruídas;

Desapertar quaisquer peças de roupa justas no


pescoço, peito e cintura, para auxiliar a ventilação
e a circulação;

Examinar cuidadosamente e tratar qualquer lesão


que a vítima tenha sofrido ao cair;

Se a vítima não recuperar logo


a consciência, procurar socor-
ro especializado ou transpor-
tá-la para um hospital.

Figura 15: Vítima de desmaio.


Fonte: Acervo da autora.
Se a vítima encontrar-se de pé, aconselhe-a a exercitar a
musculatura das pernas para auxiliar a circulação. Se a vítima
sentir falta de equilíbrio, previna o desmaio, orientando-a a
respirar profundamente e ajudando-a a sentar-se e a inclinar-
se para frente, aumenta o fluxo sanguíneo cerebral.
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Parto de Emergência
Parto é um fato natural. O ideal é que o parto ocorra em
um ambiente hospitalar assistido por um médico obstetra.
No final da gestação, a parturiente começa a apresentar
sinais e sintomas que são indicativos do início do trabalho de
parto.

Sintomas

Identificação do parto iminente ou período expulsivo:


Contrações regulares a cada dois minutos;

146 Visualização da cabeça do bebê no canal de nas-


cimento;

Ruptura da bolsa;

Gestante multípara, com vários partos normais.

Cuidados

Existem alguns pontos que devem ser lembrados, caso


uma pessoa se encontre diante da emergência de um parto e
tenha que prestar auxílios à parturiente, por falta de recursos
médicos imediatos ou de condições de transportá-la imediata-
mente a um hospital.
Deixe a natureza agir. Seja paciente. Es-
pere até que a criança nasça.

Figura 16: Parto normal.


Fonte: Acervo da autora.
Afaste os curiosos. Procurar ser o mais discreto possível e
manter ao máximo a privacidade da gestante.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Mantenha a calma;

Não permitir que a parturiente vá ao banheiro se


são constatados os sinais de parto iminente;

Colocar a parturiente deitada de costas, com os


joelhos elevados e as pernas afastadas uma da
outra e pedir-lhe para conter a respiração, fazen-
do força de expulsão cada vez que sentir uma con-
tração uterina;

Lave bem as mãos. Conserve limpo tudo o que


cerca a parturiente;

À medida que o parto progride, ver-se-á cada vez


mais a cabeça do feto em cada contração. Deve-
se ter paciência e esperar que a natureza prossiga
o parto; nunca se deve tentar puxar a cabeça da 147
criança para apressar o parto;

Primeiros Socorros
Somente ampare com as mãos a cabeça da crian-
ça que nasce, sem imprimir nenhum movimento,
que não o de sustentação;

Depois de sair totalmente, a cabeça fará um pe-


queno movimento de giro e, então, sairão rapida-
mente os ombros e o resto do corpo;

Sustentá-lo com cuidado. Nunca puxar a criança,


nem o cordão umbilical, deixar que a mãe expulse
naturalmente o bebê e a placenta;

Proteja a criança, evitando contato com locais su-


jos ou chão frio e úmido. Mantenha-a com a cabe-
ça ligeiramente abaixada;
Limpar o muco do nariz e da boca e assegure-
se de que o bebê esteja respirando. Se a criança
não chorar ou respirar, segurá-la de cabeça para
baixo, pelas pernas, com cuidado para que não
escorregue, e dar alguns tapinhas nas costas para
estimular a respiração. Desta forma, todo o líqui-
Míria Elisabete Bairros de Camargo

do que estiver impedindo a respiração sairá;

Se o bebê não estiver respirando, aplicar a respi-


ração artificial delicadamente, insuflando apenas
o volume suficiente para elevar o tórax da criança,
como ocorre em um movimento respiratório nor-
mal. Aja com delicadeza;

O cordão umbilical sairá com a placenta, cerca de


20 minutos após o nascimento.

Não há necessidade de cortar o cordão umbilical, se o


transporte para o hospital demorar menos de 30 minutos.
Porém, se o tempo de transporte for superior a 30 minutos,
148 deitar a criança de costas e, com um fio previamente fervido,
fazer nós no cordão umbilical: o primeiro a aproximadamente
quatro dedos da criança (10 cm) e o segundo nó distante a
5cm do primeiro. Cortar entre os dois nós com uma tesoura,
lâmina ou outro objeto limpo. As extremidades do cordão não
devem sangrar.
Após a saída da placenta, deve-se fazer massagem suave
sobre o abdômen da parturiente para provocar a contração do
útero e diminuir a hemorragia que é normal após o parto.
Colocar o bebê em contato com a mãe, em seu colo, as-
sim que liberar a placenta (após cortar o cordão umbilical).
Mantenha a mãe e o filho agasalhados.
Transportar os dois ao hospital para atendimento médico.
Deve-se também transportar a placenta para o médico avaliar
se ela saiu completamente.
Parada
Cardiorrespiratória

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
A parada cardiorrespiratória é o exemplo mais expressivo
de uma emergência médica. Somente uma grande hemorra-
gia externa e o edema agudo de pulmão devem merecer a
primeira atenção antes da parada cardíaca. A identificação e
os primeiros atendimentos devem ser iniciados dentro de um
período de no máximo 4 minutos a partir da ocorrência, pois
os centros vitais do sistema nervoso ainda continuam em ati-
vidade. A partir deste tempo, como já vimos as possibilidades
de recuperação tornam-se escassas. A eficácia da reanimação
em caso de parada cardíaca está na dependência do tempo
em que for iniciado o processo de reanimação, pois embora
grande parte do organismo permaneça biologicamente vivo,
durante algum tempo, em tais condições, modificações irre-
versíveis podem ocorrer no cérebro, em nível celular. Se a PCR
for precedida de déficit de oxigenação, este tempo é ainda
menor.
A ausência de circulação do sangue interrompe a oxige-
nação dos órgãos. Após alguns minutos as células mais sen- 149
síveis começam a morrer. Os órgãos mais sensíveis à falta de

Primeiros Socorros
oxigênio são o cérebro e o coração. A lesão cerebral irrever-
sível ocorre geralmente após quatro a seis minutos (morte
cerebral).

Sintomas

Os seguintes elementos deverão ser observados para a


determinação de PCR:

Ausência de pulso numa grande artéria (por


exemplo: carótida). Esta ausência representa o si-
nal mais importante de PCR e determinará o início
imediato das manobras de ressuscitação cardior-
respiratória;

Apnéia ou respiração arquejante. Na maioria dos


casos a apnéia ocorre cerca de 30 segundos após
a parada cardíaca; é, portanto, um sinal relativa-
mente precoce, embora, em algumas situações,
fracas respirações espontâneas, durante um mi-
nuto ou mais, continuem a ser observada após o
início da PC. Nestes casos, é claro, o sinal não tem
valor;
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Espasmo (contração súbita e violenta) da laringe;

Cianose (coloração arroxeada da pele e lábios);

Inconsciência. Toda vítima em PCR está incons-


ciente, mas várias outras emergências podem se
associar à inconsciência. É um achado inespecífi-
co, porém sensível, pois toda vítima em PCR está
inconsciente;

Dilatação das pupilas, que começam a se dilatar


após 45 segundos de interrupção de fluxo de san-
gue para o cérebro.
150
Avaliar a cena

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Determinar nível de consciência

Pedir auxílio se inconsciente

Abrir vias aéreas

Verificar respiração
Se ausente

Ventilar duas vezes

Palpar pulso
Se ausente

Iniciar compressão torácica


151
Figura 17: Sequência de suporte básico de vida em adulto.

Primeiros Socorros
Fonte: Acervo da autora.

Para iniciar a respiração boca a boca e promover a ressuscitação


cardiorrespiratória, deve-se obedecer a seguinte sequência:

Deitar o acidentado de costas;

Desobstruir as vias aéreas. Remover prótese den-


tária (caso haja), limpar sangue ou vômito;

Pôr uma das mãos sob a nuca do acidentado e a


outra mão na testa;

Inclinar a cabeça do acidentado para trás ate que


o queixo fique em um nível superior ao do nariz,
de forma que a língua não impeça a passagem de
ar, mantendo-a nesta posição;

Fechar bem as narinas do acidentado, usando os


dedos polegar e indicador, utilizando a mão que foi
colocada anteriormente na testa do acidentado;

Inspirar profundamente;
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Colocar a boca com firmeza sobre a boca do aci-


dentado, vedando-a totalmente;

Soprar vigorosamente para den-


tro da boca do acidentado, até notar
que seu peito está levantando.

Figura 18: Ventilação boca a boca.


Fonte: Acervo da Autora.

Ventilação boca a boca:


Fazer leve compressão na região do estômago do
acidentado, para que o ar seja expelido;

152 Inspirar profundamente outra vez e continuar o


procedimento na forma descrita, repetindo o mo-
vimento tantas vezes quanto necessário (cerca de
15 vezes por minuto) até que o acidentado possa
receber assistência médica.

Se a respiração do acidentado não tiver sido restabelecida


após as tentativas dessa manobra, ela poderá vir a ter parada
cardíaca, tornando necessária a aplicação de massagem car-
díaca externa.
Reavaliação:

Verificar pulso carotídeo após um minuto de res-


suscitação cardiorrespiratória e depois a cada três
minutos;

Se pulso presente, verificar presença de respira-


ção eficaz;
Respiração presente: manter a vítima sob obser-
vação;

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Respiração ausente: continuar os procedimentos
de respiração artificial e contatar com urgência o
atendimento especializado;

Se o pulso ausente, iniciar RCR pelas compressões


torácicas.

153

Primeiros Socorros

Figura 19: Técnica de massagem cardíaca externa.


Fonte: Acervo da autora.
Frequência das Manobras de Ressuscitação cardiorrespi-
ratória.
Quantidade de Respirações. 02
Quantidade de Compressões: 30
Verificar diâmetro das pupilas.
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Asfixia
É a interrupção ou impedimento da respiração devido à
obstrução ou à irritação da traquéia. A asfixia é a forma por
meio da qual o corpo tenta remover um corpo estranho (como
alimento) das vias aéreas. A asfixia é uma causa comum de
morte, após engasgo com alimentos. É comum em crianças,
ocorrendo também com os adultos.
As vias respiratórias podem estar bloqueadas de forma
total ou parcial. A obstrução completa põe a vida do paciente
em risco. A obstrução parcial pode colocar a vida em risco caso
a habilidade da pessoa em respirar torne-se deficiente. Qual-
quer obstrução significante deve ser tratada como uma obs-
154 trução completa. Sem oxigênio, o cérebro começa a morrer
dentro de 4 a 6 minutos. Os primeiros socorros rápidos para a
asfixia podem salvar vidas.

Causas

Muitas vezes, em atividades do dia a dia pode acontecer


de alguma pessoa adulta ou criança ficar asfixiada. Algumas
causas mais comuns:

Comer: especialmente comer e rir ao mesmo


tempo, comer com prótese dentárias colocadas
de maneira imprópria, comer muito rápido e não
mastigar bem os alimentos. Balas, doces, bom-
bons e alimentos diversos podem ser responsá-
veis por este evento. Ao ser deglutido de forma
inadequada, o alimento pode bloquear as vias res-
piratórias e a passagem de ar para os pulmões;
Consumo de álcool: até pequenas quantidades
de álcool afetam o estado de consciência;

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Trauma na cabeça ou face: coágulos sanguíne-
os ou hemorragias podem causar asfixia;

Objetos: pequenos deglutidos por crianças pe-


quenas.

Sintomas e Sinais

A pessoa tenta tossir, mas parece estar seriamente em


apuros:

Levanta-se e fica agitado e leva as mãos à gar-


ganta;

Não consegue falar;

Parece ter dificuldade em respi-


rar;
155
A pele muda de cor, ficando arro-
xeada, indicando, assim, a baixa oxige-

Primeiros Socorros
nação do sangue.

Figura 20: Asfixia.


Fonte: Acervo da autora.

Cuidados

A Manobra de Heimlich é uma técnica de emergência para


retirar um pedaço de alimento ou qualquer outro objeto da
traquéia para evitar o sufocamento. Foi descrita em 1974 por
Henry Heimlich.

Coloque-se atrás da vítima com um pé ao lado e


outro ligeiramente atrás da mesma e com os bra-
ços a envolver o abdômen da vítima;
Coloque a sua mão fechada, abaixo do esterno
e ligeiramente acima do umbigo, com o polegar
para dentro, contra o abdômen da vítima;

Agarre firmemente o punho com a outra mão;

Efetue 5 compressões abdominais, para dentro e


Míria Elisabete Bairros de Camargo

para cima, de modo a aumentar a pressão


torácica, que irá expulsar o objeto. Note
que cada compressão deve ser suficien-
temente forte para deslocar a obstrução,
mas não agressiva de forma a causar fra-
tura;

Reavalie a vítima, verificando se


ainda tosse ou se já respira, verificando se
o corpo estranho saiu pela boca.

Figura 21: Manobra de Heimlich.


Fonte: Acervo da autora.

Se não obtiver êxito, repita a manobra de Heimlich, tan-


156 tas vezes quanto for necessário.
E, inclusive, você mesmo(a) pode autoaplicar a manobra,
se estiver sozinho(a).

Figura 22: Manobra de Heimlich.


Fonte: Acervo da autora.
Figura 24: Manobra de Heimlich autoaplicada.
Fonte: Acervo da autora.
Exercícios

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
1. Marque V se a alternativa for verdadeira ou F se for
falsa.

a) ( ) Urgência: ocorrência imprevista de agravo à


saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo portador
necessita de assistência médica imediata;
b) ( ) Emergência: constatação médica de condições
de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de
vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamen-
to médico imediato.
c) ( ) Crise convulsiva é um quadro caracterizado
pela contratura involuntária da musculatura com mo-
vimentos desordenados, generalizados ou localizados,
acompanhada de perda dos sentidos.
d) ( ) Crise hipotensiva é a elevação, repentina, rá-
pida, severa, inapropriada e sintomática da pressão arte-
rial, em pessoa normotensa ou hipertensa.
e) ( ) Toda vítima em PCR está inconsciente, mas
várias outras emergências podem se associar à inconsci-
157
ência.

Primeiros Socorros
2. Marque a alternativa correta. Os sinais e sintomas são
do desmaio:

a) ( ) A palidez.
b) ( ) O pulso fraco e lento.
c) ( ) A falta de equilíbrio.
d) ( ) A inconsciência.
e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

3. Marque a ou as alternativa(s) correta(s). Quais são as


principais metas de assistência em uma atividade de socorro?

a) ( ) Preservar a vida.
b) ( ) Prevenir complicações antes que possa ser ad-
ministrado tratamento definitivo.
c) ( ) Dar suporte emocional.
d) ( ) Nenhuma alternativa está correta.

4. Marque a alternativa correta. Crise hipertensiva é a


elevação, repentina, rápida, severa, inapropriada e sintomáti-
ca da pressão arterial, em pessoa normotensa ou hipertensa.
Os principais sinais são:
Míria Elisabete Bairros de Camargo

a) ( ) Sensação de mal estar; ansiedade e agitação;


cefaléia severa; tontura; borramento da visão; dor no
peito; tosse e falta de ar.
b) ( ) O pulso fraco e lento, a falta de equilíbrio.
c) ( ) Inconsciência, pulso fraco.
e) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

5. Marque V se a alternativa dor verdadeira ou F se for


falsa.

a) ( ) No final da gestação, a parturiente começa a


apresentar sinais e sintomas que são indicativos do início
do trabalho de parto, tais como: contrações regulares a
158 cada dois minutos; visualização da cabeça do bebê no ca-
nal de nascimento; ruptura da bolsa; gestante multípara,
com vários partos normais.
b) ( ) A parada cardiorrespiratória é o exemplo mais
expressivo de uma emergência médica.
c) ( ) Fratura é quando ocorre a quebra de um osso,
causada por uma pancada muito forte, uma queda ou es-
magamento.
d) ( ) Após a saída da placenta, deve-se fazer mas-
sagem suave sobre o abdômen da parturiente para pro-
vocar a contração do útero e diminuir a hemorragia que é
normal após o parto.
Referências
ANVISA, 2006. Escovas progressivas, alisantes e formol.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Brasília. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância
Sanitária. Cosméticos, 2006.

BORTOLOTTI, Fábio. Manual do Socorrista. Porto Alegre:


Expansão Editorial, 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.


Departamento de Atenção Especializada. Regulação médi-
ca das urgências. Brasília: Editora do Ministério da Saúde,
2006.126 p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos).

BURIL, Marlus Vinicius Magalhães. Unidade de Terapia In-


tensiva Hospital das Clínicas Universidade Federal de
Pernambuco. Disponível em: <http://www.ufpe.br/utihc/
convulsao.htm>. Acesso em: 19 jun. 2009.

DNIT. Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transpor-


tes. Primeiros Socorros. Disponível em: <http://www1.dnit.
gov.br/emergencia.htm>. Acesso em: 21 jul. 2009.
159

Primeiros Socorros
ENCICLOPÉDIA Ilustrada de Saúde. Choque Hipovolêmico.
Disponível em: <http://adam.sertaoggi.com.br/encyclopedia/
ency/article/000167trt.htm>. Acesso em: 20 jul. 2009.

GOLDIM, José Roberto. Aspectos Éticos da Assistência em


Situações de Emergência e Urgência. Porto Alegre: [s/n],
[s/d].

MANUAL Merck. Disponível em: <http://www.msd-brazil.com/


msd43/m_manual/mm_sec6_73.htm>. Acesso em: 10 jul.
2009.

MANUAL de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro: Fundação


Oswaldo Cruz, 2003. 170p.
PORTAL Medicina Avançada. Primeiros Socorros/Emergência.
Desmaio. Disponível em: <http://www.drashirleydecampos.
com.br/noticias/4711>. Acesso em: 19 jul. 2009.

ROSA, N. G. Dilemas éticos no mundo do cuidar de um


serviço de emergência. [dissertação] Porto Alegre: UFRGS,
2001.
Míria Elisabete Bairros de Camargo

ZIMMERMANN, André Dantas. Primeiros Socorros: uma ques-


tão de cidadania. JANUS, Revista Digital de Medicina e Saúde.
Disponível em: <http://www.bahiana.edu.br/BahianaWebSi-
te/upload/janus/noticias/noticia4/index.htm>. Acesso em: 20
jul. 2009.

160
Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Cap. IX
Qualidade de Vida
no Trabalho

Marlei Zarpelon8
161
Os estudos ligados à qualidade de vida no trabalho foram

Qualidade de Vida no Trabalho


iniciados nos anos 1950 e apresentaram diversas fases. Eric
Trist e seus colaboradores do Tavistok Institute, Londres, são
apontados como os precursores das pesquisas ligadas à quali-
dade de vida no trabalho. Eles iniciaram uma série de estudos
que deram origem a uma abordagem sociotécnica em relação
à organização do trabalho, com uma preocupação com a sa-
tisfação e o bem-estar do trabalhador. No entanto somente na
década de 1960 é que o movimento tomou impulso, a partir
da conscientização da importância de se buscarem melhores
formas de organizar o trabalho, com a finalidade de minimi-
zar os seus efeitos negativos sobre o trabalhador e alcançar o
seu bem-estar geral. No Brasil a preocupação com QVT surge
mais tardiamente, em função da preocupação com a competi-
tividade das empresas, em contexto de maior abertura para a
importação de produtos estrangeiros e na esteira dos progra-
8
Psicóloga Clinica e Organizacional.
mas de qualidade total (Tolfo e Piccinini,
2001).

Figura 1: Qualidade de vida no trabalho.


Fonte: Disponível em: <jornale.com.br/.../
uploads/2009/02/a-vida3.jpg>. Acesso em: 29 jul. 2009.

Na última década, o termo qualida-


de de vida no trabalho, passou a integrar,
o discurso acadêmico, a literatura, con-
gressos, fóruns, seminários, conversas
informais e a mídia em geral. Muito se
fala sobre qualidade de vida, mas muitas vezes não temos
clareza quanto ao seu significado, depende das premissas e de
seus enfoques adotados.
No enfoque biológico definiria QV como decorrente a um
Marlei Zarpelon

funcionamento normal do organismo humano, constituído de


órgãos e sistemas hígidos, sem desvios patológicos, caracteri-
zando um estado de saúde. Já no enfoque psicossocial, tende
a enfatizar os aspectos motivacionais de satisfação e carências
do indivíduo e do grupo, valores, culturais, conhecimentos,
profissão e carreira, vínculos afetivos, relacionamentos, famí-
162 lia, amigos. Do ponto de vista político teria uma vantagem de
determinado sistema político para assegurar QV a todos os
cidadãos.
Diante de tantas variáveis seria possível elaborar um con-
ceito único para Qualidade de Vida no Trabalho?
Com variados fatores e enfoques, a própria pessoa é a
maior responsável pela sua construção na Qualidade de Vida
no Trabalho. Cuidar da saúde, alimentação, exercícios físicos,
repouso, lazer são atribuições indelegáveis de cada um. A ca-
pacidade de cultivar amizades e manter
relacionamentos, as trocas afetivas, as
habilidades interpessoais para viver e
trabalhar em grupo precisam ser desen-
volvidas para criar um convívio harmo-
nioso e sadio.

Figura 2: Ilustração sobre responsabilidade.


Fonte: Disponível em: <hsm.updateordie.com/fi-
les/2009/06/qualidade-d...>. Acesso em: 30 jul. 2009.
O autor Lacaz (2000), diz que o conceito de qualidade de
vida no trabalho, está baseado na premissa, de que o trabalha-
dor possa obter da organização motivação, satisfação, saúde

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
e segurança no trabalho. Para que essas necessidades sejam
satisfeitas o funcionário deve ter conhecimento e autonomia
sobre o processo de trabalho, ou seja, que tenha conhecimen-
to daquilo que incomoda e que causa sofrimento neste local.
Quando seres humanos se sentem desfavorecidos e opri-
midos por circunstâncias externas fortes, e aparentemente
imutáveis, e se acomodam á falta de liberdade, de decisões
e escolhas próprias, tornam-se irritados e improdutivos. Codo
(2002) reforça dizendo que o trabalhador se “divorcia” do afe-
to no mundo da produção como gerador de sofrimento e do-
ença.
O trabalhador age de maneira a excluir seus sentimentos,
causando conflitos nas relações, reproduzindo fracassos e in-
seguranças e rejeitando qualquer tipo de aproximação, assim
causando para si e aos outros um desconforto.
A vida no trabalho faz-se, em cenário de atitudes e senti-
mentos de enorme diversidade, demonstrando de forma par-
ticular, os fatores emocionais e afetivos, experimentados nas
relações diárias, numa organização. 163
Os modelos de gestão de pessoas vêm enfatizando cada
vez mais o envolvimento e o compromisso como fatores essen-

Qualidade de Vida no Trabalho


ciais para a qualidade, através da produtividade. Isso requer a
presença de lideranças que se constituam em bons modelos de
conduta facilitadora, capazes de argumentar a favor das mu-
danças, quer no relato de experiências bem-sucedidas, quer
destacando oportunidades, propondo desafios, comportando-
se com entusiasmo, bem-estar, satisfação e cooperação.
Independente do modelo ou filosofia de mudança adota-
da, sentimentos e emoções estarão permeando as relações
de trabalho. Administrar de forma afetiva o medo e a raiva é
o primeiro passo para a melhoria da qualidade de vida. Viver
com qualidade, em seu significado pleno, requer mais que su-
perar a hostilidade e a intimidação: requerem parceria, coope-
ração, polidez e respeito, virtudes derivada do amor.
Para Menezes (2002) a relação afetiva é parte fundamen-
tal da rotina laboral do profissional, haja vista que este fator
é parte integrante do exercício de trabalho
para uma relação de cuidado com o outro.

Figura 3: Bom humor no trabalho.


Fonte: Disponível em: <www. senado.gov.br/.../felicidade_tra-
balho.jpg>. Acesso em: 30 jul. 2009.

O ser humano precisa de afeto, então quando não de-


monstra esse afeto no local de trabalho, ele não tem qualidade
nas relações e nem se sentirá plenamente feliz. O trabalhador
quando tem conflito nas relações dentro da organização, age
de forma brusca, sem cuidado com o outro, causando um mal
estar.
Viver com qualidade resulta tanto na busca individual,
quanto do esforço coletivo. Primeiro, o trabalhador tem sido
estimulado a pensar seus objetivos de vida, priorizar as ações
Marlei Zarpelon

pessoais, ouvir o outro, ter postura proativa, saindo da ótica


de submissão.
Segundo Rossi (2005), qualidade de vida é desenvolver-
mos uma autoimagem positiva. A conquista da qualidade de
vida, em grande parte, depende do próprio individuo, do valor
que atribui à vida, da autoestima e autoimagem, do engaja-
164 mento profissional político e social. Acima de tudo, a postu-
ra de sujeito empenhado na transformação
da realidade, do cidadão responsável pelos
seus atos, consciente de seus direitos e de-
veres.

Figura 4: Bem-estar.
Fonte: Disponível em: <www. ifgoias.edu.br/.../meta%20
amiga.bmp>. Acesso em: 30 jul. 2009.

Viver com qualidade é ter consciência do próprio compor-


tamento e autocrítica que permitam avaliar a consequência
do estilo de vida na relação consigo e com o outro. Essa parte
de responsabilidade do indivíduo. Por mais que sejam realiza-
dos seminários e promovido eventos de autoconhecimento e
mudança de hábitos, não se assegura a mudança de compor-
tamento. Entre a consciência da necessidade da mudança de
comportamento e sua real efetivação, uma longa distância se
estabelece. O estimulo ao autoconhecimento pode ajudar pes-
soas desmotivadas ou desadaptadas funcionalmente a procu-
rar formas de resgatar o entusiasmo e a vontade de produzir
algo que faça sentido, que leve sua marca pessoal, usando o

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
bom humor para lidar com as situações estressantes, definin-
do objetivos de vida, tendo clareza daquilo que deseja, sentin-
do que tem controle sobre sua vida.
Qualidade de Vida no Trabalho pode-se começar com au-
tores clássicos, como Maslow (1968), que se ocupou com fa-
tores motivacionais ligados às necessidades básicas primárias
(necessidades fisiológicas e necessidades de segurança) e se-
cundárias (necessidades sociais, necessidades de estima e ne-
cessidade de autorrealização), com reflexos na sobrevivência,
no desempenho e na autorrealização do individuo. Segundo
Maslow as necessidades dos seres humanos estão colocadas
hierarquicamente em função de seu caráter de urgência e sua
força. Quando as necessidades mais imperativas (as necessi-
dades primárias) estão satisfeitas, as necessidades posterio-
res fazem pressão no sentido de conseguir a satisfação. Acom-
panhando cada tipo de necessidade em função de sua força,
podemos colocá-las em forma de uma pirâmide. Na base des-
ta pirâmide estariam as necessidades mais básicas e vitais
para os seres humanos (as necessidades primárias). A seguir, 165
até se chegar ao topo, estariam as necessidades secundárias.

Qualidade de Vida no Trabalho

Figura 5: Pirâmide de Maslow.


Fonte: Disponível em: <senac2009pet.zip.net/images/PIRAMIDE.jpg>. Acesso em: 03
ago. 2009.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não
apenas como a ausência de doença, mas como a situação de
perfeito bem-estar físico, mental e social. Para que possamos
ter uma boa imagem positiva, precisamos nos cuidar, nos amar
e cuidar de nossa saúde mental é preciso ter presente os seis
pilares da saúde e da qualidade de vida que é a nossa Saúde
física; saúde emocional, saúde profissional, saúde intelectual,
saúde espiritual; saúde social.

Saúde Física: cuido do meu corpo, faço exercí-


cios físicos, incluindo os aspectos médicos, e esté-
ticos e da minha segurança pessoal?

Saúde Emocional: estou feliz comigo mesmo,


sou verdadeiro comigo e com os outros, sou bem
Marlei Zarpelon

humorado, peço ajuda, desculpas e elogio quando


necessário?

Saúde Profissional: gosto do meu trabalho, do


meu modo de agir e do meu desempenho nas mi-
nhas atividades?
166
Saúde Intelectual: sou criativo, concentro-me
com facilidade para ler algo, sou curioso e pratico
atividades que me dão prazer?

Saúde Espiritual: estou em paz e satisfeito com


minha vida espiritual, sigo meus valores pessoais
e meus objetivos são realistas, realizo atividades
voluntárias?

Saúde Social: estou satisfeito com meus relacio-


namentos pessoais e familiares, dedico tempo a
minha família e exerço um papel social dentro da
comunidade onde vivo?

Para que o indivíduo esteja fortalecido e satisfeito, é ne-


cessário relacionar-se com os seis pilares da saúde, uma casa
não se mantém segura apenas em pilar, assim como nossa
saúde, precisamos cuidar do todo, para
que tenhamos uma excelente qualidade
de vida.

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Figura 6: Olhar o conjunto.
Fonte: Disponível em: <www. mibu.com.br/.../2009/07/
OlhosMundoAzul1.jpg>. Acesso em: 03 ago. 2009.

Buscar qualidade tem sido um grande desafio, pois além


da competência, envolve habilidades em gerenciar conflitos,
trabalhar em equipe, a ética, as relações interpessoais, afe-
tando, muitas vezes, a satisfação, o bem-estar e a autoestima
no cotidiano profissional.
Definir qualidade de vida no trabalho, quer dizer: quando
o ser humano estiver imbuído de boas intenções e satisfazer
plenamente seus anseios, podemos dizer que houve qualida-
de; e diz respeito à organização de uma rotina diária, onde
tenha:

Vida pessoal e emocional satisfatória;

Habilidade em administrar as diversidades do dia


a dia; 167
Orgulho pelo trabalho que realiza;

Fortalecer a comunicação e a convivência sadia; Qualidade de Vida no Trabalho

Buscar o crescimento pessoal e profissional;

Ter motivação, autoestima positiva, autoconfian-


ça, enfim, agregando novos valores, novos con-
ceitos, trabalhando em equipe, com prazer e feliz.

Qualidade de vida no trabalho é curtir momentos bons;


fazer uma coisa de cada vez; aprender a ouvir; cuidar de si,
amar-se, para amar o outro.
Exercícios
Marque a alternativa correta:

1. Quais são os pilares da qualidade de vida?

a) ( ) Saúde física e saúde emocional.


b) ( ) Saúde profissional e saúde intelectual.
c) ( ) Saúde espiritual e saúde social.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

2. De acordo com Lacaz (2000) o conceito de qualidade


de vida no trabalho está:
Marlei Zarpelon

a) ( ) Baseado na premissa, de que o trabalhador possa


obter da organização motivação, satisfação, saúde e se-
gurança no trabalho.
b) ( ) Quando o ser humano estiver imbuído de boas in-
tenções e satisfazer plenamente seus anseios, podemos
dizer que houve qualidade; e diz respeito à organização
168 de uma rotina diária.
c) ( ) Satisfeito com seus relacionamentos pessoais e
familiares, dedica o tempo a família e exerce um papel
social dentro da comunidade onde vive.
d) ( ) Todas as alternativas estão corretas.

Referências
BOM SUCESSO, Edina de Paula. Relações Interpessoais e
qualidade de vida no Trabalho. Rio de janeiro: Qualityma-
rk, 2002.

CODO, W. Um diagnóstico integrado do trabalho com ên-


fase em saúde mental. Saúde Mental & Trabalho. Petrópolis:
Vozes, 2002.

CODO, W.; VASQUES-MENEZES, I. Burnout: sofrimento psí-


quico dos trabalhadores em educação. v. 14. Cadernos de saú-
de do trabalhador, INST/CUT-Brasil. São Paulo: Kingraf, 2000.

CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos, o Capital Hu-

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
mano das Organizações. 8º. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

LACAZ, F. A. C. Qualidade de vida no trabalho e saúde/doença.


Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 151-
161, 2000.

LIMONGI-FRANÇA, A. C. Qualidade de Vida no Trabalho –


QVT. São Paulo: Atlas, 2004.

MASLOW, A. H. Introdução a Psicologia do Ser. Rio de Ja-


neiro: Eldorado, 1968.

MOSCOVICI, Felá e col. A organização por trás do espelho.


Reflexos e reflexões. Rio de Janeiro. José Olimpio, 2008.

ROSSI, Ana Maria e col. Stress e qualidade de vida no Tra-


balho: perspectivas atuais da saúde ocupacional. São Paulo:
Atlas, 2005.
169
SPECTOR, Paul E. Psicologia nas organizações. Saraiva:
São Paulo, 2002.

TOLFO, Suzana da Rosa; PICCININI, Valmíra Carolina. As me- Qualidade de Vida no Trabalho
lhores empresas para trabalhar no Brasil e a qualidade de vida
no trabalho: disjunções entre a teoria e a prática. Rev. Adm.
Contemp. v. 5, n. 1, Curitiba, jan./abr. 2001.

ZANELLI, José Carlos (Org). Psicologia, Organizações e


Trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2004.
Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
Cap. X
Promoção da Saúde
do Trabalhador

171
A Promoção da Saúde do Trabalhador pode ser compos-

Promoção da Saúde do Trabalhador


to por numerosos programas e atividades, focalizando, por
exemplo, ginástica laboral, condicionamento físico, ginástica
de eventos, ergonomia, incapacitações, estresse, dependen-
tes químicos, informações, produtos e serviços voltados para
promover a qualidade de vida do trabalhador, qualidade de
vida, além do estímulo da consciência socioambiental do tra-
balhador.
Neste capítulo apresentaremos algumas ações ou ativida-
des de promoção a saúde do trabalhador.

Ações de Saúde dos


Trabalhadores
A compreensão de que os trabalhadores vivem, adoecem
e morrem de forma compartilhada com a população de um
determinado tempo, lugar e classe social, mas também, de
forma diferenciada, decorrente de sua inserção particular no
processo produtivo, sustenta a proposição de que esta especi-
ficidade deve ser contemplada no atendimento às suas neces-
sidades de saúde (DIAS, 2002).
De acordo com a autora, as ações de atenção à saúde dos
trabalhadores podem ser sumarizadas em:
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Assistência aos trabalhadores, vítimas de aciden-


tes de trabalho, doenças profissionais, ou doen-
ças relacionadas ao trabalho, compreende ações
de diagnóstico, que incluem o estabelecimento
do nexo com o trabalho e recuperação da saúde,
envolvendo tratamento e reabilitação, quando ne-
cessária;

Procedimentos visando ao acesso dos trabalhado-


res segurados pelo Seguro de Acidentes do Traba-
lho da Previdência Social, aos benefícios previstos
na legislação;

Ações de promoção e proteção da saúde, que


172 incluem vigilância da saúde dos trabalhadores e
condições e ambientes de trabalho, normatização
e fiscalização, e procedimentos de notificação;

Capacitação e treinamento de recursos humanos;

Informação e educação dos empregadores, tra-


balhadores e outros setores sociais envolvidos ou
interessados no tema (DIAS, 2002).

As principais características da atenção à saúde dos tra-


balhadores podem ser sintetizadas por:

Integralidade das práticas, ou indissociabilidade


das ações preventivas e curativas;

Necessidade de uma atuação transdisciplinar e in-


terinstitucional;

Complexidade e dinamismo decorrentes das mu-


danças nos processos produtivos;
Participação dos trabalhadores enquanto sujeitos
das ações de saúde.

Na atenção à saúde dos trabalhadores são indissociáveis

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
as ações preventivas, de promoção e proteção da saúde, as-
sistência, ou recuperação e reabilitação. Esta abordagem inte-
grada é obrigatória, se o propósito é a resolução ou o encami-
nhamento do problema do trabalhador (DIAS, 2002).
Para Martins e Micchels (2003) a empresa que investe
em Programas de Promoção da Saúde do Trabalhador só tem
benefícios, trata-se de uma estratégia para melhorar a produ-
tividade e a eficiência dos trabalhadores.
Os benefícios adquiridos após a implantação do PPST são:

O empregador ganha ao ter um funcionário mais


saudável e, por conseguinte, mais produtivo e
menos dispendioso;

O empregado ganha por ter sua saúde melhorada


e ter sua força de trabalho maximizada;

A empresa ganha ao ter um ambiente mais se-


guro, saudável, eficiente e agradável (MARTINS e
MICCHELS, 2003).
173

Promoção da Saúde do Trabalhador


Para os autores, estes benefícios podem ser mais facil-
mente visualizados se entendermos a empresa segundo o foco
simplista da figura a seguir, onde as ações realizadas em um
campo tem a capacidade de interagir nos demais setores (fi-
gura 1) (MARTINS e MICCHELS, 2003).

Empresa

Empresário

Trabalhador

Figura 1: Campos que constituem uma empresa.


Fonte: Acervo da autora.
As vantagens para o empresário e o trabalhador aponta-
das pelos autores são verifica-se na Tabela 1.

Tabela 1 – Vantagens do PPST para empresário e trabalhador.

Empresário Trabalhador

produtividade oportunidade p/ melhoria da saúde

absenteísmo satisfação no trabalho


Míria Elisabete Bairros de Camargo

• gastos com saúde auto-estima

qualidade do trabalho sentimento de bem-estar

rotatividade melhoria da empregabilidade

Fonte: Traduzido e adaptado de WHO ECEH (2000, p. 12).

Para que um Programa de Promoção da Saúde do Tra-


balhador seja efetivo na qualidade de vida do trabalhador, a
Health at Work in the National Healt Service, do Reino Unido
(WHO, 2000), propõe que seja abordado doze pontos chave:

1. Comunicação dos itens que compõem o programa


para todos os trabalhadores da empresa;

2. Saúde, higiene e segurança;


174
3. Tabagismo;
4. Exames médicos;
5. Práticas de gerenciamento e sistemas de monito-
ramento;

6. Estratégias de treinamento;
7. Alimentação saudável;
8. Alcoolismo;
9. Exercício físico;
10. Diminuição do estresse/suporte aos trabalhadores;
11. Saúde sexual;
12. Práticas verdes (atividades que envolvam a natu-
reza) (MARTINS e MICCHELS, 2003).
Ginástica Laboral
Ginástica laboral é o conjunto de práticas de exercícios

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
físicos realizados no ambiente de trabalho, com a finalidade
de colocar previamente cada pessoa – e todos – da equipe
ou grupo de trabalho bem preparadas para o exercício das
atividades diárias. Usualmente baseia-se em técnicas de alon-
gamento, distribuídas pelas várias partes do corpo, dos mem-
bros, passando pelo tronco, à cabeça, sendo, orientada ou su-
pervisionada por um profissional de educação física.
A ginástica laboral pode reduzir a incidência de doenças
ocupacionais e lesões de esforços repetitivos, e desta forma
diminuir o número de afastamentos dos empregados na em-
presa. Além dos benefícios físicos, a prática voluntária da gi-
nástica laboral proporciona ganhos psicológicos, diminuição do
estresse e aumento no poder de concentração, motivação e
moral dos trabalhadores (LIMA, 2004).
A ginástica laboral, quanto ao seu fim, pode ser classifi-
cada como:

a) Ginástica preparatória ou de aquecimento:


sua duração é de 5 a 15 minutos, no início da jor-
175
nada de trabalho. Seu objetivo é preparar o tra-

Promoção da Saúde do Trabalhador


balhador, aquecendo os grupos musculares que
serão solicitados durante a tarefa e despertar o
trabalho para que se sinta mais disposto no início
das atividades;

b) Ginástica compensatória: sua duração é de 5


a 15 minutos, durante a jornada de trabalho. Seu
objetivo é o de compensar músculos que foram
trabalhados em excesso, durante a atividade diá-
ria, além de interromper a monotonia operacional;

c) Relaxamento: ginástica baseada em exercícios


de alongamento, respiratórios e técnica de contro-
le de estresse. Sua duração é de 15 a 30 minutos
e o seu objetivo é oxigenar as estruturas mus-
culares envolvidas em tarefas diárias, evitando o
acúmulo de ácido láctico, além de prevenir possí-
veis instalações de lesões e proporcionar o alívio
mental (LIMA, 2004).

As metas do programa de ginástica laboral devem ser


identificadas, datadas e precisam estar aliadas aos níveis de
qualidade de vida na organização empresarial, definidas com
Míria Elisabete Bairros de Camargo

o corpo diretivo da empresa, além da participação dos traba-


lhadores. As metas comuns incluem:

Redução do número de acidentes de trabalho;

Redução do número de doenças ocupacionais;

Redução do consumo de medicamentos;

Redução do absenteísmo;

Redução da rotatividade na empresa;

Aumento da produtividade (está pela redução do


número de acidentes no trabalho) (LIMA, 2004).

176 Os programas de ginástica laboral são elaborados de acor-


do com as características e necessidades de cada empresa,
destacando-se como fatores determinantes os itens abaixo:

1. Perfil da empresa e ramo de atividade: é fun-


damental, para elaboração inicial do programa,
conhecer a cultura da Empresa e a peculiaridade
de sua rotina diária;

2. Inserções adaptadas aos horários/turnos da em-


presa;

3. Áreas de risco: conhecer previamente os setores


da empresa, preparando-se adequadamente para
respeitar suas normas de segurança, assim como
os riscos ambientais (químicos, físicos, biológicos,
ergonômicos e de acidentes) que podem estar re-
lacionados a suas atividades;

4. Causas de afastamento: planejar parte do pro-


grama de Ginástica Laboral a partir de uma aná-
lise das atividades desenvolvidas em cada setor
da empresa, e de acordo com as principais causas

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
de afastamentos, queixas mais frequentes ou ou-
tro objetivo relacionado à qualidade de vida, pois
algumas empresas implantam o programa dentro
de um conjunto de ações motivacionais e não es-
pecificamente relacionado à prevenção de lesões.

Apresenta-se uma sugestão de ginástica laboral para ati-


vidades no escritório, em casa e na escola, conforme orienta
Lima (2004, p. 90-5).

177
Figura 2: 1º exercício – palmas da Figura 3: 2º exercício – puxe o

Promoção da Saúde do Trabalhador


mão para baixo, estender os dedos joelho até o peito. Conte até 5.
por 5 segundos. Relaxe e repita. Relaxe e repita com a outra perna.

Figura 4: 3º exercício – flexione o Figura 5: 4º exercício – eleve ambas


tronco e estenda os braços. Segure as pernas por 5 segundos. Relaxe e
por 5 segundos. Relaxe e repita. repita (costas retas).
Míria Elisabete Bairros de Camargo

Figura 6: 5º exercício – flexione o Figura 7: 6º exercício – mãos na nuca


tronco tocando cada pé com a mão movimente os cotovelos para trás.
oposta. Relaxe 5 vezes. Relaxe solte as mãos e repita.

178
Figura 8: 7º exercício – rotacione Figura 9: 8º exercício – lentamente,
os ombros para a frente (5 vezes). mova a cabeça para a direita e a
Repita para trás. esquerda, frente e trás.

Figura 10: 9º exercício – levante o Figura 11: 10º exercício – eleve


braço direito, empurre-o para trás os braços e mova o tronco para a
devagar. Relaxe e repita com o esquerda e depois para a direita.
outro braço.
Alimentação Saudável
O ambiente de trabalho é reconhecido como um local es-

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
tratégico de promoção da saúde e alimentação saudável. A
Organização Mundial da Saúde considera que o local de tra-
balho deve dar a oportunidade e estimular os trabalhadores a
fazerem escolhas saudáveis.
O Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) visa à
saúde do trabalhador.
Vale lembrar que o excesso de peso causa problemas car-
díacos, hipertensão, diabetes, obesidade, problemas nas arti-
culações, entre outras patologias. Alimentação saudável não é
sozinha, a responsável pela manutenção da saúde, mas sem
dúvida ocupa um papel importante na sua promoção.
Uma concepção mais moderna da promoção da saúde é
caracterizada pela:

[...] constatação de que a saúde é produto de um amplo


espectro de fatores relacionados com a qualidade de vida,
incluindo um padrão adequado de alimentação e nutrição,
de habitação e saneamento, boas condições de trabalho e
renda, oportunidades de educação ao longo de toda a vida
179
dos indivíduos e das comunidades (KAWAMOTO, 1997).

Promoção da Saúde do Trabalhador


Conforme a Portaria n°. 193, de 05 de dezembro de 2006
da Secretária de Inspeção do Trabalho e o Diretor do depar-
tamento de segurança e saúde no trabalho, os parâmetros
nutricionais para a alimentação do trabalhador estabelecidos
nesta Portaria, deverão ser calculados com base nos seguintes
valores diários de referência para macro e micronutrientes,
conforme a Tabela 2.

Tabela 2: Valores diários.

Nutrientes Valores diários


Valor Energético Total 2000 calorias
Carboidrato 55-75%
Proteína 10-15%
Gordura Total 15-30%
Gordura Saturada <10%
Fibra >25g
Sódio ≤ 2400mg
Fonte: Portaria n°. 193.

As refeições principais (almoço, jantar e ceia) deverão


conter de seiscentas a oitocentas calorias, admitindo-se um
Míria Elisabete Bairros de Camargo

acréscimo de vinte por cento (quatrocentas calorias) em re-


lação ao Valor Energético Total – VET de duas mil calorias por
dia e, deverão corresponder à faixa de 30-40% (trinta a qua-
renta por cento) do VET diário.
As refeições menores (desjejum e lanche) deverão conter
de trezentas a quatrocentas calorias, admitindo-se um acrés-
cimo de vinte por cento (quatrocentas calorias) em relação ao
Valor Energético Total de duas mil calorias por dia e deverão
corresponder à faixa de 15 -20% (quinze a vinte por cento)
do VET diário.
As refeições principais e menores deverão seguir a se-
guinte distribuição de macronutrientes, fibra e sódio, confor-
me a Tabela 3.
180 Tabela 3: Distribuição de macronutrientes.

Refeições Carboidratos Proteínas Gorduras Gorduras Fibras Sódio


(%) (%) Totais Saturadas (g) (mg)
(%) (%)
Desjejum/ 360-
60 15 25 <10 4-5
lanche 480
Almoço/
720-
jantar/ 60 15 25 <10 7-10
960
ceia
Fonte: Portaria n°. 193.

O responsável técnico é o profissional legalmente habilita-


do em Nutrição, que tem por compromisso a correta execução
das atividades nutricionais do programa, visando à promoção
da alimentação saudável ao trabalhador.
Além de elaboração de cardápios é importante desenvol-
ver outras atividades na área de nutrição, como por exemplo:
Dispor de um nutricionista para atender aos fun-
cionários que necessitarem de dietas especiais ou

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
que pretendem emagrecer e manter um programa
de reeducação alimentar;

Realizar avaliação nutricional dos trabalhadores;


verificar hábitos alimentares, índice de massa cor-
poral;

Promover a melhoria do estado nutricional do tra-


balhador;

Compete ao Nutricionista, no exercício de suas atribuições


na Alimentação do Trabalhador, planejar, organizar, dirigir, su-
pervisionar, avaliar os serviços de alimentação e nutrição do
PAT. Realizar e promover a educação nutricional e alimentar ao
trabalhador em instituições públicas e privadas, por meio de
ações, programas e eventos, visando a prevenção de doenças
e promoção e manutenção de saúde. Como exemplo pode-se
citar a empresa Unilever Bestfoods, que oferece diariamente
aos seus colaboradores um café da manhã às 8h30min e fru- 181
tas às 16h.

Promoção da Saúde do Trabalhador


Estímulo à Prevenção de
Doenças Sexualmente
Transmissíveis
Informação e solidariedade são ingredientes que não po-
dem faltar quando o assunto é DST/Aids. O programa Preven-
ção às DST/Aids nas Empresas deve ser desenvolvido para
informar e orientar o trabalhador, com o objetivo de prevenir
essas doenças, estimulando a adoção de práticas seguras, evi-
tando o preconceito e promovendo a solidariedade no local de
trabalho.
A iniciativa proporciona às empresas e indústrias traçar
seu diagnóstico e o perfil de seus funcionários, direcionando
a intervenção educativo-preventiva de acordo com cada rea-
lidade.

Prevenção ao uso
Indevido de Álcool
e outras Drogas
Míria Elisabete Bairros de Camargo

O álcool, as drogas e o tabaco trazem para a empresa e


para a sociedade um custo muitas vezes difícil de medir, mas
é fato que o prejuízo é muito elevado. Acidentes de trabalho,
excesso de faltas do colaborador, baixa produtividade e até
furtos dentro da empresa podem estar ligados ao uso de subs-
tâncias psicoativas no universo empresarial.
Para melhorar este quadro, cada vez mais organizações
investem na saúde e bem-estar de seus colaboradores, uma
ação que reverte em melhores resultados tanto para a empre-
sa como para a sociedade em geral.
Um dos muitos programas que podem ser desenvolvidos
nas empresas/indústrias é o programa de prevenção ao uso
182 indevido de álcool e outras drogas. Este programa procura ga-
rantir informações ao trabalhador, buscando a valorização da
vida e a humanização do ambiente de trabalho é a meta do
programa Prevenção do Uso Indevido de Álcool e de Drogas
nas empresas. O programa atua principalmente na prevenção,
envolvendo todos os trabalhadores da empresa.
Para dar certo, o programa necessita o envolvimento de
todo quadro funcional da empresa e até da família do funcio-
nário. Além disso, os programas de prevenção não deve ser
uma iniciativa isolada, mas relacionados com outras frentes de
trabalho. Devem ser desenvolvidas paralelamente atividades
de lazer, saúde, educação, esportes, música, etc. Pequenas
e médias empresas interessadas em desenvolver programas
voltados para prevenção e controle do uso do álcool e drogas,
podem contar com o auxílio de diversas entidades e profissio-
nais especializados no assunto. Há várias formas de executar
um trabalho de prevenção. Entre outros deve existir periodi-
camente dentro da empresa: palestras preventivas. Uma das
empresas que adotou um programa de prevenção e tratamen-
to é a Volkswagen, outra é a Avon.
Sempre lembrando que um funcionário saudável produz

Ocupacional
Segurança do Trabalho e Saúde
mais e gasta menos (MARTINS e MICCHELS, 2003).

Exercícios
1. Quais são os benefícios adquiridos, após a implantação
do PPST?

2. Quais são as vantagens para o empresário e o traba-


lhador do PPST?

Referências
183
ANDRADE, Arthur Guerra de. As drogas também são um pro-

Promoção da Saúde do Trabalhador


blema da empresa. Jornal Administrador Profissional, n.
209, Novembro 2004. Disponível em: <http:// www.crasp.
com.br/jornal/jornal209/princ3.html>. Acesso em: 19 jul.
2009.

DIAS, Elizabeth Costa; FERREIRA JÚNIOR, Mário. Organiza-


ção da Atenção a Saúde do Trabalhador. Saúde no Traba-
lho. São Paulo: Rocca, 2002.

KAWAMOTO, Emilia Emi. Enfermagem Comunitária. São


Paulo: EPU, 1997.

LIMA, Deise Guadalupe de. Ginástica Laboral: Metodologia


de Implantação de Programas com Abordagem Ergonômica.
Jundiaí: Editora Fontoura, 2004.
MARTINS, Caroline de Oliveira; MICCHELS, Glaycon. Progra-
mas de promoção da saúde do Trabalhador: exemplos de
sucesso. Revista Brasileira de Cineantropometria & De-
sempenho Humano, v. 5, n. 1, 2003.

MOLIVI, Paulo Roberto da Silva. Álcool e Drogas no Traba-


lho. Disponível em: <http:// www.casadeoracao.org.br/jor-
Míria Elisabete Bairros de Camargo

nal/2003-09_07.asp>. Acesso em: 14 set. 2009.

WHO European Centre for Environment and Health. Guide-


lines on improving the physical fitness of employees.
Bilthoven, 2000.

VILARTA, Roberto; GONÇALVES, Aguinaldo (Orgs.). Qualida-


de de Vida e Atividade Física. São Paulo: Manole, 2004. p.
27-62.

184

Você também pode gostar