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Organização

sindical
Marconi, Márcia Valéria.
SST Organização Sindical / Márcia Valéria Marconi
Local: 2020
nº de p. : 10

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Organização sindical

Apresentação
As entidades sindicais são, há muito tempo, alvo de críticas – inclusive, muitos
argumentos foram utilizados contra os sindicatos durante a discussão e aprovação
da Lei nº 13.567/2917, popularmente chamada de Reforma Trabalhista. Porém, é
forçoso reconhecer que no Brasil e no mundo os sindicatos foram protagonistas de
diversas conquistas de direitos aos trabalhadores.

Nesta unidade, será trabalhada a organização das entidades sindicais, bem como
será explanada quais são as suas atribuições, no que atuam e a importância às
relações de trabalho. Por fim, o estudo se dedicará à redução legal da jornada de
trabalho e salário e o papel dos sindicatos nela.

Organização das entidades sindicais


Para atuação da entidade sindical seja considerada legal e regular perante a
legislação, é necessário que o sindicato efetue o seu registro perante o extinto
Ministério do Trabalho e Emprego, agora Secretaria do Trabalho, parte do Ministério
da Economia, desde a mandato de Jair Bolsonaro (2018-).

Dessa forma, somente uma única entidade sindical poderá representar os interesses
de uma categoria em uma determinada base territorial, sendo que o registro se deve
ao fato de que no Brasil vigora o princípio da unicidade sindical.

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Saiba mais
O registro de uma nova entidade sindical que represente os
trabalhadores do ramo farmacêutico na região do ABC Paulista não
será aceito, por exemplo, caso já exista um Sindicato registrado
para representar os trabalhadores desta categoria em referida
região.

Com isso, por exemplo, os trabalhadores lanchonetes fast food,


que já possuem um sindicato próprio em muitos trabalhadores
da área de alimentação. Dessa forma, estão aceitos os registros
de novas entidades sindicais que representam trabalhadores
de categorias específicas surgidas recentemente, conforme
observado atualmente.

A Secretaria do Trabalho atua de forma preventiva, não registra novos sindicatos


caso os trabalhadores de uma determinada categoria já se encontram representados
por um Sindicato com devidos registros. Entretanto, os empregados que se
candidatem ou sejam eleitos a exercer cargos de direção nas respectivas entidades
sindicais gozam de estabilidade desde o momento da candidatura até a eleição,
permanecendo a estabilidade vigente para os empregados eleitos para referido
cargo de acordo com o processo eleitoral conduzido pela própria entidade.

No entanto, como são mantidos financeiramente pela contribuição sindical dos


empregados e parte da contribuição sindical patronal repassada pelas Federações
e Confederações, por meio das contribuições confederativas, assistenciais e da
mensalidade dos sócios dos sindicatos, os sindicatos não exercem atividade
remunerada.

Após a vigência da Lei nº 1.3567/2017, não existem mais contribuições sindicais


obrigatórias a sindicados patronais ou de trabalhadores – todas as contribuições
são facultativas. Isso, na prática, minou a fonte os rendimentos dos sindicatos
que passam por grande dificuldade financeira. O fechamento dos sindicatos por
esses fatores pode representar grande risco de perda de direitos dos trabalhadores
construído historicamente ao longo de décadas por atuações sindicais.

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Atividades das entidades sindicais
Os sindicatos atuam tanto na negociação coletiva para a concessão de um benefício
da categoria como na defesa dos interesses de um único trabalhador que possua
seus direitos sendo desrespeitados pelo empregador.

Atenção
Caso seja comprovado que existem direitos sendo desrespeitados,
a representação dos interesses individuais ocorre por meio de
contato do representante do sindicato ou do advogado deste com
o empregador, para esclarecer os fatos e solucionar a questão. Não
sendo solucionada a questão através de acordo entre as partes,
poderá mover uma reclamação trabalhista contra o empregador,
sendo que o sindicato poderá representar este empregado no
Judiciário.

É por meio da negociação de acordos coletivos de trabalho


(ACT) e convenções coletivas de trabalho (CCTs), para defesa
e representação dos interesses coletivos ocorrem por meio do
contato direto com o empregador, estabelecem-se melhores
condições que melhorem a situação real que os trabalhadores
enfrentam em um empregador.

Reflita
Como exemplo de ACTs, podemos citar os acordos para
pagamento de PLR (Participação de Lucros e Resultados), nos
quais são estabelecidas as metas que devem ser atingidas para
que os trabalhadores que recebem esta participação, e os acordos
para determinar o pagamento de um adicional de horas extras
superior ao previsto na legislação, conforme qualidade no trabalho,
produção, dentre tantas outras matérias que podem ser objeto de
negociações neste nível.

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O dissídio coletivo pode ocorrer quando os sindicatos que não chegarem a um
consenso quanto aos termos das CCTs e a questão poder ser submetida ao
Judiciário. A Constituição Federal exige que o processamento do dissídio ocorra
em comum acordo da parte contrária (art. 114, § 2º, CF/88), entre outros requisitos.
Desse modo, ambos os sindicatos, dos empregados e dos empregadores, devem
concordar que a controvérsia seja decidia no Judiciário por meio do dissídio. Essa
exigência, na prática, tornou raros os casos de dissídio coletivo.

Curiosidade
Diferente dos acordos, as CCTs se aplicam a todos os trabalhadores
e empregadores representados pelos respectivos sindicatos,
patronal e de empregados.

Podemos concluir que, poderão ser considerados nulos pelo Judiciário, acordos ou
convenções assinadas que renunciem a direitos, como por exemplo a renúncia às
férias, ou que determinem direitos inferiores ao previsto em lei, como um percentual
inferior para as horas extras realizadas. Entendemos que tanto os acordos coletivos
quantos as CCTs visam à melhoria dos direitos da lei.

Redução de número de dias de


trabalho ou jornada normal
Conforme estabelece Lei nº 4.923 de dezembro de 1965, e respectivo art. 503 da CLT,
a redução do salário normal é permitida se a empresa realizar a redução de jornada
normal ou do número de dias de trabalho. Entretanto, essa alteração somente
poderá ser realizada com o prévio acordo com a entidade sindical e homologado
pela Delegacia Regional do Trabalho, por prazo certo e não excedente a três meses,
prorrogável, nas mesmas condições, se ainda indispensável.

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Atenção
Lembramos que o valor pago ao empregado não pode ser inferior
ao salário mínimo e que o limite máximo para a redução do salário
mensal não poderá ser superior a 25%.

O art. 7º, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, trata do salário mínimo, segundo
a redação abaixo:

IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de


atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com
moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte
e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim. (BRASIL, 1988)

E como dispõe o art. 7º, inciso VII, a “irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
convenção ou acordo coletivo” (BRASIL, 1988), somente é permitida desde que seja
por meio de uma convenção ou acordo coletivo.

Obedecendo às normas estatutárias, o sindicato da categoria profissional convocará


uma assembleia geral dos empregados diretamente interessados, sindicalizados ou
não.

Em conformidade com a Lei nº 4.923, art. 2º, parágrafo 3º, “a redução de que trata o
artigo não é considerada alteração unilateral do contrato individual de trabalho para
os efeitos do disposto no artigo 468 da Consolidação das Leis do Trabalho” (BRASIL,
1965).

Poderá a empresa submeter o caso à Justiça do Trabalho, caso não haja acordo, por
intermédio de Juízes ou Varas do Trabalho ou, na falta destes, do Juiz de Direito com
jurisdição na localidade. Com isso, a decisão da primeira instância caberá recurso
ordinário no prazo de oito dias para Tribunal Regional do Trabalho, sem efeito
suspensivo, da correspondente região.

Contudo, as empresas que tiveram autorização para redução do tempo de trabalho


e de salário nos termos da Lei não poderão, até seis meses depois da cessação
desse regime, admitir novos empregados antes de readmitem os que tenham sido

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dispensados pelos motivos que justificam a citada redução ou comprovarem que
não atenderam, no prazo de oito dias, ao chamado para a readmissão.

Saiba mais
O empregador poderá notificar diretamente o empregado para
reassumir o cargo, se desconsiderada sua localização correndo o
prazo de oito dias a partir da data do reconhecimento da notificação
pelo empregado ou pelo órgão de classe, notificando por meio do
Sindicato. No entanto, a autorização e notificação não cabe aos
cargos de natureza técnica.

Desta maneira, fica proibido às empresas que obtiveram autorização para redução
de tempo de trabalho e de salário trabalhar em regime de horas extraordinárias, nos
próximos seis meses depois da cessação desse regime, ressalvadas estritamente as
hipóteses previstas no artigo 61, § 1º e § 2º, da CLT, conforme dispõe o art. 61:

Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a duração do trabalho exceder


do limite legal ou convencionado, seja para fazer face a motivo de força
maior, seja para atender a realização ou conclusão de serviços inadiáveis
ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto.

§ 1º § 1º O excesso, nos casos deste artigo, pode ser exigido


independentemente de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho.

  2º - Nos casos de excesso de horário por motivo de força maior, a


remuneração da hora excedente não será inferior à da hora normal. Nos
demais casos de excesso previstos neste artigo, a remuneração será,
pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) superior à da hora normal, e o
trabalho não poderá exceder de 12 (doze) horas, desde que a lei não fixe
expressamente outro limite. (BRASIL, 1943)

Confira, agora, um modelo de acordo coletivo de trabalho, entre empresa e


empregado, para redução da jornada de trabalho.

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Modelo de acordo entre empresa e empregado da categoria profissional

ACORDO COLETIVO DE TRABALHO PARA REDUÇÃO

DA JORNADA DE TRABALHO MODELO

Por este instrumento particular, fica celebrado um acordo coletivo en-


tre a empresa _____________________, neste ato representada pelo Sr.
_____________________, na qualidade de ______________________, e o Sin-
dicato _______________________, neste ato representado por seu diretor Sr.
_______________________, o qual tem fundamento no artigo 58-A, da Consolida-
ção das Leis do Trabalho e se regerá pelas cláusulas seguintes:

1. A jornada de trabalho dos empregados, conforme constante da cláusula _____,


do Contrato Individual de Trabalho é de ______ horas semanais.

2. Para a realização da jornada de trabalho acima indicada, o empregado percebe o


salário de R$ _________ (_________), mensais (especificar outra condição, se for o
caso).

3. Adotar-se-á, para os empregados abrangidos pelo presente acordo coletivo e


por tempo indeterminado, a jornada de trabalho sob o regime de tempo parcial, a
qual será de ______ horas semanais (indicar o nº de horas que deverá ser de, no máxi-
mo, 25), da seguinte forma:

Segunda à sexta-feira – das ______ às ______ horas (especificar corretamente).

4. Em decorrência da adoção do regime de tempo parcial, a remuneração do em-


pregado passará a ser R$ ________ (__________) mensais (especificar correta-
mente), observada a proporcionalidade com relação à jornada de trabalho inicial-
mente contratada.

5. As demais cláusulas constantes do contrato individual de trabalho não alteradas


expressamente pelo presente acordo permanecerão inalteradas.

6. O presente acordo abrangerá todos os empregados da empresa, indistintamente


(ou especificar os empregados abrangidos).

7. Este acordo foi autorizado por assembleia dos trabalhadores envolvidos, realiza-
da no dia ____/____/_____, às ______ horas, restando indiscutível a concordân-
cia dos mesmos com a presente alteração.

8. O presente acordo restará vigente pelo período de dois anos, ou seja, de


____/____/_____, até ____/____/_____. (o acordo coletivo poderá restar vigente por
até 02 (dois) anos).

__________, ____ de ___________ de _____.

___________________________________
Empresa

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___________________________________

Sindicato

___________________________________

Empregado

Obs.: Ressaltamos, por oportuno, que a modelo acima apresentado poderá ser adap-
tado para atender o interesse específico das partes envolvidas na sua celebração.
Fonte: Elaborada pelo autor (2020).

Uma jornada de trabalho pode ser reduzida de 44 horas para 40 horas semanais
para que haja um aumento de empregos nas empresas. Ma,s na prática, no Brasil
isso não ocorre, tendo em vista que não é de interesse, em geral, do empregado,r
elevar seus gastos com mão de obra, independentemente de ser mais vantajoso
aos trabalhadores.

Fechamento
Nesta unidade você pôde conhecer um pouco mais sobre as entidades sindicais.
Como visto, os sindicatos possuem um importante papel mediador e aglutinador de
interesses dos empregados, cada qual representado por seu respectivo sindicato.

Antes de se fazer críticas levianas, é relevante reconhecer o papel histórico e social


que os sindicatos representaram e representam em relação aos direitos sociais e do
trabalho. Apesar de fortemente criticados por grupos políticos na atualidade,
é salutar a sobrevivência dos sindicatos para que sejam capazes de equilibrar os
interesses sociais do trabalho e econômico dos empregadores.

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Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das


Leis do Trabalho. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
del5452.htm. Acesso em: 25 out. 2020.

BRASIL. Lei nº 4.923, de 23 de dezembro de 1965. Institui o Cadastro Permanente


das Admissões e Dispensas de Empregados, Estabelece Medidas Contra o
Desemprego e de Assistência aos Desempregados, e dá outras Providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4923.htm.Acesso em: 25
out. 2020.

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