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02/05/2023, 14:17 CONTRIBUIÇÕES CONFEDERATIVA E ASSISTENCIAL - DESCONTO DE EMPREGADOS NÃO SINDICALIZADOS
De acordo com a Constituição Federal de 1988, a assembleia geral do sindicato pode fixar contribuição para custeio do
sistema confederativo da representação sindical respectiva (art. 8º, IV).
O sindicato também pode estabelecer, nos termos da letra “e” do art. 513 da CLT, por meio de acordo coletivo de
trabalho, a contribuição assistencial, cuja arrecadação servirá para, por exemplo, sanear gastos do sindicato durante as
negociações de acordo coletivo ou convenção em que foram negociadas condições de trabalho.
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A jurisprudência tem se manifestado no sentido que é licita a contribuição confederativa ou assistencial, desde que
limitada sua cobrança aos associados filiados.
Desta forma, caso um empregado esteja filiado a uma determinada entidade sindical laboral que o represente na
convenção coletiva de trabalho, a contribuição (confederativa ou assistencial) aprovada em assembleia geral da
respectiva entidade é obrigatória para aquele empregado filiado.
A contribuição confederativa, cujo objetivo é o custeio do sistema confederativo - do qual fazem parte os sindicatos,
federações e confederações, tanto da categoria profissional como da econômica - é fixada em assembleia geral. Tem
como fundamento legal o art. 8º, IV, da Constituição.
A contribuição assistencial é prevista na alínea "e", do art. 513, da CLT. É aprovada pela assembleia geral da
categoria e fixada em convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa e é devida quando da vigência
de tais normas, pois sua cobrança está relacionada com o exercício do poder de representação da entidade sindical no
processo de negociação coletiva.
Muitos sindicatos estabeleciam a cobrança das contribuições confederativa, assistencial e outras semelhantes a
empregados não associados.
Mas tal imposição deve ser refutada, tendo em vista que, como veremos a seguir, o entendimento jurisprudencial é de
que tal desconto deve estar vinculado ao estado de "associado" do empregado perante ao sindicato representativo.
Caso contrário, o desconto torna-se uma violação à liberdade sindical.
Conforme dispõe a Súmula 666 do STF A “Contribuição confederativa, de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é
exigível dos filiados ao sindicato respectivo”.
Além disso, a contribuição confederativa, assistencial, mensalidade sindical e assemelhadas somente poderá ser
exigida dos empregados filiados ao sindicato que fizerem autorização POR ESCRITO, nos termos do art. 545 da
CLT.
Portanto, tais contribuições não poderão ser exigidas ou descontadas dos empregados não filiados ao sindicato.
Desconto em Folha de Pagamento - Possibilidade - Vigência da MP 873/2019
De acordo com o art. 545 da CLT, as contribuições facultativas ou as mensalidades devidas ao sindicato, previstas no
estatuto da entidade ou em norma coletiva, independentemente de sua nomenclatura, serão recolhidas, cobradas e
pagas na forma do disposto nos art. 578 e art. 579 da CLT.
Os respectivos artigos estabelecem que as contribuições devidas aos sindicatos deverão ser prévia, voluntária,
individual e expressamente autorizadas pelo empregado, ou seja, se o empregado não fizer a autorização POR
ESCRITO, nenhuma contribuição poderá ser descontada do empregado, ainda que este seja sindicalizado.
O art. 582 da CLT estabelece que os empregadores são obrigados a descontar a contribuição prevista no art. 579 da
CLT, no mês de março de cada ano, dos empregados que autorizaram prévia e expressamente o seu recolhimento aos
respectivos sindicatos.
A Medida Provisória 873/2019 (que havia alterado o art. 582 da CLT) estabelecia a proibição, pela empresa, do
desconto de qualquer contribuição em folha de pagamento, seja a contribuição sindical, a confederativa, a
assistencial ou a mensalidade sindical, sob pena de pagamento da multa prevista no art. 598 da CLT.
Por não ter sido votada pelo Congresso Nacional dentro do prazo de 120 dias, a citada medida provisória perdeu sua
validade, tendo eficácia legal apenas durante sua vigência , ou seja, de 01.03.2019 a 28.06.2019.
Com a perda da validade da MP 873/2019, a partir de 29.06.2019 a contribuição sindical, confederativa, assistencial e
a mensalidade sindical será devida na forma como estabeleceu a Lei 13.467/2017 (reforma trabalhista), ou seja,
mediante desconto em folha de pagamento, desde que haja autorização expressa (POR ESCRITO) por parte do
empregado ou profissional liberal.
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Antes da reforma trabalhista já havia entendimento do TST (Precedente Normativo 119 do TST) de que os
empregados que não fossem sindicalizados não estavam obrigados à contribuição confederativa ou assistencial.
Nota: Ainda que não houvesse dispositivo prevendo tal ato, algumas empresas solicitavam ao empregado
manifestação por escrito pelo não desconto. Entretanto, não havia embasamento legal para se exigir tal manifestação, e
o entendimento jurisprudencial propõe justamente o inverso, ou seja, o desconto só seria permitido se houvesse
autorização por parte do empregado não sindicalizado.
Portanto, seja o empregado sindicalizado ou não, a empresa só poderá fazer o desconto da contribuição
confederativa, assistencial ou mensalidade sindical em folha de pagamento, se houver autorização POR ESCRITO
por parte do empregado.
O empregador que tiver autorização do empregado fará o desconto em folha e o recolhimento da contribuição
respectiva à entidade sindical no prazo e dia estabelecido pela convenção coletiva de trabalho, através da guia própria
enviada pelo sindicato, de acordo com o art. 583 da CLT.
JURISPRUDÊNCIA
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA - CONTRIBUIÇÃO SINDICAL - EMPREGADO
NÃO SINDICALIZADO - COBRANÇA INDEVIDA. Tendo em vista o disposto nos arts. 5º, XX, e 8º, V, da
Constituição Federal, que asseguram a liberdade de associação e de filiação sindical, esta Corte editou o Precedente
Normativo nº 119 da SDC, que considera ofensiva ao direito de livre associação e sindicalização a instituição de
cláusula em acordo, convenção coletiva ou sentença normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade
sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e
outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados, restando efetivamente nulas as estipulações que
não observam tal restrição e passíveis de devolução os valores irregularmente descontados. Precedentes. Agravo de
instrumento desprovido. (TST - AIRR: 1251720115020255 125-17.2011.5.02.0255, Relator: Luiz Philippe Vieira de
Mello Filho, Data de Julgamento: 11/09/2013, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/09/2013).
consubstanciada no Precedente Normativo nº 119 da SDC, no sentido de ser incabível a cobrança de contribuições
confederativas e assistenciais a trabalhadores não sindicalizados. PROC. Nº TST-AIRR-1069/2003-059-02-40.9.
Relator: MINISTRO VIEIRA DE MELLO FILHO. Data 28-02-2007.
Base Legal: CF/88 e artigos 513, 545, 553, 579-A, 578, 579, 582 da CLT e Medida Provisória 873/2019.
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