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O papel do gestor

público
Silveira, Michele
SST O papel do gestor público / Michele Silveira
Ano: 2020
nº de p.: 11

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O papel do gestor público

Apresentação
Neste material, estudaremos sobre a administração pública, especificamente sobre
o papel do gestor público. Para isso, iniciaremos os nossos estudos tendo acesso
a um breve histórico do modelo gerencial da administração pública no Brasil.
Depois, veremos o papel do gestor público no novo paradigma que se coloca a esse
profissional.

Na sequência, estudaremos as funções básicas do gestor público, que são:


planejar, organizar, direcionar e controlar. Também veremos a importância do
planejamento estratégico, tático e operacional na administração pública. Por fim,
conheceremos alguns princípios éticos que devem ser seguidos pelo profissional
da área.

O papel exercido pelo gestor público


no novo paradigma da administração
pública
A reforma do Estado e a chegada do modelo gerencial de administração pública no
Brasil trouxe consigo não apenas a ideia de reorganização da estrutura da
administração e a busca pela estabilidade econômica, mas a própria necessidade
de consolidação do processo democrático e a procura pela justiça social.

A promulgação da Constituição da República de 1988 restabeleceu a democracia


no país, inaugurando a chamada democracia participativa, com a inclusão da
participação popular na gestão democrática, que, além de legitimar as ações do
governo, aproximou Estado e sociedade, de forma que esta atue não apenas como
destinatária dos serviços públicos, mas também como iscalizadora da qualidade e
da efetividade dos serviços prestados pelo Estado.

Nesse contexto, a busca pela cultura empreendedora tem se mostrado


imprescindível para elevar o desempenho da gestão pública e maximizar os
resultados e a qualidade dos serviços prestados pela administração pública. O que
se espera é melhor qualidade com um menor custo para a sociedade. Nesse
sentido, Matias-Pereira (2016, p. 116) explica:

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[...] a construção desse novo paradigma de gestão pública
empreendedora, orientada para resultados efetivos, depende, em
especial, do nível de qualificação profissional e remuneração das
carreiras de Estado, bem como de geração de estímulos para a formação
de novas lideranças no setor público. Esses atores devem estar
motivados em direção a objetivos comuns, tendo como referência o
desejo de servir ao público. Nesse sentido, além de vontade
política dos governantes de priorizar a administração pública, é
preciso investir em pesquisas e em inovação no serviço público, sem
desconsiderar a importância do processo de seleção e formação
continuada de gestores públicos, ou seja, do capital humano que atua na
administração pública.

Diante desse novo paradigma de gestão pública empreendedora, como fica o papel
do gestor público? Vejamos a resposta a essa pergunta a seguir.

Comprometimento com o bem comum

o papel do gestor público dentro desse novo paradigma deve ser o de


comprometimento com o bem comum, investindo em inovações no serviço
público, além da busca constante pela qualificação profissional, no intuito de
melhor atender às demandas da sociedade moderna.

Desejo de servir a sociedade

outro ponto importante a que devemos nos atentar é o próprio desejo


de servir a sociedade. A capacitação, a busca por inovação e a cultura
empreendedora do gestor público de nada valeriam se este não tiver o
compromisso e o prazer de desempenhar com excelência o seu múnus
público, ou seja, de cumprir sua função de servir a sociedade com primazia.

Sabendo disso, a seguir, conheceremos quais as funções básicas do gestor público.

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As funções básicas do gestor público
Lourenço (2016), ao tratar das funções do gestor público, utiliza-se da teoria
neoclássica da administração, que aponta como funções do administrador o
planejamento, a organização, a direção e o controle.

O planejamento é o processo de definição dos objetivos e resultados que se


pretende atingir, bem como os meios pelos quais estes serão atingidos. Em um
plano de governo, por exemplo, é possível vislumbrar, hierarquicamente falando,
desde objetivos globais até objetivos operativos. As metas, as políticas, as
diretrizes, os programas, os procedimentos, os métodos e as normas, por sua vez,
são os desdobramentos desses objetivos estabelecidos.

Essa hierarquia de planejamento é constituída pelos planejamentos estratégico,


tático e operacional. Na sequência, vejamos algumas características relacionadas
ao planejamento estratégico.

O planejamento estratégico é o mais amplo e abrangente,


projetado em longo prazo.

Esse planejamento envolve a empresa (instituição,


secretaria, ministério, autarquia, empresa de economia mista
ou outra) como uma totalidade, ou seja, abrange todos os
recursos e áreas de atividade e se preocupa em atingir os
objetivos no nível organizacional.

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O planejamento estratégico é definido pela cúpula da orga-
nização e corresponde ao plano maior ao qual todos os de-
mais estão subordinados.

Já o planejamento tático é um planejamento mais específico, feito em nível


departamental e cujas características são:

• é projetado para o médio prazo, geralmente para um exercício anual;


• envolve cada departamento e se preocupa em atingir os objetivos departa-
mentais;
• é definido em cada departamento.

Finalmente, o planejamento operacional é o mais específico entre os três tipos. Na


figura a seguir, observe algumas de suas características.

Características do planejamento operacional

É feito para cada tarefa ou atividade

É projetado para o curto prazo

Envolve cada tarefa ou atividade isoladamente


e se preocupa com as metas específicas

É constituído geralmente por metas, programas,


procedimentos, métodos e normas

Fonte: Adaptada de Lourenço (2016).

A segunda função do administrador é a organização, que corresponde a três


ações: a primeira delas é a determinação das atividades específicas que são
necessárias para alcançar os objetivos definidos no planejamento, que é chamada
de especialização. A segunda ação consiste no agrupamento de atividades em

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uma estrutura lógica, processo este denominado departamentalização. Finalmente,
a última ação trata de designação das atividades às específicas posições e
pessoas, ou seja, a designação de cargos e tarefas (LOURENÇO, 2016).

O papel de liderança exercido pelo gestor público

Fonte: Plataforma Deduca (2020).

A terceira função é a direção, que consiste em “acionar” e “dinamizar”. Isso


porque para dirigir os subordinados, o administrador deve, em qualquer nível da
organização, comunicar-se, liderar e motivar (LOURENÇO, 2016).

A quarta e última função é o controle, que contempla a adequação entre os


objetivos estabelecidos com os resultados do que foi planejado, que serve como
norte, pois vai conduzir a atividade exercida para um fim previamente determinado.
As fases do controle podem ser verificadas a seguir, de acordo com Lourenço
(2016).

Estabelecimento de padrões ou critérios

os padrões representam o desempenho desejado e os critérios se referem


às normas que guiam as decisões.

Observação de desempenho

a observação do desempenho, ou mesmo sua verificação, busca obter


informação precisa a respeito daquilo que está sendo controlado.

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Comparação do desempenho com o padrão estabelecido

erros, desvios e variações podem ocorrer quando da execução de atividades.

Ação corretiva

o controle pode ser feito no nível global, no nível departamental e no nível


operacional.

Agora que conhecemos as funções básicas do gestor público, veremos os


princípios éticos que devem nortear as ações desses profissionais.

Princípios éticos nas ações dos


gestores públicos
O gestor público deve pautar suas ações nos princípios e valores éticos que
norteiam a atividade administrativa. A probidade na administração pública é dever
de todo gestor público.

Outra característica é o planejamento governamental, que para Matias-Pereira


(2016), além de um instrumento da ação pública, deve ser visto como uma
imposição constitucional. Isso porque a Constituição da República determina a
obrigatoriedade de formulação de planos, de forma ordenada e sequencial, para
viabilizar o alcance dos objetivos previamente estabelecidos, que buscam o
atingimento do progresso econômico e social (MATIAS-PEREIRA, 2016).

Atenção
O poder de realização do governo empreendedor se caracteriza
como um governo que pertence à comunidade, dando
responsabilidade ao cidadão em vez de servi-lo, e visa atender
aos cidadãos como clientes e não aos interesses da burocracia
(MATIAS-PEREIRA, 2016).

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O governo empreendedor procura estimular a ação e a parceria da sociedade,
voltando-se para atividades de decisão e direção, e deixando a execução para
outros entes. O foco da gestão empreendedora são os resultados que melhor
respondam às demandas da sociedade, baseando-se em avaliações contínuas
da sociedade para ajustar suas estratégias, planos e metas, bem como sua ação
implementadora (MATIAS-PEREIRA, 2016).

Nesse sentido, precisamos de um governo que pode e deve governar. Isto é, não
um governo que faz; não um governo que administra, mas, sim, um governo que
governa (OSBORNE apud MATIAS-PEREIRA, 2016).

O papel do gestor público

Comprometer-se com o bem comum.

Buscar a qualificação profissional.

Buscar a inovação.

Ter uma cultura empreendedora.

Ser ético e probo.

Possuir planejamento governamental.

Realizar um governo empreendedor.

Fonte: Adaptada de Matias-Pereira (2016).

A figura anterior traz um resumo das atribuições do gestor público.

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Fechamento
Neste material, descobrimos qual o papel do gestor público em um novo paradigma
da administração pública. Como vimos, esse profissional tem uma grande interação
com a sociedade, tendo em vista que nesse novo contexto, há espaço para maior
participação dos cidadãos.

Na sequência, vimos algumas funções básicas do gestor público, que são: planejar,
organizar, direcionar e controlar. Dentro da função de planejamento, o gestor deve
observar os planejamentos estratégico, tático e operacional, sendo que, com
determinada frequência, o que foi planejado deve ser revisado.

Por fim, observamos alguns princípios éticos que devem ser seguidos pelos
gestores públicos, entre os quais se destacam o comprometimento com o bem
comum, a profissionalização, a busca pela inovação, a cultura empreendedora,
ser ético e probo, ter um planejamento governamental e proporcionar um governo
empreendedor.

Referências
LOURENÇO, N. V. Administração pública: modelos, conceitos, reformas e avanços
para uma nova gestão. Curitiba: InterSaberes, 2016.

MATIAS-PEREIRA, J. Manual de gestão pública contemporânea. Rio de Janeiro:


Atlas, 2016.

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