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Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) foi criado na


década de 1960 para proteger financeiramente funcionários demitidos
sem justa causa. Atualmente, o fundo é usado principalmente para
financiamento da casa própria, além de socorrer trabalhadores que
perderam o emprego.
O FGTS NÃO é descontado do salário do trabalhador, o valor é pago
pelo empregador por meio de contas da Caixa Econômica Federal que
estejam vinculadas ao contrato de trabalho. O depósito dos valores é
feito ao início de cada mês, e o atraso gera multa ao empregador.
O trabalhador pode ter mais de uma conta vinculada ao FGTS, já
que cada contrato de trabalho gera uma para depósito. Dessa
forma, é possível acompanhar a movimentação oriunda de diferentes
fontes de renda em um mesmo lugar.
FGTS é uma garantia de proteção ao trabalhador demitido sem justa
causa. [1]
Como surgiu o FGTS?
O FGTS foi criado, em 1966, na Ditadura Militar, para garantir ao
trabalhador demitido sem justa causa uma segurança financeira. O
fundo surgiu como uma alternativa para a estabilidade
decenal prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), regra
extinta em 1988.
Até a criação do FGTS, trabalhadores que chegassem aos 10 anos de
trabalho, pela CLT, só poderiam ser demitidos por justa causa
(estabilidade decenal). Com isso, muitos empregados eram
dispensados antes dos 10 anos de contrato.
Patrões que demitissem seus funcionários antes dos 10 anos de
estabilidade teriam que pagar uma indenização pelo tempo de
trabalho dedicado à empresa. Cada ano trabalhado era equivalente ao
salário de um mês (cerca de 8% de todo o rendimento como
empregado). Isso gerava grandes custos de uma só vez para os
empregadores.
Para dar ao trabalhador um suporte financeiro em caso de demissão
antes dos 10 anos de trabalho, além de diminuir os gastos dos
empregadores com as rescisões, o FGTS foi criado em 1966 e
entrou em vigor no ano de 1967. O funcionário passou a ter o direito
entre optar pelo Fundo de Garantia (8% de depósito mensal em sua
conta e multa de 40% em caso de demissão sem justa causa) ou
permanecer com a estabilidade decenal.
Com a vigência da Constituição Federal de 1988, a estabilidade
decenal e a indenização por ano de trabalho deixaram de existir.
Os trabalhadores passaram a ser amparados exclusivamente pelo
FGTS. Para o empregador, o impacto das rescisões contratuais passou
a ser menor, a multa deixou de ser aplicada pelo tempo de serviço e
passou a ser calculada em 40% sobre o saldo da conta do fundo. Já os
8% mensais sobre o salário passaram a servir como “poupança” para
a indenização.
Veja também: Banco Central do Brasil – instituição responsável pela
fiscalização do sistema financeiro
Quem tem direito ao FGTS?
O depósito do FGTS passou a ser obrigatório para contratos
firmados a partir da Constituição Federal de 1988.
Tem direito ao FGTS:
 Trabalhadores brasileiros que tenham contrato de trabalho
formal, conforme a Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT);
 Trabalhadores domésticos;
 Trabalhadores temporários;
 Trabalhadores com contrato intermitente (válido a partir de
2017);
 Trabalhadores avulsos;
 Safreiros (trabalhadores rurais que atuam apenas no
período da colheita);
 Atletas profissionais.
Qual o valor do FGTS?
O empregador deve depositar o equivalente a 8% do salário do
funcionário no início de cada mês. No entanto, existem alguns casos
com valores diferentes:
 11,2% para trabalhador doméstico (8% de depósito mensal
e 3,2% como antecipação do recolhimento rescisório);
 Apenas 2% para jovem aprendiz.
O FGTS rende algo?
Sim. Apesar de ser considerado um valor pequeno, existe
a atualização monetária mensal todo dia 10. Há, ainda, o acréscimo
de juros de 3% ao ano.
O rendimento do FGTS e a sua obrigatoriedade têm diferentes pontos
de vistas. Grupos liberais na economia defendem o fim do
pagamento obrigatório, usando como justificativa a baixa
rentabilidade do saldo (inferior ao tesouro direto e até mesmo à
poupança).
Já gestores, governos e outros indivíduos defendem a manutenção
do FGTS. A obrigatoriedade do pagamento e impossibilidade de
retirar o saldo a qualquer momento, forçando assim o funcionário a ter
uma poupança, têm como justificativa a falta de controle financeiro e
planejamento de parte da população.
Quando pode sacar o FGTS?
O FGTS não pode ser sacado a qualquer momento. Existem
algumas situações específicas para saque ou uso do
dinheiro acumulado no fundo.
 Demissão sem justa causa;

 Término de contrato por tempo determinado;


 Acordo de rescisão de contrato entre empregador e
trabalhador: caso em que é permitido o saque somente de
80% do saldo;
 Aposentadoria;
 Financiamento/compra da casa própria: compra de imóvel
novo ou usado, construção, liquidação ou amortização de
dívida que esteja ligada ao contrato de financiamento
habitacional;
 Idade igual ou superior a 70 anos;
 Doenças graves como câncer ou aids;
 Fechamento do local de emprego;
 Falecimento do trabalhador;
 Para aquisição de órtese e/ou prótese não relacionadas ao
ato cirúrgico e constantes na Tabela de Órtese, Prótese e
Meios Auxiliares de Locomoção (OPM), do Sistema Único
de Saúde (SUS).
 Necessidade pessoal urgente decorrente de desastre natural
que tenha atingido a área de moradia do trabalhador;
 Em situação de emergência ou em estado de calamidade
pública reconhecido por meio de portaria do Governo
Federal.
Saque-aniversário
O saque-aniversário é a modalidade que permite ao trabalhador sacar
parte do saldo do FGTS sempre no mês de seu aniversário. A
adesão NÃO é obrigatória, por isso, deve ser solicitada no site da
Caixa ou pelo aplicativo do FGTS.
Ao fazer a opção pelo saque-aniversário, o trabalhador deixará de
usufruir o saque-rescisão (sacar o valor total ao ser demitido sem
justa causa).
O trabalhador pode optar por retornar ao saque-rescisão a qualquer
momento. No entanto, a modalidade passa a valer para fins rescisórios
somente no 25º mês após a solicitação do funcionário.

Valor da parcela do saque-aniversário muda de acordo com o saldo do


trabalhador. [2]
Saque-emergencial
O saque-emergencial foi uma modalidade de saque liberada pelo
Governo Federal por causa da pandemia de Covid-19. Por ser
excepcional, sua vigência foi somente em 2020, período em que cada
trabalhador teve a oportunidade de sacar até R$ 1.045 uma única vez,
conforme o calendário estabelecido pela Caixa.
Onde e como sacar o FGTS?
Saques de até R$ 1.500 podem ser feitos em:
 casas lotéricas;
 correspondentes Caixa Aqui;
 caixas eletrônicos;
 nas salas de autoatendimento para quem tem o Cartão
Cidadão e senha.
Já as agências da Caixa permitem saques de qualquer valor.
Outra possibilidade é o saque-digital, em funcionamento desde
fevereiro de 2020. O trabalhador acessa o aplicativo do FGTS,
visualiza suas contas e saldos, e solicita o saque. O usuário
deve indicar uma conta bancária da Caixa ou de qualquer
agência de sua preferência. Não há nenhum custo para a transação, e
o valor fica disponível em até cinco dias úteis.
Em caso de rescisão contratual, o empregador entra em contato com a
Caixa pelo canal Conectividade Social e informa a situação. O
dinheiro é disponibilizado ao trabalhador em até cinco dias úteis.
O que é a multa do FGTS?
Além da possibilidade de saque em caso de demissão sem justa causa,
o empregador deve pagar uma multa rescisória no valor de 40%
sobre o saldo da conta.
Mesmo que parte do saldo seja sacada pelo trabalhador em casos
como saque-aniversário, saque-emergencial ou financiamento
imobiliário, por exemplo, a multa de 40% será calculada sobre o valor
total depositado ao longo do contrato com a empresa, não apenas
sobre o que restou na conta após o uso do dinheiro.
Como consultar o FGTS?
O trabalhador pode consultar seu saldo do FGTS e as movimentações
por meio do site da Caixa Econômica Federal. É necessário se
cadastrar com o número do PIS/PASEP.
É possível gerenciar suas contas do FGTS também no aplicativo
gratuito do fundo. O app pode ser baixado pelas lojas de aplicativos
dos sistemas iOS e Android. Para utilizá-lo, será necessário ter
cadastro no site da Caixa.
Utilização do FGTS pelo governo
Os recursos do FGTS são utilizados pelo Governo Federal, por meio
do FI-FGTS, fundo de investimentos administrado pela Caixa
Econômica Federal, para fomentar investimentos nas áreas de
saúde, habitação, infraestrutura e saneamento.
Mas fique tranquilo(a)! Você poderá sacar o saldo do seu FGTS
sempre que estiver em uma das situações em que o saque é permitido.
São programas fomentados pelo FGTS:
 Saneamento para Todos: promoção de melhorias na
qualidade de vida de populações urbanas e rurais por meio
de investimentos em saneamento básico, de forma
integrada às outras políticas setoriais.
 Carta de Crédito Individual (CCI): acesso à moradia por
concessão de financiamentos para pessoas físicas.
 Carta de Crédito Associativo: financiamento para pessoa
física, contratado de forma associativa, para construção de
habitação, produção de lotes urbanizados, reabilitação
urbana ou compra de materiais de construção.
 FGTS-Saúde: programa de crédito voltado para entidades
hospitalares filantrópicas e sem fins lucrativos que
participem, de forma complementar, do SUS.
 Pró-Moradia: linha de crédito para pessoas com renda
familiar mensal de até três salários mínimos, com
intermédio de financiamentos para estados, municípios ou
Distrito Federal, de maneira direta ou indireta.
 Pró-Cotista: linha de crédito para trabalhador com conta
vinculada do FGTS para aquisição de moradia própria,
obedecendo aos critérios de utilização do saldo do fundo.
 Financiamento de Material de Construção
(FIMAC): financiamento voltado para compra de materiais
de construção de imóveis residenciais.
 Pró-Transportes: investimentos em mobilidade urbana
(priorizando o trasporte público).
 Pró-Cidades: proporcionar aos estados e municípios
condições para reformulação e implementação de políticas
de desenvolvimento urbano.
 
Por Lorraine Vilela
Jornalista 

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou


acadêmico? Veja:
CAMPOS, Lorraine Vilela. "Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS)"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/economia/fundo-de-garantia-do-tempo-
de-servico-fgts.htm. Acesso em 28 de março de 2022.

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