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Atenção ao prazo extra para o

pedido de revisão do FGTS


Por
 Redação
 -
20 de maio de 2021
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Todo brasileiro que trabalhou com carteira assinada em algum período entre
1999 e os dias atuais tem a oportunidade de entrar com o pedido de revisão do
seu FGTS, buscando obter a correção monetária pela inflação do período e
assim recuperar um dinheiro perdido mas que é seu por direito.

O Supremo Tribunal Federal (STF) deveria ter julgado esta matéria no último
dia 13 de Maio porém o assunto foi retirado da pauta e postergado mais uma
vez. Não se sabe ainda qual será a nova data para o julgamento, mas isso pode
acontecer a qualquer momento visto que o presidente do STF, ministro Luiz
Fux, pode colocar o assunto novamente em pauta com um prazo de apenas 48
horas de antecedência.

Advogados que acompanham o assunto alertam para a importância das


pessoas entrarem com seus pedidos antes dessa decisão como forma de tentar
preservar seus direitos de maneira mais ampla. Isto porque pode ser utilizado
um mecanismo conhecido como modulação que limita os ganhos para quem
ainda não tiver o pedido ajuizado na justiça.

Trata-se portanto de uma janela de oportunidade para todos que ainda não
entraram com uma ação. É importante destacar que mesmo quem já sacou o
dinheiro do fundo de garantia tem direito à revisão pois no período em que o
dinheiro ficou depositado ele sofreu com a perda de valor.

Real, dinheiro, moeda / Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Como entrar com ação


Embora existam casos onde o valor da correção do FGTS pode ultrapassar os
60 salários mínimos que é o teto para ações no Juizado Especial Federal (JEF),
a grande maioria dos brasileiros terá seu pedido abaixo desse valor e portanto
pode usar de um rito muito mais simples no JEF de sua região.
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Nestes casos não é preciso contratar um advogado e geralmente todo o
processo pode ser feito online através do site do tribunal federal de cada
região.

O trabalhador precisa apenas de alguns documentos para dar entrada no


processo:

RG/CPF ou CNH;

Comprovante de residência;

Carteira de Trabalho;

Carta de Concessão da Aposentadoria (quando aposentado);

Extratos analíticos do FGTS

Cada emprego que a pessoa tenha tido corresponde a pelo menos um extrato.
Todos os extratos ficam vinculados a uma mesma conta por CPF e podem ser
obtidos facilmente através do aplicativo para smartphone ou site da Caixa
FGTS.

Com os extratos é possível fazer o cálculo da revisão que talvez seja o aspecto
mais complexo e importante pois trata-se de uma tarefa técnica, complexa e
que pode ser muito trabalhosa dependendo do tempo de trabalho acumulado.

Ferramenta de cálculo gratuito:


O trabalhador interessado em saber o valor exato da revisão do seu FGTS,
também pode contar um serviço de cálculo totalmente gratuito chamado LOIT
FGTS.

Para isso, basta se cadastrar na plataforma e anexar seus extratos da Caixa


obtidos pelo site do banco. O processo é super simples e ao enviar as
informações solicitadas o cálculo dos valores que você tem para receber serão
apresentados em poucos instantes.

Acesse em: https://fgts.loitlegal.com.br

Em seguida, caso você queira entrar com o pedido no Juizado Especial Federal
de sua região, o site oferece um KIT com os documentos já preenchidos com
seus dados e todas as orientações e suporte para protocolar o processo.

Para profissionais como advogados e contadores que desejam ajudar seus


clientes no cálculo dessa revisão, existe também outra ferramenta que permite
a execução de forma mais abrangente, trata-se da automação ELI FGTS.

Acesse em: https://fgts.elibot.com.br
Como é feito o cálculo da revisão do FGTS
Como explicado, os valores dos saldos das contas de FGTS estão defasados
devido à baixa correção monetária oferecida pelo sistema atual que utiliza a TR
como indexador.

Os cálculos são feitos justamente trocando toda correção monetária do


passado, desde 1999, por outro indexador que não prejudique o trabalhador
proprietário do dinheiro.

Assim, os saldos podem ser recalculados com base em índices como o IPCA ou
o INPC. Nas últimas decisões do STF onde a TR foi afastada e substituída,
optou-se pela aplicação do IPCAe.

O extrato do FGTS, exibe o histórico da conta mês a mês, demonstrando os


valores dos depósitos e os créditos dos juros e da atualização monetária (JAM).
A revisão é feita justamente sobre todos esses créditos de JAM que em cascata
podem significar valores bem altos de revisão.

Quanto maior o tempo de trabalho e maior o salário, logicamente maior será o


potencial de ganho com a revisão do FGTS.

Veja abaixo algumas simulações:

 Trabalhador com 10 anos de carteira e salário médio de R$ 2 mil pode


receber valores superiores a R$ 5 mil;
 Trabalhador com 10 anos de carteira e salário médio de R$ 8 mil pode
receber valores que passam dos R$ 20 mil.

Mais detalhes sobre a discussão jurídica


O FGTS é um fundo público, administrado pela Caixa Econômica Federal, por
força da Lei 8177/1991, e é composto por contribuições compulsórias dos
empregadores com 8% do salário dos empregados, ele existe para preservar ou
para proteger o trabalhador em caso de despedida imotivada.

A Lei do FGTS prevê que o fundo seja corrigido pela TR. Ocorre que a referida
taxa ficou defasada, desde 1999 em relação ao Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC) e ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
Especial (IPCA-E), que medem a inflação.

Em 2015, o Supremo passou a admitir uma tese baseada no direito de


propriedade, ou seja, na qual se observa que a garantia da propriedade pode
ser afetada caso não haja a devida correção pela inflação. Portanto, a TR
poderá ser declarada inconstitucional por afrontar tal garantia da propriedade
do crédito.
Atualmente, milhares de processos questionam a aplicabilidade da atual taxa. A
exemplo, a inconstitucionalidade da TR como índice de correção monetária foi
levantada inicialmente na discussão relacionada aos precatórios (ADIs 4.537 e
4.435), posteriormente nas ações contra o INSS e as Fazendas Públicas (RE
870.947) e, mais recentemente, nas condenações da Justiça do Trabalho (ADIs
4.357, 4.372, 4.400 e 4.425). Em todos os precedentes acima nominados a TR
foi declarada inconstitucional.

A postergação da decisão frustra a expectativa dos trabalhadores que tiveram


saldos nas contas de FGTS desde 1999 até os dias atuais de receberem a
diferença de correção monetária acumulada no período.

Por outro lado, apresenta uma oportunidade para milhões de brasileiros que
ainda não entraram com seu pedido nos Juizados Especiais Federais e
ganharam um tempo extra para fazer a revisão dos seus FGTS. Só não se sabe
exatamente qual é este prazo até a decisão final.

Por: Itamar Ciochetti

Advogado e Professor de Direito

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